E aí cara? Como estão as coisas aí em cima? Por aqui está tudo bem, e eu espero que ai também esteja... Eu tenho uma novidade pra contar, adivinhe Fred? Eu vou ser papai, irmão! Você consegue acreditar nisso? É eu também não consigo. Eu queria tanto que você estivesse aqui, pra dividir isso tudo comigo. Eu havia lhe prometido que você seria o padrinho, mas o que eu faço agora? Você lembra-se de quando éramos mais novos e conversávamos sobre nossas futuras crianças? Sobre os nomes que iríamos por neles? Eu teria um Fred e você teria um Jorge, queríamos um time de quadribol inteiro e é claro que todos eles seriam excelentes jogadores afinal eles seriam Weasley não é mesmo? Porém eu não penso mais em ter um time de quadribol, até porque qual seria a graça de ter um time se você não estaria aqui pra ser o treinador comigo, pra ver qual de nós iria ganhar?

Sabe irmão, descobri que meu bebê é uma menina, uma garotinha, minha princesa. Eu estava pensando em colocar o nome da nossa mãe, o que acha disso? Molly Weasley II. É um grande nome não é? Espero que você goste. Lembra-se de todas as vezes que discutimos pra saber quem casaria primeiro? Até que chegamos à conclusão que faríamos isso juntos. Mesmo dia, mesmo lugar e para a gente estava claro que realmente iríamos fazer isso na companhia um do outro, mais uma etapa de nossas vidas como todas as outras que tínhamos completado. Mas nós não conseguimos, quando eu casei você não estava lá comigo.

Você não está mais ao meu lado desde aquele maldito dia, aquele maldito do em que você se foi. Você me deixou, você se foi com a guerra. Eu nunca acreditei que pudesse odiar tanto alguém, nunca pensei que sentiria tanto ódio como senti pelos comensais naquele dia, como o ódio que sinto até hoje. Logo eu que você sempre acusou de não conseguir odiar ninguém, porém eu odeio. Eu os odeio com todas as minhas forças. Eu os odeio simplesmente por tirarem a pessoa que eu mais amo, mais amava de mim, por te levarem pra longe. Porque por causa daquele desgraçado houve tanta destruição, graças a todos eles aconteceu à maldita guerra que te tirou de mim.

Sabe Fred, no começo eu não conseguia nem mesmo me olhar no espelho, eu quebrei todos os espelhos da nossa casa e da nossa loja, eu não suportava a dor de te olhar sempre que via meu reflexo, te ver e saber que não podia falar com você, eu não via mais meus olhos, por baixo daquela camada de desespero, tristeza e angústia eu via os seus. Não conseguia rir, porque até mesmo rir me lembrava de você, me lembrava da sua risada estrondosa onde quer que estivesse.

Em algum momento eu comecei a fingir que estava melhorando, mesmo que a dor ainda me consumisse, mesmo que a dor só piorasse ao passar dos dias. Pelo bem da mamãe e do papai eu tive que fingir estar melhor já que eles estavam cada vez mais preocupados. Eles achavam que eu estava doente, pense só! Logo eu? Doente hahaha. Só porque eu não tinha a capacidade de comer e nem ao menos levantar da cama, pra que higiene servia não é mesmo? Mamãe ficou com medo de me perder também sabe? Perder nós dois acho que seria de mais pra ela, então ela decidiu pedir ajuda para todos os nossos amigos já que eles também estavam ficando preocupados. Eles iam me visitar, todo dia alguém diferente, todos os dias Ginna tentava, mas eu nunca queria ver ninguém e apenas os mandava embora.

Mamãe achou que eu me deixaria levar pela tristeza e por um momento eu também achei, eu queria ter me deixado levar. Eu queria ter ido te encontrar, mas tive que ser forte. Tive que ser forte pelos nossos irmãos, pelos nossos pais. Eu não fui capaz de aumentar a dor deles dessa forma, mesmo sabendo que seria mais fácil acabar com minha própria dor saindo deste mundo e indo atrás de você, mas o quê você iria pensar de mim? Apenas que eu não passo de um covarde por não conseguir resistir a dor, mas somos leões, a casa da coragem. Então depois de um tempo que eu não faço ideia de quanto durou, decidi voltar a viver de verdade para te orgulhar, ou melhor, tentar.

A cada momento eu me lembro das nossas risadas, das nossas brincadeiras. Lembra-se de quando fomos pra Hogwarts pela primeira vez? Quando encontramos o mapa do maroto? E quando levamos nossa primeira advertência? Mamãe quase nos deixou surdos com aquele berrador e olhe que agora eu realmente não tenho uma orelha. Quando fomos a Hogsmeade escondidos pela primeira vez? E lembra aquela vez em que tentamos burlar o cálice de fogo, da poção envelhecedora? 

Irmão, eu sinto tanta falta de sorrir de verdade como só você me fazia sorrir, falta de brincar com todo mundo e ser a fonte dos risos e das piadas. Mas agora quando eu penso em algo engraçado eu olho ao redor a sua procura, mas quando não te encontro lembro que você não está mais aqui para compartilhar esse momento comigo, nunca mais estará. E o meu sorriso morre, você não faz ideia de quantas vezes eu já passei por isso desde que você se foi, mas eu juro que estou me esforçando Fred, por você e pela minha pequena Molly. Eu quero te orgulhar, quero conseguir sorrir de verdade por você e viver o que você sempre quis que eu vivesse com você e com nossas famílias, nossa família.

Eu prometo a você que serei um bom pai, que contarei todas as nossas histórias e vou transformar minha princesinha em uma verdadeira marota, assim como nós fomos. Quando eu ensinar a ela como jogar quadribol, irei lembrar-me de você, na verdade, eu não consigo te esquecer.  E eu não vou deixar você ser esquecido, até porque isso é impossível, porque você sempre foi parte de mim e vai continuar sendo para sempre. E quando eu te encontrar, vou te contar tudo o que aconteceu aqui enquanto você esteve longe.  Eu só espero que eu possa te ver logo e que  isso não demore tanto.