Timeline escrita por Frost


Capítulo 7
Stranger Girl




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Nora torceu o nariz para sua própria imagem no espelho; o moletom que sua mãe havia lhe entregado tinha mangas longas demais para seus braços pequenos. Ela já estava dentro daquele banheiro a quase vinte minutos, sabia que não era porque estava parecendo um mendigo com aquele moletom maior que ela; o que lhe incomodava era o confronto que sabia que viria assim que pisasse no córtex. Temia não aguentar e falar mais do que devia, claro, ela não tinha um plano pra explicar como sairá de dentro de um buraco — ou de como entrou nele para começo de conversa. Seus pais e principalmente seu tio não eram idiotas, primeiro, contaria que era uma velocista, apesar de ter quase cem por cento de certeza que eles já desconfiavam disso. Depois, ela daria um jeito de mentir sobre o resto. Não podia arriscar contar para seus pais nada, pelo menos por enquanto era mais seguro eles serem feitos de idiotas pela própria filha.

Respirou fundo, o que não fora uma boa ideia, ela não estava se curando tão rapidamente quanto devia, e até mesmo respirar fazia suas costelas doerem.

Caminhou a passos lentos até o córtex, e sentiu todo o ar desaparecer de seus pulmões e a vontade de vomitar a atingiu como um soco assim entrou. Deus! Todos eles estavam ali, até mesmo seu avô.

—Bem, ela não fugiu afinal de contas.

Seu pai disse, torcendo o nariz. O que quase a fez rir. Droga! Eles tinham as mesmas manias.

— Não, eu não fugi — respondeu ela, se aproximando — eu só estou um pouco nervosa, me desculpe. Você parece um pouco zangado.

Ela sorriu gentilmente, fazendo Barry desamarrar sua carranca.

—Certo, você se incomodaria de responder algumas perguntas?

 Seu avô joe puxou uma cadeira, e ela entendeu que era pra se sentar
             —Eu sou um policial…

Nora riu mas parou quando olhou o rosto confuso do seu avô.

—Desculpa!

—Como eu estava dizendo…Sou policial, então talvez eu possa ajudar. Você está perdida?

—Com toda certeza — ela disse, e olhou para seu pai.

—Qual seu nome querida? — sua mãe perguntou, e Nora gelou.

— Eu me chamo…. Me chamo Elizabeth mas pode me chamar de Lizzie se quiser.

Ela suspirou, odiava ser chamada de Lizzie. Apenas sua tia Felicity costumava a chamar assim. Felicity adorava pois era ela que havia escolhido aquele nome. Se não fosse por ela, Nora apenas seria Nora. E não Nora Elizabeth. Deus! Ela simplesmente odiava.

— Você não é nova demais para ser uma velocista? — Cisco questionou, se pronunciando pela primeira vez desde que ela pisara na sala— Quero dizer você é uma, senão, não teria passado pelo buraco de forma alguma.

— É eu sou — afirmou, desviando o olhar para Barry. Que apesar de tudo, parecia um pouco surpreso. — Na verdade, acho que sou meio velocista.

— Como assim? — Barry perguntou, se sentando em uma das cadeiras.

— Estou perdendo meus poderes, eu acho.

— Como exatamente você ganhou seus poderes? — Cisco perguntou assustadoramente animado.
            — Isso não vem ao caso agora — ela mordeu o lábio inferior, nervosa, uma mania de sua mãe diga-se de passagem — Isso é alguma espécie de interrogatório, eu vou ser presa?

— Não vamos prender você, Elizabeth — Barry se levantou, estava claramente incomodado.

— Mas isso é um interrogatório — ela afirmou, cruzando os braços — Estou com fome, tenho direito a comida? — ela disse olhando para Caitlin.

— É claro que sim, e isso não é um interrogatório, e apenas um modo de descobrimos um pouquinho sobre você, querida.

Nora sorriu e tentou controlar a vontade de não pular nos braços da sua mãe.

— O que você se lembra antes de entrar no buraco? — Joe perguntou, se sentando na ponta da mesa próximo a Nora.

— Eu não sei. Só lembro de correr muito rápido e depois, dele, batendo com tudo contra mim — mentiu, apontando para Barry.

— Hey, foi você que bateu em mim — o mais velho se defendeu.

— Eu bati? — ela perguntou, inocente — Do que você estava correndo afinal?

Algo dentro de Barry se revirou, Nora percebeu o olhar do seu pai escurecer. Ele estava… sofrendo.

— Você estava chorando? Quero dizer… antes de bater e quebrar uma costela eu vi você.

O silêncio na sala foi imediato, Nora sentiu o clima ficar pesado.

A sua boca grande já tinha feito um estrago, e ela não estava ali nem a meia hora.

— Meu pai morreu a dois dias, então desculpe se eu bati em você enquanto estava correndo.

Nora sentiu a culpa lhe invadir, sabia o quando seu pai sentia falta do seu avô Henry. Ela já ouvira tantas histórias dele, que era quase como se o conhecesse também. Sentiu vontade de chorar mais uma vez, e segurou o impulso de abraçar seu pai.

— Eu sinto muito. P…Senhor, eu só tenho a boca grande demais.

— Não me chame de senhor, eu não tenho quarenta anos — Barry deu um sorriso fraco, deixando o ambiente um pouco mais leve.

'''Você tem quase isso, pai '' Nora pensou e se segurou para não rir.

     […]

— Você pode ser metade velocista, mas come por dois velocistas inteiros — Cisco disse olhando assustado a montanha de batata frita e hambúrguer que Nora atacava.

— Me chamar de meio velocista me faz pensar que está me faltando uma perna — ela disse, com a boca cheia — Eu sou uma velocista. Bem, só não consigo correr tão rápido quando ele, o Barry.

Ela bebericou seu refrigerando e Cisco a olhou semicerrando os olhos.

— Por acaso de onde você veio, sei lá, estava tento um apocalipse e faltou comida?

Nora riu, se lembrando que a única comida decente do futuro era a que próprio Cisco fazia pra ela, já que sua mãe só comia tofu.

— Era quase isso — comentou, e o moreno arregalou os olhos.

— Cara, estava tendo um apocalipse?

— Quê?! Claro que não! — ela riu — Eu só não tive muito acesso a hambúrguer.
— Então, você não acha que seus pais estão preocupados? Quero dizer, você tem pais, não tem?

Nora sentiu o pedaço de hambúrguer que estava mastigando rasgar sua garganta.

— Eles estão bem — ela sorriu fraco, e Cisco resolveu se calar até que ela comesse.

Assim que comeu quase tudo que Cisco havia gentilmente comprado para ela no Big Belly, Nora e ele voltaram calados para o córtex.

Caitlin lançou um sorriso para ambos assim que passaram pela porta do córtex. Apenas ela e Barry estavam lá, o que fez uma pontadinha de felicidade crescer no peito da pequena Allen.

— Essa menina é uma draga! — Cisco disse, e Barry riu. Pela primeira vez ela viu o sorriso de seu pai. Santo Deus! Ela vira Noah.

Ela não havia puxado muita coisa do seu pai, era mais as manias. Passar a mão na nuca quando estava nervosa, entortava o nariz todas as vezes que era questionada ou quando se questionava, sorria de nervoso quando contava uma grande mentira, que claro seria um problema. Mas o sorriso de Barry, era de Noah. Eles eram completamente parecidos fisicamente. Era uma loucura!

— Graças à minha boa genética eu não engordo, já pensou? — disse, mordendo a língua logo em seguida. Droga!

— Genética? — Cisco disse, a olhando desconfiado.

Ela se jogou em um das cadeiras giratórias e começou a rodar.

—Alguém da sua família, por algum acaso é velocista? — Barry disse, sentando em uma das cadeiras.

Nora sentiu seu coração sair pela boca, e teve certeza que ele sairia correndo pela porta do córtex a qualquer momento, enquanto os três olhavam para ela desconfiados.

Lá estava ela, a sua boca grande colocando tudo a perder. Se ela não pensasse em uma desculpa rapidinho, sua missão de salvar o futuro ficaria mais curta que a vida amoroso de Jace Ramon. E, por um momento desejou ser tão cínica quanto seu primo.


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Notas finais do capítulo

Não sei se vou agradecer pela Nora ter uma boquinha bem grande ou se vou chorar, por que ela pode estragar as coisas mais ainda. Ahhh só sei que vocês vão ter muito da família Allen nos próximos capítulos, até por que o Barry tá meio arredio né? Tadinha da Nora Elizabeth kkkkkk ♥