Stubborn Love escrita por fairylady N


Capítulo 4
About Breakfasts And Bicycles




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/712000/chapter/4

Emma desceu as escadas esfregando os olhos para encontrar apenas Henry sentado à mesa fazendo o desjejum. A ausência da ex-mulher fez Emma momentaneamente se perguntar se Regina havia passado a noite fora de casa e o barulho da porta fora apenas uma ilusão que o cansaço lhe pregara na noite anterior. Logo depois se censurou por mais uma vez estar se importando com ela, a vadia que havia quebrado seu coração em pedaços há sete anos atrás e que mesmo assim não conseguia tirar de sua cabeça durante um maldito dia desde então.

— Não precisa fazer essa cara. Mamãe só foi aos estábulos, você teria encontrado ela se tivesse dormido e acordado mais cedo em vez de ficar até tarde esperando ela chegar em casa. – Disse o garote de uma maneira tão "Regina" que faria Emma pensar que estava possuído pela morena se ela fosse menos cética.

— Como você...?! Bom dia pra você também, garoto. – Respondeu indignada com a recepção do filho, indo se sentar na frente do menino que lhe recebeu com um sorriso travesso.

— Vovó me contou. Se tivesse acordado mais cedo também teria encontrado ela, mas ela subiu para o quarto reclamando com dor de cabeça.

— Está tudo bem com ela?

— Acho que sim. O máximo que alguém consegue estar bem misturando tanto remédio e alcool. – Emma olhou espantada para o garoto que balançou os ombros. – O que? Eu não sou nenhum bebê, mãe. Eu posso perceber o que está acontecendo com a vovó... Posso perceber tudo o que está acontecendo nessa casa.

— Eu sei, garoto, eu só... Espera. O que mais você acha que está acontecendo nessa casa?

— Você e mamãe. Não adianta fazer essa cara, mãe. Dá pra perceber pelo jeito que vocês se olham e agem como quando estão perto uma da outra... Tipo ontem a noite. Achei que você ia dar um murro na cara do Xerife. – Disse o garoto animado, ao que Emma escondeu o rosto em suas mãos envergonhada.

— Escuta, Henry ­– Disse olhando no fundo dos olhos verdes como os seus. – Eu entendo que o fato de eu e sua mãe estarmos na mesma casa, convivendo pode fazer com que você tenha impressão de que... De que as coisas possam voltar a ser como antes, de que eu e sua mãe ainda podemos ficar juntas, mas as coisas não funcionam assim. Nada mudou, só o fato de que sou a hóspede da sua avó até Michael terminar o conserto do meu carro.

— Mas vocês podem mesmo ficar juntas! Vocês ainda se amam, eu sei disso! – Insistiu ele. Emma se sentia cada vez mais culpada em destruir as esperanças infantis do filho, mas antes isso do que alimentar expectativas que não iriam se concretizar.

— Escuta, Henry. As coisas são complicadas... Eu e sua mãe passamos por muita coisa, coisas que não podem ser mudadas nem esquecidas e percebemos que o melhor que podíamos fazer para nós e para você era ficarmos separadas. É o melhor pra todos nós.

— Melhor ou mais fácil?

— Henry... – Emma só queria que o garoto não dificultasse as coisas e compreendesse antes que se decepcionasse.

— Não, mãe, me escuta: Eu sei que ela ainda gosta de você, mesmo sendo teimosa demais pra admitir isso, eu conheço ela! E também sei que você ama ela, se não você não teria ciúmes dela, nem estaria aqui falando que veio até aqui no enterro da vovó só pra ficar com a gente.

— Hei, eu realmente vim pra cá achando que iria enterro da sua avó! ­– Disse-lhe recebendo um olhar duvidoso do garoto. – Até você garoto, meu próprio filho? Qual é, eu não atravessaria o país com uma desculpa tão ridícula como essa... Eu sou a vítima de toda confusão aqui!

— O que importa é que você está aqui e você a ama! Não ama?

— Não é tão simples, Henry... – Disse ela abaixando a cabeça, incapaz de negar a pergunta do filho.

— Por que não? Ou vocês se amam ou não, e eu sei que se amam! Ela é sua alma gêmea, não pode desistir dela! – Exclamou ele exasperado, como em um discurso de motivação, impressionando Emma por toda a sabedoria com que falava pra sua idade. – Consiga ela de volta, mãe!

— Henry, eu realmente sinto muito em te desapontar, mas não é assim que as coisas funcionam no mundo dos adultos. – Disse ela sentindo um nó no estômago por ser a responsável por murchar o sorriso do filho – Eu realmente gosto muito da sua mãe, e sempre vou ter um carinho especial por ela por tudo o que ela fez por mim e por você, por todos os momentos especiais que nós três vivemos, mas... Isto é passado. – Era doloroso para ela ter que falar aquelas coisas para o filho, talvez até mais do que parecia estar sendo pra Henry que ficava cada vez mais cabisbaixo a cada palavra que Emma lhe dizia, mas precisava ser feito. – Você tem que saber que eu e a sua mãe te amamos muito, ok? No passado, no presente e no futuro, nunca se esqueça disso. Vamos tentar conviver numa boa enquanto estivermos aqui, e depois quando eu voltar pra Nova York, e...

— E daí você vai me esquecer de novo, não é?

— Henry, eu... – Disse quase sem fôlego, graças ao nó que pareceu se formar na boca do estômago. Ela sabia que o garoto tinha uma boa razão para dizer o que dizia, que apesar das boas vindas e simpatia com ela, a mágoa deveria estar ali apenas esperando o momento certo para ser exposta. Mais do que ouvir o tom de voz magoada do filho, doía saber que ela merecia isso.

— Você só fala comigo pelo telefone e por e-mails. Eu não via você a dois anos... Eu só sinto sua falta. Sinto falta da nossa família junta. – Disse ele sinceramente fazendo seus olhos encherem-se de lágrimas, que ela pigarreou tentando evitar enquanto tentava evitá-las.

— Olha Henry, eu sei que eu tenho sido um pouco ausente, que eu deveria ter mais tempo pra você e ser uma mãe melhor como você merece, mas... – O que ela poderia dizer? Que estar perto do próprio filho era doloroso demais para ela lidar?! Que mais do que a desculpa que sempre usava para si mesma, que devido a sua profissão era mais seguro para ele se manter afastado della, toda a vez que olhava nos olhos de Henry era como olhar toda a felicidade que tivera e tinha perdido?! Que o jeito do filho e o modo de sorrir tão parecido com Regina a dilacerava e ela não se sentia capaz de lidar com tudo isso? Como ser uma boa mãe para ele quando tudo o que ela sentia perto dele era fracasso e covardia? – Me desculpe. Me desculpe de verdade.

— Tá tudo bem. – A mão quente do garoto cobriu a sua sobre a mesa, os olhos arderam e pesaram ainda mais quando olhou para o garoto e ele lhe ofereceu um sorriso leve compreensivo no rosto. – Eu te desculpo, mãe. Nós sempre perdoamos as pessoas que amamos.

Uma lágrima teimosa escorreu por seu rosto ao mesmo tempo em que Henry se levantou e limpou-a com seu polegar. Emma o puxou para um abraço apertado que para seu alívio foi retribuído com vigor pelo filho.

— Me desculpe, Henry. Eu nunca quis ficar longe de você, eu nunca mais vou fazer isso, ok? Eu prometo, meu pequeno príncipe. – Disse desabando em lágrimas nos braços do filho, depositando incontáveis beijos pelo rosto dele, e então segurando suas bochechas e fazendo-o olhar no fundo dos seus olhos. – Você me desculpa?

— Sempre. – Reforçou ele emocionado, se jogando em seus braços novamente. Emma sorriu genuinamente em meio as lágrimas incapazes de serem controladas, aliviada pelo perdão do filho, arrependida por seu egoísmo, determinada a nunca ficar longe dele mais do que o necessário. – As coisas podem voltar a ser como antes, está vendo mãe?

Emma se permitiu um riso fungado revirando os olhos sabendo do significado ambíguo da última frase do filho. Ela tinha que admitir, era admirável a obstinação de Henry, mesmo que por uma causa perdida como ela e Regina.

Henry se despediu dela com um beijo na bochecha, antes de anunciar que iria tomar banho e subir apressado as escadas. Mal se recuperara, e ainda servia-se de cereal com leite quando Cora desceu de hobby, cabelos selvagens e, mesmo dentro de casa, olhos cobertos por óculos de sol grandes que faziam seu rosto parecer ainda menor. A mais velha segurava a cabeça como se ela fosse cair de seu pescoço e resmungava palavras incompreensíveis quando chegou na cozinha indo em direção à geladeira.

— Bom dia. – Emma disse educadamente, mas o olhar irônico que Cora lhe lançou por cima dos óculos a fez ter certeza que para a ex-sogra aquele dia, apesar de ter acabado de começar, estava péssimo.

Cora pegou um copo cheio de água e aproveitou para entornar três comprimidos para dentro que Emma duvidava serem para a enxaqueca. Observou pensando a quanto tempo Cora tinha problemas com o abuso de remédios e se isso acontecia desde a época em que ela e Regina estavam juntas. Sempre soubera tão pouco sobre ela, além de que tinha um temperamento difícil e a odiava. Agora olhando ali apoiada próxima a pia ela lhe parecia tão frágil e humana, muito distante da megera inatingível que lhe causava arrepios há alguns anos atrás.

— Não me olhe desta maneira, não preciso de pena de alguém como você, Swan. – E lá estava ela, a antiga Cora. De volta antes mesmo que Emma tivesse tempo de sentir saudade, mostrando que sua aparência debilitada não influenciava em nada sua língua feroz.

— Eu não... – Disse Emma defensivamente com as mãos erguidas.

— Você não é muito discreta nem consegue esconder bem as coisas, garota. – Cora disse com um sorriso convencido nos lábios sentando-se em frente a loira e ascendendo um cigarro. – Posso sentir o cheiro da sua afeição pela minha filha ou ver o brilho nos seus olhos toda vez que vê ela do outro lado do país.

— Cora, nós já conversamos... – Advertiu ela sem muita paciência. O que era aquilo, afinal? Um complô? Mal acordara e a primeira coisa que faziam eram jogar na sua cara os sentimentos que ela ainda tentava negar para si mesma por Regina? Onde diabos estava a cordialidade naquela casa?

— Não tente negar, Swan. Eu estou velha, mas não obtusa. – Emma respirou fundo e se afundou na cadeira, sabendo que não adiantava discutir com a mulher mais velha, até porque no fundo sabia que ela tinha razão até certo ponto. – Sabe, Regina até hoje não me contou porque vocês duas se separaram... Não que ela me conte muitas coisas desde que tinha uns 6 anos, mas ainda assim, não sei como pessoas que ainda se olham do jeito que vocês se olham não estejam juntas. Problemas na cama eu tenho quase certeza que não foram, não é?

Emma corou violentamente e preferiu encarar o próprio colo do que os olhos ferinos e a risada rouca de Cora. Não sabia se Cora esperava uma resposta mas não lhe deu do mesmo modo. Regina e ela eram um assunto delicado que ela evitava conversar com qualquer um, ainda mais com Cora.

— Ela sempre foi uma boa menina. Um pouco mimada pelo pai, mas sempre foi educada e doce, a criança de olhos mais brilhantes que já vi. Eu sei, hoje em dia parece difícil acreditar, mas ela era. Henry a chamava de Princesa Regina e eu acho que por um tempo ela realmente acreditou que era uma. – Cora riu amargamente e Emma inclinou-se deleitando-se com a preciosidade que era ouvir um trecho da história de Regina. A mais velha recomeçou a falar após uma longa tragada em seu cigarro. – Eu sempre fui mais rigorosa. "O mundo não é um conto de fadas", eu dizia. Do que adiantava encher a cabeça dela de sonhos quando a vida está aí fora louca pra triturar todos eles como um moinho?! Sabe o que eu estou querendo dizer, não sabe, Emma? Sei que teve uma vida complicada até minha filha escolher seu caso e defender você.

Foi a vez da própria Emma ficar com olhos perdidos em meio as lembranças dos tempos em que vivera no orfanato. De apanhar das crianças mais velhas e do tempo dos lares temporários que muitas vezes conseguiam ser ainda piores. Sonhos eram uma coisa que a Emma criança tinha vez ou outra quando dormia, depois que cresceu nem mais isso tinha já que a maioria de seus sonos eram mal dormidos com o medo de ser pega pela polícia. Com o pai de Henry fora o mais próximo que tivera de ter sonhos, fazer planos e quando achou que tinha chance de ter encontrado um pouco de felicidade tudo ruiu quando ele lhe deixou com as mãos vazias e um filho na barriga. No entanto, se não tivesse descido ao inferno na prisão onde quase tivera que abrir mão da única coisa que era verdadeiramente dela na vida ela não teria conhecido Regina, sua advogada. A única verdadeira luz que ela havia conhecido, até a maldita vida tirá-la de Emma também.

Era triste pensar que Cora em parte tinha razão. Talvez Emma ainda estivesse um pouco emotiva pelo episódio anterior com Henry, ou Cora estava chapada demais já àquela hora, mas foi a primeira vez em todo o tempo que se conheciam em que houve uma faísca de compreensão e conexão genuína entre as duas.

— Ela já lhe contou da cicatriz? – E antes que Emma tivesse tempo de responder ela já continuava. – Provavelmente não, não é uma das histórias favoritas dela. – Cora demorou mais um tempo olhando para o nada apenas preocupada em tragar seu cigarro. Quando Emma já estava quase convencida de que Cora não lhe contaria a história, a voz da mais velha recomeçou:

— Acontece que quando Regina tinha lá pelos seis anos ela encontrou um pequeno felino perto da casa da árvore que Henry havia mandado construir para ela. Regina se encantou, a chamou de "Chiara", trouxe a gata para casa e andava pra lá e pra cá com ela. Eu avisei que não era uma boa idéia, vivemos em uma fazenda, temos cães pastores para todo o canto, mas ela nunca me deu muito ouvidos. Se tivesse dado provavelmente também não teria se envolvido com você...

Emma quase se sentiu ofendida com o último comentário, mas estava realmente curiosa para saber a origem da cicatriz sexy que Regina tinha no lábio superior direito, então apenas revirou os olhos e resolveu ignorar.

— Um dia a tal gata sumiu, e minha filha com a inteligência e juízo de uma criança de 6 anos desbravou-se pela fazenda no meio da noite e da chuva com apenas uma lanterna. No meio da madrugada eu e Henry acordamos com uma confusão de latidos e gritos da nossa menina. Saímos correndo para encontrar nossa filha encurralada em uma árvore com um dos pastores a atacando e a maldita gata berrando em seus braços, atiçando ainda mais o cão contra as duas. Foi um pandemônio tirá-los de cima dela, Henry a trouxe no colo chorando desesperada e naquele escuro só conseguíamos ver o sangue por seu rosto e roupa. Era tanto sangue... Foi horrível. Quando chegamos em casa Graças ao bom Deus só haviam arranhões e seu lábio estourado, por algum milagre não havia nenhum machucado mais sério.

— E então? – Perguntou Emma insatisfeita com mais um silêncio reflexivo deixado por Cora. Em resposta a ex-sogra deu a última tragada restante no cigarro e suspirou com o canto da boca antes de esboçar um sorriso amargo e prosseguir.

— E então depois de minha filha levar três pontos no lábio superior eu a trouxe de volta para casa e a  fiz ver o que acontece quando não se escuta a mamãe. – Cora se inclinou para frente, se certificando de que Emma ouvisse as palavras seguintes. – Eu levei Regina até o maldito cão que havia a atacado e a fiz assistir quando dei um tiro no meio da testa do animal, e me assegurei de que ela estava ciente de isto estava acontecendo por causa de sua teimosia. E então, eu exigi que se livrasse da gata se não ela seria a próxima.

Emma engoliu a seco horrorizada, não conseguindo tirar de sua cabeça a imagem de uma pequena Regina assustada vendo a terrível cena se desenrolar em sua frente e toda a responsabilidade jogada em suas costas por sua própria mãe. Não ter pais poderia ter sido horrível, mas não conseguia enxergar crescer ao lado de uma mãe como aquela ser tão menos pior assim.

— Eu sei que Regina é o que é hoje por minha causa, as coisas ruins e as coisas boas também, apesar dela nunca querer admitir isso. – Mais um remédio, agora engolido à seco antes de prosseguir sombriamente. – Mas tudo o que eu fiz e sempre vou fazer é para proteger e ver minha filha feliz. Mesmo que tenha feito coisas horríveis que nem ela nem ninguém entenda, eu sempre vou lutar pela felicidade dela e não vou ter o mínimo remorso em destruir quem tente atrapalhar isso.

Emma agradeceu quando Regina surgiu pela porta e interrompeu a conversa que parecia estar tomando um rumo cada vez mais sombrio. Como de costume qualquer ar descontraído e leve que a morena tivesse foi transformado em uma ruga de irritação quando seus olhos se cruzaram, mesmo que Emma tenha se prendido pouco ao seu rosto por estar mais interessada avaliando o novo visual de Regina.

A morena vestia uma calça skinny justa que valorizava todas as curvas de suas pernas ­– E, apesar de não ter uma boa visão da parte detrás, Emma também apostava que fazia o mesmo com uma de suas partes favoritas no corpo da ex-mulher ­–, bota marrom de cavalgada uma camisa regata escura coberta por uma camiseta xadrez laranja e creme dobrada até seus cotovelos. Regina parecia em harmonia com o lugar, parecia pertencer àquele lugar.

— Bom dia – Disse puramente por cortesia.

­– Só se for pra você, querida. ­– Respondeu Cora não fazendo a mesma questão, complementando a já usual ruga de irritação da morena mais nova com pressão nos lábios até formar uma linha fina. Se Emma e Cora tinham uma coisa em comum definitivamente era o talento em tirar Regina do sério.

— Bom dia. – Disse a quarta pessoa entrando na sala fazendo Emma agora comprimir os lábios em irritação.

— Mas que diabos todos vocês acordam tão animados, hein?! – Exclamou Cora indignada. – Me digam que remédio é esse que deixa vocês tão bem dispostos de manhã que eu vou querer a receita! – Emma e Graham não puderam conter a risada e até mesmo Regina ameaçou um sorriso com a fala da mãe, antes de lhe responder.

— Talvez porque não seja tão de manhã assim, ou talvez porque nenhum de nós ficou se dopando de remédios e bebidas ontem a noite.

— Oh, lá vem você de novo, logo cedo com isso?! Você é meu médico ou o que, Regina?! Você só fala duas vezes comigo por ano e chega aqui achando que pode dizer o que é melhor pra mim?! Eu tenho receitas para os meus remédios e eu tomo eles porque eu sinto dor, coisa que você saberia se se importasse mais comigo!

— Não comece logo cedo, por favor. – Respondeu rolando os olhos. – Você não vai conseguir estragar meu humor. Não hoje.

Regina terminou de dizer isso lançando um sorriso luminoso para Graham que fez o estômago de Emma se contorcer e querer vomitar.

— E posso saber porque todo esse bom humor? – Perguntou Cora debochadamente, como se tivesse lido seus pensamentos.

— Porque Graham resolveu reservar a tarde para a velha amiga e nós vamos fazer uma cavalgada. – Respondeu Regina com mais uma dose de seu sorriso para o xerife que dessa vez retribuiu deixando Emma cada vez mais nauseada.

— E o senhor Xerife não tem mais nada para fazer para se dar o luxo de tirar o dia de folga para cavalgar? Tenho certeza de que nem eu nem ninguém da cidade o paga pra isso.

— Tenho certeza que se você prometer se comportar não haverá muita coisa com quem eu tenha que me preocupar, Sra. Mills. – Regina riu enquanto Emma se perguntava o porquê da ex-mulher parecer tão estúpida e irritante perto do xerife. Se esta por acaso era a maneira dela flertar com ele, ela havia regredido muito desde a vez que as duas haviam flertado. Agora se seu objetivo era irritá-la, Emma teria que concordar que ela estava se saindo muito bem.

— Nunca faço promessas que não posso cumprir, queridinho. – Cora sorriu sem humor para o rapaz, que se encolheu, antes de se retirar avisando para Regina que a esperaria do lado de fora.

— Por que você é tão rude com ele?! – Quis saber Regina assim que Graham bateu a porta da frente.

— Não tenho paciência para idiotas. – Respondeu Cora sorrindo para Emma, que abaixou o olhar para o prato vazio de cereal tentando evitar entrar na linha de fogo de mãe e filha, mas não conseguiu conter um singelo sorriso. – Você também não tem. Vai se dar conta disso quando cansar desse joguinho que está fazendo para tentar irritar Emma.

— Do que você está falando, eu não... Eu não acredito no que acabou de dizer! – Emma não conseguiu resistir e teve que observar por canto do olho o rosto de Regina se tornar vermelho e as palavras se atrapalharem em sua boca antes mesmo de saírem. – Você está tomando remédios demais. ­– Virou-se e saiu de vez da cozinha com passos decididos, pelo mesmo caminho que fizera Graham.

— Eu disse. Vocês não conseguem esconder nada de mim. – Disse dando uma piscada com um olho só para Emma ainda com um sorriso – Velha, mas não obtusa.

—_____________________________________________________________________________

Henry havia voltado ao mesmo lugar do dia anterior da mesma forma, porém com motivos totalmente diferentes. Desta vez, o garoto quase literalmente mantinha um olho no jogo enquanto o outro buscava o menor sinal de movimento na estrada de terra que contornava a fazenda de sua avó. Perdeu várias vidas no jogo por falta da devida atenção, mas decidiu que hoje ele não se importava.

Perdido no tempo em que estava esperando por ela, já estava quase perdendo as esperanças de reencontrá-la quando ouviu os pneus da bicicleta virando a curva antes dela surgir como uma miragem em seu campo de visão. O garoto respirou fundo e tentou inutilmente demonstrar atenção no jogo enquanto tentava acalmar seu ritmo cardíaco que nunca parecera mais descontrolado.

— Ei, neto-Mills – Chamou-lhe ela, olhando para cima ainda montada na bicicleta. Henry abandonou de vez o jogo, e mais uma vez se viu quase hipnotizado pela garota.

— Ei, você de novo. – Respondeu sem ter certeza de que a voz não falhara de uma maneira estúpida, ou se ele mesmo parecia estúpido aos olhos da menina. Só de imaginar a possibilidade suas mãos começaram a suar.

— Você não parece ter se mexido desde ontem. – Disse da mesma maneira franca e atrevida do dia anterior.

— Achei esse um bom lugar para jogar. – Ele deu de ombros e resolveu descer da árvore para poder vê-la mais de perto, mas assim que ouviu o riso dela ao observá-lo em sua descida pouco habilidosa se arrependeu.

— Você não é muito bom nisso não é? – Ela o estudou com interesse, os olhos levemente comprimidos.

— Não tem muitas árvores altas em Storybrook. – Ao ver o olhar interrogativo da menina completou. – É a cidade que eu te falei ontem, no Maine. Você não deve conhecer... Não que eu esteja falando que você não sabe das coisas, quer dizer... Eu não quis dizer isso! Só que, é muito pequena e quase ninguém ouve falar, e eu...

— Eu entendi, neto-Mills. – Respondeu ela divertida por sua falta de jeito e nervosismo. Ótimo, ela me acha um paspalho agora.

— Meu nome é Henry. Henry Mills. E você é...?

— Paige Hatter. – Respondeu ela lhe estendendo a mão, ao que o garoto atendeu de imediato. Mesmo depois que largaram as mãos a garota ainda o estudava de maneira intensa, o que fez se perguntar se tinha algo no rosto ou outra coisa constrangedora. Henry ainda olhou para trás tentando descobrir para onde estava direcionada tanta atenção intrigante de Paige, mas era ele mesmo o alvo de seus olhos claros.

— O que? – Perguntou inquieto depois de um tempo.

— Estou analisando você. – Respondeu ela de imediato como se aquilo fosse normal. Henry franziu a testa esperando uma explicação mais detalhada, e a garota por fim soltou. – Meu pai disse que você tem duas mães e nenhum pai e é uma aberração. Mas pra falar a verdade eu não te achei nada demais.

— Bom, primeiro seu pai está errado. – Disse tentando conter a raiva que sentia sempre que ouvia alguma piadinha sobre o relacionamento de suas mães. – Não sobre eu ter duas mães, sobre eu não ter pai e ser uma aberração. Eu tenho um pai, eu só não o conheço, e se quer saber isso não importa, porque eu tenho duas mães incríveis que são tudo o que eu preciso.

— Então você foi feito por duas mães e um pai? – Henry viu pela expressão da garota que ela estava tendo ideias erradas sobre sua concepção e sentiu as bochechas esquentarem ao se dar conta de que teria que esclarecer para ela.

— Não, não desse jeito! – Disse rapidamente. – Minha mãe Emma é a mãe que me teve. Ela conheceu meu pai e então, bom... Ela é a minha mãe de verdade... Não, não! Minha mãe biológica. Então, minha mãe Regina e ela se apaixonaram e minha mãe Regina é minha mãe de coração. As duas são minha mãe de verdade.

— Deve ser legal ter duas mães. – Paige soltou depois de um longo tempo pensativa, e Henry ficou feliz de ouvir que a garota parecia não ter a mesma opinião que o pai, nem o achava uma aberração. – Eu não tenho nenhuma, sou só eu e meu pai.

— Oh, eu sinto muito... Mas tenho certeza que mesmo assim seu pai deve ser ótimo também. – Disse ele duvidando muito, mas de certa forma querendo retribuir a gentileza.

— É, ele é. – Concordou com a cabeça sorrindo docemente.

Henry devolveu-lhe o sorriso enquanto via a conversa entre eles morrer. Sabia que era só uma questão de tempo para a garota dar meia volta com sua bicicleta e desaparecer, afinal, agora ela já havia matado sua curiosidade e o analisado. Provavelmente não teria mais motivos para voltar, já que em suas próprias palavras ele não era "Nada demais". De certo só tinha voltado para constatar se Henry tinha quatro braços, ou uma espécie de cauda ou chifres que lhe faria uma aberração de verdade.

— Sabe o que eu ainda não entendo? – Disse ela para sua surpresa e sem esperar uma resposta concluiu. ­– Porque você sobe tão alto em uma árvore para ficar parado jogando um joguinho? Quer dizer, porque não sai por aí? Ou vai jogar seu jogo em um lugar mais baixo?

— Bom, eu gosto daqui, é lindo. E tem uma vista bonita também, apesar de não conhecer muitas coisas por aqui. – Disse simplesmente, esquecendo por conveniência o fato de que as duas mães haviam o convidado para dar uma volta pela residência naquela mesma tarde. – Não conheço quase nada, na verdade.

— Bem, eu conheço. Se você quiser eu poderia lhe mostrar algumas coisas... Você tem alguma bicicleta?

— Eu... Eu acho que posso arranjar uma por aqui. –Disse Henry sem ar ao receber a proposta de passar mais tempo ao lado da garota. – Me espera aqui, não sai daí, eu vou só... Eu já volto!

Henry saiu correndo como nunca soube ser capaz, temendo de que o tempo que a fizesse esperar poderia fazê-la mudar de ideia, mal podendo acreditar no convite que ela havia feito para ele e se sentindo o garoto mais sortudo do mundo pela oportunidade de poder estar mais tempo ao seu lado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Acho esse um capítulo meio pesado, mas acho que é bom mostrar esse podre da Cora, e eu quero explorar mais do que o lado cômico dela, mas o lado dramático da doença dela.

Eu sei que não está focando muito em Swan Queen por enquanto, mas juro que estou preparando todo um contexto pra interação das duas ocorrer da maneira mais natural e convincente possível. Por enquanto fiquem com a primeiro amor do Henry e o humor ácido da Cora e não desistam de mim, haha! Leitores fantasmas se manifestem é muito bom saber a opinião de vocês e me incentiva muito a escrever os próximos capítulos da história e obrigada àqueles que vêm comentando.
Beijocas



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Stubborn Love" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.