Eu fiquei na casa deles por mais duas horas, esperando Damon voltar. Mas já estava tarde, e eu ficara tempo demais longe de casa. 

Tinha medo que minha tia percebesse alguma coisa. Pro meu irmão eu teria que falar a verdade, ou ele descobriria sozinho. Afinal, ele já sabia sobre os vampiros. 

-Stefan, vou para casa. Se Damon voltar...-parei um pouco para pensar. Não sabia o que dizer.- Melhor não dizer nada. Eu volto amanhã. 

-Ok. Se cuida. E se precisar de alguma coisa, não hesite em me chamar.- ele me abraçou. 

Podia sentir a sua dor. Stefan estava sofrendo.  Mas ele sempre achou que eu era boa demais para ele, então não iria me forçar a ficar com ele.

-Ok. Você também.

Cheguei em casa em alguns segundos. Na verdade não sei quanto tempo demorou, mas pareceu um piscar de olhos.  Abri a porta como sempre fazia, mas não consegui entrar. 

"É claro, você não foi convidada."

O jeito era improvisar. Fechei a porta novamente, torcendo para que ninguém tivesse me ouvido abri-la e bati três vezes. 

-Já vai!- era a voz de Jeremy. Ele estava no andar de cima.- Quem é?

-Jeremy? Sou eu, Elena. Eu acho que esqueci a chave!

-Ah. Espera aí.

Logo a porta estava aberta novamente. Jeremy olhava para mim com uma expressão de suspeita. 

-Onde você estava? Não atendeu nenhuma ligação, sumiu o dia inteiro...

-Ah, é uma longa história, não dá pra te explicar agora. 

-Então entra. Tá com fome? 

Ri para mim mesma. Fome? Um pouco. Mas a comida que Jeremy me oferecia não me satisfaria. 

-Não. Eu comi antes de vir pra casa. Alguém veio me procurar? - perguntei esperançosa. Quem sabe Damon tivesse passado lá.

-Não. Quer dizer, só a Bonnie e o Matt. 

-Ah. Bom, a Jenna tá em casa? 

-Não. Ela foi atrás de você.  Melhor ligar pra ela e dizer que você voltou. 

-É. Então te conto tudo daqui a pouco. Alias, bem mais tarde. Eu tinha combinado de encontrar a Bonnie hoje na lanchonete que o Matt trabalha. Até mais tarde Jer!

-Tchau!

-Elena, até que enfim apareceu!- Bonnie me abraçou forte. 

-Desculpa, aconteceu uma coisa e...-

Congelei no mesmo instante. Não podia acreditar no que estava vendo. Damon estava lá. Com uma garota. Ambos pareciam já ter bebido bastante, mas Damon não ficava exatamente bêbado. Estavam se beijando. Senti meus olhos encherem de lágrimas. 

Bonnie seguiu meu olhar para ver o que havia acontecido. 

-Eles estão assim há algum tempo. Mas o que aconteceu? Desde quando se importa com Damon? 

-Eu não devia, não é? Quer dizer, todo mundo sabe como ele é. Tudo pra ele não passa de um jogo. -dizia entre lágrimas. Sabia que ele podia me ouvir. Bonnie ainda não entendia nada. -Vamos sair daqui, ai posso te explicar melhor. 

-Ok. 

Não podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Será que era tudo mentira? Que para Damon aquilo tudo não havia passado de um jogo? De um plano para machucar a mim e a Stefan? Será que ele nunca me amou de verdade? 

O que nós vivemos juntou naquelas ultimas horas havia sido maravilhoso. Mas agora podia enxergar com clareza. Era tudo mentira. E eu, a grande idiota, havia acreditado. Eu desisti de tudo por ele. E ve-lo com outra garota, pouco mais de três horas depois que nós 'brigamos', me fez voltar à realidade. 

Eu não tinha mais nada. A não ser um imenso buraco no meu peito. Doía demais. Damon nunca mais seria meu. - Se é que em algum momento tivesse sido. - eu nunca mais o sentiria em mim, nunca mais sentiria o seu gosto, o seu toque. 

Se isso é possível eu não sei, mas eu comecei a passar mal. Já estamos meio longe da lanchonete, longe de Damon. Me senti muito fraca, minhas pernas não conseguiram mais suportar meu peso. Caí de joelhos no chão, com as mãos cobrindo meu rosto. Bonnie se ajoelhou do meu lado, tentava me consolar. Mas ela nem fazia idéia do que estava acontecendo. 

-Elena, o que aconteceu? 

-Eu... Eu acabei de acordar do meu melhor sonho. E descobri que odeio a realidade. 

-Como assim? Do que está falando? 

-Ele não me ama. Nunca me amou. Tudo não passou de um sonho Bonnie! - gritei me atirando em seus braços. Tudo o que eu queria fazer naquele momento era chorar. Chorar e torcer para que todas aquelas lembranças se fossem junto com as lágrimas que insistiam em molhar o meu rosto de um modo incessante.