Stubborn Love escrita por fairylady N


Capítulo 10
(SPIN OFF) Turn back the pendulum part 3


Notas iniciais do capítulo

Não me matem! Até porque se vocês fizerem isso não vou poder contar o fim da estória, hahaha... Brincadeira!
Beijos, nos falamos lá embaixo :*



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Já fazia um mês e meio que Emma havia saído de sua casa. Um mês vivendo no pequeno cubículo que agora chamava de seu lar, um mês e meio de completo vazio e solidão. Um mês e meio que toda sua vida perdera qualquer propósito e significado. Sua rotina era acordar cedo para ir ao trabalho e voltar tarde da noite, tendo um pouco de alegria nos dias que buscava Henry na escola e passava um tempo com ele em alguma sorveteria ou algum parque da cidade.

Se Emma achou que a dor se amenizaria com a distância ela era a prova de que se enganara. Seu amor por Regina era tanto que percebeu que muitas vezes preferia estar perto, mesmo em silêncio, mesmo com seu desprezo do que longe da morena, sem ter um vislumbre de como ela estaria. As primeiras semanas haviam sido as piores. Era como se uma mão invisível apertasse seu coração cada vez que pensava como Regina estaria, no que estaria fazendo sem ela em sua vida e não tinha como descobrir a não ser pelas palavras vagas de Henry quando ela o perguntava sobre a outra mãe. Chegou algumas vezes a discar seu celular, mas sempre acabara desistindo na última hora. Na segunda semana fez até mesmo o papel ridículo de se esgueirar escondida na calada da noite pelos jardins da casa esperando ansiosa por apenas um vislumbre da morena.

Com o passar dos dias, seu coração fora começando a se conformar que o telefone não tocaria com seu nome, a porta da delegacia não abriria revelando sua presença. Era como se Regina nunca estivesse estado em sua vida e mesmo que tentasse negar doía tanto que Emma mal conseguia pensar nisso sem sentir as entranhas revirarem-se dentro de si. Por isso afundou-se ainda mais em seu trabalho e se negava a ir para casa mais do que o necessário.

Em um dia qualquer o telefone da delegacia tocou. Emma atendeu de prontidão desviando a atenção de seus documentos, ouvindo David do outro lado da linha, sério e incisivo, pedindo reforços já que estava perseguindo uma ladra de carros que fugira de seu alcance. Emma franziu as sobrancelhas estranhando o ocorrido, mas correu o máximo que as pernas permitiam, pegando seu carro e seguindo as coordenadas dadas por David em alta velocidade.

Storybrooke era uma cidade pequena e pacata e o máximo que tivera de ação neste ano como delegada fora prisões de uma noite por bêbados perturbadores da paz ou sons altos de festas adolescentes que perturbavam os vizinhos até tarde da madrugada. Provavelmente deveria ser alguém de fora, alguém que achava que poderia vir aqui e perturbar a paz da sua cidade. O pensamento fez a adrenalina correr em suas veias e ela acelerou ainda mais apertando o volante em suas mãos quando viu correndo descendo a rua em sua direção primeiramente um indivíduo de capuz, e antes que tivesse qualquer dúvida se seria essa a pessoa David logo atrás com os braços estendidos, correndo esbaforido.

Em um movimento rápido Emma deu uma manobra de noventa graus com o carro bloqueando o caminho do ladrão quando este já estava muito perto de seu carro para mudar de direção ou conseguir frear. O carro fez um baque seco quando o corpo em alta velocidade “tropeçou” no carro parado e Emma descia com arma em punho apontada para onde o corpo do meliante estava deitado, encolhido em posição fetal agarrado ao seu joelho soltando reclamações de dor

— Mãos para o alto! Agora! – Disse Emma antes de ficar sem ar com o rosto revelado por debaixo do capuz.

— Emma?! – Perguntou a outra tão estupefata quanto ela.

— Lily?

—__________________________________________________

Regina olhou pelo que deveria ser a quinquagésima vez no espelho do hall da casa, remexendo fios de cabelo de um lado para o outro como se qualquer mecha fora do lugar fosse fazer diferença. As olheiras estavam escondidas por camadas de base e a maneira como se maquiara até conseguia esconder uma parte de sua perda de peso dos últimos meses. Vestira um vestido leve preto com detalhes delicados em vermelho e laranja com uma sapatilha preta. Basicamente arrumada o suficiente para impressionar, mas não o suficiente para fazer parecer que passara o dia escolhendo sua roupa, como realmente passara.

Hoje seria o dia. Depois de semanas ensaiando o momento com Dr. Hopper, seu novo terapeuta, ela finalmente reunira toda a coragem que tinha para fazer o que tinha que ser feito: Trazer sua mulher de volta para casa.

Desde que Emma fora embora seu mundo parecera se tornar mais escuro, os dias mais difíceis de suportar e quando ela achou que estava prestes a enlouquecer, percebera que não podia fazer isso sozinha, mas ao mesmo tempo não queria arrastá-la de volta para o meio do furacão. Não podia fazer isso com ela, porque sabia o quanto ela também devia ter sofrido e ainda deveria estar sofrendo assim como ela. Então resolvera procurar ajuda profissional, um terapeuta que a ajudasse a lidar com suas perdas, traumas, com quem pudesse conversar sem medo de machucar, alguém que não esperasse nada dela, alguém que lhe ajudasse sem receitar dezenas de remédios. Isso não.

Havia crescido vendo sua mãe vivendo a base de remédios controlados, sendo que esse foi o motivo principal de não ter procurado ajuda mais cedo. Tudo o que ela não precisava era virar uma segunda Cora, fazer Henry passar por tudo o que ela tinha passado em sua infância. Então suas consultas com o Dr. Hopper eram principalmente de conversa e análise de seus sentimentos, de suas perspectivas e como Regina poderia lidar com elas da melhor maneira.

E pouco a pouco as coisas pareciam estar se tornando um pouco melhores. Ainda havia dias que Regina não queria levantar da cama, ainda havia dias que acordava sem nenhuma perspectiva, ainda havia dias que pareciam que todas suas consultas haviam sido em vão e que nada nunca iria melhorar. Mas Regina se forçava a se levantar e acordar e cuidar de Henry e leva-lo para a escola. Forçava-se a enxergar os detalhes bonitos do dia a dia que muitas vezes passavam em branco, coisas que a fizessem acreditar que a vida ainda era bela e valia a pena ser vivida. Olhava para o sorriso de Henry, mesmo que ele não fosse tão largo ou constante quanto já fora e via o quanto ainda tinha para agradecer, para viver.

E sabia que ainda havia uma longa estrada para ser trilhada, ainda havia muitas feridas para serem curadas e sabia que gostaria de ter Emma ao seu lado, lhe dando a mão e passando por esse momento tão difícil como sempre fizeram tudo. Juntas, fortes. Ela era mais forte com Emma ao seu lado e esperava de todo seu coração que suas desculpas fossem ouvidas e proposta aceita. Elas só precisavam estar juntas, recomeçar depois daquele triste episódio e tentarem mais uma vez serem felizes como sempre foram. Todo o resto parecia pequeno perto disso.

— Ei amigão, está pronto? – Perguntou ela ao ver Henry descer as escadas com passos apressados e barulhentos com sua mochila do Homem aranha nas costas. Recebeu-os com os braços abertos soltando um “Upa” quando ele pulou em seus olhos e agarrou seu pescoço.

— Onde nós vamos? – Perguntou cheio de curiosidade.

— Bem, você vai ficar com o amigo da mamãe por algumas horas para que eu possa resolver algumas coisas, pode ser?

— Por que eu não posso ficar com a minha mãe Emma no apartamento de férias dela? – Perguntou com seus olhos pidões, como um filhotinho.

— Porque... a sua mãe Emma também tem algumas coisas para resolver hoje. Então você vai ficar com o Dr. Hopper por um tempinho. Você vai adorar, ele tem um cachorrinho sabia? – Disse segurando-o em um dos braços enquanto o outro abria o freezer e tirava uma garrafa de cerveja importada que sabia que Emma adoraria.

— Eu amo cachorrinhos!

— Eu sei! Vai ser divertido, não acha? – Disse atravessando a porta e trancando-a antes de coloca-lo em segurança no banco traseiro do carro com cinto.

Assim que tomou seu lugar no banco do motorista sentiu um arrepio percorrer sua espinha enquanto ficou imóvel olhando para frente com as mãos imóveis no volante. Seria a primeira vez que sairia com o carro do seguro, a primeira vez que dirigiria depois do acidente. Olhou para o céu e sua mistura de azul com laranja se mesclando, anunciando um fim de tarde limpo e provavelmente uma noite também sem chuva.

— Mãe? Mãe? – Chamou a voz infantil atrás de si. Pelo retrovisor viu Henry balançando suas pernas parecendo entediado. – Por que estamos demorando tanto?

— Nada querido. – Disse forçando um sorriso que escondesse toda sua segurança. Era só um carro, já dirigira milhares de vezes. Tudo ia ficar bem. – Lá vamos nós!

Demorou um pouco para achar um lugar passa estacionar, já que algum idiota sem senso de espaço ocupara as duas vagas em frente ao consultório. Tentou não deixar isso prejudicar seu humor e estacionou um pouco afastado, levou Henry pela mão até o consultório do Dr. Hopper no primeiro andar de um prédio simples no centro da cidade e tocou sua campainha.

Henry parecia inseguro e pouco familiarizado com o ambiente e ela lhe sorriu tentando encorajá-lo, quando depois de demorar um pouco o homem ruivo de grandes óculos de armação grossa atendeu a porta e sorriu ao constatar que era Regina.

— Regina! Que bom ver você, está fabulosa! – Disse ele simpaticamente apertando sua mão e Regina lhe agradecia. – Este deve ser o Henry, então? – Henry estava tímido, mas mesmo assim deu um meio sorriso e balançou sua mão. – Me desculpem pela demora, eu estou no fim de uma consulta.

— Estou atrapalhando? Se quiser eu posso dar outro jeito, posso chamar Ruby, ela tinha uma festa hoje, mas... – Disse enquanto entravam na antessala que separava o consultório em si do resto da casa de Archie.

— Relaxe, Regina. Já estávamos no final, não é Robin? – Disse ao mesmo tempo que um homem alto de cabelos loiro escuro e olhos verdes e tristes saía de dentro do consultório. – Esta é Regina, uma paciente e amiga e esse é seu filho Henry.

Robin cumprimentou-a com um aceno de cabeça e sorriu para Henry antes de dizer que já havia dado seu horário, agradecer Archie e sair sem dizer muitas palavras.

— Robin acabou de perder a esposa faz pouco tempo. É só ele e o filho pequeno, o menino não tem nem um ano. – Disse ele como se lesse os pensamentos de Regina que olhara pela porta por onde o homem acabara de sair, se perguntando sobre aquele olhar tão triste. – Nem todos nós temos a sorte de termos segunda chance. É muito bom que você esteja aproveitando a sua, Regina.

Regina deu um meio sorriso antes de agradecer mais uma vez, despedir-se de Henry dizendo que logo estaria ali para busca-lo e deixando seu psicólogo apresentando o pequeno Pongo, um filhotinho de Dálmata que era mascote do Dr. e Henry vibrando com seu mais novo amigo de quatro patas, sentindo-se pela primeira vez na vida sortuda por ter sua segunda chance.

—______________________________________________

— Você é uma tira. Emma Swan é uma tira. – Disse incansavelmente Lily pela milésima vez enquanto abria a porta de seu apartamento e acendia a luz.

— Cala a boca, Lily. Se você disser isso mais uma vez eu mudo de ideia e te levo de volta para a delegacia pra dormir lá.

— Porra, então é aqui onde você mora? – Disse ela como se não tivesse lhe escutado, adiantando-se e pulando em seu sofá. – Emma Swan é uma tira que tem um apartamento?

Emma desistiu de repreendê-la então apenas virou os olhos e entrou fechando a porta atrás de si.

Havia depois de muita insistência conseguido convencer David a liberar Lily de uma noite na prisão e um B.O por tentativa de furto de automóveis. Lily era uma velha conhecida, e por uma época do passado de Emma até um pouco mais do que isso, e de certa forma sabia que no fundo não era uma pessoa ruim, só era inconsequente e irresponsável e pelo jeito mantivera essas mesmas características da Lily de dezesseis anos. Além disso, sentia-se culpada por tê-la abandonado em seu passado, por ter partido seu coração e escolhido Neal quando a morena estava apaixonada por ela e as únicas pessoas que tinham no mundo eram uma a outra.

Lily provavelmente não tivera as mesmas oportunidades que Emma. Não tivera uma Regina para guia-la e tirá-la do mundo das ruas nem para dar um sentido em sua vida. No fundo se sentiu um pouco responsável, e achou que podia usar essa oportunidade para tentar reparar parte do que havia feito com ela no passado.

— Isso é legal pra caralho. Você realmente deu a volta por cima, Pata. – Disse ela com as pernas cruzadas para cima, balançando o joelho esfolado pela batida no carro, usando o antigo apelido que sempre usara para se referir a Emma. – Como é estar do outro lado? Como é estar vivendo o sonho americano?

— Você continua a mesma idiota de sempre. – Sentando-se na extremidade do sofá não ocupada por Lily.

— Me desculpa, mas eu estou impressionada! – Disse ela sentando-se em um pulo, com a mesma essência indomável que Emma se lembrava. – Quer dizer, quando você me abandonou pelo bosta do Neal eu imaginei que você acabaria numa toca de ratos qualquer com uns pirralhos melequentos esperando o papai voltar com o jantar, mas olhe para você! Você realmente parece ter se dado bem na vida!

Emma ficou sem graça com o comentário de Lily sobre seu passado, até porque pelo que se lembrava seu rompimento não havia sido nada amigável. Lily percebeu seu constrangimento e como era de se esperar aproveitou-se disso para cutuca-la.

— Oh, você está constrangida... Não precisa ficar constrangida, já faz muito tempo, Pata. Não é como se eu tivesse pensado em você todas as noites desde que você me deixou, ou sabe chorado de madrugada com saudades suas. – Disse em tom debochado, fingindo soluçar enquanto limpava o canto dos olhos.

— Você é ridícula! – Disse Emma rindo de sua cena. – E não mudou nada desde que eu me lembro!

— Pelo menos uma de nós, não é? – Disse ela sorrindo balançando os ombros. – Já você... Você nem parece a mesma pessoa, sabe?

— Eu cresci, criei responsabilidades. Você devia experimentar, as vezes é legal, sabia?

— Não, não é isso. Quer dizer, também, mas... Você tem um distintivo bacana e um teto, e mesmo assim você parece tão... Triste. Não há fogo no seu olhar, sei lá, você ainda parece a mesma garota órfã esperando ser adotada nos orfanatos que dividia quarto comigo.

— Estou cansada, só isso. – Disse desviando os olhos daquela mulher que havia dividido tantos anos com ela o suficiente para conhece-la mesmo agora. – Além disso você nem devia estar tentando me analisar, já que está claro quem está com problemas aqui. Furtando carros, sério Lily?!

— Eu não ia roubar o carro. – Disse se jogando de costas no sofá como se tivesse cansado daquela conversa. – Só ia pegar emprestado o som e penhorá-lo, mas com total intenção de devolver... Um dia.

— Você é impossível! Você poderia ter sido presa se eu não tivesse insistido com o David que te conhecia e dito que você está passando por uma fase difícil!

— Eu estou passando por uma fase difícil!

— A vinte e cinco anos?!

— Olha pra você! Está até falando como um deles, como um tira! – Disse ela parecendo irritada se levantando. – Não é só porque você se deu bem na vida que as coisas são fáceis pra todos nós, Emma! A vida aqui fora continua sendo a mesma vadia pisando em todos nós e nós temos que fazer o necessário para sobreviver!

— Você realmente acha que as coisas foram fáceis pra mim, Lily? Acha que até hoje as coisas são fáceis pra mim?! – Disse Emma elevando seu tom de voz e levantando também. – Porque elas não são! As coisas nunca foram fáceis pra mim, ok? Mas eu fiz minhas escolhas, eu escolhi mudar de vida e não viver mais de furtos e roubos quando saí da cadeia, eu escolhi mudar de vida e ser uma pessoa melhor pela... –  Regina. Minha família. Foi incapaz de completar quando descobriu que essas palavras ainda doíam muito serem pensadas, quanto mais pronunciadas. Que doía perceber que tivera tanto, que lutara tanto pra acabar ali de mãos vazias como estava agora.

— Você foi pra cadeia? – Perguntou a morena, e Emma agradeceu que pelo menos a última parte havia passado despercebido por seus olhos astutos e ela não a encheria de perguntas sobre aquilo.

— Pois é, presente do Neal. Ele inventou um esquema numa joalheria, só esqueceu de me contar a última parte que era a que ele fugia e me deixava pra tomar a culpa. Isso faz você se sentir melhor pelo que eu fiz com você?

— Que filho da puta! – Exclamou ela. – Quer dizer, sim, me sinto melhor, bem feito pra você, mas que bastardo canalha! E você não foi atrás dele depois disso pra acabar com a vida dele?

— Eu estive ocupada com outras coisas... – Disse Emma balançando os ombros e evitando dar muitos detalhes sobre Regina ou Henry. – Mas vamos parar de falar de mim, porque você não toma um banho, cuidamos desses machucados que podem infeccionar...

— Hum, está querendo cuidar de mim de novo, Pata? Como nos velhos tempos? – Disse Lily engatando as sobrancelhas de maneira provocativa. – Sabia que eu sempre tive fetiche por mulheres de farda e ex-presidiários? Seria dois coelhos em uma cajadada só.

— Pare com isso ou você vai voltar pra aquela delegacia e dormir no chão duro, Lily. Eu estou avisando. – Disse prendendo os lábios para não rir do jeito ousado e autêntico de Lily, enquanto sentava-se novamente no sofá.

— Só se você usar suas algemas em mim, delegada Swan. – Disse ela inclinando-se para falar perto de seu rosto quando Emma empurrou-a e ela saiu correndo rindo para o interior da casa deixando Emma rindo sozinha. – Porta direita ou esquerda?

— Direita! – Gritou indicando o banheiro.

Deu-lhe toalhas e pijamas limpos, antes dela mesma colocar um conjunto de camisa e shorts que a fizessem ficar confortáveis na noite abafada. Separou seu kit de primeiros socorros e já estava com ele pronto quando Lily saiu do banheiro com os cabelos molhados escorrendo por seus ombros, vestindo somente a parte de cima do pijama que Emma havia lhe dado.

— Achei que tinha te dado a calças também. – Disse Emma encarando-a enquanto ela se sentava no sofá ao seu lado.

— E como é que você ia cuidar disso, Einstein? – Disse apontando para o joelho ferido. – Além do mais aqui não tem nada que você já não tenha visto.

Mas era mentira. Seu corpo estava diferente do que Emma se lembrava. Quando namoravam Lily era uma garota de dezessete anos em desenvolvimento, agora era uma mulher feita. Mas tentou não pensar nisso enquanto aplicava Povedine em sua, cobrindo-as com gaze e esparadrapo.

— O que aconteceu? Depois de Neal e a prisão... – Perguntou ela deitada com a perna em cima da sua, enquanto Emma cuidava do outro joelho.

— Muitas coisas. – Respondeu não querendo entrar em detalhes.

— Qual é, Pata. Você já foi mais legal. Me ensine o caminho do sucesso, quem sabe um dia me dê vontade de mudar de vida também. – Emma torceu os lábios e revirou os olhos, mas depois de um tempo começou a falar.

— Eu conheci uma mulher, não uma mulher, mas... Uma especial. O amor da minha vida.

— Uma mulher? – Interrompeu Lily, levantando-se de repente. – Eu sabia, Pata! Sempre soube que você voltaria pro lado G da força! – E voltou a se deitar novamente com um sorriso vitorioso no rosto.

— Calada e fiquei quieta pra eu conseguir limpar isso daqui direito! – Reclamou Emma.

— Como ela era? Como conheceu ela? – Ignorou-a enchendo a de perguntas.

— Ela é... Regina é... – Descobriu-se incapaz de descrever Regina. Regina era indescritível, era a melhor e mais bonita criatura que já pusera os olhos. Era teimosa e birrenta, ao mesmo determinada e corajosa. Era inteligente, engraçada, justa... Mas o que era qualquer uma dessas coisas perto do que fazia Emma sentir quando estava ao seu lado? – Ela foi minha advogada, fui o primeiro caso que ela pegou. Nós... nós nos apaixonamos, ela... – Ela evitou que eu abrisse mão de Henry, me apoiou a mudar de vida...

— Hum, advogada... Parece quente! Você realmente é uma bastarda sortuda, Pata. E onde foi parar sua doutora? Como você deixou uma mulher dessas escapar?

— As coisas são complicadas. A vida é uma merda, eu estraguei tudo e perdi ela. – O pensamento de que realmente havia perdido Regina ainda a deixava doente. – Eu fodi com tudo!

— Uh, você ainda está louca sobre isso? Foi recente... – Disse Lily mais uma vez levantando-se, sendo atraída por seu tom de voz. – Ainda machuca você.

— Espero que algum dia realmente pare... – Disse Emma começando a ter sua visão embaçada pelas lágrimas que se acumulavam. – Podemos falar de outra coisa? Ou melhor, podemos não falar mais nada?

— Não! Não podemos, porque você ainda está aqui chorando pela mulher da sua vida em vez de ir atrás dela e pegá-la de volta! – Disse Lily como se fosse simples, como se soubesse de sua história. – Você a ama não ama? E ela te salvou! Vá atrás dela, qual seu problema? “Desfoda” tudo e vá atrás da sua garota!

— Meu problema? – Gritou Emma mais alto do que pretendia, mas irritada demais por Lily tratar aquele assunto como se fosse fácil. Lily não sabia de nada. Levantou-se e continuou explodindo mágoas que não eram para a velha amiga. – Meu problema?! Sério? Qual o seu problema??! Quem você acha que é pra chegar aqui e falar o que eu sinto, o que eu devo fazer da minha vida... Olha pra você! Você é só uma ladra com a vida fodida que usa do seu sarcasmo e ironia como uma armadura pra viver sua vida de merda! Você não sabe de nada, e com certeza não me conhece pra me dizer o que fazer!

— Bom, pelo menos agora eu sei que você é uma completa otária. – Disse com os olhos magoados por sua explosão, pulando do sofá e indo em direção a porta de saída, não se importando com suas vestimentas.

Emma se arrependeu no momento que Lily lhe deu as costas. Sabia que havia passado dos limites, sabia que nada daquilo era culpa de Lily, sabia que nada daquela raiva era para ela. Tudo aquilo era raiva de si mesmo, de sua impotência diante sua situação de infelicidade e incapacidade de muda-la.

— Lily... – Disse seguindo-a correndo e alcançando-a no topo das escadas, segurando seus braços com força para que não fosse embora. – Você não pode sair daqui assim. Eu... Me desculpe, aquilo não era pra você... Você não tem culpa.

— Sabe Emma Swan, eu posso ser como você disse só uma garota fodida, uma ladra com a vida perdida, mas pelo menos eu não sou o que você se tornou! – Respondeu ela colocando Emma literalmente contra a parede, gritando em seu rosto. – Eu não sou um zumbi que só sobrevive, alguém conformada que não luta! Olhe pra você, olha no que você se tornou! Você é um zumbi! Você pode ter um emprego e um apartamento mas você não tem uma vida! Você não tem fogo, nem vontade de lutar pela mulher que você diz ser o amor da sua vida! E quer saber o que?! Você vai perde-la e será bem feito pra você! Porque não teve força nem coragem de lutar por ela... E essa dor que você sente? Ela não vai melhorar nunca, porque você nunca vai conseguir superar o fato que você não foi capaz de manter a única e melhor coisa da sua vida!

— Lily... – Começou Emma percebendo as lágrimas que se acumulavam nos olhos de Lily, suspeitando que seu discurso além de ser para ela, era bem pessoal.

— E você vai vê-la com outras pessoas, sendo a melhor coisa da vida de outras pessoas, e você vai ser como uma faca em seu coração, porque você vai saber que a culpa é sua, só sua! – Terminou ela sem folego. Emma abriu a boca para se desculpar mais uma vez, mas sua suspeita virara uma confirmação quando os lábios dela envolveram os seus e suas mãos puxaram seu pescoço aprofundando ainda mais o beijo.

Emma não queria beijar Lily, soubera disso assim que seus lábios se tocaram e eles não tinham a mesma textura que os de Regina, nem sua língua se movia dentro de sua boca da mesma maneira como a da morena, nem seu cheiro tinha aquele toque de maçã que a fazia dizer que Regina havia nascido de uma macieira. Mas por um momento Emma quis a provar a força de Lily, quis sentir-se amada e desejada. Quis provar ser a melhor coisa da vida de alguém mais uma vez, quis se sentir mais do que um fracasso e um erro. Quis sentir-se viva e não apenas existindo. Então retribuiu como se aquela fosse uma nova fonte de energia, uma fonte de vida. Puxou o rosto de Lily contra o seu e colaborou para que o beijo se aprofundasse, fundiu sua língua na dela até se esquecer de onde estavam, até esquecer do acidente e de todas as merdas que aconteceram em sua vida e se sentir a garota de dezessete anos que não havia perdido nada, porque não tinha nada.

Mas ela não tinha mais 17 anos, e ao contrário do que pensava ainda tinha muito a perder.

O barulho de vidro se quebrando e líquido derramado anunciou o fim daquele momento. Os olhos castanhos de Regina alguns degraus abaixo delas anunciaram seu fim. Emma tentou dizer seu nome, mas o que saiu foi apenas um fiapo de voz. Regina manteve-se congelada no lugar, parecia em choque com os olhos horrorizados olhando de Emma para Lily, enquanto Lily parecia confusa sem entender a gravidade do que acabara de acontecer. Emma estendeu o braço tentando alcançar Regina ao mesmo tempo em que a morena virou-se e desceu correndo as escadas sem dar ouvidos aos gritos de Emma chamando seu nome.

Estava feito. Estava acabado.


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Notas finais do capítulo

Tenho que admitir que esse capítulo, DE LONGE, foi o mais difícil de ser escrito. Vou admitir pra vocês que estou sofrendo também, sei que parecia que toda a merda já estava feita no capítulo anterior, e que parecia que as coisas não poderiam piorar, mas isso já estava programado na minha cabeça desde que eu comecei a imaginar a fic...

Fora isso também acho que foi o capítulo que me surpreendi com a minha escrita, e estou muito feliz com o meu desempenho... Acabo aqui a série de flashbacks, e voltamos no próximo capítulo com o presente, o relógio não para e vamos ver como elas vão superar todas essas coisas, tirando MAIS SURPRESAS que ainda estão programadas pra acontecer!

Muito obrigada pela paciência e confiança de vocês, sério, recebi comentários maravilhosos no último capítulo e vibrei com cada um! Vocês não sabem a diferença que isso faz, incentiva muito minha vontade de escrever e a tentar me superar cada vez mais na escrita pra oferecer o melhor que eu posso pra vocês que estão capítulo por capítulo comentando e me incentivando!

PS: Admito com culpa que tirando a parte de terminar de estragar SwanQueen eu amei escrever a Lily, e espero não tê-la colocado como vilã clichê piegas de Malhação como vejo em muitas fanfics...

Mais uma vez me despeço com um obrigada e um até mais!



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