Todas as noites sempre que me deito para dormir e as luzes estão apagadas, o medo toma conta de mim. O frio que antes não me incomodava, passa a rasgar e a dilacerar o meu corpo, e eu começo a tremer, não de frio, mas de medo. Um medo inconsciente daquilo que não consigo ver, apenas sentir. Consigo sentir algo olhar para mim, atrás da porta, do meu lado, nas paredes, em todos os lugares que olho.

     Nas noites em que a minha coragem está em alta, fecho os meus olhos e tento não pensar em mais nada, mas eu sinto o bafo de putrefação atrás da minha orelha, como se algo estivesse ali esperando que eu olhasse. A coragem reunida se esvai junto com o meu sangue, meu coração acelera, meus pulmões tentam buscar cada vez mais ar, e começo a ter ataques de pânico.

     Eu grito “Deixe-me em paz! ”, mas nada responde de volta. Meus pais acham que estou ficando louca por gritar para o nada, mas eles não sabem o que eu sinto. Pergunto-me se Deus me amaldiçoou ou talvez seja uma grande brincadeira de mau gosto da vida tentando me ensinar algo. Pelo menos é isso que eu tento me convencer.

03:03 AM

     Levantei-me abruptamente ao escutar um barulho no meu quarto. Meu celular some do meu alcance e o desespero toma conta de mim, meu corpo enrijecido tomado pelo medo e pânico tenta de todas as formas reagir. Olho para a porta do meu quarto e vejo uma figura negra, aparentemente esquelética agachada e arranhando a porta.

     Tento gritar por ajuda, mas minha voz fica presa na garganta. O ser negro olha para mim e começa a se mover em minha direção, não andava, mas arrastava-se, podia-se ouvir o barulho dos ossos se quebrando a cada movimento.