Era uma vez, bem que poderia ser assim que a história de Isabela começa, pena que nem tudo é um conto de fadas, onde sempre vamos poder ter a certeza de que nossos problemas serão solucionados facilmente. Algumas coisas vão necessitar de muita coragem para enfrentarmos. Como, por exemplo, algo que aconteceu um tempo atrás.

 Devia ser 13 horas da tarde quando Maurício, o pai de Isabela - mais conhecida como Bela - chegou à biblioteca em que ele trabalhava. A biblioteca ficava próxima a casa dele, por isso almoçava em casa junto com as filhas e em seguida ia trabalhar.

 A biblioteca, que possui mais de 100 anos, guarda diversas histórias, histórias essas que Bela ama ler, tanto que sempre que o chefe de seu pai, o Adam - mais conhecido como Fera pelos funcionários pela forma grossa com que trata as pessoas - não tem como ir ao trabalho, a jovem trabalha no lugar dele ajudando o pai. Além disso, de vez em quando ela visita o lugar para pegar algum livro emprestado.

 Mas dessa vez, Bela não foi para a biblioteca mesmo já tendo terminado de ler o livro que havia pego, pois ela iria fazer uma surpresa para o pai que acabara de chegar de viagem. Como ele não tem parado de trabalhar desde que chegara para sustentar a casa e as irmãs de Isabela que vivem gastando o dinheiro do pai com roupas novas, ao contrário de Bela, que se preocupa com as coisas da casa, ela achou que deveria agradecê-lo de alguma forma por tudo que fizera por elas.

 O que Bela não sabia é que seus planos iriam todos por água abaixo com uma simples ligação.

 Devia ser mais ou menos 16 horas quando um dos funcionários da biblioteca, Lumiere, ligou para a casa de Bela para informar que seu pai havia desmaiado, mas já havia sido socorrido por um médico que estava por perto e estava sendo levado para casa.

 - O Adam sabe? - Bela perguntou, afinal ele é o chefe de seu pai e se ele não estiver de acordo, seu pai corre o risco de ser demitido.

 - A Fera? Sabe sim. Ele a principio não gostou nada da idéia. Na verdade ele não gostou da idéia. Só deixou porque seu pai disse que só iria comer alguma coisa e voltava no mesmo instante. Segundo seu pai, ele passou mal porque não tem se alimentado direito.

 - Duvido muito. Papai tem trabalhado direto desde que voltou da viagem. Ele precisa é descansar.

 - E como você vai fazer com que ele faça isso? Você sabe, a Fera não é lá muito amigável, nem compreensiva.

 - Eu sei, mas também acredito que ele tenha um lado bom, basta só alguém acender esse lado nele.

— Boa sorte para quem fizer isso - do outro lado da linha Bela consegue ouvir algumas vozes, provavelmente de Adam reclamando - Preciso desligar. O dever me chama. Até depois!

 - Até!

 Assim que desliga o telefone, Bela vai para a cozinha e liga o rádio para tocar Beauty and the Beast da Jordin Sparks enquanto prepara uma sopa para quando o pai chegar. O que não demora muito para acontecer.

 - Como você está se sentindo? - a Bela pergunta logo depois de ajudar o pai a se sentar na poltrona.

 - Melhor. Preciso só de uma sopa e estou pronto para outra.

 - Nada disso. O senhor vai descansar. Eu vou trabalhar no seu lugar.

 - Filha, não precisa. Eu estou bem.

— O senhor não está bem - a funcionária da biblioteca que trouxe o pai da Bela e é amiga dela desde a época em que brincavam de chazinho diz - Estava reclamando de dor nas costas no caminho.

— Viu? Mais um motivo para o senhor ficar em casa - a Bela responde

— Você não conhece o Adam, Bela - o pai dela diz - Não sei se ele concordaria.

— Eu converso com ele, mas sair daqui desse jeito o senhor não vai - ela retruca o deixando sem escolhas que não seja aceitar - Mas tudo bem para o senhor ficar sozinho?

— Tudo né - ele diz - Mas onde estão suas irmãs?

— Devem ter ido ao cinema com os novos namorados. Não devem durar uma semana.

— Onde foi que eu errei?

 - Pai...

— Tudo bem filha - ele diz levantando devagar para não cair - Vou para o meu quarto. Obrigado por ter me ajudado - ele diz a funcionário que assente.

— Tá na minha hora também. Melhor eu ir antes que seja demitida também - elas riem.

— Obrigada por ter trazido ele, amiga - a Bela responde e a abraça.

— Não precisa agradecer. Agora melhor eu ir. Tchau.

— Tchau.