Undertale - O Início escrita por FireboltVioleta


Capítulo 7
Chamas




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Os monstros se tornaram submissos ao pânico. Ficaram desesperados em fugir, com pais agarrando suas proles nos colos para poderem sair do acampamento antes que o incêndio se alastrasse por toda a madeira, mata e material incendiável e, eventualmente, os matassem. 

Desgore ficou em choque. Realmente não sabia o que tinha feito para a raça nutrir tanto ódio assim das famílias de seu reino que, até então, era pacífico e de uma beleza magnífica. Talvez, fosse inveja. Ou, em poucas chances na sua concepção, simples vontade de exterminar os concorrentes pela superfície. 

Algumas mães gestantes tropeçavam entre as corridas, estatelando-se junto aos filhos em seus colos. Não tinham oportunidade de fuga após a queda, pois os humanos cravavam suas lanças no tórax até afundar a lâmina acentuada na terra, banhada em sangue e poeira cintilante que esvoaçava aos poucos. 

Os adultos que sobravam, homens no geral, se mantiveram no acampamento improvisado, protegendo as pessoas que estavam em abrupto estado de choque para se moverem. 

— Vão, vão, vão! — gritavam os restantes, indicando caminho para os monstros que sobravam. 

O sangue espirrava dos corpos destes “guardiões” que, sem armamento ou quaisquer vestimenta de proteção, morriam facilmente. Corajosamente estavam acudindo seus amigos e familiares, praticamente assumindo o que a Guarda Real — seriamente comprometida — não fazia desde a queda do império dos monstros. 

A estrada que todos os fugitivos seguiam era monotrilha, guiando-os até um único caminho que não aparentava indiciar boas coisas: um antro gigantesco no solo térreo, com espinhos no fundo, ostentando vários cadáveres em composição grudados nos objetos naturais pontudos. 

— Vamos, pessoal! — chamou Toriel, caminhando ao lado de Asgore pela ponte bamba e torta que ameaçava ceder. 

Os monstros se apressaram em sair, pois os que se mantiveram na aldeia eram exterminados pouco a pouco pelas balestras, tombando no chão com um rastro fétido de sangue, e, algumas vezes, crânios esféricos e espantados rolando pelo solo. 

Toriel não aguentou ver aquela cena. As chamas consumindo o lugar e os gritos sendo audíveis o suficiente para todos ouvirem ao longe, implantando pavor. O terror era instaurado naquele povo, que era muito para alguns aguentarem, então saltavam da ponte e se suicidavam para não conviverem com aquela dor horrível de ter os parentes assassinados por motivo algum.

Asgore sabia que isso devia ser uma sensação horrível para a frágil Toriel. E, em um gesto carinhoso e compreensível, acalmou a parceira com um abraço amoroso. 

— Tudo vai ficar bem... — suspirou. — Tudo. 

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A aldeia estava completamente banhada em sangue. Alguns monstros se atreviam a batalhar, mas eram impiedosamente decapitados por uma série de espadas reluzentes. 

As crianças que não tinham sido mortas foram evacuadas junto às mulheres, idosos e deficientes, que trataram de se apressar na fuga. Já os demais, em seu geral, continuavam defendendo seu lar, mas falhando miseravelmente. 

Mistrel era a única mulher que havia ficado. A monstra grávida havia acordado a poucos minutos, e somente não foi apanhada por estar camuflada entre as casas que tostavam lentamente, ocultando-se dos invasores.

Porém, a mulher não escutou alguns passos atrás de si. O chefe do exército invasor se aproximou, arremessando Mistrel para longe, gritando de dor pela força do homem, que sorria com o dano infligido na aberração. 

— Ora, o que temos aqui... — se aproximou, sorrindo maliciosamente. — Docinho, acho que lhe irei colocar outro filho. 

O focinho trêmulo de Mistrel não bufou pelo medo de soar desrespeitosa e morrer antes de parir. Não poderia deixar sua filha ser assassinada consigo, e, para evitar isso, estava de acordo em ser submetida a um estupro. 

Mais e mais milícias de armaduras chegaram, brandindo suas armas para ostentar autoridade sobre a fêmea, como uma espécie de posse. O exército invasor praticamente havia se dividido em duas falanges: uma para o extermínio da população dos monstros, e aquela mínima apenas para se divertirem com a pobre mãe. 

Então, quando o líder dos humanos se aproximou para começar a violentá-la, uma criança trêmula e de cabelos rubros se posicionou a frente, cravando uma lança no pescoço do inimigo, que teve um ádito formado na jugular, despenhando sangue aos montes. 

Os demais cercaram as duas monstras após a baixa, relando suas lâminas no chão, prestes a atracá-las no crânio diminuto e esquelético de Undyne, que contemplava suas armas, atônita de medo — mas não permitindo a emoção transparecer. 

Mas a ação não foi concluída, pois uma monstra sem face e possuidora de diversos tentáculos entrou em cena, estourando os miolos de dois soldados com suas armas. Pousou ao lado de Mistrel e Undyne, e não tardou em derrapar o pé para causar o tombo das outras milícias, que logo foram perfurados e rasgados pelas lanças provisórias da guarda. 

— VAI, UNDYNE! — ordenou, brandindo sua espada e bloqueando um golpe de um humano que se aproximou pelas laterais. 

A pequena assentiu e começou a correr pela área, desviando dos materiais de construção incendiados que, no momento, serviam de armadilhas e bloqueios para sua saída. Contudo, por ser mínima, foi fácil proporcionar esquivas surpreendentes para Skarlett. 

A guarda, logo após conferir se a sua pupila — praticamente, no momento — havia saído em segurança, ergueu uma Mistrel chorosa nos ombros, ainda refletindo os golpes adjacentes dos inimigos com o espadim. 

Skarlett estugou pelo solo, abatendo vários homens que tentavam lhe golpear, mas, claramente, em vão. Ela conseguia enxergar, bem ao longe, uma elevação rochosa bastante reta, aparentando ser esculpida. Sobre ela, estavam Kira, Blue Hyoko e Alana, gesticulando para Undyne agarrar a corda que haviam arremessado. 

Undyne acelerou e disparou ainda mais, mas, agora, ouvindo animais ferozes rangerem os dentes ao longe. O medo lhe dominou ainda mais quando, de súbito, um cão saltou em seu corpo e abocanhou seu braço esguio, almejando rasgá-lo com os dentes. 

— UNDYNE! — Skarlett gritou, rotacionando o corpo e arremessando o cachorro para longe com um chute. — SOBE! 

A pequena, observando o membro despenhar sangue, agarrou a corda com dificuldades e começou a subir com o nítido problema de conseguir segurar firmemente, arquejando a cada impulso que tomava para o alto. 

Skarlett acordou Mistrel em seus braços, a pondo nos braços esticados de Kira, que arfou a agarrar o corpo pesado da monstra desmaiada por dor demasiada. 

Um dos cães não permitiu que a guarda, a única que faltava se salvar, apalpar a corda. Para anular a tentativa de subida, rasgou um dos tentáculos da monstra, rosnando enquanto retirava o enorme e magricelo naco de carne. 

— Ah... agh! — reprimiu um grito, golpeando o animal com um chute. 

Skarlett começou a subir pelo objeto, incentivada pelas amigas já salvas no topo que, provavelmente, era uma passagem para o mesmo local que os refugiados iam. Undyne havia alcançado as colegas, e estava sendo medicada por Kira, que estava receosa sobre o que fazer. 

Quando a guarda ia alcançar o limiar da corda surrada, uma flecha lançada ao longe perfurou uma de suas mãos. Ela caiu, tombando no chão e sendo encoberta por vários cães famintos, que puxavam partes de seu corpo com os dentes hediondos.

— UNDYNE! — clamou a monstra, tentando se desvencilhar. — UNDYNE! 

A monstrinha, atônita e chorosa, fazia menção de descer para ajudar a amiga. 

— ME DEIXA IR! — implorou para Kira, que a segurava. — SKARLETT! 

— UNDYNE! — vozeou, gritando sofregamente. Os animais começaram a lhe dilacerar brutalmente, irracionais com a ação. 

Por fim, o corpo da monstra estripada proporcionou uma série de implosões, se reduzindo à típica poeira após a morte dos monstros. 

A Guarda Real acabara de morrer.

 

 


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