Girls Talk Boys escrita por Glads
Luke
— Todos na minha vida, morrem! – Layse soluçou.
— Isso não é verdade! – abracei minha amiga.
Ela se aconchegou no meus braços.
Depois de sabermos da morte de Gregory tudo mudou. Tudo mesmo.
Ashton e Layse foram até o Centro de Perícias Criminais - CPC - acompanhados de Naomi e Calum.
Cal me contou que John, um amigo do Greg, disse que o pai biológico dos meus amigos tinha se arrependido e só tinha feito tudo aquilo para tentar se aproximar da melhor maneira possível, o que claramente não deu certo.
Naomi falou que o Greg não possuía nenhum parente vivo, já que seus pais morreram há anos e ele era filho único
A pior parte foi quando descobrimos que só a Sra. Irwin podia retirar o corpo do ex-marido do CPC, já que ela era única "parente" viva do canalha.
Apesar de ter sofrido ameaças dele e odiá-lo concordei que para o bem da Lay e do Ashton, Gregory não devia ser enterrado como indigente.
Não fizemos um velório.
Layse comentou não nutrir algum carinho pelo homem, assim como Ashton, apenas possuir um vazio no peito e dúvida de como é ter um pai.
Lauren, por ser pequena nem soube da notícia, ela estava acostumada a viver sem pai.
Apenas o enterramos com uma lápide simples.
Foi quando Layse surpreendeu a todos começando a chorar de verdade.
Ashton, que também estava triste, disse que a irmã chorava pela perca da chance de ter um pai de verdade.
Acredito realmente que Gregory queria mudar, só não sabia como e infelizmente nunca vai saber.
— Shiiiii... – murmurei passando a mão pelos cabelos claros da minha melhor amiga enquanto ela souçava – Está tudo bem.
— Droga, Luke. – falou em um tom neutro – Não está. Minha mãe morreu e meu pai biológico também!
— Lay... – tentei dizer.
— Minha vida é só desgraça! – ela me interrompeu.
Me ajeitei na cama do quarto da Layse e segurei seu rosto com as mãos.
— Nunca mais repita isso! Ok? Nunca mais!
— É verdade... – retrucou voltando a soluçar – Tudo está contra mim!
— Tente se acalmar. – pedi com medo de ela ter o quinto ataque em três dias – Já faz um mês que você não sai do quarto!
— Você quer que eu faça o quê? – ela se afastou bruscamente e se levantou da cama.
Suspirei percebendo que estava na hora de falar a verdade de uma vez e fazer minha melhor amiga acordar.
— Quero que pare de achar que as coisas de ruins acontecem só com você! O Ashton não tem conseguido comer preocupado com você; A Sra. Irwin chora todos os dias a morte daquele canalha; O Calum fica chorando na porta do seu quarto pelo seu estado antes de entrar e falar com você; A Naomi vive a beira de ter ela mesmo um ataque de pânico; O Mike e a Lydia terminaram; E eu nem pude contar para minha melhor amiga que a 5 Seconds Of Summer vai gravar um EP!
Ofeguei surpreso comigo mesmo e vi minha amiga dá alguns passos para trás chocada com ela mesmo.
— Eu, eu... – tentou formular balançando as mãos de um lado a outro.
— Você pensou apenas em si mesmo. – observei sem julgá-la.
Quem nunca fez isso, afinal?
— O que eu faço? – seu rosto delicado estava a ponto se chorar.
Abri um leve sorriso e estendi a mão para ela.
Layse apertou minha mão e senti um choque elétrico percorrer meu corpo me repreendendo em seguida.
Ela escolheu o Calum. Você tem que parar, Luke!
Quando Lay se sentou, falei:
— A vida para você não é fácil, isso é um fato, mas nem por sua mãe você ficou tanto tempo de luto.
— Não é só por causa da morte do Gregory... – sussurrou – Eu não sei o que é ter uma família, Luke.
A encarei indignado.
— Layse O'Brien, pare com essa frescura. – acusei – Você sempre disse que somos uma família.
— Você sabe do que tô falando. – afirmou um pouco magoada deixando uma lágrima escapar.
— Você pode não ter tido um pai biológico amoroso, mas teve um que te amou sem te conhecer, tanto que nem o sobrenome dele você quis tirar do seu registro. Sua mãe foi uma das mulheres mais incríveis que eu conheço e te deu todo o amor do mundo. Nós nunca saberemos porquê Gregory fez tudo aquilo, mas uma coisa é certa, ele gostava de você, do jeito estranho dele, mas gostava. E olha o que ele te deu... Irmãos! Dois irmãos que te amam! Se isso não é uma família, eu não sei o que é, então para de drama, tira a bunda dessa cama e vai beijar seu noivo que está nesse momento se culpando por não saber o que fazer com você.
Lágrimas começaram a escorrer por seu rosto e eu as enxuguei com cautela.
— Obrigada. – ela agradeceu se jogando contra meu corpo.
— Por nada, meu anjo. – sussurrei contra sua pele fechando os olhos e tentando controlar minha batida cardíaca.
— O Calum está mesmo se culpando? – ela se afastou perguntando e senti como se um balde de água fria fosse jogado em mim.
Forcei um sorriso e levantando as mãos disse:
— Bom, ele não ficou com ciúmes quando falei que vinha conversar com você e estamos sozinhos há uns quinze ou vinte minutos. Isso é um recorde, você sabe.
Ela abriu o sorriso mais lindo do mundo.
— Espera. – franziu o cenho – Vocês vão gravar um EP?
— Finalmente! – falei dramaticamente – Pensei que você nunca ia notar!
Ela gargalhou e tenho certeza que não ouvi nenhum som mais bonito que esse.
Por impulso a puxei contra mim e acabamos caindo um contra o outro na cama.
Foi quando alguém abriu a porta do quarto.
— Ah, claro. Eu deixo vocês ficarem sozinhos por um tempinho e você faz isso comigo, Luke? – a voz de Calum soou pelo local.
Nos afastamos engolindo em seco e vi Cal cruzar os braços sério.
— A gente não... – Layse e eu tentamos falar juntos, mas o meu amigo nos interrompeu começando a rir.
Naomi e Lydia apareceram atrás do garoto com leves sorrisos.
— Ok. O que foi? – perguntei vendo Calum se contorcer rindo.
— Eu não sei... – Lay sussurrou do meu lado nervosa.
— Você... Ai, minha barriga! Vocês... – Cal ria – A cara de vocês foi hilária! Mas sério, eu estou chateado com você, cara.
— Não vou tentar roubar a Lay de você, já conversamos sobre isso. – disse tenso.
E é verdade. Não vou tentar nada.
Ao contrário do que Layse pensa eu não confundi meus sentimentos, sei que a amo e justamente por causa disso a quero feliz, se ela vai ser ao lado do Calum, eu não posso fazer outra coisa a não ser aceitar.
— Conversaram? – Lydia questionou.
— Isso é papo de homem. – Calum, que finalmente tinha se recuperado, soltou.
As meninas reviraram os olhos.
— Mas então por que está chateado? – questionei confuso
— Porque você contou para minha esposa que vamos lançar um EP, antes de mim!
— Esposa? – Lydia e Layse perguntaram em uníssono e eu senti uma pontada no peito.
— Você ouviu nossa conversa atrás da porta? – Lay expressou meus pensamentos.
— Só um pedaço. – Cal confessou fingindo culpa.
Naomi apenas riu abraçando o primo de lado.
— Você não se casou com a Lay ainda, Cal. Lembrando que você fez dezesseis esse ano.
Lay mordeu os lábios.
— Você não respondeu minha pergunta, Hemmo. - minha melhor amiga chamou minha atenção falando meu antigo apelido – O que eu faço pra consertar tudo?
Ponderei, dei de ombros e sussurrei:
— Apenas peça desculpas.
— E me recompense, você esqueceu meu aniversário. – Cal disse triste.
Vi os olhos da minha amiga encherem de culpa.
— Me perdoa, Cal. – ela disse baixinho.
Calum deu de ombros e a puxou pela primeira vez em um mês, para fora daquele quarto.
Lydia seguiu o casal e eu balancei a cabeça de um lado para o outro tentando controlar a dor no meu peito.
— Você está bem? – o colchão ao meu lado afundou.
Suspirei.
— Na verdade, não. – afirmei sentindo algo se formar em minha garganta.
— Sabe, Luke? – Naomi segurou minha perna – Você não precisa fingir que não sente mais nada por ela.
— Mas... Mas eu não posso ficar longe dela, muito menos de vocês. O que me resta é fingir.
— Não, Luke! Tenho certeza que a Layse entenderia se você se afastasse... – explicou – Mas eu não, não de novo.
Eu tenho a consciência do quanto machuquei Lay, mas também sei como feri Naomi.
— Nunca tive a chance de pedir perdão a você. – murmurei.
— Deixa de besteira, garoto! – ela riu – Tudo aquilo já passou.
No fundo dos seus olhos vi que aquilo era um "eu perdoo".
— Quanto ao seu amor pela Layse, tenta não abraçar, beijar ou tocar nela, por enquanto. – sugeriu.
Assenti sabendo o quanto isso seria difícil.
— Como esquecê-la? – perguntei para mim mesmo.
— O tempo cura. – Naomi disse.
A encarei pensando se em algum momento Layse ficaria para trás e o meu amor por ela voltaria a ser apenas fraterno.
— Você tem certeza? – perguntei incerto.
— Absoluta. – ela sussurrou sem motivo aparente.
Nossos olhos se cruzaram, um arrepio percorreu meu corpo e quando me dei conta ambos encarávamos os lábios um do outro.
Segundos depois, pressionávamos nossas bocas de maneira desajeitada e terna.
Não chegamos a aprofundar o beijo e tão rápido quanto começamos, terminamos.
Olhei para Naomi e juntos gargalhamos.
— Isso foi estranho. – Nam se pronunciou primeiro.
— Muito estranho. – concordei.
— Bom, pelo menos agora empatei com a Lay.
— Empatou? – perguntei.
— Ela beijou três dos nossos amigos. E agora eu alcancei o mesmo número.
Sorri cruzando os braços e arqueando a sobrancelha.
— Quer dizer que vocês competem?
— Você sabe que não. – ela bateu de leve no meu ombro e eu aproveitei a deixa a puxando contra mim e selando nossos lábios sem maldade.
— Epa, Luke. O que é isso? – ela perguntou rindo.
— Eu amo você, Naomi. – disse a apertando contra meus braços – Você sabe que também é minha melhor amiga. Não é?
Ela negou com a cabeça e disse:
— Eu esqueço, você me deixou de lado desde que se apaixonou pela Layse.
— Posso reverter essa situação. – sussurrei próximo ao seu ouvido plantando um beijo na bochecha dela.
— Como? – ela perguntou sorrindo.
A afastei um pouco.
— Parque de Diversões? – sugeri.
— Você sabe que o pessoal vai querer ir junto. Não é?
— Podemos despistá-los lá. – ri de canto.
— Tudo bem.
Infelizmente, Calum, Ash, Mike e eu sabemos que nosso tempo na Austrália está acabando, só não temos coragem de contar para as meninas ainda, por isso qualquer momento com elas tem que ser inesquecível.
[...]
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