SÁBADO, 29 DE ABRIL; 10:16 AM

A garota loira estava debruçada na janela encarando a rua enquanto fazia uma chamada de vídeo com o namorado e olhava esperançosa para ele através da tela.

—Ai, Farkle... É tão torturante esse trabalho! Vou ter que me encontrar com ela de novo hoje a tarde e não estou nem um pouco a fim.

—Calma. Você precisava dela pra fazer o projeto e ganhar, no fim vai dar tudo certo.

—Assim espero... - A menina bufa e cruza os braços se jogando em cima da cama - Mas então, viu a foto que te mandei? Reconhece aquele nome?

—Não... Eu não me lembro. Deveria? Ter certeza que já ouviu antes?

—Acho que sim. Mas não sei de onde... Preciso me lembrar.

Maya coloca o travesseiro sobre a cabeça e tenta ao máximo puxar lembranças daquele tutor de algum lugar, porém não consegue encontrar nada apenas mais dúvidas e perguntas sem respostas. Então, ela continua conversando com o namorado por mais alguns minutos, até ter de ajudar sua mãe a preparar o almoço e mais tarde encontrar com Riley no Topanga's para o projeto.

SÁBADO, 29 DE ABRIL; 03:43 PM

Logo que, chegou na padaria notou que a morena estava sentada com um computador no colo e começando a montar o vulcão. Maya se jogou ao lado dela e esperou que desse as instruções para ela poder ajudar.

Depois de passarem uma hora e meia trabalhando naquilo, finalmente estava dando resultado. Estava ficando bastante parecido com um vulcão, uma massa que lembrava argila bastante modelada e algumas gramíneas em volta, onde ficariam as aldeias.

—Até que não está nada mal para o segundo dia. Precisamos fazer dois vulcões para testarmos em um primeiro. Esse aqui está quase pronto... Amei sua letra, Maya! Já deixei tudo pronto, sabe a parte escrita.

—Valeu, ahn... Ta ficando bem legal mesmo. Parece um vulcão de verdade, mas... Adormecido - A loira encara o molde e depois compara com um vulcão ativo, ao qual sairia fumaça e teria lava aparente, diferente do delas.

—Ainda não está pronto... Mas logo vai estar.

Maya assenti com a afirmação da morena. Então, a loira olha ao redor e seu estômago ronca levemente quando ela se depara com alguns bolinhos em cima da mesa.

—Bom, vou pegar um bolinho de chocolate, quer alguma coisa?

—Hum, quero um chocolate quente e... Bolinho de baunilha, por favor.

A morena afirma sem tirar os olhos do computador e a loira concorda caminhando até o balcão para pegar as comidas. Depois de alguns minutos, ela volta e se senta com a garota novamente e lhe estende um dos bolinhos e uma caneca, e é então que ela percebe que Riley estava revirando algumas páginas do seu diário e ela fica bastante curiosa e tenta observar também, mas a morena se vira para ela bruscamente e pelo susto acaba derrubando o caderno no chão.

Maya se abaixa e o segura, mas assim que vai entregá-lo à Riley percebe que tem uma coisa estranha. Ela franze o cenho e abre em uma página aparente, então, se depara com algo que a deixa extremamente surpresa.

—Espera... O que é isso?

Riley cora e tenta puxar o diário de volta, só que ela o detém.

—S-sou eu? Essa sou eu! Quando criança! Como tem essas coisas?

—M-maya... Eu posso explicar... E-essa é você, mas... E-essa sou eu também - Ela aponta para uma garotinha morena sentada em um banco de praça junto de uma garotinha loira.

—O-o que? Espera, não pode ser... - Tudo começa a fazer sentido e algo surge na cabeça de Maya e ela recua um pouco - V-você?

Então, ela analisa as páginas abertas e nota algumas informações sobre ela escritas em uma das páginas com outra foto dela e na outra folha, com letras grandes e escritas por caneta roxa foi possível ler MAYA PAPAYA E RILEY SMILEY. A loira tapa sua boca com as mãos e depois joga o diário sobre a mesa e se vira para Riley sem reação. Surpresa e nostálgica.

—Riley Smiley? - A morena assentiu - Desde quando você sabe?

—Maya Papaya... - A garota à frente da loira solta uma leve risada - É engraçado dizer isso agora, não é? Bom, eu sei que você é minha melhor amiga de infância desde... Umas duas semanas. Eu já lembrava do seu nome... Mas não conclui e nem percebi que era você até ver uma foto no celular do Lucas, era uma foto de vocês dois e Farkle, mas numa época em que ainda não namoravam e você estava muito parecida com a minha melhor amiga... Foi aí que caiu a ficha.

—Mas a Riley, quer dizer, você morou em New York desde sempre... Espera, agora faz sentindo. Aquele nome... O seu tutor.

—Que nome? - Riley olhou para ela confusa.

Foi naquele momento que Maya entendeu tudo. Ela reconhecera aquele nome, Riley, no primeiro dia quando Lucas lhes apresentara. Achara familiar. Agora ela sabia que era porque a garota que ela pensara roubar seu namorado e estar invadindo a sua vida era na verdade a melhor coisa que lhe aconteceu. Elas eram melhores amigas. Confidentes. E ela achou que durariam para sempre, mas a garota sempre estava assustada e parecia perturbada algumas outras. Ela tinha medo do seu tutor e um dia ela simplesmente desapareceu e deixou Maya preocupada e com saudades. Riley a chamada de Papaya e Maya de Smiley. Eram seus apelidos carinhosos.

—É que... Eu sem querer li um recado para seu tutor e sabia que você é adotada porque eu meio que li as coisas na sua bolsinha outro dia... Desculpa... Eu não devia.

—Ah, o que? Essa é a Maya rebelde de quem conheci... Tudo bem, mas por favor, mantenha em segredo. Não fale para ninguém.

—Palavra dita! - Ela levantou a mão e a morena completou dando a mão para ela como costumavam fazer.

—Palavra dita.

Elas se entreolharam. Era uma reação estranha se reverem e depois de tanto tempo. Elas se sentiam contentes e surpresas. Não sabiam no que pensar, mas com certeza lembravam muito bem como haviam chegado até ali e estavam um pouco inseguras, porém Maya queria saber tudo que acontecera com Riley até ela chegar ali e Riley também queria pode compartilhar com ela. Ela queria abraçá-la. A casa de Maya fora seu lugar seguro. Ela sente muita falta.

FLASHBACK ON

Uma garotinha de cabelos loiros caídos no rosto estava sentada em sua cama chorando sobre os joelhos. Ela vira seus pais brigarem e dessa vez eles ultrapassaram tudo e ele finalmente fora embora de vez. Deixando Maya e sua mãe sozinhas e por conta própria. Ela se sentia abandonada.

O choro dela mesmo abafado ecoou através da janela aberta e uma outra garotinha que estava correndo pelo bairro escutou e se sentiu atraída por ele. Ela debruçou na janela e encarou a pobre loirinha.

—Olá...

—Ahn? - A menina se virou assustada e gritou fazendo a outra gritar também - Ah!!!!! Quem é você?

—Desculpa... Calma. Sou Riley.

—Riley? Tipo Smile?

A garota morena sorriu para ela.

—Seu sorriso é fofo. Vou te chamar de Smiley - Ela riu deixando um pouco as lágrimas de lado.

—Okay... E você?

—Sou Maya.

—Papaya. Vou te chamar de Papaya - Ambas riram e a loira foi até a janela para perto dela.

—O que Ta fazendo aqui?

—Eu te escutei chorando... E quis ver se estava bem.

—Bom, meu pai foi embora. Sou apenas eu e minha mãe agora... - A menina tentou não chorar mais e mordeu o lábios inferior.

—E eu. Quer ser minha amiga?

—Amigas? Nunca tive amigas antes... Tudo bem, vou amar ser sua amiga. Mora por aqui?

—Não... Eu estava fugindo.

—De quem?

A morena debruçou-se e pulou através da janela para dentro do quarto da garota.

—Que quarto lindo... E-eu tava fugindo do meu tutor, mas não vamos falar sobre isso. Você tem sorte de ter uma mãe... Eu não tenho ninguém. Mas não conte para ninguém que estou aqui, por favor.

—Agora você tem a mim. E pode deixar. Esse será seu esconderijo. Nosso esconderijo. Palavra dita!

Ambas sorriram e Maya estendeu a mão pela qual Riley tocou e elas sentiram uma energia forte vinda daquele contato. Daquela nova amizade que estava surgindo.

—Palavra dita - Riley, por fim, finaliza.

FLASHBACK END

Desde aquele dia elas sentiram que podiam contar tudo uma a outra. Todos os dias naquele quarto elas podiam se completar e se manterem seguras uma com a outra. Elas desejavam que nunca mais se separassem, infelizmente, algo mais aconteceu e arruinou tudo. Todavia, o destino as uniu novamente e isso era prova de que o universo as queria juntas e unidas.

Essa era a volta de Rilaya.