Pov Annabeth 

Eu estava borbulhando de raiva! Ela realmente tinha conseguido desestabilizar meu namoro com o Percy, mas o que ele estava pensando também. O Luke estava dando um beijo na minha testa não na boca, e qualquer um que conheça a gente o mínimo possível, sabe que ele é tipo um irmão. Mas que coisa!  

Acho que o que mais chateia é saber que o Percy não confiava em mim. E quando eu me dei conta as lágrimas vieram e eu deixei que transbordassem pelos meus olhos o quanto precisasse. Eram mais por raiva do que por tristeza, mas deixei meu corpo desabafar. Depois liguei para Luke: 

—Mano, aquela puta! - eu disse assim que ele atendeu. 

—O que aconteceu, você está com voz de choro. 

Respirei bem fundo, dei alguns segundos para me recompor e respondi: 

—Eu não choro. 

—Ah, me poupe – ele disse rindo e eu me permiti rir um pouco também.  

—O Perceu ficou todo bravinho porque achou que a gente estava traindo ele, ou algo do tipo, eu nem acreditei quando ele falou. A gente é parça, nada a ver o que ele disse, tá ligado?  

—Você muda o jeito de falar quando está brava, né? 

—Cala a boca, e me fala o que eu faço? 

—Se eu calar a boca como vou te responder – eu não estava no clima para brincadeira. 

—Vai se fuder – eu disse - é sério, eu preciso fazer alguma coisa para que ela saiba que não pode fazer isso comigo.  

—Tem alguma coisa em mente?  

—Pensei em dar uma de Carrie, A estranha e jogar alguma coisa no cabelo dela, mas não sangue de porco, porque é muita maldade e eu não faç... 

—Calma aí Stephen King, tive uma ideia melhor! - ele ficou quieto depois alguns segundos querendo manter o mistério, e eu quis esganá-lo via celular – o que você acha de a gente brincar do jogo dela? 

—Quer dizer, seguir ela por aí?  

—Alguém dê a ela uma medalha de ouro. É claro! Aí a gente descobre alguma coisa dela e compartilha para todo mundo ver, simples.  

Pensei por um instante. O que eu iria ganhar humilhando a Rachel publicamente, para todo mundo ver e ela sentir um pouco do próprio veneno?... Muita satisfação e sensação de dever feito.  

—Que os jogos comecem. 

—Boa! A gente começa amanhã - ele respondeu e desligamos o celular.  

Não podia esperar para ver o que eu iria descobrir daquela vaca nojenta! Se eu estava sendo infantil? Sim. Que eu deveria deixar o carma fazer seu trabalho? Sim. Mas que graça isso tem? Eu queria ser a responsável da cara de sonsa que ela iria fazer depois que eu expor os segredos dela. Eu estava me sentindo a própria vilã da Disney!  

No dia seguinte eu tentei ligar para o Percy, para conversarmos, e eu tentar explicar mais uma vez que eu não tinha nada com o Luke, além da amizade, mas ele não me atendia, nem me respondeu. E eu até mandei umas mensagens de áudio que eu talvez me arrependa depois, mas tudo bem. Além disso, ele que deveria vir pedir desculpas, eu não fiz nada de errado, então deixei ele de lado e fui para minha missão.   

Encontrei meu amigo no parque da cidade, onde o pessoal gostava de passar um tempo, e que eu sabia, pela postagem do Instagram da demônia, que ela estaria ali hoje. Eu só queria descobrir alguma coisa. Qualquer coisa. Estava sedenta por informação, como uma jornalista em época de eleição (essa rima foi sem querer). 

E então eu vi, aquele ponto vermelho no horizonte, andando como se o mundo devesse adoração pela sua presença. Senti enjoo só de ver. Dei um cutucão no Luke e apontei. Mantivemos uma distância segura, e sempre com o celular a postos caso precisasse. Ela logo sentou a sombra de uma árvore e puxou um livro da bolsa.  

—Ah, ótimo, agora a gente tem que esperar ela ler seu 50 tons de cinza enquanto morremos de tédio? - comecei a reclamar, mas Luke logo me mandou calar a boca e indicou com a cabeça.  

Rachel segurava o celular na orelha e conversava com alguém, dava risadinhas e seus olhos brilhavam cada vez que a pessoa respondia.  

—Tudo bem, já estou aqui te esperando – ela disse – um beijo, tchau – ela terminou com um sorriso de orelha a orelha e eu só queria quebrar um ou dois dentes.  

—Será que vamos conseguir algo pra usar contra ela hoje? - Luke perguntou. 

—No mínimo vamos ver com quem ela está saindo, e eu posso tentar fazer algo com isso. Aposto que Piper iria me ajudar nesse quesito. 

—Jason que não vai gostar nada disso – ele rebateu.  

—Eles estão em um relacionamento aberto, esqueceu? - revirei os olhos. 

—É mesmo, interessante isso – ele disse maliciosamente.  

—Já esqueceu da Thalia? - perguntei ríspida, e ele se encolheu.  

Voltamos os olhos para Rachel e pareceu passar séculos enquanto esperávamos. Depois de uns quinze minutos eu resolvi levantar para esticar as pernas.  

—Vou comprar um picolé, quer um também?  

—Claro, traz um de uva – ele disse e dei uma piscada como se falasse “deixa comigo”.  

Quando estava voltando Luke me encontrou no meio do caminho. 

—Antes que você vá para lá, lembre-se que nós estamos em uma missão e que devemos ser discretos e não sair berrando com ninguém. 

—Que? - estava totalmente confusa.  

—Inclusive, já tirei fotos deles, e acho que você não precisa ir até lá - ele disse e eu nem falei nada, só desviei e segui para nosso esconderijo. 

O que eu vi, eu já devia estar desconfiando. Percy e Rachel estavam conversando, um tanto perto demais, como se fossem amigos ou algo a mais. Senti meu coração afundando e sentei no chão, sem conseguir desgrudar meus olhos deles. Rachel tinha seguido nós dois, ameaçado e ela era louca. E lá estava Percy todo íntimo com ela, rindo e conversando. Meus olhos começaram a marejar e eu senti Luke me envolver em um abraço. Mas quando a mão dela pousou no joelho dele e começou a fazer carinho a tristeza passou para raiva em um segundo e eu levantei na mesma velocidade. Pronta para um barraco digno de Oscar.