Murilo beija garotos escrita por roux


Capítulo 16
XVI




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TOMAZ

“Eu já nem durmo mais, não. Só fecho os olhos e penso em você, só fecho os olhos e tento entender o que me trouxe aqui. Sei que te amo mais, mais, bem mais do que eu te falei há um mês e se eu não falo mais dessa vez, é porque eu finalmente entendi. Eu e você, sem direção me de a mão e eu me perco mais. Eu e você sem direção, não solte a minha mão. Jamais! Eu já nem durmo mais não, não sei se eu devo fugir de você se agora é certo ou errado dizer, que eu te quero aqui. Sei que te amo mais, mais, bem mais do que eu deveria eu sei. E se eu não quero mais dessa vez é porque finalmente entendi...”

 

Tomaz olha para Murilo e vê que o garoto está balançando o celular na frente de Augusto. Ele olha para o amigo e vê que o mesmo se cala de seus lamentos e de dizer que Murilo é louco. “O que está acontecendo?” Ele pensa, não consegue não esconder o seu desapontamento com Murilo. Ele não deveria agir dessa forma, não deveria bancar o ciumento por causa do ex-namorado e estragar o disfarce com os dois. “Não minta para si mesmo, você não liga mais para o disfarce, para a mentira.” Ele olha pra baixo. Não tem palavras para dizer, não sabe o que dizer.

— Por que você não fala para os seus amigos o motivo de eu ter lhe dado esses tapas mais que merecidos? — Pergunta Murilo tomando o foco de Tomaz de novo.

“Que caralho você está fazendo, Murilo? Só cala a porra da boca!”

— Por que você não conta do que foi que você me chamou? — Murilo diz novamente sorrindo dessa vez. — Conta para eles.

— Eu estava brincando! — Tomaz ouve Augusto dizer entre o choro.

— Então você costuma chamar as pessoas de veado escroto por brincadeira? — Murilo pergunta bravo. Ele quer avançar no pescoço de Augusto novamente, é visível com a forma que seu corpo se mexe.

Ele segura o braço do namorado. Não quer parecer que está o tentando controlar, então segura mais frouxo, como se fosse um carinho. Estão todos olhando para ele. Consegue ver o desapontamento no rosto de cada um dos amigos. Eles nunca foram agressivos, nunca precisaram resolver seus atritos na porrada.

— Rafael, eu não acredito que essa seja a saída para uma discussão, agressão nunca é a resolução. Não se resolve os problemas batendo nas pessoas. — Fala Joana. A garota fala baixo, como se estivesse com medo dela mesma levar uns socos no meio da cara.

— Eu garanto que se você conhecesse verdadeiramente o seu amiguinho, você saberia que até ele passou do ponto. — Murilo fala mais alto e encara a garota. — Mas eu vou poupar de contar tudo para vocês, quem sabe ele não conta?

— Eu não tenho nada para contar, e nem você! — Grita Augusto. Ele parece nervoso. A respiração está diferente. Tomaz não notaria, mas eram melhores amigos, se conheciam há mais tempo que qualquer outro ali. — Você não tem nada para contar...

— Mas é claro que tem, esse cara acabou de bater em você, meu amor! Eu acho que você deveria abria um B.O. contra ele. — Fala Daniel acariciando o rosto vermelho do namorado.

— Não! — Grita Augusto afastando-se do namorado e olhando para Murilo. Há ódio em seu rosto, porém Tomaz não consegue entender o motivo. — Eu desculpo o Rafael. Eu entendo a sua atitude, eu mesmo não sei o que faria se alguém me ofendesse dessa forma, ainda mais se eu tivesse sofrido tanto com coisas assim na época da escola! Só vamos encerrar esse assunto. É sério, está tudo bem!

Os outros se olham, estão todos confusos agora. Ninguém consegue entender a razão da briga, e nem a razão para o Augusto não querer falar sobre isso. Ele consegue ver nos olhares dos outros, várias perguntas se formam mesmo em silêncio. Ninguém consegue entender o que está acontecendo.

Tomaz olha para Murilo, esse está olhando fixamente para o ex-namorado. Tomaz o solta, a raiva começa a crescer dentro dele. Precisa controlar. Ele respira fundo e se afasta do outro que não desvia o olhar.

— Eu ainda estou chocada, coisas assim não deveriam acontecer. Nós viemos aqui para diversão. Então vocês dois brigam feito animais. Estou decepcionada! — Fala Joana.

Ele sabe com quem ela está decepcionada. E é com ele! Tomaz olha para baixo novamente. Respira fundo e então encara os amigos, estão todos estranhos, chateados. Aquilo não acontecia com eles. Então olhou no rosto de Caco. O amigo sorriu de canto, iria ficar do seu lado.

— Cara, vocês são bem loucos mesmo. É uma mistura doida! — Fala Caco rindo. Está tentando amenizar a situação. Ele olha para Tomaz. Tomaz dá um sorriso sem jeito.

A Mônica não tira os olhos de Murilo. O que será que ela sabe? Será que está desconfiando de algo? Ele tem que agir, não pode deixar que a situação piorasse ainda mais.

— Acho melhor vocês voltar a se divertir, eu vou levar o Rafael pra casa. Acho que não há mais clima para ficarmos todos aqui. — Ele diz sério e encarando cada um dos amigos, até Daniel ele encara. Está com vontade de acertar um soco naquele rosto perfeitinho.

— Claro que não, eu faço questão que vocês fiquem. Isso já passou, e eu quero poder me desculpar com o Rafael. — Fala Augusto baixinho e aparentando estar sentindo muito com toda aquela situação.

— Eu também acho melhor ficarmos todos juntos. E só esquecer isso! — Joana fala baixinho abraçando o amigo Augusto, que agora voltou a fazer drama. “O que será que ele está querendo com isso?” Se pergunta Tomaz.

Eles começam a caminhar de volta para o quiosque. Augusto se abraça ao corpo forte do namorado. Ele suspira aliviado, está torcendo para que os dois deem certo. Assim Murilo estará livre. “Pra que?” Ele se pergunta, sabe a resposta, mas não quer admitir. Alguns seguranças chegam somente agora. E Tomaz vê Caco e Ogrão conversando com os homens e tentando explicar a situação, Tomaz torce para que eles sejam expulsos do parque, porém parece estar tudo bem. Ficam somente ele e Murilo. Algumas pessoas ao redor ainda olham tentando entender o que acabou de acontecer.

— Eu estou muito chateado com você...

— Foda-se, cara! Foda-se, tá bom? — Fala Murilo totalmente irritado. Ele acredita estar cheio de razão e não quer ouvir mais nada. — Ele mereceu isso, ele merecia muito mais...

— E você acha que o seu ciúme idiota justifica você sair espancando as pessoas? — Ele pergunta irritado. Está sentindo raiva de si mesmo. Não deveria ligar. Porém liga. Liga até demais, ele próprio não está conseguindo controlar seus ciúmes. É mesmo um hipócrita de estar reclamando sobre isso com o outro.

— Você acha que eu fiz isso por ciúmes? Acredita mesmo que eu bati naquele idiota por causa de ciúmes desse relacionamento asqueroso dos dois? — Pergunta Murilo totalmente sério e o encarando, o garoto em sua frente parece realmente indignado.

Porém ele está mais. Ele quer socar Daniel. Ele quer ir embora e largar Murilo ali mesmo com o grande amor de sua vida. “Que?” Ele pensa. Não consegue acreditar no que pensou. Ele precisa se controlar, a raiva está o deixando cego.

— E não foi? Acha que eu não vi como você ficou olhando para ele? — Ele pergunta sério. Está com vontade de socar alguma coisa. Alguém. Daniel. A raiva o está cegando cada vez mais.

Murilo ri.

Ele se sente confuso. A raiva cresce.

— Eu não dei na cara desse seu amigo falso por ciúmes do Daniel. Você ouviu o que eles falaram de mim? Eles me chamaram de corno, riram as minhas custas. Mas acho que você não notou isso. Esteve preocupado demais em criar suas próprias coisas. Você esteve ocupado demais tomando suas próprias conclusões sobre as coisas, não é? — Murilo pergunta baixo. Parece que a raiva está dando lugar ao pesar. — Eu não sei o que você acha que eu sou não sei o que você acredita que eu estou fazendo, porém eu não sou isso, está bem? Eu não fico o beijando quando estou sozinho com você, eu não... — Ele se cala.

Então Tomaz se sente confuso. O que estava pensando? Ele conhece Murilo. Ele sabe tudo que o garoto contou sobre sua infância e adolescência, ele sabe que o mesmo já até apanhou dos colegas da escola, e ele sempre lidou de outras formas com isso. Eram mesmo uns ciúmes que iria muda-lo completamente?

— Eu realmente fiquei mexido em ver que ele está com outra pessoa. Eu realmente fiquei triste com essa situação toda, porém, eu não sinto mais vontade de estar com um cara que me virou as costas só porque não foi com a minha cara. Eu não sinto vontade de estar com ele, porque eu gosto de você. Eu quero estar com você, ou pelo menos queria. Eu não consigo ficar com alguém que só pensa que eu seria capaz de me estapear com alguém por causa de um macho. — Murilo diz baixo e encarando.

— Eu, eu apenas! — Ele se cala. O que tem pra falar? O outro teria razão? Ele que estava sendo um idiota? — E o que o levou a bater nele?

— Você tem certeza que quer saber? Acho que acreditar que eu sou um escroto é melhor pra você. Assim eu vou embora agora mesmo. Namoros se acabam, porque o namorado do Rafael com você não iria acabar? Ainda mais depois dessa minha atitude. É o momento perfeito para a farsa chegar ao fim. — Murilo diz, e Tomaz nota que o garoto está chorando.

— Murilo, não. Você não precisa chorar! — Ele diz sentindo um remorso. Pela segunda vez ele estava sendo insensível com os problemas do outro. — Eu só não sabia o que pensar, eu mesmo estava tomado de ciúmes. Estava ficando louco por ver você olhando para o seu ex-namorado como se quisesse estar com ele.

— Você acha que preciso estar com ele quando estou ao seu lado? — Murilo o interrompeu. — Acha que preciso estar com alguém que me enganou por um ano? Enquanto eu estava lá no interior pensando que chegaria o final do ano e nós teríamos uma chance real, ele estava na cama com o seu amigo. Eu não preciso de alguém assim.

— Eu sei, eu sei. — Tomaz fala sentindo desespero tomar conta dele. Ele mesmo foi um imbecil. Ele mesmo foi tomado por um ciúme idiota. Ele puxa Murilo para seus braços e aperta o garoto. O mesmo não retribui. Ele sente vontade de chorar. — Eu só fiquei confuso. Não estava conseguindo controlar minhas emoções. Eu vi você olhando pra ele, depois vocês juntos conversando e ele te tocando. Fiquei puto de raiva. Quando vi você aos tapas com o atual namorado dele, eu enlouqueci, achei que você estava fazendo isso por ele.

— Eu nunca fiz questão de estar aqui, muito menos participar, eu não pedi para fingir ser outra pessoa. Eu nunca imaginei que iriamos passar por essa situação que passamos hoje. Eu não imaginei que essa brincadeira de mentir que parecia fácil se tornaria a coisa mais difícil da minha vida. — Murilo diz. — Quase toda vez que eu vou dormir, eu não consigo relaxar, até parece que os meus travesseiros pesam uma tonelada, eu fico achando que a qualquer momento as coisas vão desmoronar que todos vão descobrir e eu vou sair desvalorizado e chutado da sua casa. E meu maior medo se concretizou. O Augusto sabe! Ele sabe desde o dia que me viu na pizzaria!

— O que? — Tomaz diz chocado. Ele se lembra de ter conversando com Augusto, mas não de ter dito nada concreto. Ele não chegou a falar a verdade, apenas deu indiretas de estar apaixonado por outra pessoa que não era o Rafael. Então se lembra da conversa do amigo. Eles estavam juntos há um ano, provavelmente o escroto do Daniel ria e mostrava fotos do Murilo para ele. Como pode ter sido tão burro? Como não percebeu as coisas antes? Foi fácil para Augusto ligar os pontos. — Eu sinto muito! — Ele diz apertando Murilo com mais força.

O garoto agora se aperta nele também, e ele relaxa o corpo um pouco. Não importa se está tudo começando a dar errado. Não importa se a porra toda vai foder, se a merda mexida vai começar a feder. Ele só quer estar ali com ele. “Estou apaixonado!” Ele sabe que está, e isso não o assusta mais. O da força. Ele vai lutar com quem for, vai bater em quem for por isso.

— Eu sinto muito mesmo, eu não imaginei. Eu fui lento demais. — Ele diz. — O que ele disse pra você?

— Ele me ameaçou, falou que se eu não andasse na linha, contaria para todos. Porém ele não me disse o que ganharia com isso, nem ele sabe! — Murilo fala baixo e apertando o corpo no outro. — Mas eu disse que tinha gravado tudo, por isso que ele não quer ir pra delegacia e nada. Está com medo que eu conte tudo para você e para os outros.

Tomaz ri.

— Que esperto! — Ele fala beijando a cabeça de Murilo. — Eu não pensaria nisso.

— Eu também não pensei. Eu apenas fiz, apenas agi. — Murilo confessa rindo baixinho.

— Então ele acredita nisso, nós vamos ganhar tempo. O Augusto não é muito esperto. Ele vai acreditar que eu não acreditei em você. Que eu preferi acreditar numa amizade de anos e não em você que acabei de conhecer. Eu vou conversar com ele, porém não direi nada sobre você ter mostrado gravação pra mim. — Ele diz beijando a cabeça de Murilo.

— Tomaz, eu tenho que te dizer outra coisa... Eu gosto de você de verdade! Eu bati nele, porque a ideia dele conseguir separar nós dois foi assustadora demais. — Murilo confessa.

Ele sorri.

— Eu também gosto...

— Mas eu estou com medo, ele vai descobrir que eu não gravei...

— Não tem problema, tudo bem, nem sempre estamos na melhor. Mas eu prometo, vamos dar um jeito nisso. Eu juro para você.

— Eu confio em você.

Os dois se olham e se beijam. Foda-se o que os outros irão pensar. É a vida dele e ele sabe como quer vive-la. Sorriem um para o outro após o beijo e então ele nota que Daniel os olha com raiva. “Esse é um problema que eu vou resolver!” Ele pensa. Então beija o seu amado novamente. Precisa acreditar nele mesmo que seja difícil.


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