Girls Talk Boys escrita por Glads


Capítulo 40
They Are Being Born




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Calum

 

Ouço um grito e pulo para fora da cama.

Estamos em setembro, precisamente são 12:36h da madrugada.

Encaro Layse e a vejo se contorcendo de dor.

— Lay? O que foi?

Ela grita mais uma vez e eu faço o mesmo sem ter ideia do que está acontecendo.

Em um instante a porta se rompe e para a minha surpresa vejo Naomi usando a camisa de Michael e ele só de cueca.

— Ai meu Deus! – Naomi fala e corre para ajudar Layse a se sentar.

Minha esposa grita outra vez.

— O que está acontecendo? – meu pai surge acompanhado da mamãe.

— Não sei. – respondo colocando as mãos na cabeça.

— Ela precisa ir para o hospital. – Naomi diz olhando fixamente para a cama.

Todos seguimos seu olhar  e sinto meu coração cair em um abismo quando vejo muito sangue no lençol branco e mais ainda escorrendo pelas pernas da minha mulher.

Em um ato espontâneo corro até ela e a coloco em meus braços.

— Eu vou pegar a chave do carro. – meu pai fala mais a frente.

Lay grita outra vez e eu começo a chorar.

Mal senti quando ela foi tirada dos meus braços por Mike.

Minha prima levantou meu rosto e me deu um belo tapa.

— Ei? Será que você pode ao menos fingir que está tudo bem para ela? – soluçou – TEMOS QUE IR AGORA PARA O HOSPITAL!

Assenti ainda lagrimando.

Seja lá o que estiver acontecendo, eu preciso está lá para Layse.

***

Nunca vesti uma roupa tão rápido na minha vida.

Assim que Mike colocou minha esposa no carro, meu pai saiu com ela em direção ao hospital.

Já Naomi, minha mãe e eu fomos no carro do Michael.

Ele não pode vim para diminuir a chance de sermos reconhecidos.

Ao chegar no hospital encontro meu pai chorando.

— Tio? Por favor... Onde a Lay está? – Naomi perguntou desesperada enquanto minha tia a abraçava.

— Eles vão fazer uma cesariana para tirarem os bebês. Houve um deslocamento da placenta e sem ela os bebês ficam sem oxigênio e nutrientes... – ele falava ofegante enquanto tentava conter o choro – Meus netos vão nascer hoje.

— Eles correm riscos? – mamãe questiona.

O papai afirma lentamente.

Fecho meus olhos, caio no sofá do hospital e a única coisa que ouço é meu coração batendo contra o peito, apesar de ter a vaga ideia da Naomi falando que a gestação acabou de completar sete meses.

Volto a abrir meus olhos uma hora e meia depois, e não temos nem sinal do médico que está operando minha esposa.

Naomi me abraça e a puxo ainda mais contra meu corpo.

Juntos choramos um pouco mais.

Olho ao redor e vejo outra família em um sofá esperando notícias de algum parente acidentado.

Na mesa do centro da recepção do lugar existem muitas revistas, mas foco em uma que diz "Pai de primeira viagem".

Rio ainda mais triste percebendo que as lágrimas cessaram.

— Você acha que ela está bem? – Naomi me pergunta enxugando seu rosto com a mão.

Não respondo.

Nem sei o que pensar.

Mal consigo descrever o que estou sentindo.

— Filho? Beba essa água. – minha mãe me entrega um copo.

Noto que ela deve ter chorado escondido.

Além da gestação da Lay ser de risco, já que esperamos trigêmeos, esse sangramento pode...

— Familiares da Sra. Layse Hood? – um médico alto e aparentemente experiente surge e interrompe meus pensamentos.

— Somos nós. – Naomi responde antes de mim.

Ponho o copo em cima da mesa de centro e levanto desajeitado.

— A cirurgia ocorreu normal. A Sra. Hood passa bem. – ele anunciou.

Todos respiram aliviados, menos eu.

— E nossos filhos? – pergunto tremendo.

— Uma das meninas e o rapaz estão no centro de tratamento intensivo neonatal.

— E a Summer? – perguntei por impulso, mesmo sem nem ter decidido qual seria a Cayse e qual seria a Summer.

— Sua outra filha está em uma cirurgia de risco, o coração dela não estava completamente formado e para evitar problemas futuros nós...

— Ela vai sobreviver? – minha mãe o interrompeu.

— Ainda não sabemos. – o médico disse em um tom neutro – Mas estamos fazendo todo o possível.

Não me impressiono quando as lágrimas voltam a surgir.

— Sr. Hood? – ele me chama – Gostaria de vê seus filhos primeiro ou a sua esposa?

***

Pela janela de vidro vejo meus filhos olhando um para o outro em duas incubadoras.

Demorou um pouco para eu ser liberado para vê-los, já que esperamos eles saírem do CTI e virem para as incubadoras.

Tinha outros três bebês no berçário, mas não eram tão lindos quanto os meus que mesmo sendo menores e estarem na incubadora, claramente tinham puxado a beleza dos pais.

Meu coração se aquece ao pensar em Layse e sei que fiz a escolha certa em vê-los primeiro, pois ela vai querer que eu conte cada detalhe sobre nossos bebês.

— Você pode entrar, Sr. Hood. – uma enfermeira idosa surge e abre a porta para mim – Se quiser falar com eles, fique a vontade.

Chego cauteloso perto deles e logo conto quantos dedos eles tem nos pés e nas mãos.

Contenho uma risada ao perceber o que fiz.

— Oi, amores. – sussurro com medo de incomodá-los.

Os dois abrem os olhinhos um pouco mais e me encaram desconfiados.

— Sou eu, o super papai. – falo – Vocês são danadinhos, hein... Me assustaram. Sabia que o berço de vocês ainda nem está pronto? Mas tudo bem, papai está feliz porque deu tudo certo, ao menos, quase tudo. Sabe o que deixaria o papai feliz? Se vocês transmitissem força para a Summer.

Por um segundo, os vi ficarem em alerta.

— Ela está em uma cirurgia agora. Vamos pedir de Deus para curar a maninha? – sugeri acreditando que eles me entendiam – Deus, o Senhor fez essa surpresa acontecer hoje quando nem estávamos preparados e eu agradeço pela Lay e meus dois filhos estarem bem, mas por favor, cuida da Summer, faça um milagre e a salve.

Encarei Cayse e seu irmão.

Ambos pareciam sorrir como se vissem algo que eu não via.

***

— Eles são lindos, Layse! – Naomi não parava de falar.

Ela e meus pais já tinham ido vê nossos filhos, mas ao contrário de mim, eles só ficaram na janela.

— Eu meio que escolhi quem é a Summer e quem é a Cayse. – comentei acariciando o cabelo da minha esposa.

Ela estava com o rosto completamente desconfigurado e parecia extremamente cansada.

— Tudo bem. – ela abriu um leve sorriso acariciando minha mão – Eles nasceram saudáveis?

Já era a quinta vez que ela perguntava isso.

— Sim, meu amor. Já falei, eles tem dez dedos nas mãos e dez no pé. – murmurei.

O médico disse para omitirmos sobre a Summer, já que a Lay precisa se recuperar tranquilamente.

— Ficamos com tanto medo. – Nam continuou – Cal e eu ficamos iguais dois bebês chorões.

— E  o Mike? Tenho que agradecê-lo por me carregar. – ela falou baixinho.

— Me perdoe, Lay. Eu fiquei com tanto medo que parei no lugar e só voltei a andar quando a Naomi me deu um tapa. – expliquei me sentindo um idiota.

Minha esposa sorriu ainda mais.

— Ei, cuidado idiota, ela não pode ri muito. – Naomi me deu outro tapa no braço e voltou a falar.

Revirei os olhos.

O mesmo médico, Dr. Gonzales, que fez o parto cezariano dos meus filhos entra no quarto e me chama.

— O que houve, Doutor? – vejo Layse subir o tom de voz – Meus filhos estão bem?

Me assunto com a ferocidade que ela fala e percebo que algo mudou nela.

— Está tudo em ordem, Sra, Hood. Só preciso falar com seu marido.

Acompanho o doutor até o corredor.

— Como minha filha está? – pergunto de uma vez.

— Não sabemos explicar, mas o quadro dela melhorou em menos de um hora e se continuar assim, antes do almoço ela estará do lado dos irmãos.

Aí sim, me permito respirar aliviado.

— Ah, mais uma coisa... Não se preocupe, ninguém do hospital tem autorização para falar sobre o senhor e sua família para a mídia. Seu empresário ligou e deixou bem claro que quem abrir a boca vai pagar um indenização enorme.

Assinto levemente e agradeço a Deus por Mike ter falado com a nossa produção.

Viro em direção a porta do quarto da Lay, mas a voz do médico me interrompe.

— Será que o senhor poderia me dá um autógrafo?

— O quê? – questiono confuso.

— Na verdade é para a minha filha. – se explicou sem graça – Eu vou dizer que lhe encontrei na rua... Só me dê, por favor. Ela só sabe falar da sua banda e...

— Tudo bem. – sorrio e ele tira um pedaço de papel em branco e uma caneta do bolso – Qual o nome dela?

Ele responde e escrevo rapidamente.

— Obrigada Sr. Hood. – o médico estende a mão para mim – Isso é completamente vergonhoso e antiético, mas não há nada que  um pai não faria por seus filhos.

Sorriu completamente e digo:

— Eu que agradeço. E acredite, estou começando a perceber isso.

Então a ficha caiu e eu solto:

— PUTAMERDA. EU SOU PAI.

O médico se permite sorri, bate no meu ombro e responde:

— Bem vindo ao clube.

[...]


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