— Amy, acorda! - Escutei um sussurro suave.

— Só mais 5 minutos - Resmunguei

— Acorda agora - Disse com uma voz doce.

Forcei para abrir os olhos e vi Brenda sentada ao meu lado.

— Que horas são? - Perguntei, corri a mão pelo edredom a fim de pegar meu celular.

— Quase 07:00 AM.

— Não acha que está muito cedo não?!

— Preciso conversar com você.

"E...lá vem...", pensei.

Sentei na beira da cama e olhei fixamente em seus olhos.

— Pode falar...

— Bom... Recebi uma proposta de emprego irrecusável! - Disse apreensiva.

— E isso é ótimo! Não é?! - Forcei um leve sorriso.

— Porém teremos que morar em Nova York.

 Levantei bruscamente e gritei:

— Eu não vou pra Nova York! Não vou me mudar no meu último ano escolar, não vou deixar meus amigos para morar em um lugar no qual tenho certeza que vou ficar sozinha o dia inteiro trancada dentro de casa!

— Amy, eu tenho sua guarda, você tem que vir comigo!

As lágrimas começaram a descer inevitavelmente.

— Eu não vou! Não vou, tá legal?!

Brenda passou a mão pelo rosto, numa tentativa desesperada de resolver todos seus problemas.

— Olha, vai ser apenas um ano! Vai passar rápido. A viagem já está marcada para sábado.

— Já disse que daqui eu não vou sair. Vou ficar na casa da Emma por um tempo, depois me organizo e volto para cá - Falei enquanto arrumava minha bolsa para o colégio.

— Mais tarde a gente sobre isso ok?! 

— Tudo bem! - Assenti.

Peguei uma jaqueta no guarda roupa e desci.

— Não vai comer nada? - Perguntou, dando uma mordida em uma barra de cereal.

— Estou sem fome! - Respondi emburrada, me jogando no sofá.

— Já estou indo, quer carona? - Perguntou pegando as chaves na mesinha da sala.

— Quero! - Falei pegando a mochila do sofá.

Bati a porta do carro, coloquei meu fone de ouvido e apoie a cabeça no vidro da janela, com os olhos fechados.

Não falamos absolutamente nada, durante todo o caminho.

Entrei no colégio calada, fui direto para o meu armário, peguei meu caderno e uns livros. Emma apareceu de repente.

— Sem sustos hoje... - Me encarou com aquele rosto angelical, cabelos ruivos na altura dos ombros, olhos verdes extremamente cativantes.

— Sem susto! - Forcei uma comemoração, empilhei meu livros no braço.

— Está tudo bem? 

— Na verdade não...

— Fala pra mim o que está acontecendo! 

Emma me conhecia muito bem, somos amigas desde que nascemos praticmente. Minha mãe e a mãe de Emma eram melhores amigas, por isso crescemos juntas.

Sentamos em um dos bancos do refeitório, que por um milagre ainda não estava cheio, nem mesmo David que é um morto de fome.

— Brenda vai para Nova York, esse fim de semana.

— Você vai se mudar? - Gaguejou desesperada.

— Disse á ela que não vou! - Falei franzindo a testa.

— Você pode morar na minha casa, tenho certeza que minha mãe vai adorar. É capaz dela gostar mais de você do que de mim... - Comentou sorrindo.

O refeitório começou a encher, pessoas de um lado para o outro com suas bandejas. Avistei Carter de longe, e entrei em pânico, mesmo com ele distraído em meio as garotas e caras do tipo, inclusive David.

— Vamos pra sala? - Levantei bruscamente.

— Que foi? Parece que viu um fantasma.

— Não se esqueça de falar com a sua mãe. Não quero incomodar ninguém - Falei enquanto subíamos a escada.

01:00 PM

Estava indo embora quando fui surpreendida por alguém chamando meu nome.

— Amy, Amy. Espera.

Quando virei para trás, vi Dyllan Carter parado bem na minha frente. Revirei os olhos e continuei andando.

— Estou falando com você!!

— Vai continuar com as suas ameaças baratas? - Bufei.

— Bom... Meu pai é policial, não acho legal você usar esse termo! - Ironizou com um sorriso torto, passando a mão pelo cabelo.

O sol estava forte, o que fazia com que eu comprimisse os olhos, tirei a blusa de frio e amarrei na cintura. Já não havia mais ninguém nos arredores da escola.

— Só isso que quer comigo? - Perguntei entediada.

— Na verdade não... Eu queria me desculpar com você e para isso, queria que saísse comigo - Disse ansioso.

Gargalhei em sua frente.

— Não estou achando graça - Resmungou.

— Por favor né Dyllan, você mesmo já disse que me odeia, e está com esse papinho logo agora.

Me aproximei de uma árvore a fim de fugir do sol, do outo lado da calçado do colégio, Dyllan me acompanhou.

— Vou te mostrar que mudei, vamos esquecer tudo que aconteceu aquele dia. Temos que parar com essa rivalidade.

— Engraçado, quem entrou no meu quarto sem autorização somente para me ameaçar foi você né?! - Disse sarcástica.

— Me arrependo daquilo e de muitas outras coisas. Por favor aceita.

O silêncio tomou conta, ele me fitou nos olhos.

— Tá bom! Vou fazer esse sacrifício para você parar de atormentar - Cedi, revirando os olhos.

Ele voltou a me encarar incessantemente, senti meu rosto corar subitamente.

Ele me encostou na árvore, colocou a mão no meu queixo e aproximou seu rosto do meu lentamente. Desviei no mesmo instante.

— Já conversamos bastante né?! Tenho que ir.

Ele entrou em sua caminhonete "é muito playboy mesmo", pensei.

Me encarou por longos minutos.

— Você não vem? Te deixo em casa!

— Quem garante que você não vai me sequestrar?! - Brinquei.

— Entra logo - Sorriu torto.

Assim que cheguei na porta de casa, ele reforçou o convite.

— Sexta-feira te pego aqui, às 08:00 PM.

— Pra onde vai me levar? - Perguntei curiosa.

— Surpresa - Sorriu misterioso.

Tenho que confessar que tinha medo de qualquer coisa vinda de Dyllan Carter.