YeBin P.O.V

Mal havia chegado e meu pai quis entupir-me de comida. Senti-me como na história de João e Maria, onde as crianças são alimentadas até ficarem obesas e... BAM! São devoradas. Mas precisava admitir, estava faminta. Pois é.

Logo depois, o filho de minha madrasta me levou até onde seria meu quarto. Fiquei segurando-me o caminho todo para não espirrar, acho que ele despejou o vidrinho inteiro de perfume sobre ele. Meu Deus. Socorro.

Após ele jogar minhas malas no chão, fechei a porta e abanei as mãos no ar. Acho que aquele cheiro se impregnou em meu nariz. Aff.

Estava muito cansada da viagem, meus pensamentos estavam a mil. Precisava distrair-me e concluí que dormir não seria a melhor opção. Abri minhas malas e comecei a dobrar e empilhar minhas poucas peças de roupa no guarda roupas. Passaram-se 20 minutos e todas minhas roupas e sapatos já estavam guardados. Joguei-me na cama e dei um breve suspiro.

Fiquei pensando em como seria minha vida daqui pra frente. Como seria morar em uma casa com dois estranhos? Como ficariam meus estudos?

Rolei de um lado para o outro na cama, realmente macia, bem diferente da cama lá de casa.

— - -

Mesmo não querendo, acabei dormindo. Acordei com uma enorme vontade de fazer xixi, mas a preguiça me dominava e me impedia de levantar. Relutei o máximo que pude, mas acabei rendendo-me e levantei. Saí do quarto á procura de um banheiro. Por Deus, que casa grande!

Andei até o final do corredor, onde encontrei três portas. Será que uma delas é o banheiro? Será que eu vou saber voltar para o quarto?

Comecei a abrir porta por porta, a primeira julguei ser o quarto do casal.  Quando fui abrir a porta do meio, ela se abriu sozinha, e logo, Jimin saiu de trás dela. Ele me encarou e murmurou algo que não consegui entender, e saiu, esbarrando em mim.

Entrei na porta, era o banheiro. Não sei se agradecia por ser o banheiro, ou me lamentava pelo fedor. Será que todas as vezes que eu ver esse garoto vou sentir cheiro ruim?

Fiz minhas necessidades e saí, meu pai estava parado em frente á porta de meu quarto, preparado para bater.

— Pai? ~ Chamei a atenção dele, sorrindo logo em seguida.

— Er... Oi querida, só vim te chamar para o jantar! ~ Disse ele, envolvendo meus ombros com os braços. ~ Vamos?

Afirmei com a cabeça e rumamos escada á baixo. Pude sentir o cheiro de comida invadir minhas narinas assim que entrei na sala de jantar. A mesa estava farta, passei a mão sobre a barriga, já imaginando o sabor. Sentei-me ao lado de meu pai e em frente ao Jimin. Comecei a me servir-me, esse ramén parece realmente delicioso. Peguei meus hashis e senti o olhar de Jimin cair sobre mim, deixando-me realmente nervosa. Peguei um pouco do macarrão entre os hashis, que escorregaram acidentalmente de minha mão, por causa de meu nervosismo. Pude ouví-lo rir discretamente, e logo um “caipira” saiu de seus lábios. Tosco.

— Se quiser umas aulas de como comer com hashis, não conte comigo. Acho que lá no sertão eles não ensinam, não é mesmo?! ~ Ele disse irônico. Mereço.

Não vou rebaixar-me ao nível desse bostinha. Não mesmo.

Ajeitei os hashis entre os dedos e peguei novamente o macarrão. Não. Não caiu. Levei a massa até a boca, sem quebrar o contato visual com ele.

— Hum... Hum... Hum... ~ Emiti sons enquanto mastigava, provando á ele como sabia comer com hashis.

Dei um sorriso vitorioso logo em seguida, achando-me o máximo.

— Ó... Ta sujo aqui! ~ Disse demonstrando em meus próprios dentes.

Pude ver o gostosão encolher-se entre os ombros e limpar aqueles dentões de coelho com o indicador. Não me contive e soltei um riso nasalado. Logo parei de prestar atenção no garoto e voltei a comer.

— Filha... Já cuidei dos assuntos de escola... Você irá estudar na escola de Jimin, lá é uma ótima rede de ensino. ~ Meu pai disse.

— Ah... Só pode ser brincadeira!  ~ Bradou o rebelde. ~ Essa caipira? Na minha escola? ~ Ele continuou resmungando, até que meu pai e a senhora MiYeon o repreenderam através de olhares. ~ Aff.

— Você começa essa semana ainda. Logo depois de amanhã! Amanhã pela manhã, você e MiYeon irão buscar seu uniforme e seus materiais escolares.  ~ Continuou meu pai, ignorando as caretas feias de Jimin.

— O.k...

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Coloquei meu pijama velhinho. Velhinho mesmo. As mangas deixavam meus pulsos expostos, e o mesmo acontecia com minhas canelas. Acho que cresci.

Deitei-me na cama, debaixo de algumas cobertas e comecei a pensar. Pensar em como seria meu uniforme, como seria a escola. Será que todos são como Jimin? Metidos e arrogantes? Será que todos vão tirar sarro de mim? E a escola, será que é grande?

Não conseguia dormir, preocupada com todas essas coisas. Pensamentos e mais pensamentos se embaralhavam em minha mente. Hora ou outra eu olhava no relógio, apoiado na cabeceira ao lado da cama, para checar as horas. Uma hora, duas. Já estava cansada de rolar na cama. Com a falta de o que fazer, vieram os pensamentos e lembranças, as quais eu não precisava. Não agora. Aquela tristeza veio novamente, engoli o bolo que se formava em minha garganta, junto com a vontade de chorar. Então, tratei logo de pensar em algo. Cenouras... Cenouras são legais... E... Laranjas... E... Mas que merda. Cenouras são entediantes.

E foi pensando em cenouras que finalmente adormeci. Graças á Deus.

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Acordei com alguém chamando-me, de vergonha, cobri todo o corpo.

— P-Pode entrar! ~ Falei alto e vi a senhora Miyeon entrar calmamente.

— Bom dia! Ainda não esta pronta, querida?

— Não! Mas já vou me arrumar! ~ Respondi com a voz falha. ~ Er... Que horas nós vamos?

— Daqui a 30 minutos, certo?! ~ Afirmei com a cabeça. ~ Já aproveitamos e deixamos o Jimin na escola, o.k?

Oh não... Não acho que seja seguro ficar em um automóvel fechado com aquele garoto.

Senhora MiYeon saiu, e eu tratei de me levantar. Procurei uma roupa que não fosse tão ruim assim e me vesti, peguei minha escova de dentes e saí do quarto, andando calmamente em direção do banheiro. No meio do corredor, esbarrei com Jimin.

— Bom dia, remelenta! ~ Ele disse sarcástico.

Socorro. Que bafo. Tranquei a respiração e virei o rosto. Eca. Como pode? Esse garoto está perturbando meu precioso olfato...

— Comeu carniça podre? ~ Perguntei fazendo careta de nojo.

— Otária!

Ridículo. Queria tanto xingá-lo em voz alta, mas minha sanidade não permitiu, apenas segui para o banheiro e fiz minha higiene.

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Dona MiYeon tentava encaixar as mangas do blazer azulado em meus braços. Que uniforme horrível.

— Ai ai ai... Tá quebrando meu braço! ~ Choraminguei fazendo beicinho.

— Desculpe! Está doendo? ~ Ela perguntou preocupada e eu apenas afirmei com a cabeça.

Escolhemos um tamanho maior e vesti. Sentia-me desconfortável; as mangas ficaram um pouco grandes, escondiam meus dedos, deixando apenas as pontas de fora. Estranho. Parecia uma jacu, mas dona MiYeon insistiu em levar esse mesmo. Agora sim que Jimin vai me chamar de caipira. Aff.

— Melhor largo do que curto! ~ Disse ela, já no caixa.

Fiquei quieta.

Logo fomos á outra loja, buscar meus materiais. Nunca vi tanto livro junto. Assim que pegamos o material e o uniforme, voltamos pra casa. Graças á Deus estou livre daquele esquilo irritante.

Aproveitei e fui dar uma olhada na casa. Comecei pelo primeiro piso e logo subi. Como não sou curiosa, saí abrindo todas as portas, mas tinha uma que estava louca para bisbilhotar. Fui até ela e a abri lentamente. Já podia até imaginar; cuecas e meias sujas, jogadas por todos os cantos do quarto, sem falar no cheiro de chulé.

Nada disso. Meu queixo caiu, fiquei boquiaberta. Tudo limpo e organizado; e por incrível que pareça, cheirava a perfume, nada de cheiro ruim.

Já estava quase na hora de Jimin chegar, então tratei logo de sair e voltar para meu quarto.

— - -

Estava inquieta, andando de um lado para o outro, enquanto esperava meu pai. Sim, ele insistiu em me levar á escola em meu primeiro dia de aula. Senti-me como se estivesse de volta ao maternal.

Logo ele e Jimin apareceram e então fomos para o carro.

— Seja bom com minha menininha, certo? ~ Disse meu pai, já dirigindo.

Jimin apenas deu um sorriso forçado e me encarou. Cara de bunda. Sua cara é tão redonda...