Capítulo 3: Impaciência

Quatro dias e nem sinal da Srta. Granger. Qual seria a dificuldade de tirar um anel que não pertencia a ela do seu dedo indigno e mandar de volta para ele, seu dono por direito? Não tinha nada complicado nisso, e Hermione Granger nunca fora nenhuma idiota para não ter entendido isso.

Talvez ela tenha lesado o cérebro em alguma de suas missões como auror e estivesse incapaz de seguir instruções simples e diretas como "tire o anel, mande para cá". Talvez a sabe-tudo estivesse tentando descobrir o que estava errado com o anel perfeitamente inofensivo. Mesmo assim, três dias era muito.

Ele decidira que quando fizera a opção por este plano que esperaria pelo menos uma semana antes de ir atrás dela. Agora que ele sabia onde o anel estava, essa tática de espera se provava uma tortura. Ele queria seu anel de volta, e queria ele agora. Cada vez que a imagem dele adornando o dedo de Granger voltava a sua mente, ele sentia vontade de jogar a prudência pela janela e ir pegar o que era dele, as conseqüências que se danassem.

Então a correspondência matinal chegou, e com ela, uma carta para ele.

Caro Professor Snape,

Obrigada por me avisar sobre o anel. Nunca teria percebido que estava amaldiçoado de alguma forma se o senhor não tivesse me alertado. Parei de usá-lo e ficarei observante sobre qualquer alteração em mim. Agora estou muito interessada no estudo que conduziremos nele.

Blá, blá, blá. Como seu eu me importasse. Ele continuou lendo…

Infelizmente, não poderemos começar até eu voltar para a Bretanha. A não ser que o senhor tenha algum teste em mente que eu possa realizar enquanto esperamos, sugiro que tente encontrar o livro que mencionou na sua carta; ele pode ser essencial para o nosso sucesso. O que o senhor sabe sobre o anel até o momento?

Voltar para a Bretanha? Ela deixou o país? Severo estava afrontado pela notícia. Para onde essa mulher levou meu anel? Havia mais na carta...

Novamente, obrigada por me avisar. Estou tocada pelo seu interesse no meu bem estar. Não somos exatamente amigos, e não nos vemos há um bom tempo, o que faz o seu gesto ainda mais grandioso. Aliás, como o senhor tem passado?

Apreciativamente,

Hermione Granger

Tantas palavras na carta e ele não tinha nada! Nem mesmo a localização dela; a localização de seu anel! Só Granger para escrever palavras e mais palavras inúteis sobre o que não foi perguntado.

Ele tinha vontade de assustar os alunos do primeiro ano jogando sua torrada neles, mas achou melhor não. Ele esmagou o pão torrado ao invés disso, mantendo uma conduta calma para aqueles que o observavam de baixo, mas Minerva podia ver a mudança súbita.

— Algum problema, Severo?

— A torrada está seca demais — ele respondeu.

— Talvez algo em sua correspondência a tenha secado.

— Talvez eu pare de vir tomar café da manhã no Salão Principal — ele devolveu, afastando-se da mesa e levantando-se para sair.

Ele estava empurrando a cadeira de volta na posição quando a Minerva, com os olhos no prato dela, disse:

— A torrada dos elfos domésticos e as corujas o encontrarão aqui ou lá.

Severo ignorou o comentário, saindo a passos largos do Salão Principal. Minerva estava certa, é claro, mas o que ela não sabia era que ele ficaria contente com corujas o visitando se elas trouxessem seu anel de volta. Ele chegou rapidamente ao seu escritório, fechando a porta atrás de si e sentando-se atrás da mesa. Segurou a cabeça nas mãos, apoiando os cotovelos na superfície da mesa para ter apoio. Ele tinha que se controlar.

Desde que acordara vivo da Batalha de Hogwarts, era a ausência do seu talismã que lhe causara a maior angústia. Era como se perdê-lo tivesse despedaçado o que lhe restava de seu mundo, necrosando seu coração. Severo acreditara que não tinha mais nada a perder, mas estava errado. Era irracional, ele sabia; um anel não podia causar tamanho sentimento de perda.

Respirou fundo, depois novamente, acalmando seu coração e controlando suas emoções. Tudo voltaria ao normal depois que tivesse seu anel de volta. Respirou fundo mais algumas vezes e estava finalmente preparando para pensar como o homem racional que era. Ele podia jogar o jogo de Granger. Podia ser paciente, como fora a vida toda, e mais cedo do que tarde teria seu anel e sua vida de volta.

o0oOo0o

A manhã seguinte encontrou Severo Snape indo para o corujal com uma carta em mãos. Ele observava com olhos indecifráveis a coruja levá-la e só saiu depois que não podia mais vê-la.

No próximo capítulo... A carta de Snape tem um efeito inesperado.