Memórias de um garoto apaixonado escrita por Chão


Capítulo 8
Algo novo!


Notas iniciais do capítulo

A mente dos apaixonados é como o labirinto do Minotauro.



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Apenas alguns meses se passaram, talvez tenha sido um ano. Me perdoe por ter lhe esquecido, jogado em meio aos outros dentro do armário. Eu não via mais tanto sentido para escrever apenas coisas tristes e deprimentes.

Os cortes estão se fechando novamente e eu estou sorrindo, enquanto as nuvens passam lentamente no céu azul e límpido lá fora. Eu fiz algumas mudanças no meu quarto, como os vários desenhos que agora preenchem as paredes. Mudei minha cama de lugar e coloquei a escrivaninha em frente à janela. Deixei de ser aquele garoto que só usava preto e vivia escondendo a dor. Passei a usar roupas mais leves e coloridas, e por todos os esses meses, deixei com que a luz me fizesse flutuar em nuvens fofas.

Numa quinta feira, mais um dos dias em que eu havia ido dormir tarde, minha vó morreu enquanto todos dormiam. Encontramos seu corpo caído perto da pia, enquanto a água que saia da torneira, inundava todo o chão da cozinha e escorria em direção a sala. O bule de café ainda estava no fogão e a água dentro dele borbulhava, fazendo com que o vapor subisse lentamente. Bem, seu enterro foi no mesmo dia, devido ao fato de que seu corpo estava inchando. O sol estava se pondo atrás das montanhas que rodeiam a cidade, e o céu estava de um laranja com mesclas azuladas, quando o caixão finalmente tocou o funda da cova e a terra foi posta sobre ele. Ainda não sei como lidar com tudo isso, não sei como estou me sentindo. E agora somos só eu e meu irmão, e estamos aprendendo a lidar com a vida de um jeito duro. Infelizmente passei a esquecer de tomar os remédios, porque não tenho mais algué gritando comigo para me fazer lembrar de toma-los.

Bem, gosto de imaginar que ela deva estar em algum lugar bom, repleto de campos e flores, dançando ao lado do meu vô e ambos estão sorrindo por finalmente estarem juntos. Tais pensamentos me deixam sorrir por alguns segundos, antes de reparar como a casa ficou tão silenciosa, como a tv da sala não fica mais ligada o inteiro, e como o leve cheiro de cigarro não predomina todos os cantos da casa.

Bem, que tal falarmos um pouco sobre ele? Eu tive alguma noticias. Ele está bem, finalmente terminou a escola e esta ansioso para a faculdade. Ele ainda ama o Nico e eles estão felizes juntos. E isso me deixa feliz, pois significa que ele esta sorrindo e esta bem. E para mim é isso que importa.

Esses dias, me peguei pesquisando a cidade dele no maps, e passei a imaginar como era ele andando pelas ruas, correndo para pegar o ônibus em dias chuvosos, ou correndo na praia até o mar, e mergulhando, enquanto seus amigos sorriam e ele se sentia feliz. O sol escaldante lhe fazendo suar, enquanto ele caminhava até em casa, e seu corpo se lançando sobre a cama, enquanto o frio do seu quarto lhe causava arrepios.

Eu sei que não devo fazer isso comigo mesmo, mas adoro como fica essa pequena dorzinha no peito.

Ah, a quem estou esganando?

Algo legal aconteceu comigo. Aquele garoto da escola falou comigo hoje. Pera, acho que ainda não falei dele para você.

Há alguns dias atrás, eu vi um garoto passando em frente ao portão da escola. Ele é extremamente fofo. Sua pele é clara, quase pálida, e ele possui um cabelo encaracolado e preto. Seus olhos parecem duas amêndoas de tão castanhos que são. Bem, ele olhou para mim e ficamos nos olhando por alguns longos segundos, até ele se virar e subir a rua.

Enfim, hoje eu estava sozinho, sentado na praça esperando minha melhor amiga, Evaneide, e ele sentou do meu lado. Por um milésimo de segundo, meu coração parou e eu apenas fiquei me perguntando se eu devia dizer “Oi” ou fingir que não tinha o visto sentar. Mas então ele disse o primeiro “Oi” e cara, a voz dele é tão maravilhosa que eu queria poder escutar ela o dia inteiro. Eu fiquei alguns segundos pensando no que responder, até que meu oi saiu gaguejado e eu senti meu rosto corando, e ele abriu um fuck sorriso perfeito. Ele perguntou meu nome e me disse o dele, que é Gustavo. Mas antes que pudêssemos conversar um pouco mais, minha amiga apareceu e só então eu percebi o quanto tava atrasado pra aula. E merda, meu colar ficou em cima do banco e eu estou me sentindo nu sem ele, porque o pingente dele é a pena da pulseira que era da minha vó.

Infelizmente ainda não o vi novamente, e nem sei se vou ver. Queria saber se ele ficou com meu colar, ou se não o viu sobre o banco.

Estou sentindo meu estomago se revirar lentamente, e o gosto azedo subindo por minha garganta. Isso tem acontecido recentemente, e acho que se deve ao fato de eu estar esquecendo de tomar meus remédios.

Eu sei que passei tempo demais sem escrever em você, mas prometo que não irei demorar tanto tempo assim.

Até alguns dias depois deste. 


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Notas finais do capítulo

Ahhh, eu queria começar explicando porque demorei pra postar. E é só por causa da escola.
Eu espero que gostem, e pelo numero de paginas no meu diário, creio que a história ta quase pra entrar na reta final.
Então, beijos para vocês.



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