Murilo beija garotos escrita por roux


Capítulo 12
12




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TOMAZ

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.”

— O Rafael? — Pergunta Murilo olhando em seus olhos. O garoto parece realmente preocupado. Então a expressão muda do nada. Torna-se dura. Fria. Assustadora.

Tomaz não sabe o que responder. Sente um frio na barriga e o corpo arrepia de leve. “Que porra ele quer? Por que está me ligando agora?” Respira fundo. “Ele não pode fazer isso agora.” Ele olha Murilo novamente. Não tem palavras para responder. Ele balança a cabeça em afirmativa e tenta entender o que o outro quer dizer sem palavras. O garoto sente-se desconfortável, e ele também. Precisa fazer logo isso, então faz. Ele desliza o dedo pela tela fria e lisa do celular, assim encerrando a ligação. O mundo parece parar junto à música do celular. Ele não ouve nem o barulho dos carros. O único som é o do seu coração bombeado que ele sente a pressão no ouvido.

— Você pode atender essa ligação, não é o que você esteve esperando todos esses dias? Eu vou sair assim, vou entrar e assim você fica mais a vontade enquanto conversa com seu namorado! — Diz Murilo seco e irônico passando a caminhar em direção a porta da pizzaria.

Ele sente como se tivesse levado um soco no estômago do outro. Não pode deixar o garoto entrar. Não quer que ele entre. Ele tem coisas pra falar. Ele precisa falar. Se ficar com isso só para si irá explodir.

— Espera, por favor! — Ele diz baixo e vê o outro parar. — Eu não quero falar com ele. Eu não quero fazer isso, Murilo. Você tinha algo para me contar o que é? Eu também tenho. — Ele diz baixo tentando trazer o foco para eles novamente. O outro parecia tão feliz há pouco tempo atrás.

— Não é nada. Eu tinha algo bobo para lhe falar. Não vale a pena. Eu acho melhor esquecer isso. E sério, eu não quero atrapalhar a conversa de vocês. Você pode retornar, é isso que você quer, não é? — Murilo pergunta quase dando uma afirmação.

“É isso que eu quero?” Ele se pergunta. “Não. Eu quero apenas abraçar esse cara na minha frente e dizer pra ele que esses dias tem sido os melhores da minha vida.”

Ele morde o lábio e engole em seco. Ele sente-se confuso, talvez um pouco feliz por saber que o outro está arrependido do que fez. “Ele está, não é?” Balança a cabeça e não importa o Rafael, foda-se essa ligação. Ele está pronto para falar. Porém Murilo corta sua vibe.

— Eu não estou me sentindo bem. Eu quero ir pra casa se você não se importar. — Diz Murilo tocando a própria testa. O garoto parece mesmo não está muito bem.

Mas ele sente o medo de sempre. Não consegue pensar em muita coisa, só em uma. Ele nunca tem certeza de qual casa Murilo se refere. Respira fundo e caminha pra frente, ele tenta tocar Murilo que se esquiva e olha em seus olhos.

— Não me toca. — Murilo fala segurando o choro e Tomaz nota. Sente uma fisgada no peito. Não queria que o outro se sentisse assim.

— Mas eu não fiz nada, cara. Eu sequer o atendi. Eu não quero mais nada com o Rafael. Eu estou... Estou com você aqui. — Ele diz testando as palavras.

— Comigo? Acredito que se fosse comigo, os seus amigos não estariam nesse momento me chamando de Rafael. E sinceramente... Você o deseja tanto que está tentado a ligar pra ele agora mesmo. Ele errou com você? É ele errou. Mas e daí? Não nos esquecemos da noite para o dia da pessoa que nós gostamos! — Murilo fala baixo e fungando o nariz.

Ele tem então toma um choque.

— Então você ainda gosta do... Qual o nome do seu namoradinho mesmo? — Ele pergunta triste.

— Se eu gosto do Daniel? É eu gosto sim. Eu não iria esquecer o meu namorado apenas nesses dias, não é? — Murilo fala rindo, mas as lágrimas escorrem por seu rosto.

“Ele está mentindo! Ele precisa estar mentido...”.

— Eu realmente achei que você... Eu achei que você também estava, sei lá, que também estava gostando de mim! — Ele diz baixo, não pode mentir mais para si mesmo. Está sentindo algo por aquele garoto.

Ele respira fundo quando Murilo o olha. O garoto parece estar confuso assim como ele mesmo. Ele nunca foi bom com declarações, nunca se deu bem com essas coisas. O garoto passa as mãos pelos cabelos e se senta na calçada encarando os próprios pés. Os tênis pretos ficam em contrates com a linha branca no estacionamento. Ele vê que Murilo faz o mesmo sentando-se ao chão também.

“Foda-se!” Pensa.

— Eu estou gostando de você Murilo. As coisas mudaram desde que nos conhecemos, eu admito que quando nós começamos tudo isso eu achei que poderia passar esse mês e depois que a raiva passasse eu pudesse retomar tudo com o Rafael. Porém depois de você. Eu não sei, eu só quero você. Eu olho você e sinto vontade de te beijar. Eu olho você e já começo imaginar como será a minha vida depois que você for embora... — Ele diz baixo sem olhar para o garoto sentado ao seu lado.

— Eu... — Murilo começa.

— Não, porra! Você não faz ideia de como é se sentir assim? — Ele respira fundo, sente o corpo enrijecer, tem vontade de socar alguma coisa. — Eu nunca me prendi a ninguém, o Rafael foi o único cara que eu realmente me apaixonei. E agora, eu não sei que porra sentindo por você. Eu sei que isso pode soar louco, psicopata. Mas eu te vejo dormir, beijo seus lábios quando você dorme, porque você fica a coisa mais linda enquanto dorme, essa carranca de preocupação que você tem some e dá espaço para um rosto angelical. Eu adoro isso. Eu gosto de você, Murilo. E nesse momento eu só queria que tudo fosse diferente, e que fosse você, o Murilo que eu estivesse esperando aquele dia na rodoviária.

Ele fica em silêncio. Murilo também fica. Tomaz sente-se impaciente queria o dom de ler mentes nesse momento. Queria poder saber o que Murilo está pensando. Ele passa as mãos pelos cabelos lisos novamente e olha o céu. Está bem limpo e azul, típico das noites de verão em São Paulo. Inclina-se pra trás e fica pensando em tudo que viveu com o outro e na ligação de Rafael.

— Eu também gosto! — Fala Murilo baixinho.

— O que? — Ele pergunta se virando.

— Eu também gosto de você. E eu não quero descobrir tarde demais que gosto muito mesmo! — Responde Murilo. — Eu estou confuso. Eu tenho medo de nunca mais falar com você. Eu não quero que aconteça isso. Não quero que a gente pare de se falar. Não quero que suma da minha vida, eu não quero esquecer esse livro na estante da vida.

Ele sorri. “Não. Não pode ser porra!” Ele pensa sentindo vontade de gargalhar e olha no fundo dos olhos de Murilo.

— Você não faz ideia do quanto isso me deixa feliz. E eu quero que saiba que não me importa essa ligação. Essa maldita ligação não muda nada entre nós. Eu quero conhecer você, Murilo. — Ele admite pra si mesmo. — Eu quero te conhecer, quero namorar você. Quero estar ao seu lado.

Ele vê que lágrimas escorrem dos olhos de Murilo.

— Eu não acredito em amor a primeira vista nem nessa baboseira. Ou melhor, eu não acreditava porque desde que te conheci tudo vem me mostrando que o destino nos queria juntos. Ele reservou isso tudo por algum motivo.

Murilo balança a cabeça em afirmativa e ele se inclina puxando o garoto menor para seus braços. Ficam ali abraçados por um tempo. Ele beija a cabeça de Murilo por várias vezes.

— Nós podemos ir pra casa se você quiser. — Ele diz baixinho. — Você não parece bem.

— Eu quero sim! — Murilo responde ainda fungando o nariz.

— Eu aviso depois para os garotos, vamos apenas pra casa agora! — Ele diz.

 

 

Ele caminha com Murilo no colo. O garoto adormeceu na volta pra casa e ele não quis acordar. O dia tinha sido cheio para os dois. Provavelmente o garoto tinha ouvido sua conversa com seus pais e isso não foi muito agradável para ninguém. Ele sobe as escadas sem fazer barulho. Não queria acordar ninguém.

Entra no quarto e deita Murilo na cama bagunçada mesmo, não iria acordar o rapaz. Ele ficava realmente lindo quando dormia, Tomaz sela os lábios do outro e ouve o mesmo reclamar, segura o riso e se afasta da cama. A noite está mesmo quente, vai tomar um banho antes de dormir. Abre a porta que dá pra sacada e ouve o celular tocar.

Não!” Ele pensa pegando o celular rápido para não acordar o outro. Deve ser um de seus amigos. Ele caminha pra sacada e atende.

— Fala! — Ele diz.

— Tomaz? — Pergunta Rafael.

— Rafael! O que você quer? — Ele pergunta sentindo a voz ficar um pouco mais alta.

— Eu quero conversar, explicar o que houve! — Rafael diz desesperado.

— Acho que não temos nada pra explicar um para o outro, você me deixou sozinho. E é isso. Passe bem, Rafael. Não me ligue mais! — Ele sussurra e desliga o celular.

Ele respira fundo.

Dói.

Mas ele sabe que tomou a decisão certa.

A pessoa certa para ser preciso.

E ela está deitada em sua cama, esperando por ele agora mesmo.

 


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