Murilo beija garotos escrita por roux


Capítulo 5
5




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/711786/chapter/5

TOMAZ

Um sonhador é aquele que só consegue encontrar seu caminho à luz do luar, e a sua punição é ver o amanhecer antes do resto do mundo.

— OSCAR WILD

Ele olha para o namorado falso que esta comendo ao seu lado e parece realmente mais relaxado do que uma hora antes quando chegou. Tomaz segura o riso e enfia uma garfada com um grande pedaço de almondega, ele mastiga devagar tentando espantar sua vontade de rir, aquilo tudo que estava acontecendo parecia patético de tão fácil que tinha sido tudo. Murilo era realmente parecido com Rafael e sua família tinha adorado o desconhecido.

 — Rafael que você faz no Rio? — Pergunta Marta, mãe de Tomaz, mas a mulher fica no vácuo. — Rafael? — Ela chama de novo.

Murilo continua focado em comer e ignora totalmente a mulher que o chama. E Tomaz começa a se desesperar, o garoto se mexe inquieto na sua cadeira e deixa o garfo cair sobre a mesa fazendo um barulho alto, o colega ao seu lado ignora totalmente. “Não, não e não. Você não vai estragar tudo agora, cuzão!” O plano não poderia ir por água a abaixo logo agora. Quando se dá conta Tomaz já chutou a perna do colega. Ele sorri para Murilo e indica a mão com a cabeça.

— É o que foi amor? — Pergunta Murilo com sarcasmo olhando para o amigo ao seu lado.

— É a minha mãe, ela lhe fez uma pergunta, porém você estava distraído demais para perceber, Rafael. — Tomaz, ele sorri debochado e frisa no nome. — Então, mãe o que a senhora dizia?

— Eu apenas perguntei o que você faz lá no Rio. Como é a sua vida? Rotina? Essas coisas? — A mulher pergunta de novo dessa vez com um sorriso maior em seu rosto.

— É, oi... Eu sinto Dona Marta. Eu... Estava distraído. — Murilo diz sem graça e olha para a mulher. — Eu, eu acabei de me formar no ensino médio. E... — Murilo olha para Tomaz e percebe pela cara do amigo que fez uma coisa horrível. Ele deve ter falado merda então rapidamente tenta corrigir. — E como estou pensando em qual faculdade fazer, estou trabalhando, é estou trabalhando na empresa do meu pai, é uma empresa de... — O garoto engole seco pensando no que dizer e sorri sem graça. — Produtos alimentícios.

Tomaz engasga e puxa uma taça com suco, o garoto fecha os olhos e passa a beber o líquido em goles rápidos e longos.

Murilo sente vontade de socar o próprio estômago e sorri sem graça encarando a sogra.

“Como é idiota meu deus” Pensa Tomaz sem coragem de tirar a taça dos lábios.

Murilo faz uma carinha triste e olha para o próprio prato. O clima a mesa parece pesar agora, até as crianças ficam em silêncio esperando algo, todos esperam algo. Então a matriarca da casa quebra o silêncio.  

— Não querido, imagina. Você só deve estar cansado. Se for como meu bebê aqui, deve ter passado a noite em claro pensando na manhã de hoje. — Ela ri. — E não me chame de Dona Marta, apenas Marta. Eu sou uma sogra bem descolada. E eu achei que você estudasse arquitetura como o pudim, ele tinha me dito que vocês se conheceram num chat sobre estudos.

Dessa vez é Murilo que toma um gole do seu suco enquanto pensa em uma história.

Tomaz continua tomando seu suco.

Murilo olha para a sogra e sorri.

— Eu quero ser arquiteto, eu disse que não sabia o que fazer? Que cabeça a minha, eu quero muito ser arquiteto, e eu, eu apenas entrei no chat aquele dia para conhecer pessoas que entendem do assunto e confirmar que era aquilo que eu queria, e então eu conheci o seu filho, meu xuxuzinho foi tão prestativo que, eu me apaixonei. — Murilo completa.

— Pelo meu filho ou pela arquitetura? — Pergunta Luís que estava calado até agora. O homem olha para o genro.

— Pelos dois, mas principalmente pela arquitetura. — Murilo brinca e ri.

As pessoas a mesa o acompanham na risada e Tomaz suspira aliviado.

— Acho que teremos sobre o que conversar. Eu sou arquiteto há trinta anos, tenho muita experiência para trocar com você, até porque não acredito que você compartilhe essas coisas com meu filho, vocês devem trocar mais salivas. — O homem diz tentando soar divertido.

— Eca. — Diz Júlia.

— Não pai! — Fala Tomaz.

O clima parece ter voltado ao normal por enquanto.

Murilo sorri, e Tomaz ri. Os dois se olham e sorriem apaixonados. “Faz parte do show!” Pensa Tomaz.  

— Que merda foi aquela no almoço? — Pergunta Tomaz enquanto se joga na própria cama e arranca os tênis.

— Como assim? — Pergunta Murilo que está observando o quarto do amigo. É totalmente diferente do seu, muito mais descolado.

— Aquele monte de coisa. Dizer que acabou de terminar o ensino médio? Porra, Murilo. O Rafael está no quinto semestre de arquitetura. — Fala Tomaz enquanto passa as mãos pelos cabelos.

— E eu por acaso deveria saber disso? Ah, é verdade. Eu tenho que me passar por um cara que eu não conheço e você esqueceu-se de me dar informações importantes sobre ele. — Murilo fala bravo e se joga na cadeira em frente à escrivaninha lotada de coisas. — Teria sido bem interessante se você tivesse me dito que o seu namorado é mais velho e que estuda arquitetura, eu teria evitado todo aquele constrangimento de merda no almoço. — Completa o menino totalmente exaltado.

Tomaz olha espantando. Mas o que ele esperava? Ele não conhece nada sobre o temperamento desse desconhecido em sua frente. Ele fica olhando para Murilo.

— Assim como uma gota de veneno compromete um balde inteiro, também a mentira, por menor que seja, estraga toda a nossa vida.  — Fala Murilo. Ele olha para o amigo sentado na cama. — Essa nossa brincadeira pode arruinar nossas vidas, você pode ser taxado eternamente como o maior mentiroso do mundo. E eu... Você já parou para pensar que eu realmente queira fazer arquitetura? E que por conta da nossa brincadeira eu posso nunca consegui um estágio na empresa do seu pai? Como vou chegar lá como Murilo Sabugo e pedir um estágio? — Murilo leva as mãos ao rosto e esconde o mesmo. — Acho que deveríamos chegar lá na sala agora mesmo e dizer a verdade pra todos.

Tomaz fica em silêncio. “Não mesmo, moço. Quem está na chuva é pra se molhar”.

— É você tem razão. — Ele começa.

— Nossa pela primeira vez desde as cinco horas em que te conheço você disse algo sensato. Então vamos levantar e descer lá e contar para os seus pais. — Murilo diz levantando.

— Não sobre isso, Zezinho. Você está certo, eu deveria ter contado coisas sobre o Rafael, eu devia ter sido sábio. É claro que os meus pais perguntariam sobre essas coisas do cotidiano. Mas agora já foi. Não há o que se fazer. Vamos combinar as coisas que vou te contar a partir de agora com as mentiras que inventou. — Tomaz diz sorrindo.

Murilo geme de frustração.

— E tem mais, cara. Não ser descoberto numa mentira é o mesmo que dizer a verdade, sabia? — Tomaz diz sério e olha para Murilo que volta a se sentar na cadeira. Ele ri então. — Essa é a experiência das nossas vidas, cara, quantas vezes você já fez isso antes?

— Nenhuma, eu nunca quebrei as regras. — Murilo é sincero.

— Então é a nossa chance de fazer você quebrar todas as regras. É a chance do garoto do interior viver um pouco. Quantas vezes você veio a São Paulo antes? — Tomaz pergunta olhando o outro.

— Eu vinha muito quando criança para visitar os pais da minha madrasta, mas desde os meus onze anos que não vinha até aqui. — Murilo diz baixo.

— Viu? Eu vou te levar para lugares divertidos, vou te apresentar meus amigos e nós vamos curtir. Você vai se sair muito bem com tudo isso aqui. Nós vamos ajudar um ao outro e vamos nos divertir e criar uma amizade muito legal. — Tomaz levanta da cama e caminha até Murilo se ajoelha em frente ao garoto e segura em suas coxas. — Nós só temos que confiar um no outro, conhecermos um ao outro. Que tal um quiz?  — Ele sorri.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Murilo beija garotos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.