O Diabo pede Passagem escrita por SaturnBoy


Capítulo 9
Nono Contato — Possessão




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Sinto meu corpo tão pesado e cansado. Estou exausta demais para conseguir deixar meus olhos abertos e adentrando meu quarto vejo meus pais e a minha melhor amiga Joana. Meus pais ficam na porta enquanto ela se aproxima de mim, senta-se em minha cama e em seus olhos eu percebo a sua preocupação e tristeza por me ver naquele estado moribundo.

     Senti um calor em minhas bochechas, lágrimas estavam descendo como uma cascata dos meus olhos. Eu chorava pela situação que estava, por ter que deixar as pessoas próximas a mim passar por tudo aquilo.

     Em minha mente eu estava presa. Sem saída e impossibilitada de fazer qualquer coisa, de me mover ou de apenas falar algo, estava tão inválida. Eu lembro perfeitamente como isso aconteceu, porque essa coisa não me deixava esquecer.

Lembrança

     Era noite e eu estava deitada em minha cama, virando de um lado para o outro tentando dormir, porém todas as posições eram desconfortáveis demais para se manter mais do que cinco minutos. Meu quarto estava escuro, a noite estava fria, o ambiente perfeito para conseguir dormir por várias horas até o amanhecer.

     Mesmo com os olhos fechados eu comecei a ter aquela mesma sensação, como se alguém, me observasse ao longe. Meu corpo arrepiou e o ambiente ficou mais frio. Um cheiro de putrefação subiu e ficou pairando no ar dentro do meu quarto, era horrível demais para continuar a fingir que estava dormindo.

     Abri meus olhos, vasculhei meu quarto, olhei para o teto e nada. Mas, em minha frente estava aquela criatura esquelética novamente, mas agora ele estava maior do que antes. Aquele ser, mais negro que a escuridão em meu quarto, eu conseguia ver toda a sua silhueta. Braços enormes esqueléticos, mãos grandes e no momento em que ele passou próximo a fresta de luz que vinha da porta eu vi algo que parecia sua pele, branca ou translúcida, algo extremamente fora do comum. Foram apenas segundos para olhar aquele ser e perceber que ele estava vindo em minha direção.

“Eu vou te pegar” – Aquele ser dizia seguido por gargalhadas.

“Grite, esperneie, faça o que quiser mas ninguém poderá te ajudar”

     Quando dei por mim, ele falava em meu ouvido, paralisada por medo e por algo não visível, fiquei imóvel na cama, gritando o máximo que eu conseguia, mas minha voz não saia.

Joana me olhava com pena do meu estado atual e dizia que tudo iria ficar bem. Mas como as coisas vão ficar bem se eu não sei o que está acontecendo comigo, se eu não consigo me mover. Mas algo parecia estranho, meus lábios estavam se movendo sem o meu consentimento.

“Saia daqui sua piranha. Sua amiguinha está dormindo nesse momento.”

“Olá, mamãe. Olá, papai. Sentiu minha falta?”


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