Haikyuu!! One-shots escrita por Nanahoshi


Capítulo 2
Mulheres n̶ã̶o̶ usam terno [Sugawara Koushi x Reader] (I)




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Quando faltavam vinte minutos para soar o sinal da primeira aula do dia, [Nome] entrou marchando furiosamente na sala 3-4 da Karasuno High. Por muito pouco não atropelou o representante de sala, cujos protestos foram completamente ignorados pela veterana possessa. Sugawara e Sawamura observaram a tudo com uma interrogação entre as sobrancelhas. O primeiro lançou um olhar significativo para Haru, capitã do time de futebol e melhor amiga de [Nome]. A terceiranista deu de ombros e balançou negativamente a cabeça. Depois de observá-la cuspindo marimbondos sozinha por quase dez minutos, Sugawara decidiu intervir. Preparando seu tom de voz mais doce, o veterano se aproximou com cautela. Parou um pouco mais atrás do que normalmente pararia e puxou o ar, mas foi interrompido por um gesto brusco de [Nome]. A garota quase enfiou a mão aberta na cara do amigo, num inconfundível sinal de “pare”.

— Não – disse ela com a voz firme. – Eu não estou psicologicamente preparada pra me comunicar com indivíduos do sexo masculino hoje. – Ela fez uma pausa, na qual recolheu o braço e suspirou pesadamente. – Olha, não estou num bom dia. Então, não quero correr o risco de dar uma patada aleatoriamente sendo que você não tem nada a ver com isso.

Sugawara arregalou os olhos, os lábios comprimidos e a palavra “desorientado” escrita em letras garrafais em sua testa. Com um tímido “tudo bem”, Sugawara voltou-se para Sawamura e Haru e piscou várias vezes. Os dois deram de ombros e sinalizaram para que ele se aproximasse.  

— Você tem alguma ideia do que está acontecendo? – perguntou o levantador ao se juntar aos dois colegas.

— Nenhuma – respondeu Haru. – Eu mandei uma mensagem de “bom dia” hoje antes de perguntar sobre o treino de sábado e ela respondeu “bom dia pra quem?”. E ficou por isso mesmo.

Sugawara colocou a mão sob o queixo numa expressão pensativa, e lançou um olhar de esguelha para [Nome]. A garota passara a rabiscar furiosamente numa folha de papel sulfite. O tempo que tinha de amizade com a ás do time de futebol lhe conferia a experiência necessária para garantir que aquele era seu estado máximo e puro de “irada”. A pergunta a se fazer era: o que “os indivíduos do sexo masculino” tinham a ver com tudo aquilo? Sugawara deu de ombros e suspirou. No mesmo instante, o sinal soou, parecendo igualmente irritado ao anunciar que faltam cinco minutos para o início da primeira aula. Ao sentar-se, Sugawara concluiu que logo teria uma resposta, já que teria sessão de estudos de inglês com [Nome] depois do treino. Contudo, com o passar das aulas, Sugawara ficava cada vez mais intrigado, pois, de fato, [Nome] não estava se dirigindo a nenhum garoto. Além disso, até mesmo no horário de sua matéria favorita, [Nome] não largou o lápis e suas folhas sulfite que se enchiam de rabiscos monocromáticos.

*

Sugawara praticamente se arrastou para a biblioteca da escola. Sawamura contaminara o técnico Ukai com seu gosto sórdido por treinos “militares”, o que contribuíra para que seu estado de espírito se assemelhasse bastante a um saco de carne moída ao fim de cada dia. Ao parar diante da sala de estudos 2, Sugawara espiou pela janelinha de vidro. [Nome] já estava lá, com os materiais de inglês espalhados sobre a mesa. Entretanto, não eram eles o centro da sua atenção. Usando fones de ouvido, a garota continuava a rabiscar energicamente em folhas brancas o que pareciam ser sketches. As que ficavam prontas iam para uma pilha à esquerda da garota, que já estava tão grossa quanto uma lista de exercícios de feriado prolongado. Sugawara bateu com o nó do indicador no vidro, mas [Nome] sequer ergueu a cabeça. Pedindo “licença” pausadamente, o levantador girou a maçaneta e entreabriu a porta. Dessa vez, o gesto fez a jogadora dar um pulo. Seu braço abriu-se bruscamente e esbarrou com tudo em seu celular, que foi ao chão. O plugue do fone foi arrancado e a música que ela escutava encheu a sala de estudo.

Take on me (take on me)

Take me on (take on me)

I'll be gone

In a day or two

(Aceite-me (aceite-me)

Leve-me (leve-me)

Partirei

Em um dia)

Sugawara não conseguiu conter um sorriso. Jamais encontrara [Nome] ouvindo alguma música que fosse daquele século.

— Oh, desculpe, [Nome]-chan. Eu... Bati.

— Não tem problema – respondeu ela parecendo bastante sem jeito. Cobriu as folhas nas quais trabalhara o dia todo rapidamente com seu livro de inglês e só então abaixou-se para pegar o celular.

— Tudo bem mesmo a gente...? – perguntou o levantador ao perceber que ela ainda não voltara ao humor normal. – Olha, se não estiver com cabeça pra...

— Está tudo bem, Suga-kun. Eu que fui a babaca hoje. Então, por favor, não haja como se fosse você a ter feito algo errado.

O levantador piscou, surpreso com a súbita quebra da hostilidade que emanara dela como uma aura o dia todo. A vergonha dera lugar à frustração em seu rosto: suas sobrancelhas estavam muito vincadas, sendo que a direita tremia. Sugawara puxou a cadeira que estava ao lado da de [Nome] e começou a colocar seus materiais na mesa. Pelo canto do olho percebeu que a amiga colocara as folhas rabiscadas numa pasta de plástico roxa, que enfiou rapidamente debaixo da cadeira como se não quisesse ser pega no ato. Ela pigarreou, puxando duas folhas que estavam debaixo de seu estojo, e entregou uma a ele.

— Hoje, vamos fazer algumas revisões de tempo verbal e phrasal verbs. Eu separei alguns textos. Vamos começar por essa música.

Ao examinar a folha, Sugawara não ficou nada surpreso ao ler o nome da música e da banda: Take on me, do A-ha.

— Você vai assinalar os tempos verbais de todos os verbos, incluindo os dos phrasal verbs. Depois você vai escrever o significado desses últimos que você achar. Veja bem: é significado, não tradução.

Sugawara reprimiu um sorriso e assentiu. Será que um dia teria a oportunidade de dizer o quanto ela ficava absurdamente fofa como professora?

— Depois vamos treinar o listening. Pode começar. – E dizendo isso, debruçou-se sobre o livro de inglês para revisar a próxima lição que passaria.

O terceiranista não começou de imediato: dedicou alguns segundos para observar o rosto de [Nome], que continuava vincado pela frustração. Com um sorrisinho, o garoto ergueu o indicador esquerdo e cutucou o espaço entre as sobrancelhas dela. Ela deu outro pulo, menos violento que o anterior, mas seus olhos quase saltaram das órbitas.

— Vai ficar com rugas cedo demais se ficar tão tensa assim.

Ela piscou uma vez. Duas. Seis vezes. Seu rosto relaxou devagar, até que um pequeno sorriso curvasse seus lábios. Ela assentiu, e Sugawara pode ler cada letra de seu “obrigada” quando ela o fitou por apenas dois segundos antes de voltar a se atentar à lição. Esse era um dos elementos que ambos mais amavam naquela amizade: um tinha um efeito magicamente entorpecente e relaxante no outro. Era quase como se tivessem a habilidade mágica de apagar as preocupações do outro quando o foco de atenção estava unicamente nos dois. Sugawara não achava adequado ainda perguntar o motivo de tanto ódio durante o dia, mas estava muito feliz por ter se tornado a exceção dos “indivíduos do sexo masculino” com os quais ela não queria falar naquele dia.

A atmosfera calma que se estabelecera foi quebrada violentamente pela introdução nostálgica de “Girls Just Wanna Have Fun”. Com o terceiro pulo da noite, [Nome] se atirou contra o celular e atendeu, mesmo sendo proibido fazê-lo nas salas de estudo.

— Que foi, nee-san? – perguntou ela, afobada.

— Preciso de você em casa agora! – a voz de Rie, irmã mais velha de [Nome], parecia bastante aflita. – Surgiu uma emergência no hospital e preciso correr pra lá! O Katsuo não pode ficar sozinho.

— Tá bem! Chego em casa em cinco minutos!

[Nome] desligou o celular já enfiando todos os seus pertences dentro de sua pasta o mais rápido que podia.

— Desculpa, Suga. Vou ter que ir. Emergência no hospital. Deve ser uma cirurgia vascular de emergência. Vou ter que ir olhar o Katsuo. Meus pais estão viajando. – Ela enfiou a chave do cadeado de sua bicicleta na boca e fechou o zíper. – Termina essa lição que te mandei e faz esse aqui. – Ela apontou para um exercício de completar no livro do colega. – Amanhã eu corrijo tudo no intervalo para não atrasar a aula do dia.

— Mas você não quer que eu vá junt-

— Não precisa, sério! Obrigada! – E, dizendo isso, saltou para fora da sala numa velocidade espantosa.

Sugawara ficou olhando a porta aberta por longos segundos, até finalmente voltar a focar no dever de inglês. Porém, uma mancha roxa em sua visão periférica chamou sua atenção. Suas sobrancelhas se levantaram quando percebeu que [Nome] esquecera a pasta com os sketches. Ele tornou a olhar para a porta escancarada da sala de estudos, depois voltou a olhar a pasta. Como se fosse um soldado desarmando uma bomba, Sugawara se inclinou com todo o cuidado e segurou o retângulo roxo, puxando para perto do rosto. Quando percebeu que o plástico era transparente o suficiente para que ele enxergasse os rabiscos com clareza, ele a afastou rapidamente e desviou o olhar. Se [Nome] escondera aquilo dele, devia ter um bom motivo para fazê-lo. Claro que ficava chateado quando ela escondia alguma coisa (como suas práticas de violão, que ela nunca o deixara ver com a desculpa de estar aprendendo – mas ainda assim tocou para um monte de amigas numa festa do pijama). Porém, ele preferia não questionar. Contudo, o conteúdo daquelas páginas o intrigava profundamente, pois não recebera até agora a explicação para o enxotamento matinal que, ele tinha de admitir, o magoara um pouquinho. Ele não gostava quando [Nome] não dividia seus problemas com ele. No entanto, por fim, sua lealdade e respeito à amiga venceram, fazendo-o guardar os rabiscos em sua pasta.

No caminho para casa, o levantador sentiu como se a pasta roxa chamasse seu nome bem baixinho. Seus dez minutos de caminhada pareceram uma tortura, o que o fez dizer a si mesmo de forma determinada que iria desmaiar em sua cama assim que chegasse. Não deixaria espaço para tentações. Entretanto, ao colocar sua pasta sobre a bancada, uma pontinha roxa apareceu sugestivamente pela abertura minúscula que deixara sem querer no zíper. Ele a encarou da mesma forma que encarava o time adversário quando entrava em quadra. A disputa silenciosa entre Sugawara e a pasta durou quase dois minutos, terminando num suspiro pesado do levantador.

Ele se levantou, sentindo-se muito menos culpado do que imaginara que se sentiria, e abriu sua pasta escolar para pegar os sketches de [Nome]. Ela não precisava saber que ele dera uma espiadinha. Era só manter as páginas na mesma ordem. Para isso, decidiu sentar-se em sua bancada, colocando o maço de folhas à sua frente. Viraria as páginas com cuidado, como se lesse um mangá e colocaria as já lidas à direita. A ideia surgiu exatamente do fato de tudo estar em preto e branco e... ser de fato um mangá. Praticamente todas as páginas eram apenas esboçadas, mas uma personagem em específico estava praticamente finalizada em todos os quadrinhos que aparecia. Era uma mulher jovem que trajava um terno estilo James Bond. Sugawara a achou intrigantemente parecida com [Nome]. Por ser tudo esboçado, o terceiranista precisou se esforçar um pouco mais para entender a história.

Aparentemente, a mulher jovem, a qual todo mundo se dirigia apenas por 012 – É o número de chamada da [Nome]! – estava investigando uma organização criminosa que ia sabotar uma corrida de motos GP. O motivo era ainda desconhecido e, por isso, seu dever era ganhar a corrida, ganhando também a atenção deles. Assim, poderia arrastá-los para uma armadilha.

O dedo de Sugawara deslizou pela página com cuidado, parando num quadrinho em que ela aparecia de terno ao lado de uma moto enorme. Por que ela ainda estava de terno? Não devia vestir uma roupa adequada para a corrida? O garoto franziu o cenho e piscou várias vezes, baixando os olhos para o próximo quadrinho. Nele estavam desenhados apenas os olhos da protagonista. Sugawara fixou-os quase como se estivesse hipnotizado. Eram realmente parecidos com os de [Nome]. Ela até deu aquela piscadinha que marcava o início de qualquer pegadinha que ela ia... Espera... Piscadinha!? Sugawara esfregou os olhos com força e quase enfiou a cara no papel. Aquele desenho... estava se mexendo!?

Os írises da 012 correram de um lado para o outro de forma travessa: estava sorrindo com os olhos sugestivamente. De súbito, uma mão feminina feita de rabiscos saiu do quadrinho ao lado, abrindo-se num convite para que ele a segurasse. Sugawara tornou a piscar várias vezes. Olhou em volta, olhou pela janela. Tudo estava silencioso e normal. Sem entender muito o que o impulsionava, o garoto aceitou o convite, segurando a mão da agente 012. Sentiu um puxão que anulou toda a gravidade e, quando piscou, estava no meio da pista preta e branca abarrotada de motos GP e pilotos nada amistosos. Olhou para as próprias mãos e percebeu que estavam da mesma forma como tudo ao seu redor: feitas de traços de grafite preto contra o branco da folha.

Ao olhar para a agente, percebeu que ela já montara na moto e convidava-o a fazer o mesmo. Como se seguisse um roteiro que não tinha certeza se realmente existia, Sugawara obedeceu e pulou na garupa da moto. Avaliando os competidores, percebeu que todos, com a exceção da 012, eram homens. Dois deles, que estavam a uma moto de distância, pareciam encarar a agente 012 com bastante animosidade. Pareciam uma versão fajuta e monocromática de Mário e Luigi por causa do formato dos capacetes bizarros (só que sem os bigodes). Mas nem mesmo esse aspecto ridículo impediu Sugawara de ficar tenso ao avaliá-los. De súbito, sentiu a moto rugindo entre suas pernas e, instintivamente, agarrou-se ao tronco da agente e apertou os olhos. Quando começou a perceber que havia algo de muito estranho no fato de não estarem usando capacete, o garoto ouviu o barulho de um tiro. Sentiu seu tronco ceder violentamente à inércia, mas quando achou que cairia da moto, percebeu que estava de pé, em cima do lugar mais alto de um podium com um troféu na mão. A 012 acenava para um público que parecia mais uma nuvem de fumaça; tinha uma coroa de flores pendurada no braço esquerdo e segurava um espumante com a mão direita. De repente, os falsos Mario e Luigi saltaram do meio da multidão para a plataforma onde se encontrava o podium, ambos empunhando uma enorme chave grifo antiga. Os dois avançaram como duas hienas famintas, e quando Sugawara achou que estava tudo perdido, a agente 012 estourou o espumante no nariz de um e espatifou a garrafa na lateral da cabeça do outro. Num gesto brusco, mas protetor, ela agarrou sua mão e saiu em disparada para os bastidores do podium. E nos bastidores havia... Uma quadra de vôlei?

E... tinham pessoas nela. Mas... não eram seus colegas da Karasuno. Ele sequer conseguia dizer se podia distinguir seus rostos. Porém, dentre eles, ainda estava... [Nome]? Não, ela estava de terno. Ainda era a agente 012. Mas estava tão parecida... E o que ela estava fazendo na parte esquerda da quadra? Devia ser o Asahi a estar ali... Ela estava acenando para ele... Mas por que a voz parecia a do Hinata? E, afinal de contas, [Nome] jogava futebol. Então por que ela continuava acenando e gritando, pedindo para que ele...

Levantasse a bola para ela?

Sugawara sentiu seu corpo se mexendo sozinho. Viu a bola vindo do outro lado da rede e correu para sua posição de levantador. A recepção foi perfeita; a bola descreveu um arco suave até suas mãos. A 012 (ou era [Nome]?) disparou para a rede e, quando ela já tinha pulado, Sugawara empurrou a bola para o ponto em que sua mão estaria no fim do movimento de corte. Foi um ataque rápido perfeito... O mesmo ataque maluco que Kageyama fazia com Hinata. Sem que o terno tivesse saído um centímetro do lugar, a agente se aproximou de Sugawara com os braços erguidos, prontos para um high-five duplo. Ele a mirou nos olhos, extasiado com o levantamento cirúrgico que acabara de fazer... E viu os olhos de [Nome]. Não... O rosto todo era dela. O levantador se adiantou para comemorar, mas... Por que deu mais passos do que deveria? Por que estava se inclinando e mirando a boca dela? E... por que de súbito ela se assustou?

Num gesto que parecia ensaiado, [Nome] agarrou-o pelos ombros e forçou-os para baixo, girando para que se corpo cobrisse o de Sugawara. O garoto ouviu um som nauseante de algo muito pesado passar zunindo por cima de suas cabeças. Arriscou um rápido olhar para frente e viu uma das chaves grifos da dupla que os perseguira na corrida. [Nome] (que agora era a agente 012 – ou sempre fora?) tornou a agarrar a mão de Sugawara e os dois dispararam pela porta que deveria dar no corredor que levava a escola... E de fato era um corredor. Só que todo fechado; as paredes pareciam feitas de um concreto muito espesso e havia lamparinas simetricamente espaçadas nelas. Os dois correram desembestados seguidos pelos passos arrepiantes dos assassinos. Os corredores se alongavam diante deles sem darem sinal de estarem levando a algum lugar, já que só havia mais e mais curvas e quinas. Depois do que lhe pareceu uma eternidade, chegaram enfim a uma sala... sem saída. Os dois giraram nos calcanhares e viram os falsos Mário e Luigi fechando a passagem para o corredor empunhando suas medonhas chaves grifo. [Nome] lançou um olhar raivoso para eles, depois voltou-se para Sugawara. Olhou-o com preocupação e ergueu as mãos para segurar seu rosto. Ela deu um beijo rápido em sua bochecha e, então, virou-se para a parede, enfiando os dedos na superfície completamente branca. Fazendo um movimento como se houvesse uma janela de correr invertida invisível, [Nome] abriu um quadrado negro grande o suficiente para que um humano adulto passasse. Ela fez um gesto com a cabeça indicando a rota de fuga. Ele a olhou apavorado, tentando perguntar “Mas e você?”, mas nenhum som saía. Esperou que ela lesse a pergunta em seus olhos, mas ela apenas sinalizava com mais e mais energia para a abertura feita de grafite. Foi só quando um dos assassinos avançou, fazendo [Nome] fazer o mesmo, que Sugawara finalmente mergulhou de cabeça na abertura. Sentiu seu corpo ficar pesado e guinar para frente. Ele deu uma cambalhota e viu-se sentado de cabeça para baixo em sua cadeira. Com a respiração ofegante, endireitou-se o mais rápido possível e quase se jogou sobre as páginas da história de [Nome]. Ela se movia nos quadrinhos desviando dos golpes, mas a dupla assassina estava em óbvia vantagem. Por fim, um dos golpes a acertou na nuca, e ela desabou no chão. Sugawara sentiu seus olhos arderem e num gesto puramente instintivo, agarrou a folha e gritou para dentro do quadrinho.

O levantador da Karasuno acordou com o som da própria voz gritando por [Nome]. Com um tremor brusco, ergueu o tronco violentamente da bancada e olhou ao redor. Estava tudo como antes: quieto e escuro. Olhou para as próprias mãos. Nada de mãos rabiscadas ou monocromáticas. Nada de paredes ou objetos esboçados... Sugawara balançou a cabeça lentamente e esfregou o rosto com energia. Puxou o celular e conferiu as horas: era uma e doze da manhã. Doze... O garoto suspirou e tornou a olhar os sketches de [Nome]. A agente 012 continuava irredutível em seu terno preto, a pose orgulhosa ao olhar para os fajutos Mário e Luigi sem bigodes. Será que ela só se apavorara em seu sonho por que ele estava lá? Sugawara apertou os lábios, sentindo-se desconfortável.

Estava cansado de se sentir apenas um peso para os outros.

Ao perceber o rumo ridículo que seus pensamentos haviam tomado, Sugawara deu dois fortes tapas em seu rosto; um em cada face. Foi aí que ele se lembrou do que a agente – ou [Nome] – fizera antes de mandá-lo entrar no buraco. Seu rosto ferveu instantaneamente, fazendo-o balançar a cabeça com força. Seguiu para o banheiro a passos nervosos e quase se estatelou no chão ao tropeçar no desnível da soleira da porta. O levantador se recompôs e tateou atrás de sua escova de dentes, ainda sem conseguir se livrar da visão nítida demais do olhar monocromático preocupado de [Nome] antes de beijá-lo...


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