Sonja

Enquanto garotas estúpidas de dezessete anos escolhem seus vestidos para o baile de verão, Sonja faz o seu primeiro roubo a uma loja de bebidas na fronteira de duas cidades paradas no Texas. Ela tenta fazer com que o roubo seja apenas uma escolha dela, ela quer fazer isso, ela quer deslizar o metal gelado da arma e pressionar sobre a testa suada do vendedor, ela quer deslizar as notas de cinquenta nos bolsos das suas calças pretas justas, e quer gritar para a cidade toda que ela é mais do que a garotinha de dezessete anos que faz desenhos nas aulas, e leva suspensão há cada duas semanas.

Mas Sonja não pode fingir isso, ela não pode fingir que seus dedos não estão tremendo ao segurar a arma, e que as notas nos seus bolsos pesam mais do que qualquer coisa que ela já tenha segurado entre os dedos. Sonja quer fingir que as escolhas que ela está fazendo nesse momento são apenas por ela, e não pelo rapaz de cabelos pretos e barba amontoada no rosto jovem.

Ela acha que aos dezessete anos encontrou o grande amor de sua vida, que eles seriam felizes em qual escolha eles fizessem em suas vidas, que eles poderiam entrar em um carro preto, e dirigir em direção ao grande pôr do sol, enquanto The Clash toca alto no rádio.

Mas Sonja sabe, porque ela pode ser jovem, mas ela não é uma garota burra, que pensar desse jeito seria um grande erro, e pressionar aquele gatilho em direção a cabeça de outra pessoa enquanto seus dedos tremem é um erro maior ainda.

(Sonja descobre anos mais tarde que, sim, ela sempre terá um fraco para homens de cabelos pretos, barba amontoada em um rosto, e uma arma presa na cintura).