I Can't Live Without Your Love escrita por nsbenzo


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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— Eu pedi demissão. Simples assim. – respondi impaciente.

— Sem motivo algum? – Annie perguntou estreitando os olhos. – Você só acordou e pensou: “Nossa. Hoje é um ótimo dia para ficar desempregada”, e pediu demissão?

Rolei os olhos.

— Você sabe que não. – bufei. – Mas não quero falar sobre meus motivos.

Me joguei em meu sofá, respirando fundo.

Em minha cabeça, meus motivos eram mais do que suficiente para sair do escritório de Peeta e nunca mais voltar. Desde que eu comecei a sair com Gale, já havia notado a forma diferente que Peeta me tratava. Eu o conhecia bem, e eu sabia que aos seus olhos, eu acabei me tornando aquela mulher mais difícil do bar, que ele tenta conquistar quando não tem nada melhor pra fazer.

Claro que seus métodos comigo eram diferentes do que eu assistia em seus momentos de sedução, mas ele não dava ponto sem nó.

Começou me ignorando, depois me pedindo para ficar por perto. Me fez acreditar por alguns dias que não saia com ninguém desde aquela amanhã de domingo, porém Glimmer não saia de sua sala. E depois de tanto falhar em conseguir minha atenção, que foi quando eu acabei me estressando e dizendo que namoraria Gale, ele apelou para o beijo.

O melhor beijo da minha vida, porém era o único que eu tentava realmente esquecer. Eu estava magoada. Peeta pareceu ignorar toda nossa amizade, jogando daquela forma comigo, e até mesmo com os meus sentimentos por ele, que eu não duvidava que o mesmo soubesse da existência.

Fazia mais de uma semana que eu havia deixado meu emprego, e tentava desesperadamente encontrar outro. Logo o fim do mês chegaria, trazendo consigo minhas contas, que apesar de serem moderadas, eram pagas com o meu salário quase contado.

Suspirei ao notar que minha amiga me analisava.

— O que Peeta fez dessa fez? – questionou.

— Ele me beijou. – confessei. – Satisfeita? Peeta Mellark me agarrou em sua sala.

Annie arregalou os olhos.

— Peeta te beijou a força? – perguntou baixo.

— Não, Ann. – murmurei. – Ele me beijou, e eu correspondi. – suspirei. – Mas você o conhece. Ele beija qualquer coisa do gênero feminino. – torci o nariz. – Eu o odeio por fazer isso, e me odeio por saber que é assim que ele age.

— Você o ama. – aquilo não era uma pergunta. Annie afirmava com convicção, e dessa vez decidi não negar. – Eu sabia. – falou em tom acusatório. – Desde quando sabe disso?

— Desde que eu deixei você, Finn e Gale no restaurante pra cuidar dele. – confessei, respirando fundo. – Me diga uma coisa. O quanto você acha que demora para esquecer um babaca como Peeta?

Ann suspirou antes de sentar ao meu lado.

— Considerando que vocês praticamente viviam em um casamento... – ela deixou no ar o resto da frase.

— Como assim? – indaguei.

— Ele vivia dizendo que você era esposa dele, quando precisava espantar alguma garota, e se formos analisar, assim que o relacionamento de vocês deixou de ser apenas profissional, e Peeta passou a confiar em você para ajudá-lo nesses encontros de merda, você meio que começou a agir como esposa dele mesmo. Vocês só não tinham uma relação mais intima. – ela explicou me observando. – O resto você fazia. Cuidava dele, do apartamento, do café da manhã, as vezes do jantar. Vocês brigavam algumas vezes por coisas idiotas. E isso já acontecia enquanto você estava namorando. Digamos que vocês viveram um “casamento” de quase quatro anos. Na verdade, me espanto em saber que faz tão pouco tempo que descobriu que o ama. – ela suspirou. – O caso é que vocês compartilharam muita coisa, Katniss. É difícil esquecer alguém assim. Seja uma amizade, ou um namoro, ou uma paixão. Na situação em que você se encontra, acho que não será tão fácil passar a deixa-lo de lado.

Respirei fundo, soltando o ar de maneira lenta pelo nariz.

— Eu sei, mas eu preciso. É um erro aceitar que eu o amo, e decidir conviver com isso. Eu te disse que Peeta não merece ser amado dessa forma. – balancei a cabeça. – Eu sou muito estúpida.

Batidas na porta, me fizeram mover a cabeça com desanimo para encara-la, como se meu olhar pudesse abri-la. Annie resmungou alguma coisa, antes de levantar e ela mesma ir atender.

— Oi, linda. – a voz de Finnick chegou aos meus ouvidos, antes de meus olhos enxerga-lo.

Ele beijou os lábios da namorada, e entrou sem cerimônia em minha casa.

— O que está acontecendo aqui? – perguntou assim que seu olhar caiu sobre mim. – Que desanimo é esse?

— Eu pedi demissão. – falei sem vontade, me ajeitando no sofá. – Já faz uma semana.

Finnick arregalou os olhos levemente, e encarou Annie, antes de voltar a me olhar.

— Por quê? Perdeu o juízo, docinho? – ele se jogou ao meu lado no sofá. – Você sabe o quanto é difícil arranjar um emprego?

Murchei um pouco mais com o comentário.

— Finn. – Annie o repreendeu.

— O quê? – ele olhou a ruiva. – Estou falando a verdade. – seus olhos voltaram a me encarar. – O que aconteceu pra você sair do seu tão amado emprego? Porque podemos combinar que, apesar das mulheres de Peeta, lá era um paraíso. Vocês são mais amigos do que patrão e empregada.

— Finnick. – Ann o repreendeu novamente, um pouco mais irritada.

Meu amigo bufou.

— Tudo bem. – ele se ajeitou no sofá para me olhar. – Me fala.

— Peeta me beijou. – soltei em tom baixo.

— A força? – Finnick levantou de supetão.

— Não. – falei com pressa notando que ele havia ficado nervoso. – Bom. Não exatamente. Ele me agarrou... E eu cedi no segundo seguinte. – respirei fundo, soltando o ar pelo nariz.

— Tá. – Finn voltou a sentar. – O que o levou a te beijar, Katniss? – perguntou.

— Como assim? – perguntei confusa.

— O que estava acontecendo antes de vocês se... Agarrarem loucamente. – ele deu um sorriso malicioso, me fazendo rolar os olhos.

— Nós brigamos feio. Peeta estava irritado porque me encontrou com o Gale. Foi grosso com ele, e depois comigo. Começamos a discutir, e falamos demais. – suspirei. – Confesso que acabei falando o que não devia, mas Peeta me deixou nervosa. Ai ele disse que tinha sentimentos, e eu soltei que não acreditava que ele sentia alguma coisa. Foi quando ele... – minha cabeça me levou ao momento, fazendo um arrepio subir por meu corpo. Respirei fundo antes de voltar a falar. – Foi quando ele me beijou.

Finnick gargalhou, me fazendo encara-lo com as sobrancelhas franzidas.

— Sua reação é a melhor parte da história. Ficou arrepiada, docinho? – Finn estendeu a mão, e apontou meu braço, que tinha os pelos eriçados. Senti minhas bochechas esquentarem levemente. – Tudo bem. – ele parou de mexer comigo, quando notou o olhar sério de Annie. – Chegou a pensar que Peeta beijar você seja a resposta de “não acredito que você sinta alguma coisa”?

— O que quer dizer com isso? – questionei, cruzando os braços.

— Que Peeta sente algo por você. – Finnick adotou uma postura séria. Abri a boca para retrucar, mas ele estendeu a mão me cortando. – Lembra como conheci Annie? – perguntou. Afirmei com a cabeça. – Faculdade. Ela era minha colega. Logo ficamos amigos, e em pouquíssimo tempo eu me apaixonei por essa ruiva. – ele sorrio para minha amiga, que tinha um sorriso bobo nos lábios. Finnick voltou a me olhar. – Mas eu tinha problemas com relacionamentos. Não botava fé neles, e isso fazia com que eu me sentisse inseguro para me declarar. Então, conheci você, e consequentemente conheci Peeta. Passei meses tentando arranjar um jeito de falar sobre o que sentia com Annie, até que Peeta notou meu desespero. Acabamos marcando um dia em um bar, sem vocês duas, e ele me aconselhou.

— Ele te aconselhou? Aposto que pra fazer de um jeito, e você fez o inverso. – falei como deboche, mas Finnick negou com a cabeça.

— Peeta disse que se eu a amava, Annie devia saber. Eu disse que não conseguia dizer o que sentia. Ele me disse que também tinha problemas com isso, apesar de não ter certeza de como deveria se sentir caso estivesse apaixonado, já que nunca tinha acontecido com ele antes. Quando perguntei por quem Peeta achava estar apaixonado, ele apenas sorrio, e desconversou. Voltou ao assunto sobre mim e Ann. E então ele disse que se eu tinha certeza que eu a amava, devia ao menos demonstrar...

— E ai você me agarrou em uma noite, quando me levou pra casa, depois da aula. – Annie o interrompeu, fazendo nós dois olharmos em sua direção.

— Isso. – Finn sorrio, voltando a olhar pra mim. – Peeta me disse que há dois motivos para agarrar uma garota. Ou ela é gostosa demais, e você precisa se arriscar. Ou você a ama, e precisa se arriscar. – ele deu de ombros. – Desculpa o comentário, você é linda, Katniss. Mas se fosse apenas por ser gostosa, Peeta teria te agarrado assim que saíram socialmente pela primeira vez.

— Você está insinuando que Peeta Mellark está apaixonado por mim? – falei com tom de incredulidade, colocando-me em pé.

— Não. Eu estou afirmando que ele está apaixonado por você. – Finnick disse firme. – E acho que já faz um tempo que Peeta tem essa dúvida. Na verdade, eu tenho quase certeza que obtive essa resposta, quando você ligou pra ele, minutos depois de nossa conversa, e ele sorrio da mesma forma que havia sorrido quando questionei por quem ele achava estar apaixonado.

— Finnick. Para. – balancei a cabeça repetidas vezes, sentindo meu estomago dar um nó. – Isso já faz mais de dois anos. Você está querendo me enlouquecer.

— Você está querendo se enlouquecer. Devia ao menos tentar saber os motivos de Peeta, ao ter arriscado perder a melhor pessoa que ele tem presente na vida dele. – franzi o cenho. – Palavras dele. Não minhas.

Engoli em seco.

— Isso é loucura. – neguei com a cabeça. – Peeta é um mulherengo de primeira linha. Jamais eu me arriscaria com ele. – falei irritada. – Sem contar que Peeta nem ao menos veio atrás de mim.

— Como eu disse, ele deve ter seus motivos. – Finn respondeu.

— Para com isso. – me irritei um pouco mais. – Eu tenho Gale. Esse assunto está encerrado. Tenho mais com o que me preocupar.

— Tudo bem. – Finnick deu novamente de ombros.

 

~||~

 

— Ele terminou comigo. – apoiei meus cotovelos sobre o balcão do bar, e coloquei as mãos no alto da cabeça.

— Quando? – Annie perguntou alcançando minhas costas com a mão, tentando me confortar.

— Há três semanas. – respondi sem olha-la.

— Eu não posso viajar e você já ferra um pouco mais com sua vida? Podia ter me contado por telefone. – minha amiga falou irritada.

Eu ergui a cabeça e a virei para encara-la, repousando os braços sobre o balcão.

— Você fala como se a culpa fosse minha. – disse com irritação. – E afinal de contas, você e Finnick ficaram mais de um mês fora. Estava começando a pensar que haviam me abandonado aqui.

— Exagerada. – respondeu tirando a mão das minhas costas. – Por que Gale terminou com você?

— Ele alegou que não éramos compatíveis. – ri sem vontade. – Ficamos nos conhecendo por um mês e meio, até ele me pedir em namoro. Ficamos quase dois meses juntos, e ai ele vem com esse papo? O que eu tenho de errado, Ann?

Minha amiga estava com o cenho franzido, me analisando com seus olhos verdes, quando Finnick surgiu atrás dela, lhe abraçando por trás.

— Boa noite, senhoritas. – falou, beijando a nuca de Annie. – O que temos de bom para fofocar? – indagou, me olhando. – Por que ultimamente, sempre que eu te olho, parece que minha felicidade está sendo sugada por dementadores?

— Oi? – perguntei confusa.

— Dementadores. Harry Potter. – Finn falou como se as palavras fizessem sentido pra mim, mas não faziam. – Tudo bem, garota sem cultura. – ele deu de ombros. – O que aconteceu dessa vez? – perguntou.

Antes que eu pudesse responde-lo, enxerguei algo que me fez arregalar os olhos.

— Não acredito. – murmurei.

Gale se aproximou, com um sorriso que parecia sem graça, de mãos dadas, com nada mais, nada menos, que sua cliente, Madge Undersee.

— Boa noite. – falou baixo.

— Boa noite. – Annie e Finnick responderam, enquanto eu encarava meu ex namorado, sem realmente entender o que estava acontecendo.

— Lembra da Madge? – perguntou pra mim.

Afirmei com a cabeça, voltando meu olhar para a mulher que tinha um sorriso meigo nos lábios.

— É normal namorar clientes, Gale? – falei com certa acidez.

Ele sorrio, e antes que o Hawthorne pudesse responder, Madge falou em seu lugar.

— Não sou mais cliente dele. Gale ganhou a causa há uma semana. – explicou.

— Peeta foi generoso com Madge. Convenceu o ex marido a entrar em um acordo amigável.

O nome do meu ex patrão e ex amigo fez meu estomago revirar em desconforto, e algo crescer em meu peito, parecendo tornar o espaço pequeno demais para o meu coração, que estava batendo rápido e sem ritmo. Talvez fosse saudade. Eu sentia falta dele. E fazia mais de três meses que não nos víamos. Quase dois meses que não ouvia seu nome ser proferido por ninguém ao meu redor.

— Ele cedeu um caso para ser generoso com alguém? – perguntei.

— Sim. E estranhamente não me pareceu ser com segundas intenções. – Gale respondeu. – Cheguei a pensar que ele dificultaria por eu ser o advogado de Madge, mas não. Na última reunião que tivemos, Peeta convenceu Larry a ceder sem dar mais problemas. Mad estava ficando bem chateada com o divórcio e os problemas que o ex marido tentava arrumar. Acho que isso amoleceu o Mellark.

Arregalei os olhos, e não o respondi.

Meu ex patrão tinha suas clientes especiais, e claramente trabalhava com mais afinco quando se tratava de uma delas. Porém ele era dedicado de qualquer maneira, e não aceitava perder. Ouvir que ele havia proposto um acordo amigável, fazia meu cérebro quase entrar em combustão.

— Na verdade, acho que tem a ver com a nova assistente dele. – Madge comentou com certa timidez e em tom baixo, me fazendo encara-la.

— Ele tem uma nova assistente? – perguntei sem me mexer um milímetro.

Meu corpo havia ficado mais tenso naquele segundo, enquanto minhas mãos adquiriam um leve tremor.

— Já passaram três meses, Kat. Você queria o quê? – Finnick se meteu.

Eu o ignorei e continuei a encarar a mulher a minha frente, instigando-a a continuar a falar com o olhar.

— Sim. Ela é simpática, e pelo o que notei tem o aconselhado bastante. Participou das últimas reuniões do meu divórcio, e ele sempre a olhava antes de propor ou começar a falar. – Madge respondeu.

Engoli em seco, sentindo meus olhos arderem, assim como meu nariz. Pigarreei e fechei os olhos rapidamente, evitando que lágrimas surgissem, antes de voltar a olha-los, com um sorriso, que achei ser convincente.

— Entendi. – respirei fundo, tentando fazer com que o oxigênio acalmasse meus ânimos. – Foi legal ver vocês. – falei ainda com o sorriso congelado nos lábios.

Eu não os odiava. Talvez Gale tivesse razão. Eu não era compatível com ele. Diferente de Madge, que parecia ter sido feita pra ficar com Gale. Sem contar que eu não tinha cabeça para pensar em como ele não havia esperado nada para sair com outra mulher. Meus pensamentos estavam exclusivamente voltados para meu ex patrão e sua nova assistente, que diferente de mim, conseguia fazê-lo seguir conselhos dados por ela.

Isso foi o que mais me feriu ao ter que ouvi-los falar dele.

— É. Foi legal sim. – Gale concordou, dando um pequeno sorriso. – Eu e Madge vamos beber alguma coisa. Nos vemos qualquer hora.

— Claro. – respondi.

Os dois se afastaram, depois de cumprimentar Annie e Finnick.

— Que cara é essa? – Finn perguntou, chamando minha atenção.

— Nada. – respondi de imediato.

Droga de coração estúpido. Por que insistia em gostar de alguém como ele?

— É a história da nova assistente? – Ann perguntou.

— Não. Não é nada relacionado com aquele babaca. – falei com raiva, me arrependendo no mesmo instante ao notar o olhar presunçoso que os dois direcionaram para mim. – Vão a merda. – xinguei, olhando pra frente.

— Não fica assim. O seu novo emprego tem tudo pra dar certo. – Finnick debochou, me fazendo encara-lo com mais irritação.

— Eu vou matar você, Odair. Vou te matar da maneira mais lenta possível. – as lágrimas se formaram em meus olhos, e dessa vez eu sabia que elas cairiam a qualquer instante. Respirei fundo novamente, e soltei o ar pela boca. – Eu sou uma vendedora de uma loja de roupas, eu odeio meu emprego, odeio saber que meu ex patrão tem uma assistente que parece ser melhor do que eu, odeio ter perdido meu amigo por causa de um beijo, e odeio também o fato de conhece-lo tão bem e saber que aquele beijo pode não ter significado nada de especial pra ele, a não ser um mero capricho. – desembestei a falar sem respirar. – E odeio o fato de estar admitindo a vocês que minha vida se tornou uma merda nos últimos meses. – falei baixo e devagar, com a voz embargada, sentindo meu nariz arder. – Satisfeito, Odair? Qual foi a sensação de ouvir que eu estou acabada?

— Péssima. – respondeu de imediato e se aproximou de mim, me puxando do banco, fazendo-me cambalear ao colocar os pés no chão. – Eu sinto muito, Kat. – Finnick me abraçou. – Eu só precisava que você admitisse tudo isso pra si mesma, e não para mim e Annie. – falou baixo, fazendo minhas lágrimas caírem. – Você precisa fazer algo a respeito.

— Não posso. – murmurei, empurrando-o. – Minha vaga já foi ocupada.

Annie riu baixo, e balançou a cabeça.

— Acho que o Finn quer dizer sobre você e Peeta. – explicou. – Mesmo que você tenha medo de dizer a ele o que sente, acho que ele precisa saber. Pelo menos pra você colocar um ponto final nisso e seguir em frente, amiga.

Passei as mãos por minhas bochechas, respirando fundo em seguida. Decidi não responder, e voltei a sentar no banco em que eu estava.

Annie suspirou, e olhou Finn antes de voltar a me olhar.

— Nós vamos jantar. Quer vir? – ela convidou.

— Não. – respondi suspirando. – Ficarei por aqui.

— Certeza? – Finnick perguntou. – Não é o melhor lugar para ficar, no estado em que você se encontra.

Rolei os olhos, e me mantive em silêncio.

— Tudo bem. – Ann quem falou novamente. – Se precisar, pode ligar.

Afirmei com a cabeça, olhando para a frente.

— E tente ser menos cabeça dura. – Finnick falou antes de sair com minha amiga.

Apoiei os braços cruzados sobre o balcão, ignorando novamente o Odair.

— Uísque puro, por favor. – pedi ao barman que secava um copo com seu pano branco.

Ele afirmou com a cabeça antes de me dar as costas.

Sorri ao lembrar quem havia me ensinado a beber uísque. Na primeira vez que saímos juntos, ele havia dito que eu seria sua parceira de bebedeira, e me fez experimentar pela primeira vez um uísque caro, que era o preferido dele. Era bom, mas me deixava bêbada facilmente. Ele quem me fez parar de beber naquela noite, antes que eu ficasse embriagada demais.

Talvez, do jeito dele, ele tentasse cuidar de mim.

Neguei com a cabeça suspirando em seguida, deixando o sorriso morrer aos poucos.

Três meses era muita coisa, mas não tempo suficiente para me fazer esquecer Peeta Mellark. Não era tempo suficiente para me fazer esquecer do último contato que tivemos. Do seu beijo quente e voraz. De suas mãos em mim. Do desespero que ele tinha ao me beijar, parecendo não querer parar. E do desespero que mudou o foco quando eu disse que estava indo embora.

O barman disponibilizou o copo com o uísque, e mesmo sabendo que era a forma incorreta de apreciar a bebida, virei em um só gole, sentindo o líquido descer queimando por minha garganta, causando mais lágrimas em meus olhos.

— Outro. – pedi, batendo o copo no balcão.

Ainda não conseguia compreender porque ele havia feito aquilo. A única explicação que eu havia conseguido, além da minha, era a sem cabimento de Finnick. Afinal, Peeta não tinha tentado falar comigo, nem tentado se desculpar. E eu não podia dar o braço a torcer. Ou então, eu estaria me expondo, correndo o risco de me machucar de verdade, ao confessar a ele o que sentia.

Alcancei o copo, bebendo um pouco mais devagar dessa vez, tentando apreciar o sabor, mas parecia que meu cérebro estava no modo automático. Coloquei o copo vazio sobre o balcão, e não foi preciso pedir por mais. O barman parecia ter compreendido o que eu pretendia naquela noite, por isso me serviu mais uma dose de uísque.

— Você já se apaixonou? – perguntei ao homem que havia voltado a sua tarefa anterior.

Ele sorrio pra mim, ao me olhar.

— Quem nunca se apaixonou? – indagou, e eu dei levemente de ombros, bebericando meu uísque. Ele me analisou brevemente. – Mas parece que você não está sabendo lidar com isso. – presumiu se aproximando do balcão. – Quer me contar?

Suspirei, repousando o copo sobre a madeira.

— Me apaixonei por meu amigo, que é mulherengo, que não quer um relacionamento sério com ninguém, e que era meu patrão, a três meses atrás. – contei, esvaziando meu copo. – Ele me beijou, e eu pedi demissão.

— Parece uma história complicada. – o barman secou o balcão. – Por que pediu demissão?

— Porque eu o conheço, e tenho quase certeza que Peeta me beijou, só por capricho dele. – falei baixo.

O homem me serviu mais uma dose de uísque, me observando com o cenho franzido.

— Ele sabe o que você sente? – perguntou.

— Não duvido que saiba, e que tenha se aproveitado disso para conseguir me beijar. – respondi, levando o copo a boca.

O barman sorrio.

— Desculpa dizer isso, mas mulheres costumam tentar adivinhar o que nós homens sentimos, enquanto nós temos medo de dizer, e estragar tudo. – ele voltou a sua tarefa de secar copos. – Acho que você devia perguntar a ele.

Ri sem humor, e neguei com a cabeça.

— Se você está tão transtornada a ponto de se embebedar por causa desse cara, vocês deviam conversar. Apesar da situação, você disse que eram amigos. – argumentou.

Virei o que restava no copo em minha boca, e o coloquei sobre o balcão.

— Eu não quero resolver nada com Peeta. – choraminguei. – Eu só quero esquecer aquele idiota.


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Notas finais do capítulo

Beijos ♥