POV HERMIONE GRANGER

Hoje era o dia da formatura e do baile de fim de ano, seria uma cerimônia seguida da outra. Eu estava super ansiosa e nervosa ao mesmo tempo. Eu me arrumaria com as meninas e depois encontraríamos nossos pares para irmos para a festa.

Depois daquele jogo no nosso Salão Comunal, as coisas viraram de ponta cabeça, mas logo assentaram novamente. Gina começou a passar mais tempo com o Nott e quando eu tentava conversar com ela, ela não queria me explicar. Tentei falar com Harry, que não se abria e dizia que Ast estava o divertindo muito.

Eu cansei de insistir e disse que quando eles quisessem me contar era pra me procurarem. Enquanto isso eu passava mais tempo com Luna, Draco e Blás. Estávamos sempre juntos e muito próximos, como se nos conhecêssemos há muitos anos muito bem. Eles faziam um casal muito fofo e eram perfeitos juntos, adorava as nossas tardes no jardim da propriedade.

Então, um dia estava na biblioteca estudando enquanto Draco treinava Quadribol e Gina apareceu e sentou-se na minha frente.

— Quero falar com você. – Levantei a cabeça e a encarei.

— Diga, Gina.

— Eu não sei o que fazer, Mione. – Eu fechei meu livro e passei a olhá-la. – Eu gosto do Theo, ele é muito simpático comigo, tá sempre fazendo piadas e me fazendo rir...

— Mas...? – Ela me olhava triste.

— Mas eu gosto muito do Harry.

— Gina, você sabe que se não me contar tudo não tem como te ajudar, não é? – Ela suspirou e me olhou.

— Ok... Naquele domingo, depois da briga, eu e Harry brigamos. Pra falar a verdade foi por uma idiotice...

— Me conta, Gina.

— Recebi um convite dizendo que haveria uma festa na Sonserina e que estavam esperando minha presença. Então Harry disse que eu não iria, e ficou bravo. Eu disse para ele ir comigo, que seria divertido e que os sonserinos não eram tão ruins assim. Então brigamos porque ele continuou dizendo que não. Eu fui mesmo assim e Theo ficou conversando comigo a noite toda. – Ela parou e começou a mexer as mãos.

— Continue, Gina... Precisa desabafar com alguém.

— Sei lá Mi, no dia seguinte vi que ele tava conversando com Astoria e pra mim não fez sentido algum. No dia anterior ele tinha falado super mal dos sonserinos e tava super amiguinho de uma. Mas ok.. então teve o jogo no seu Salão Comunal e quando eu beijei o Nott, sei lá sabe, não me pareceu errado. E ele beijou a Astoria.

— Gi, vocês tinham tecnicamente terminado, não foi errado. – Ela me olhou aliviada. – Me deixe perguntar, você e o Nott fizeram algo?

— Olha Mi, se eu te falar que não fizemos nada, seria mentira, mas não passamos dos beijos. Eu nunca fui pra cama com ele nem nada disso. Mas depois daquele jogo ele me levou até a torre da Grifinória, e me deu um selinho, então de vezes em quando ele roubava um beijo e dávamos uns beijos por aí. Mas nada de importante, ele me divertia, me contava piadas e se mostrou um ótimo amigo.

— O que pretende fazer então? – Eu me levantei e fui guardar o livro, ela me acompanhou.

— É aí que tá Herms, não sei o que fazer. Não vou pedir desculpas para o Harry, não tem cabimento, ele praticamente me proibiu de ir a uma festa.

— Então espera ele Gina, mas abra o jogo com o Nott. Por mais que ele seja um sonserino pegador, não deixe-o pensar que você tá com ele. Se ele te convidar pro baile e o Harry também, e aí?

— Não sei. O que acha que devo falar?

— Conta tudo ué.. Se o Harry não convidar você, então você diz que vai com o Nott, mas Gina, pense bem antes de decidir.

— Obrigada Mione, você é um anjo! Beijos.

E Gina saiu correndo. Depois Harry foi pedir desculpas. Por mais que tenha gostado do tempo que passou com Ast, ele era apaixonado pela ruiva, e isso não iria mudar. Eles voltaram e estavam mais apaixonados que antes. Cada dia se mostravam mais confidentes e isso era muito fofo.

Passei horas falando com Ast, ela até pensou em ir embora da escola, ficou bem mal por causa da volta do namoro de Gina e Harry. Conversei com ela por muito tempo e acabamos nos aproximando, ela é uma ótima garota e como eu a disse, achará alguém que a complete. Ela e Gina passaram a ser amigas também, e Astoria percebeu que não era pra ser com Harry.

Agora, faltando algumas horas para o baile eu estava deitada na cama de Draco enquanto ele dormia. O lençol cobria parte do seu corpo, e deixava à mostra seu abdômen que me fazia delirar de tão maravilhoso. Seus cabelos loiros caiam em seus olhos fechados e ele parecia um anjo dormindo. A noite passada tinha sido maravilhosa, ir pra cama com ele era tudo de bom, nós nos completávamos.

Eu estava apoiada olhando para ele quando vi seus olhos se abrirem. Me perdi naqueles cinzas enquanto sentia ele puxar minha cintura e me abraçar apertado. Esse seria nosso último dia no Castelo, amanhã voltaremos para casa e teríamos a nossa despedida de solteiro, uma grande festa na Mansão Malfoy.

— Bom dia, morena. – Ele me deu um selinho me tirando dos meus devaneios e me colando em seu corpo cada vez mais.

— Bom dia mon amour. – Abri um sorriso e me recostei nele.

— Ansiosa para a formatura?

— Sim, mas também estou nervosa. Você consegue acreditar que não vamos mais voltar?

— Eu sei, o último dia como alunos de Hogwarts. Vou sentir muita falta.

— Eu também... Não consigo me imaginar sem estar aqui.

— Vamos estar juntos, ma petit. Vai ser maravilhoso.

— Eu sei, querido. – Puxei seu rosto para um beijinho. – Olhei seus olhos. – Sabe que não vai poder ficar aqui enquanto nos arrumamos, né?

— Nem aqui no meu quarto? Prometo não espiar, morena.

— Se as meninas concordarem, ok, eu deixo. – E ri da careta que ele fez.

Me levantei e fui tomar um banho, ele me seguiu e foi pra sala. Pediu o almoço para um elfo e depois do banho nós comemos juntos.

Logo as meninas chegaram e Draco não queria me soltar. Ficava me beijando e abraçando e não me deixava ir para o quarto com as meninas. Eu ria da situação, ele estava muito manhoso aqueles dias.

Nos trancamos no quarto e quando vi, Gina, Luna e Astoria tinham o transformado em um salão de beleza. Vários tipos de todas as maquiagens existentes, vários produtos de cabelo, cremes para a pele, rosto etc. Secador, chapinha, tudo que se pode imaginar.

Começamos pelo cabelo e maquiagem de Astoria. Enquanto Gina fazia o cabelo, Luna fazia a maquiagem e eu dava os últimos retoques em sua roupa. Ela ajudou a preparar Luna e depois foi a minha vez.

Elas me sentaram, puxaram meu cabelo, começaram a passar diversas coisas no meu rosto e confesso que fiquei com receio do resultado final. Era muita coisa ao mesmo tempo. Enquanto isso nós riamos, falávamos bobagens, fofocas, tudo para tornar inesquecível a nossa formatura.

Horas depois estávamos todas prontas, de frente para um espelho e maravilhadas com o resultado.

Luna vestia um longo azul que combinava com seus olhos e os cabelos em uma incrível trança trabalhada por todo o comprimento de seu longo cabelo. A maquiagem leve destacava sua pele branca e a deixava deslumbrante.

Já Gina, estava maravilhosa em seu vestido vermelho todo bordado e seu cabelo em um elegante coque bem alto. Sua maquiagem estava totalmente marcada e chamativa, exatamente como ela.

Astoria estava em um vestido verde que honra sua casa e cabelo solto moldava seu rosto. Sua maquiagem era bonita e destacava seus olhos.

Eu estava com um vestido verde com uma fenda na coxa, minha maquiagem era bem leve e me deixava com um ar clássico, perfeito para nossa noite de gala.

Então eu escutei um barulho vindo da sala.

— Morena, vamos, já está na hora, vocês estão demorando muito.

As meninas riram e nós saímos de lá. Uma atrás da outra saímos encontrando quatro garotos de terno super arrumados e muito bonitos. Blás puxou Luna para um beijo dizendo o quão linda ela estava, Astoria e Nott estavam indo como amigos, mas ele foi bem cavalheiro com ela. Harry e Gina ficaram abraçados dizendo o quão estavam bonitos. Já Draco, foi super fofo, me puxou e me disse que eu estava maravilhosa. O beijei, ele estava lindo, combinando comigo, sua gravata no mesmo tom do meu vestido, camisa branca e terno preto.

Fomos até a entrada do Salão Principal e a Prof McGonagall nos arrumava conforme a ordem alfabética de nossos sobrenomes. Ela estava em uma correria louca, mal falou conosco, apenas:

— Granger, Malfoy, me ajudem a organizar, vocês são monitores-chefes! – Então passamos a organizar os alunos, confirmar a presença de todos, garantir que os parentes já estavam em seus lugares.

Antes de entrar me coloquei na frente de Astoria e a Minerva nos deu os últimos avisos. O Portão se abriu e todos começamos a entrar. O Salão estava lotado, diversas pessoas aplaudiam os formandos. Nós subimos no palco colocado no fundo do Salão Principal e nos sentamos em nosso respectivo lugar.

— Boa noite a todos os pais, amigos e familiares dos nossos formandos. Gostaria de dizer algumas palavras antes de chamá-los para receber o diploma. – Ela respirou fundo e continuou – Essa turma, desde que entrou há anos em Hogwarts, eu sabia que seria especial. Sempre muito queridos por mim e pelo Prof Dumbledore. Infelizmente, ano passado, com a Guerra, alguns componentes da turma nos deixaram, e outros, que estão aqui hoje, foram muito afetados por toda a tragédia do ano passado. Mas eu acho que acima de tudo, o mais importante foram as amizades, os vínculos, todas as coisas boas pelo qual passaram aqui dentro dessas paredes. Pelas quais vão lembrar eternamente. Além disso, gostaria de dizer que me sinto honrada por ter de alguma forma contribuído para com a formação de vocês. Obrigada a todos e vamos aos formandos.

Um a um ela foi chamando os nomes. As pessoas se levantavam e iam até a mesa solene, composta pela McGonagall, Prof Sprout, Prof Slughorn e Prof Flitwick. Quando chegou a minha vez, fui andando lentamente até a mesa, cumprimentei cada um e quando cheguei em Minerva, ela me tomou em seus braços e me abraçou apertado.

— Sentirei sua falta, Srta Granger. Você é uma aluna espetacular, será uma ótima profissional.

— Obrigada, professora. Você foi essencial na minha jornada.

Depois de todos terem ido, a Prof Sprout tomou a palavra.

— Agora teremos o discurso da nossa oradora deste ano. – Todos aplaudiram e eu corei. Senti Astoria mandando eu ir e olhei para ela. Ela sorriu e fez sinal para que eu fosse, me encorajando.

— Boa noite pais, amigos, familiares e alunos. Estou aqui hoje falando em nome dessa ilustre turma de formandos da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, gostaria de parabenizar a todos os alunos aqui presentes pela garra, determinação e por tudo que os fez chegarem até aqui. Desde que cheguei, pela primeira vez nessa escola, fui recebida de braços abertos por cada um aqui presente, e gostaria de agradecer a todos por terem feito parte de todos esses meus anos, vocês o tornaram especial. Muito aconteceu, crescemos, amadurecemos, tivemos de escolher um caminho para seguir e hoje estamos aqui, deixando a nossa casa para viver o mundo. Não tenho palavras para explicar o que está passando em meu peito nesse momento, mas quero que saibam que amo todos vocês, não importa mais se sou da Grifinória e rival dos sonserinos. Nesse último ano, nós provamos que podemos todos conviver em harmonia, e acho que esse é o maior ensinamento que poderíamos ter aprendido aqui. Hoje uma etapa chegou ao fim, e espero que todos se lembrem dela com carinho. Então vamos viver e um dia a gente se encontra. Obrigada.

Rapidamente me sentei totalmente ruborizada, eu tremia de nervoso. Logo que me sentei senti braços me envolverem. – Foi lindo o que disse, Mi. – Ast me abraçava. Como minha vida mudou desde o primeiro ano. Amiga de Astoria Grengrass, Blásio Zabini, Theodore Nott, namorada de Draco Malfoy e mal falando com Ronald Weasley.

A festa de formatura não seria em Hogwarts, seria em Hogsmeade, em uma tenda feita exatamente para nossa formatura. Estava tudo em segredo, ou seja, eu não sabia de nada apesar de ser monitora-chefe. Logo que eu terminei de falar, a Prof McGonagall Pediu para que os convidados se pusessem em um corredor para que passássemos pelo meio que seriamos encaminhados para a saída da formatura. Eu não fazia ideia do que isso significava.

A fila começou a andar e eu segui. Em determinado momento senti alguém pega minha mão e vi que era Draco. Lá estava ele, ao meu lado, seguindo comigo para o nosso futuro. Ao chegarmos no jardim passei a entender tudo menos ainda. Os convidados vinham ao nosso lado seguindo conosco ainda fazendo o corredor, até a ponta do lago, e então eu entendi. Lágrimas começaram a cair dos meus olhos. Senti Malfoy apertar minha mão, ele também entendera.

Os mesmos barcos que usamos para chegar ao Castelo no primeiro ano agora nos esperavam para levar-nos para fora da propriedade, como um último passeio para sair da Escola. Isso seria emocionante demais. Deixar o local como nos foi permitido entrar. Cerimonia mais emocionante impossível. Aos poucos Hagrid e Filch foram dando luminárias a cada três pessoas e nos colocando em barcos.  Ficaram no mesmo barco que eu Draco e Astoria. Nos sentamos e pendurei a luminária no barco. Minhas lágrimas escorriam e eu via todos ao meu redor, emocionados pelo que passaríamos. Quando todos já estavam em barcos Hagrid e Filch soltaram as cordas que os prendiam e conforme íamos nos afastando do castelo eu ouvia diversas palmas de todos os convidados que nos observavam. Olhei uma última vez para o Castelo. As luzes acesas, a construção de pedra perfeita, cada torre, cada canto da propriedade eu tentava absorver. Seria a última vez que eu veria Hogwarts como aluna.

Ao chegarmos em Hogsmeade, Hagrid já estava lá para nos receber, e aos poucos eu via os convidados entrando na tenda. Fomos guiados até lá e estava uma verdadeira festa. Ao som d’As Esquisitonas todos começaram a dançar, beber, conversar e aproveitar a festa. Assim que acabasse, as seis da manhã seriamos levados para Londres uma última vez de trem.

Draco me puxou para encontrarmos nossos amigos, nos reunimos em uma mesa e ficamos ali, bebendo um pouco, para depois irmos para a pista de dança. Os pais de Zabini se aproximaram e nos cumprimentaram dando os parabéns, sua mãe estava visivelmente emocionada, deve ter chorado durante a cerimônia.

Depois do pai de Luna e os Weasleys nos cumprimentarem fomos para o meio da pista, a música contagiava, fazia qualquer um começar a requebrar. Draco me puxou para perto e começamos a rebolar no mesmo ritmo da música, com os corpos colados, atraindo olhares de muitos ao nosso redor.

Senti Draco enrijecer e não entendi o motivo, não havia mais perigo aqui. Olhei ao redor e vi Rony se aproximando da gente, olhei nos olhos do meu namorado e senti a raiva que emanava deles. Beijei-lhe os lábios em uma forma de acalmá-lo.

— Hermione, posso falar com você?

— O que você quer, Weasley? Não está vendo que estamos dançando? – Puxei Draco e mantive-os longe um do outro.

— Calma, amor. Fala Ronald. O que quer falar?

— Por favor? Podemos dançar uma música? – Olhei para Draco que estava ficando vermelho de raiva. Lancei um rápido olhar para Blás que se aproximou puxando meu namorado, deixando-me sozinha com o ruivo.

— Vi que está noiva. Não achei que chegaria a tanto.

— Seja rápido Rony, não vejo graça em você tentar fazer joguinhos a essa altura do campeonato.

— Temos uma música inteira, Mione. Queria te falar que eu te perdoo. Você pode voltar pra mim e acabar com esse fingimento. Sei que não estão juntos de verdade. – Nesse momento ele apertou minha cintura e se aproximou quase me beijando. Só deu tempo de eu empurrá-lo e virar a cabeça chamando Nott que passava ao meu lado nesse instante.

Ele viu meu rosto desesperado e me puxou dos braços do Weasley.

— Tá bem, Mione? – Assenti deixando uma lágrima cair dos meus olhos. – O que você acha que estava fazendo seu imbecil?

— Deixa ele pra lá Theo, ele é um idiota, acha que eu e Draco não estamos juntos de verdade.

— Eu disse que te perdoo, Hermione, já pode voltar pra mim.

Eu gargalhei. – Acha mesmo que quero voltar pra você? Não percebe o quão feliz eu estou com Draco? – Ele, Gina, Blás, Luna e Ast se aproximaram.

Draco me abraçou por trás e agradeceu Nott por estar passando por mim e me ajudar. Gina veio para o meu lado e secou minhas lágrimas.

— Você é um idiota! Não é o irmão que eu conheço! Você não ama a Hermione, você nem sequer se importa com ela! Só quer fazer um joguinho em que você ganhe do loiro. Só que deixa eu te contar, ele não precisou de jogo. Ele já ganhou o coração da Mione. Você é um idiota Ronald. Você não aceita que está vendo o quão feliz ela está! Coisa que você nunca conseguiu dar a ela. Faça um favor! Nos deixe em paz! Se tinha alguma chance de você voltar pra nossa roda de amigos, ela acabou agora.

Harry puxou minha amiga, tirando-a de lá e mandando que todos voltassem a aproveitar a festa. Luna foi atrás da amiga e Ast se aproximou.

— Não liga pra ele, Mi. Draco está aqui, e ele te ama muito. – Ela me abraçou e me deu um beijo na bochecha. Puxou Nott dali deixando-me com Draco.

— Loiro, me desculpe. Não queria que isso tivesse acontecido. – Comecei a chorar e não conseguia encará-lo.

— Ma petit, Io non sono arrabbiato con te. (Minha pequena, eu não estou bravo com você) – Ele me abraçou forte. – Não chore, lembre-se do que eu disse, ele não merece suas lágrimas. – Eu me afastei e olhei aquele mar cinzento. – Eu to aqui, ele não vai mais te machucar. Eu te amo, amor.

— Eu te amo mais, loiro. – Ele riu e tomou meus lábios.

NO DIA SEGUINTE:

Todos os nossos amigos tinham nos trancado no quarto de Draco, na Mansão, e não deixaram que a gente saísse pra nada. Segundo Gina “estragaria a decoração surpresa”. Eu tinha até medo do que eles estavam planejando.

Gina bateu na porta e Zabini estava lá com ela, ele levou Draco para outro quarto e eu fiquei com a ruiva para me arrumar. Ela já tinha separado minha roupa e fez minha maquiagem. Fiquei de cabelo solto, uma saia curta de paetê rosa bebê, uma regatinha branca e uma camisa meio transparente branca por cima, ela me mandou colocar um salto e pronto!

Quando eu desci o salão da Mansão Malfoy já estava cheio de gente. Amigos de Hogwarts. Quando eu estava no fim da escada, Malfoy apareceu e me tomou nos braços. Fomos interrompidos por nossos amigos que disseram que hoje teríamos que aproveitar. Eu ri. O casamento seria em três dias e eles queriam que nos soltássemos um pouquinho.

Todos os garçons e garçonetes eram strippers e isso estava deixando todos os convidados bem soltinhos. Não sei de quem tinha sido essa ideia, mas achei que não daria certo. Astoria fora conduzida por um até o sofá e vi Nott bufar. Tinha alguma coisa aí hein.

Tentei não encanar com tantas strippers rondando o loiro e relevar, afinal era nossa despedida de solteiro. Mas ao mesmo tempo, não queria ser traída. Como se lendo minha mente, Draco se aproximou e tomou minha mão, entrelaçando nossos dedos.

— Seulement j’ai les yeux pour vous, ma petit. (Só tenho olhos para você, minha pequena.) – Eu sorri e andamos juntos pela festa.

Nott teve a brilhante ideia de fazermos alguns joguinhos para nossa despedida. Colocou-nos em um palco improvisado e trouxe duas cadeiras, colocadas lado a lado.

— Bom gente, separamos alguns desafios para que nossos noivos fizessem e animassem essa festa. Vamos lá, quem vai começar? – Theo disse se aproximando e mandando que tirássemos par ou ímpar. Draco ganhou. Gina se aproximou.

— Escolha um papel aqui dentro – E estendeu um chapéu bruxo pra ele tirar um bilhetinho. Ela pegou da mão dele e leu alto o conteúdo. – Receber um strip-tease de uma stripper.

Eu olhei chocada para Gina, como eles poderiam estar pensando que eu deixaria isso acontecer? Olhei pra Draco e ele olhava igualmente chocado para Gina. A plateia gritava delirada o nome do meu namorado.

Nott chamou uma garçonete da plateia para subir e levou-a até a frente de Draco. Ela piscou pra ele e muito sensualmente começou a retirar a roupa. Jogou a mini camisetinha no colo dele, olhando-o e mordendo os lábios. Eu estava inconformada. Draco a olhava.

Ela tirou o mini shorts e ficou apenas de lingerie. Pegou as mãos de Malfoy e colocou em sua cintura, rebolando a centímetros dele. Olhei pra Luna vermelha de raiva. – Luna, para isso já!

Ela me olhou e apressou-se em correr e ir até meu namorado. – Já está bom, já vimos o necessário. – Muitos na plateia fizeram som de desagrado, mas eu suspirei aliviada.

Gina veio até mim e pediu que eu tirasse um papel do mesmo chapéu. Quando peguei, ela puxou da minha mão e leu alto. – Dança sensual com stripper. – Muitos gritaram em aprovação.

Olhei para Draco, mas ele olhava para Blás. Vi um cara se aproximando, bonito, alto, musculoso, de cabelos cor de mel e pele bronzeada. Ele pegou minha mão e me levantou da cadeira. Segurou minha cintura e começou a rebolar, me conduzindo. Ele sorria, e suas mãos percorriam as minhas costas, ele me pressionava contra seu corpo a todo instante e de repente se aproximou tanto que nossos lábios quase roçaram.

Senti um braço me puxar e eu cair no chão. Olhei ao redor e todos tentavam se mexer ao mesmo tempo bem ali onde eu estava. Então eu o vi, Draco estava por cima do stripper socando-o. – Nunca mais chegue perto dela, entendeu?

Eu o olhei e fiquei brava e aliviada ao mesmo tempo. Brava porque ele não tinha o direito, eu não fiz isso enquanto ele segurava a cintura daquela menina. E aliviada porque ele sente ciúmes e de certa forma isso demonstra que ele se importa.

Eu me levantei e sai apressada dali. Não queria jogar mais porcaria nenhuma, essa tinha sido a ideia mais idiota para uma despedida de solteiro que meus amigos podem ter tido. Jogar aquele jogo. Eu e o Malfoy?

Quando vi tinha acabado de fechar a porta da biblioteca. Eu me sentia em casa ali, rodeada de livros, prateleiras, pergaminhos e tudo o que se pode imaginar do mundo literário bruxo. Me sentei em uma das poltronas e fechei os olhos, estava muito irritada e precisava me acalmar.

Batidas na porta me fizeram abrir os olhos. – Morena, abre a porta! Por favor! – Fui até lá, mas não abri.

— O que você quer?

— Quero falar com você, Mi, por favor, me deixe entrar.

— Não Draco, não vai entrar! Vai lá brincar com as suas amiguinhas strippers! Me deixa sozinha!

— Mione, do que você tá falando??

— Eu não fiz nada quando você colocou as suas mãos na cintura dela, a viu rebolar quase no seu colo, e quase babou olhando aquele corpo quase nu na sua frente. Agora, quando eu estou dançando com um stripper, que só tava fazendo isso por causa daquela porcaria de jogo, você me tira de lá no meio! Qual a sua?

— Petit, il t’a presque embrassé. (Pequena, ele quase te beijou) – Eu sabia. – Me desculpa por ter te puxado, só não queria que ninguém te tocasse como eu toco.

— E si può? (E você pode?) – Eu encostei minha cabeça na porta, mas que merda. – È possibile toccare altre persone come me tocca? (E você pode tocar em outras pessoas como toca em mim?)

— Não, ma petit, não posso. Você é única na minha vida, eu te juro. – Ouvi-o respirar fundo. – Por favor, abre pra mim?

Eu levantei a cabeça, sequei uma lágrima que eu nem sabia que estava ali. Respirei fundo e escutei ele se mexer. Ele estava se afastando? Estava indo embora? Tinha desistido?

Mexi minha varinha e a porta abriu. Peguei a maçaneta e puxei a porta, ele estava lá, olhando para mim. Deu um sorriso, mas ficou ali parado onde estava.

Dei um passo para trás. Ele andou na minha direção, fechou a porta e me puxou. Me abraçou apertado e escondeu seu rosto em meus cachos. Senti seu cheiro amadeirado e me permiti relaxar ali em seus braços.

Ele se afastou um pouco para olhar em meus olhos e vi aquela tempestade cinza, que era só minha. Seus lábios encostaram nos meus calmamente, e de um jeito macio se moviam junto dos meus. Era um beijo apaixonado e nossos corpos respondiam juntos em perfeita harmonia, nos mexíamos sempre juntos.

— Eu te amo, morena.