Clown Town escrita por P B Souza


Capítulo 10
Hell Won't Burn Forever


Notas iniciais do capítulo

Porque o fim precisava chegar, eu lhes entrego o último capítulo!
Boa leitura. E nas notas finais tem uma leve surpresa xD



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Joshua, um garoto de dezoito anos. O pai, um beberrão, morreu em um acidente. Mas Josh nunca acreditou nisso. Sempre soube que o pai causou a própria morte. Mas por que? Por não ter conseguido salvar um amigo. E agora Josh tinha seu primeiro amor verdadeiro morta em seus braços. Ele havia falhado, incapaz, tal como seu pai.

Mas podia se vingar.

Ainda de joelhos no chão apoiou a perna boa para se levantar, girando 180° graus com o revolver na mão. Se não podia salvar Maise, vingaria sua morte, só precisava puxar aquele gatilho...

O fez, virou-se em fúria para encarar a risada que surgia nas suas costas, mas antes que pudesse erguer o braço para mirar algo lhe atingiu na cabeça, jogando-o contra o chão com força e velocidade.

Do outro lado o palhaço careca bateu com a pá contra a cabeça de Joshua.

O garoto caiu e com o impacto sentiu sangue se espalhar por cima do céu da boca. Sentiu-se como se fosse afogar. O sangue quente escorreu pelo seu nariz. O revolver escapou-lhe os dedos. Ele tentou engatinhar, rastejar, esticar-se, mas o corpo não respondia aos desejos. Só conseguiu olhar para seu algoz enquanto toda sua visão escurecia pelas bordas e a dor da pancada na cabeça sumia. Tudo sumia.

Um clarão. Um tiro. Isso ele tinha certeza. Fora um tiro. Foi em mim? Eu estou morrendo?

E foi quando tudo se tornou trevas e Joshua não sentia mais. Não sentia dor, tristeza, amor. Não sentia nada!

...

— Joshua. — A primeira coisa que ouviu foi a tão familiar voz. Mãe.

— Mãe. — Disse, ainda de olhos fechados enquanto tremia. Sentia suas pernas e braços tremendo em espasmos musculares que não podia controlar. E então a mão de sua mãe segurou as suas, mantendo-o firme na cama. — Mãe, você está viva.

— E você também. — A voz era de quem havia chorado. Muito!

Josh teve de ser examinado assim que acordou. A enfermeira chamou o doutor, e o médico executou testes dos mais diversos. Ele havia dormido por dois dias inteiros e sua mãe saído de seu lado apenas para ir no banheiro. O xerife fazia três visitas diárias para trazer comida para a mãe de Josh, que se recusava a deixar o leito do filho. Além disso, sua cabeça tinha uma grande cicatriz e não havia mais cabelo. Raspado para a cirurgia. Uma rótula deslocada e um ligamento rompido, concussão com traumatismo craniano acompanhada de baixa oxigenação cerebral que, disse a enfermeira, poderia trazer complicações no raciocínio no futuro. Agora serei um retardado.

Mesmo assim, quando teve oportunidade, Josh tentou se levantar só para ser impedido pelas próprias dores.

— Você dormiu por dois dias. — Então disse o homem que entrava no quarto. — Não seria mais inteligente comer primeiro?

Era o xerife Nicholas Anderson. Pai de Jerome, o menino que morrera no começo da semana. Só então, quando Josh pensou no menino que morrera, que se lembrou de Nancy, e depois de Octavia e Trevor e de Kyle, Rebeca, Oliver, Fernando, Angelina, Maise Suzane, Oficial Henry, Diana, Ron...

— Maise. — Perguntou por ela, só ela importava.

O xerife olhou para Josh com tristeza nos olhos.

— Eu menti para ela. — Josh bufou, se sentando na cama do hospital. — Ela pensou que podia confiar, que eu ia proteger ela. Igualzinho meu pai.

— Achei que gostaria de saber como tudo acabou. — O xerife, disse, ainda parado na porta. — Eram três palhaços. Estão os três mortos. Não possuem registros na cidade, digital, facial, endereços, nada. Mandamos para o FBI os corpos. Vamos ver o que volta. Sobre Nancy, encontraram os pertences dela no trailer em Fall Harbor e restos que podem ser dela na cidade vizinha, levado pelo rio.

— Kyle estava em Fall Harbor, na segunda.

— Ele e outros 4. Todos morreram queimado dentro do trailer, menos Angelina, que foi alvejada duas vezes. Uma na perna para imobilização e outra na cabeça.

— Angelina ligou para Diana na delegacia. — Josh se lembrou. — Ela ligou para a polícia enquanto seu namorado e seus amigos queimavam em um trailer!

— Todos tentamos o melhor que pudemos.

— Menos a polícia pelo visto...

— Perdemos homens também.

— Me poupe. — Josh apontou para fora do quarto. — Já contou o que aconteceu. Pode ir embora, xerife.

— Joshua. — Sua mãe, que tinha deixado o quarto momentaneamente, pois Josh já tinha acordado, havia retornado, e pegou o filho no flagra em sua malcriação.

— Está tudo bem, senhora Rickman. — O xerife disse olhando para a mãe de Josh. — Espero que a vida de todos retorne ao normal. Melhor das fortunas para você e seu filho.

— Xerife. — Josh chamou então. — Você não explicou o final da história. Ele me deu uma pazada na cabeça. E então?

— Quando Charles foi atrás de min, eu estava na praça com a família do menino que fora envenenado. Os pais espancaram o palhaço até a morte. Depois disso vasculhamos os arredores enquanto a escolta levava a mãe de Maise para a casa dela. Então vimos a fumaça. Uma queimada, pensamos. Mas logo passaram o rádio. Alguma coisa estranha em Fall Harbor. Nós fomos para lá, mas quando chegamos não encontramos nada. Então me ligaram no número privado, uma vizinha disse que um palhaço tinha invadido a delegacia, com armas, e estava atirando. Eu cortei caminho pelas pontes do rio no bosque para o lado da prefeitura. O beco que liga a delegacia à rua tem acesso direto ao bosque, é por onde cheguei seguindo os rastros frescos de alguém com sapatos enormes. — O xerife abaixou a cabeça. — Eu perdi meu filho essa semana. Para essas criaturas. Você está se sentindo impotente, criança. Mas vai passar. Você vai amar outras mulheres, eu não vou ter outros filhos! Eu cheguei tarde, tarde para salvar sua amiga, meu filho, e todos os outros. — Então o Xerife Anderson puxou seu distintivo. — Talvez eu não mereça isso no fim das contas! — E soltou a peça de bronze que bateu contra o carpete com um som seco que emudeceu depressa.

Sem mais ele se virou e deixou Josh ali pelo resto do dia até a alta.

Joshua não via conforto na demissão do xerife, ou em seu discurso. Desejava-lhe sofrimento como ele estava sofrendo, e sabia como isso era ruim, mas não se importava.

Quando deixou o hospital com sua mãe pensou que a vida em Birchville continuasse normal, mas a cidade inteira havia parado para acompanhar com olhos de abutres asa desgraças que haviam perpetrado a vida de todos. As ruas desertas pareciam fantasmagóricas e a antes viva cidadezinha era agora um lugar frio e pouco amigável, longe de ser o que antes fora. Nem mesmo o sol vinha brilhar. Algo havia mudado na cidade, algo havia mudado para pior, e não era momentâneo ou apenas resquício do terror. A cidade estava mudada.

Antes de chegar em casa, porém, passou pela escola, pois era caminho. E parou para ver o memorial para as vítimas. Encontrou quadro de todos os que morreram, mesmo os que não eram daquela escola, como o menino Ron que morreu por envenenamento com sorvete.

Josh estava em pé na frente das flores e dos retratos deixando uma lagrima escorrer quando a diretora Shaylisse veio ao seu lado.

— Como psicóloga sempre vi psicopatas como homens com objetivos definidos que não podem ser comprados, barganhados ou trocados. Os jornais e a polícia e as pessoas têm buscado motivos mirabolantes para o que aconteceu aqui, drogas, órgãos, tráfico, agiotagem, cultos para uma divindade ou um demônio. É verdade que sempre precisamos... de culpados. Mas às vezes a culpa é algo simples, não? Psicopatas buscam objetivos claros, padrões pré-estabelecidos, metas. Não é reconfortante, eu tenho certeza. — Ela disse para Josh, olhando-o de forma carinhosa. — Mas a verdade nunca vem para confortar. Às vezes esses desastres não significam nada além de loucura. Sem recompensa, sem ganhadores...

— Seria melhor que tivessem ganhado algo no final. — Josh disse olhando o chão, então, com frieza, ergueu os olhos e encarou a diretora Shaylisse. — Ao menos assim a morte não seria tão vazia. Vazia como a vida!

— Talvez seja hora de encontrar um novo sentido para sua vida. — Ela disse.

Silêncio. A diretora encarou Josh por um momento, então ele anuiu para ela, se virou, e seguiu seu caminho para o carro que levaria ele e sua mãe até em casa.

Percorreu o caminho em silêncio e quando entrou em casa não se sentiu em casa. Olhou ao redor, sala, cozinha, escada. Tudo estava igual, mas tudo havia mudado. Sem falar nada com sua mãe apenas subiu as escadas.

— Seu quarto está arrumado. — Ela disse em uma tentativa vazia de iniciar conversa.

Josh subiu os degraus até alcançar seu quarto e se trancou lá dentro. Olhou o próprio reflexo no espelho do guarda-roupa. Você deixou ela morrer! A voz ecoava em sua mente, como um lembrete de seu fracasso que ecoaria para sempre.

Não havia bebida em sua casa, seu pai era um beberrão, e desde sua morte nunca mais entrara álcool naquela casa. Agora, porém, Josh queria beber, beber até não se lembrar do motivo de se culpar. E então entrar no carro, e sofrer um acidente.

Só queria isso!

Só merecia isso!

Mas, como sempre, o mundo discordava de seus planos.

E o futuro reservava-lhe algo maior.

Muito maior!


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Notas finais do capítulo

Bem, como sempre faço quando acabo uma história, gostaria de agradecer quem leu até aqui, vocês são fod@!!!
E dizer que acabou, mas não acabou!
>>>
The Purge of Brichville
Sinopse:
A então pacata Birchville viveu, há pouco, dias de terror quando a Gangue dos Palhaços chegou à cidade trazendo morte e terror para seus habitantes. Após o trágico desfecho todos estavam chocados e descontentes. E então, no ano seguinte, é eleição!
E o prefeito não quer perder seu cargo, mas sua reputação dado a falta de ação no ano anterior não ajuda sua já fraca campanha e o divórcio em andamento piora tudo.
Então uma nova onda de assassinatos começa, e Birchville volta a viver em terror. Mas algo é diferente dessa vez! Dessa vez não são palhaços. Antes fossem. Dessa vez, dizem, são bruxas!
...
Isso é um projeto para o futuro. Mais 10 capítulos para uma nova história e um Josh amargo e carrancudo obcecado e traumatizado.
Bem, espero que tenham gostado da história.
Fantasmas, é a chance de vocês se revelarem, nem que para um "oi". xD
Não direi até o próximo capítulo, mas até qualquer fanfic por ai né! :)



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