Girls Talk Boys escrita por Glads


Capítulo 12
Siblings




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Naomi

Quando Luke contou aquela história inacreditável, todo mundo precisou de cinco minutos para assimilar e Ashton ao meu lado assustou a todos olhando para um ponto fixo por um tempo.

Então, depois de dez minutos em silêncio ele se manifesta:

— Eu não posso acreditar que sou filho daquele cara! Eu... Eu lembro do meu pai vagamente! Não é ele!

Luke mordeu os lábios e murmurou:

— Minha mãe contou que ele fez cirurgias plásticas e...

— Ele tinha dinheiro para fazer cirurgia, mas não podia sustentar os filhos? – Ash se deu conta e apertei sua mão – Eu tive que ser pai da Lauren! Eu tive que ser pai da minha irmã... Caramba. Eu tenho outra irmã.

— Você tem certeza que a Layse é filha do Gregory? – perguntei.

— É a única explicação! – ele disse batendo em sua perna – E agora?

Todos ali não sabiam o que dizer, nem mesmo Lucy.

Ashton se levantou do sofá bufando.

— Você! – Ash apontou para Luke – Você deveria ter me contado, seu traidor!

Percebi Mike ficar em alerta, como se pudesse prever que os amigos brigariam.

A tensão estava instalada.

— E você acha que foi fácil para mim? Acha que foi fácil descobrir que minha melhor amiga era filha daquele crápula ou que justo você, irmão da Lay, entrou na banda?

— Você devia ter contado. – Mike surpreendeu o amigo – Você sabia que os dois eram irmãos!

— Eu não podia contar, ele me ameaçou e ameaçou as pessoas que eu amo, vocês dois estavam inclusos nessa lista.  – Luke respondeu com a voz alterada.

— Mesmo assim, agora não estaríamos sofrendo. Imagina a dor da Lay quando descobrir isso, como se não bastasse perder a mãe... – Michael balançou a cabeça de um lado ao outro.

— Eu também sofri, não foi fácil. Você não tem o direito de me julgar! – Luke levantou do chão querendo chorar.

— Meninos, não briguem! – Lucy pediu saindo dos braços do Sr. Wilson.

Rapidamente me pus de pé ao lado de Ash.

— Ei. Não é hora de brigar, ao contrário, temos que ficar unidos. – alternei os olhares entre os garotos com os nervos à flor da pele – Tentem compreender um ao outro. Me deixem pensar.

Minha mente não conseguia trabalhar bem. Até onde eu sabia o pai da Layse tinha morrido em um incêndio depois de salvar a mãe dela que já estava grávida.

Ashton concordou levemente com a cabeça e de repente se virou para mim como se lembrasse de algo.

— A minha mãe! Quando ela souber... A Lay tem quantos anos?

— Ela fez 16. – Luke e eu respondemos juntos.

— Eu tenho 16. – as engrenagens de seu cérebro estavam a todo o vapor – Eu nasci em junho e a Layse em dezembro. EU ERA RÉCEM NASCIDO QUANDO ELE... Oh céus!

Eu entendi seu raciocínio! Gregory engravidara a tia Helena quando ele ainda era um bebê de colo.

Demorou cinco segundos para todos entenderem.

— Esse... Essa coisa... Eu... – Ashton saiu em disparada pela porta.

Sem pensar direito sobre o certo a se fazer, corri até ele.

— ASHTON! – gritei o avistando no corredor.

Ele parou, bufou e se virou.

— Aonde você vai? – perguntei estendendo os braços na direção dele.

— Eu não sei... Para casa? – percebi algumas lágrimas caindo em sua camisa preta.

— Você não pode ir falar para lá nesse estado. Seus irmãos estão lá... – tentei convencê-lo – E nem pense em dirigir agora.

— Eu preciso falar com a mamãe. – ele parecia desesperado.

— Não faça nenhuma besteira, sua mãe também é vítima do Gregory. Você acha que ela não sofreu tanto quanto você? Ela teve que criar você e sua irmã sozinha! Ela deu todo o amor que ele recusou a dar ou receber.

— Eu... Você acha que ela sabia que eu tinha uma irmã? – ele buscou minha mão.

Mordi o lábio.

— Então esse é o problema?

— Eu precisava saber! – ele sussurrou.

— Acho que ela não fazia ideia, tanto, que ainda ficou com seu pai por mais tempo. Certo? Ele não é o pai da Lauren?

Ash assentiu e me puxou para um abraço, enterrando sua cabeça nos meus cabelos.

— O que eu faço?

— Fique aqui. – sugeri apertando meus braços ao redor da sua costa.

— Eu não sei se quero encarar os outros...

— Podemos ficar no meu quarto, ou se preferir podemos ir à algum lugar que você se sinta melhor.

Ele passou as mãos no cabelo se afastando rapidamente.

— Que tal o Parque? – ele estava arrasado, era possível vê em seus olhos.

Concordei.

— Vou só lá pegar meu celular e avisar Lucy. – disse.

Quando passei pela porta todos me olharam em expectativa, principalmente Luke.

— Eu vou dar uma volta com ele pelo Parque. – avisei olhando para Lucy – Ele precisa assimilar isso tudo, depois volto e tento entender toda a história.

Peguei meu celular, o dinheiro que eu havia deixado na minha mochila e saí ao encontro de Ash.

Antes que eu passasse pela porta Mike se levantou e me puxou para a cozinha do apartamento.

— Você vai mesmo sair sozinha com ele?

— Não entendi, Mike. – franzi o cenho – Achei que sua implicância com ele havia passado... Eu vou sim, eu gosto dele.

— Gosta como? – Michael me encarou de modo estranho.

— Como um amigo e algo mais. – admiti tímida – Mas o que importa agora é que ele está mal e precisa de alguém.

— Eu também preciso de alguém, Naomi. Você não vê? – ele segurou minhas mãos.

— Ele precisa mais, Mike. – murmurei sem graça.

— Então você prefere ele. É isso? Nós estamos aqui, todos abatidos pela morte da mãe da Lay e por causa do merda do Gregory, enquanto você vai ao parque com um cara que conheceu há pouco tempo.

— Não pense que eu não estou triste por tudo o que aconteceu, porque eu estou. Mas Lay, a pessoa que mais precisaria do meu apoio agora, não tá aqui. Tenho certeza que ela ficaria feliz ao saber em que ajudei o irmão dela que por sinal, é nosso amigo, Mike. Dentre todos, você é o que nunca imaginei que agiria assim.

Quando ele ia abrir a boca para protestar, eu simplesmente dei de ombros indignada e saí da cozinha vendo Luke com as mãos na cabeça.

— Você não sabia o que fazer, Luke, a culpa não é sua.

Não ouvi seu agradecimento.

Apenas saí correndo.

Ashton precisava de mim.

***

— Se sente melhor? – perguntei lambendo meu sorvete.

Ash encarava uma árvore fixamente.

O parque era amplo. Várias crianças corriam com seus animais de estimação e casais apaixonados faziam piqueniques no gramado cercado de árvores.

— Tentando ignorar a realidade? Nem um pouco... – ele deu de ombros.

— Tem certeza que não quer sorvete? – ofereci.

— Tenho. – Ashton respirou fundo – Você tem ideia de como é saber que sua amiga na verdade é sua irmã? Isso explica tanta coisa...

Ele batia em sua própria testa e eu apertei seu ombro.

— A primeira vez que vi a Lay foi no aeroporto... Eu achei ela tão familiar... E quando a vi na Vox eu... Oh! Céus! Por isso tive vontade de contar toda a minha vida pra ela... Nós já sentíamos, só não sabíamos!

Eu lembrei como cheguei a achar que tinha rolado um clima entre eles.

— Pense pelo lado bom... Você e Lauren são a única família da Lay agora...

— Eu só... O Gregory é um canalha... Quero dizer, eu sabia que meu pai era, mas desse jeito...

— Eu sinto que ainda não sabemos tudo. – murmurei.

— Eu também. – ele admitiu – O que vai ser agora? Ele tem outros filhos?

Puxei Ashton para um abraço de consolo.

— Obrigada por está aqui, Nam... – ele sussurrou contra meu pescoço me arrepiando.

Ash percebeu, pois abriu um sorriso e plantou um beijo na minha pele me fazendo recordar que Michael fez a mesma coisa na véspera de natal.

— De-de nada. – disse passando a mão por toda a extensão da sua costa.

Nos afastamos apenas o suficiente para nos encararmos.

— Não sei se a Layse te contou, mas eu tenho uma queda, ou melhor, um abismo por você.

Arregalei os olhos e xinguei minha amiga mentalmente por não ter contado.

— Eu não sei beijar. – soltei e corei ao extremo.

Ashton abriu um sorriso.

— Quer dizer... – fechei os olhos – O Mike me ensinou, mas...

Não pude terminar, Ash colou nossos lábios.

Minhas mãos foram parar em sua nuca instantaneamente, mas ele não aprofundou o beijo.

Com a boca colada na minha questionou:

— Quer namorar comigo?

— O quê? – arregalei os olhos – É sério?

— NÃO! VOCÊ NÃO VAI NAMORAR COM A NAOMI! – ouvi a voz de Mike e virei assustada.

De pé, Luke e Michael se encontravam bem na nossa frente e eu nem sequer tinha notado. Pela cara de Ash, ele também não.

— Por que não Mike? – levantei chateada – Eu sinceramente não entendo... Só você pode ser apaixonado e eu não?

Ash se levantou e me cutucou como se quisesse que eu me calasse.

— Hein Mike? – continuei pouco me importando como eles tinha chegado aqui.

— Você não vê? – ele murmurou fazendo uma careta.

Quase me comovi.

— Eu vejo muito bem você querendo mandar em mim. Por que essa obsessão? – cruzei os braços tentando entender - Ah! Meu Deus!

Coloquei a mão na boca com a mente clareando.

— Você... Você... – tentei perguntar.

— Eu sempre te amei, Naomi, mas você nunca me deu bola... Claro, eu só sirvo para te ensinar as coisas. Não é? Eu ouvi. Você disse que eu te ensinei... Foi pra isso. Não foi?

— Mike, me desculpa. – sussurrei envergonhada dando um passo a frente – Eu não... A Lay tinha razão.

— Todos tinham... Todos percebiam... Só você não... – ele choramingou – Porque você nunca quis vê.

— Eu...

— Dane-se, Naomi. Eu cansei! Não estou nem aí! – ele abriu os braços e friamente continuou – Agora podemos falar sobre a Lay?

— O que tem ela? – Ashton perguntou desesperado demais.

— Ela já sabe. – Luke finalmente falou.

— Sabe o quê? – perguntei torcendo para que não fosse o que eu pensava.

— Do Gregory e do Ash... – Mike falou sem me encarar.

— Mas como? – franzi o cenho.

— Seus pais sabiam de tudo... E agora é de manhã no Brasil, então esperaram ela tomar café e contaram. – Luke parecia tão agoniado quanto eu.

— Luke, nossa amiga está bem?

— Ela está tentando entender tudo. – ele explicou – Teve um ataque, mas o Calum conseguiu acalmá-la.

Assenti sentindo os olhos arderem.

Queria está com ela, garanti que ela está bem.

Só notei que Luke, me abraçava quando ele começou a soluçar.

Ele visivelmente estava pior do que eu...

— Calum me ligou porque ela estava chorando e não sabia o que fazer... – disse chorando sem me soltar.

— Por que ela não me liga? – perguntei sentindo as lágrimas caírem.

Eu já estava incomodada com isso. Apenas Calum falava com o Luke e eu não conseguia entender o motivo da Lay não falar comigo...

— Ela vai ficar bem. – Luke garantiu passando a mão na minha costa – Vamos cuidar dela. Ok?

Assenti e ficamos abraçados por mais um momento.

Quando nos afastamos, consegui ouvir Mike dizendo para Ashton:

— Está tudo bem, não estou com raiva de você. Na verdade, eu te entendo. Cansei de ser otário.

Encarei passando o olhar de Ash para Michael. O primeiro estava feliz pelo amigo não está chateado e o outro nem me encarava.

— Mike... Eu... – tentei falar.

— Eu não quero saber, Naomi. O foco agora é a Layse.

— Como ela reagiu ao saber que sou ir-irmão dela? – Ashton questionou.

— Ela ainda não conseguiu pensar sobre isso. – Luke disse – Mas... Antes do pai da Nam ligar avisando o que aconteceu com a mãe da Lay, eu estava contando para ela sobre o Gregory.

— Como assim? – franzi o cenho – Ela já sabia?

— Eu só disse que você era filho do...

— NÃO FALE. – Ash disse chateado – Eu quero ligar para ela.

O vi pegar o celular e discar alguma coisa.

— DROGA! – ele esbravejou fazendo uma careta – Por que ela não atende?

— Eu vou tentar. – anunciei.

— Eu ligo para o Calum. – Luke disse.

Michael estava com os braços cruzados encarando um casal se beijando perto de uma árvore. Vi o menino respirar fundo e em seguida me olhar gélido.

— Caixa-postal. – anunciei com voz falha guardando o celular no bolso.

— Cal? Ela já parou de chorar? – Luke perguntou no celular – Ah! Graças à Deus. Ela quer falar com o Ash?

Ashton deu um passo a frente em expectativa.

— Desculpa... – o Hemmings pareceu arrasado – Ela não consegue falar com você.

Ash assentiu pesaroso e Mike deu umas batidinhas na costa dele.

— E comigo? – questionei.

Luke perguntou e logo passou o celular para mim.

Só notei está tremendo quando falei:

"La-ay."

"Nam", ela murmurou do outro lado da linha.

"Você..."

"Estou bem", ela afirmou com a voz trêmula, "O Cal disse que você e Mike se beijaram"

Claramente ela não queria falar sobre a mãe.

"Se você soubesse tudo o que aconteceu..."

"Os horários são confusos... Calum me contou depois da meia-noite aqui, então devia ser de manhã aí quando se beijaram. Certo?"

"Foi... Aconteceu tanta coisa..." , disse para ela.

"Sim... Eu... Você já sabe?", Lay choramingou.

"Da sua mãe ou do..."

"Dele mesmo. Qual a possibilidade do ex-namorado da Sra. Hemmings ser meu..."

"Eu acho que ele se aproximou dela por causa de você... Talvez estivesse te investigando...", falei o que já desconfiava.

"Mas por que ele deixou tão óbvio as fotos do Ashton?", ela questionou.

"Porque ele escondeu tudo sobre você e não sobre Ash... Luke não era amigo do Ashton antes... E ainda assim, a foto estava escondida tanto no álbum, quanto no quarto".

Ao ouvir seu nome, Ashton me encarou desesperado.

"Me desculpa por isso, Lay...", pedi.

"Pelo o quê?", pude a ouvir perguntando.

Entreguei o celular para Ash e ele assustado disse:

"Layse?"

Vi os olhos de Ashton ficarem vermelhos.

"Lay, eu...", ele parou de falar e olhou para o celular.

— Ela desligou? – Michael perguntou para Ash.

Ele assentiu e com raiva, me entregou o celular para depois sair andando.

— Ei, cara. Calma. – Mike falou andando atrás do amigo.

— CALMA É O CARAMBA! MEU PAI É UM IDIOTA AINDA MAIOR DO QUE PENSEI QUE FOSSE E MINHA IRMÃ ME ODEIA!

— Ela não te odeia! – defendi.

— Então ela o quê? – ele se virou me perguntando.

— Está sendo tão difícil para a Lay quanto pra você. – Mike me ajudou.

— Ela achava que pai dela era outro homem e tinha morrido. De repente, acontece a mesma coisa com a mãe dela e depois ela descobre que tem dois irmãos e o verdadeiro pai está vivo... Tente entender. – Luke despejou de uma vez.

— Eu só... Só preciso ir para casa... – ele disse e saiu correndo.

Eu dei um passo a frente pronta para ir atrás dele.

— Não. – Mike me segurou pela cintura sem me olhar – Deixe ele ir sozinho dessa vez.

E foi o que eu fiz... Deixei ele ir...

— Calum mandou mensagem dizendo que eles voltam amanhã. – Luke anunciou.

E novamente, me senti impotente... A única coisa que me restava era esperar.

[...]


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