Desenhando Futuros escrita por R_Che


Capítulo 3
Capitulo 3


Notas iniciais do capítulo

Olá! :)
Obrigada a quem comentou de novo, e a quem voltou a comentar.
Mc Brinquedo, em relação ao teu comentário na minha outra história, essa está em stadby, mas é a única que posso assegurar que terminarei das que tenho pendentes que não são esta.
Vamos dar um passo em frente neste capitulo, um passo curto, mas importante.
Vimo-nos lá em baixo...



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— Olá meu amor. Que andas a fazer? - perguntou Hiram ao telefone. 

— Olá Pai. Estou a costurar uma peça para mim. Estás bem? - responde ela simpática. 

— Sim está tudo bem, mas precisava de saber uma coisa... - começou Hiram. - tens alguma coisa combinada hoje à noite?

— Que me lembre não, porquê? Vais-me convidar para jantar? - riu-se Rachel com carinho. 

— Vou sim senhor. - respondeu Hiram no mesmo tom. - Combinamos com o Russel o tal jantar para hoje. Lembras-te que tínhamos falado disto no desfile? 

— Ah sim, sim. - respondeu Rachel agradavelmente surpreendida. Jantar com a familia Fabray podia ser divertido, principalmente para poder entender um bocadinho melhor Quinn. - A que horas e onde?

— No Le Bernardin às 20h30. Por favor não te atrases que nos conhecemos. - respondeu Hiram em tom de suplica. 

— Lá estarei. Não te preocupes... mas tenho uma dúvida. 

— Então?

— A Quinn pode jantar num restaurante de rua? É que o Le Bernardin não é dentro de um hotel de 5 estrelas. - perguntou Rachel a rir-se irónicamente. 

— Tu és horrível. Não quero conflitos com a Quinn, por favor. Rachel estou pedir-te. - avisou Hiram. 

— Deve poder, porque é Francês e caríssimo. - diz a estilista ignorando o aviso do pai na brincadeira. Hiram terminou por se rir com o disparate. 

 

—x-

 

Sentada no banco de trás do Mercedes 200 (2015) de Russell, Quinn fez uma nota mental de que não voltaria a sair de casa com os pais. Ainda que vivesse na mesma mansão, ela tinha o seu próprio carro e podia ir independente, mas Russell fez tanta questão que a designer não teve como recusar. 

 

— Ela tem um dom natural, e consegue cativar as pessoas pela simplicidade e simpatia. Viste que o cumprimento dela é sempre com contacto fisico?! Isso faz com que as pessoas amoleçam. 

— Sim e é muito bonita, tem um sorriso muito confiante. 

— Com aquele meio metro faz qualquer um encolher. Acho que tens mesmo razão, a confiança que transparece quebra o gelo. - Quinn estava farta de ouvir falar de Rachel como se ela fosse um ídolo, e realmente não entendia a adoração do pai por ela. Mordeu a língua para não fazer nenhum comentário arrogante. 

— Também deve ser um método de defesa para qualquer comentário que possam fazer acerca das opções de vida dela. 

— Isso deve ter aprendido desde pequenina, afinal é filha de dois homens. 

— Sim mas o Leroy é muito realista, deve ter conseguido lidar com a situação muito bem. - Quinn estava confusa com a conversa e decidiu intervir. 

— Mas que os pais sejam gays não significa que ela o seja também. - diz ela seguríssima. 

— Sim, mas é. E assume sem medos que gosta de mulheres. - responde Judy ainda mais segura. Quinn sente um nó na garganta e alguma incomodidade. - A sério?

— Sim. Mas isso é a vida privada dela, cada um sabe de si. Eu não estou de acordo, mas também os pais dela são e eu dou-me bem com eles. E a inteligencia dela não é medida pela sua orientação sexual. - E foi depois deste comentário de Russell que Quinn deixou de acreditar que os peixes respiram debaixo de água, que as aves voam, ou no simples pormenor de que o céu é azul. Nunca lhe passara pela cabeça ouvir o pai falar do tema com tanta naturalidade como o estava a fazer. De toda a vida o ouviu dizer mal do assunto e que não aceitava, e não percebia porque é que com aquela familia ele era tão condescendente.  

— Eu acho-a muito humana essencialmente. - responde Judy naturalmente. 

— Sim. Isso é indiscutível.- acrescenta Russell. 

Quinn não abriu a boca o resto do caminho. 

 

—x-

 

Estavam todos, menos Rachel, já sentados numa mesa redonda no Le Bernardin. Aquele era o tipo de jantar de amigos e não de negócios, mas a verdade é que Russell estava a adorar a atenção que recebia de alguém com o estatuto social dos Berry. Não tinha passado 5 minutos desde que se tinham sentado mas Hiram já se estava a desculpar pelo atraso de Rachel. Quinn franziu o sobrolho e fez una nota mental de que a estilista afinal não era assim tão perfeita. Já Russell desvalorizou completamente o assunto. 

Rachel não deixou ninguém gerar demasiadas expectativas e chegou com um sorriso brilhante no rosto. 

 

— Boa noite a todos, não vou pedir desculpa pelo atraso porque fiz de propósito. - disse ela enquanto se ria a olhar para Hiram. Russell e Judy riram-se também. - O meu pai ao telefone pediu-me com muita ansiedade que eu não me atrasasse, e eu pensei que isso seria habituá-lo mal. - continuou a morena enquanto dava um beijo a Leroy que se ria e a Hiram que revirava os olhos em desespero. Depois dirigiu-se a Russell e deu-lhe um abraço, continuou com Judy do mesmo modo e com descontração mas com um sorriso malandro aproximou-se de Quinn que lhe esticou a mão e agarrou-a mas puxou-a depositando um beijo na face esquerda da designer. 

Quinn não tinha pinga de sangue e empalideceu. Percebeu de imediato que Rachel tinha feito de propósito e que além disso tinha percebido o seu desconforto. Desviou o olhar para o seu copo e tentou ignorar a provocação. 

— Obrigado pela consideração. - respondeu Hiram de modo sarcástico a Rachel passando ao lado de todos os pormenores. 

No sentido dos ponteiros do relógio estavam sentados Hiram, Leroy, Rachel, Russell, Judy e Quinn. O ângulo de visão de Rachel era perfeito para perceber todas as expressões de Quinn, e a loira sentia-se exposta. A estilista pensou que aquele jantar ia ser interessante e que Quinn era um desafio muito estimulador. 

Durante todo o jantar existiram vários temas de conversa, as intervenções de Quinn eram raríssimas, contrariamente às de Rachel que eram estimuladas por Russell e todos os outros presentes muitas vezes. A designer não podia negar que a estilista era realmente inteligente, mas preferiu não lhe facilitar a vida quando o assunto era deixá-la desconfortável. Dizem que o calado vence sempre, mas Rachel gostava de contrariar ditados. 

 

— A Lisa Levert vai casar a meados de Março. - comentou Russell com Hiram. - Já não me recordava se a Judy não tivesse comentado que temos de ir. 

— Sim, o Gustav falou-nos nisso no desfile da Rachel. Admito que não calha numa altura muito boa para voar até à Europa, mas também não quero fazer a desfeita. - respondeu o homem. 

— Confesso que tenho alguma curiosidade em ver a decoração. A mãe dela disse-me que tem planeada uma grande surpresa em relação ao tema da boda. - comentou Judy. 

— Eu realmente não entendo porque é que ela quer casar numa Quinta em Paris.- diz a morena. 

— E porque não deveria? - pergunta Quinn impaciente. 

— Não disse que não deveria. Disse que não entendo. - respondeu Rachel com um sorriso. - Se me dissesses que se quer casar em Paris no Notre Dame, eu entenderia, mas numa Quinta não me faz sentido existindo tantas por cá.

— Mas tu não te vais casar, por isso é que não entendes. - interrompeu Hiram brincalhão, somente para se meter com ela.

— E porque não? - perguntou Judy surpreendida. 

— Porque o meu pai não quer. - respondeu Rachel simpática. - Diz que eu sou dele e que ninguém me pode levar. - acrescentou rindo-se e fazendo todos rir, inclusive Quinn quase se enganou e esboçou um sorriso leve. 

— Isso é porque o teu pai deve achar que ninguém é suficientemente bom para ti. - Russell tinha acertado no ponto. 

— Exactamente. - respondeu Leroy. - E eu estou de acordo com ele nesse ponto. Já me custou horrores quando ela decidiu ir viver sozinha. - Quinn sentiu-se desconfortável com esse comentário, e Rachel percebeu. 

— Ao inicio houve momentos em que me arrependi, mas também não te podes queixar muito que eu passo a vida na vossa casa. 

— Eu penso muitas vezes no momento em que a Quinn se casa e deixa de viver connosco. Acho que me vai custar tanto... - lamenta Judy fazendo Quinn sentir-se ainda mais desconfortável por perceber em que direcção ia a conversa. Rachel sorri malandra. 

— Isso vai acontecer inevitavelmente. Começa a mentalizar-te, até porque está a começar a ser hora. - responde Russell a Judy que concorda con um gesto de afirmação. 

— Não acho que esse seja um tema relevante para este jantar. - acrescenta Quinn. 

— Estamos entre amigos, não é um problema falar disto. - responde Russell. 

— Realmente eu sou apologista do tempo das pessoas. Se o meu pai me dissesse que estava na hora de eu casar, é bem provável que eu lhe dissesse que quando isso acontecesse não o convidaria. - todos riem e Quinn agradeceu mentalmente que a conversa já não estivesse tão focada nela. 

— Mas não pensas mesmo casar Rachel? - perguntou Judy com simpatia. 

— Depende do teu conceito de casamento.- respondeu a morena com o mesmo tom. E foi o momento em que nasceu em Quinn alguma curiosidade por esta conversa. 

— Naturalmente não falo de um casamento religioso, porque não seria permitido pelo que percebo. Refiro-me a unir a tua vida alguém, ainda que com uma cerimónia civil. 

— Honestamente não sei Judy, eu sou um bocadinho esquisita. O casamento para mim não passa de um contrato assinado por duas pessoas para salvaguardar o seu futuro legal. Admito a possibilidade de ter esta visão hoje mas amanhã apaixonar-me perdidamente por alguém e querer comemorar isso, mas ainda assim não acho que seja fundamental. 

— Perdoa a minha ignorância, e não quero que me mal interpretes, na realidade não sei bem como abordar a questão sem parecer ... - Rachel sorriu e interrompeu Russell para o tranquilizar. 

— Directamente Russell. Eu não tenho nenhum problema em que me digas as coisas como as pensas. - ele sorriu agradecido. 

— Sendo o casamento, também uma cerimónia religiosa desde sempre, achas que... não sei... achas mal que... - mas ele não sabia bem como expressar-se e Quinn sentiu vergonha por ele. 

— Eu não gosto de homens, isso é do conhecimento público. Se posso gostar de mulheres que são seres tão interessantes e atrativos, porque é que vou gostar de homens? - disse ela na brincadeira roubando gargalhadas. - Não percebo os meus pais, mas pronto. De todas as maneiras e para te responder à tua dúvida... não acho que seja mais válido o casamento heterosexual na igreja do que o homosexual no civil, simplesmente acho que parte da fé de cada um naquilo que ele representa. Se representa a união entre dois seres de géneros diferentes, está certo que sigam a tradição se a sentirem real. Mas não acho que a fé das pessoas se meça por casar pela igreja ou com quem. Eu tenho muita fé, demasiada, mas a minha relação com Ele é pessoal e não compartida. 

— Entendo... - responde Russell sem querer estender o tema porque não se sentia confortável. 

— E sou apologista do amor. - disse divertida. - A minha alma define a minha personalidade. Eu não me envolvo com pessoas de quem não gosto. O meu amigo Kurt passa a vida a dizer que eu me devia divertir mais, porque não querendo ser pretensiosa não é que me faltem oportunidades, mas eu não concordo com esse estilo de vida. 

— É uma sonhadora a minha filha. - diz Leroy a rir-se. 

— Pelo contrário, sou bem realista e exigente. O que eu exijo para mim é nada mais nada menos do que posso dar. Se eu posso gostar de alguém e dedicar a minha vida a essa mulher, eu desejo o mesmo em contrapartida. 

— Mas sabes que a vida às vezes não é um romance. - acrescenta Russell e Quinn revira os olhos. Rachel percebe e sorri. 

— Temos de ser exigentes Russell. As pessoas têm de ser felizes e ficar com quem as faz felizes, de outra maneira a vida não faz qualquer sentido. 

— Eu entendo essa visão, e acho que se podes juntar o útil ao agradável faz sentido, mas por exemplo, eu só posso falar por mim ou neste caso pela Quinn, eu acho que nem toda a gente tem a capacidade de nutrir esse tipo de sentimento...- Rachel nega com convicção e interrompe. 

— Desculpa Russell, às vezes podem faltar oportunidades mas a capacidade de amar não depende da imagem que transparecemos para os outros, só nós podemos defini-la no nosso interior. - Rachel fez uma pausa para respirar e antes que ele pudesse responder-lhe, ela fez um gesto em como ia continuar. - Não conheço a Quinn - e olhou para ela para que a designer não achasse que ela estava a falar dela como se não estivesse ali - ela não nutre especial simpatia por mim, o que é uma pena - e esboçou um sorriso provocador que só Quinn entendeu- mas não me parece que seja o tipo de pessoa que não sabe amar. - voltou o olhar para Russell e com carinho e profundidade acrescentou: - Até acho que ela te ama a ti demasiado. - Russell surpreendeu-se com a resposta de Rachel e sorriu com algum desconforto mas feliz. Já Quinn só conseguia rir-se internamente, contrariamente ao que seria natural nela, um "toma!" passou-lhe claramente pela cabeça. 

 

As conversas pessoais acabaram por cessar e o tema profissional acabou por ganhar vida. Depois de muita insistência por parte de Russell e Hiram, ficou acordado que Quinn no dia seguinte iria ter com Rachel ao Imperial Garden para conversar sobre a possibilidade de negócio entre as duas marcas. 

Quinn limitou-se a assentir e Rachel pensou para si que aquele encontro sería interessante. 


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Notas finais do capítulo

E então?
Feedback?

Beijo*



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