Violinos escrita por Agatha Wright


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Primeiro cap!!! Pensar que faz tantos anos que eu escrevi essa minha história :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/710457/chapter/1

Era um dia nublado.

Isso foi tudo que Samantha viu antes de sentir uma pancada violenta contra seu corpo. Então o céu branco foi substituído por uma escuridão sem fim.

Quanto tempo ela permaneceu ali? Ela não poderia dizer, poderiam ser horas, dias, talvez até anos.

Raramente ela ouvia sons, às vezes era um bipe irritante, às vezes eram algumas vozes. Mas tudo parecia tão distante. Era como se ela estivesse em outra dimensão.

Pelo menos até aquele momento.

"Talvez eu esteja finalmente voltando." Esse foi o primeiro pensamento que Samantha teve quando viu uma luz solitária brilhar diante dos seus olhos.

"Oh! Isso é quente. Confortável." Disse ela quando a luz ficou cada vez mais forte e começou a atingir o seu corpo. Se isso for a morte, é confortável até demais.

A luz ficava cada vez mais forte e próxima, até ela começar a entrar no corpo dela. Só então ela começou a se assustar.

Ela começou a tentar se mexer e gritar por ajuda. Mas desde aquele momento em que ela caiu na escuridão, não importava o quanto ela tentava gritar, sua voz simplesmente não saia, isso foi o que a fez acreditar que ela realmente estava sonhando.

A luz tomou conta de seu corpo. Tudo que ela conseguia ver era essa luz branca ela estava por todo lado. Ela ergueu as mãos no nível dos seus olhos e se assustou quando notou que seu "corpo" simplesmente brilhava.

Ela ficou nesse estado até ela começar a sentir um repuxar no seu abdômen. Era como se ela estivesse sendo sugada de dentro para fora era simplesmente assustador.

"Não! Não! O que está acontecendo? Isso não é nada bom! Eu estou desaparecendo!"

Cada partícula de seu corpo foi sendo sugada para a luz. Até ela simplesmente desaparecer.

Então finalmente, depois do que poderia ser uma eternidade, Samantha se viu em um quarto de hospital onde havia uma jovem de cabelos negros dormindo.

Era Samantha.

Mas como ela poderia estar ali e vendo a si mesma? Ela não estava morta, a menina na cama estava respirando, mesmo que com um tubo de oxigênio enfiado em sua garganta.

"Não é uma cena encantadora. Certo?" Uma voz soou ao seu lado.

"O que diabos é voc..." Começou Samantha antes de ter a boca coberta pela mão de um velho que parecia ter por volta dos seus 2000 anos.

Não mencione o inimigo de Deus nesse lugar, pode ser perigoso para sua vida.

"Quem é você? Onde eu estou? Por que vim parar aqui?" Disse Samantha em um folego só depois de o homem tirar a mão de seus lábios.

"Se acalme, Samantha Michaelis. Eu estou aqui para ajudá-la."

"Como é que você sabe meu nome? O que é você?"

O velhinho deu um sorrisinho que fez Samantha se lembrar dos seus alunos na escola onde ela lecionava música. Um sorriso de orgulho de si mesmo.

"Eu simplesmente sou aquele que torna a existência de muitos possível. Eu sou algo como um compositor. A diferença é que ao invés de música, eu crio almas."

Essa conversa esta estranha demais para o gosto de Samantha. E o que diabos isso significava? Por que ela estava ali?

"Entendo... Mas por que estou aqui?"

O velhinho começou a bufar de raiva.

"Você quer saber por que eu estou aqui e por que eu a trouxe aqui? É porque você está destinada a passar o resto da sua existência assim!" Ele apontou para a cama onde estava a Samantha desacordada.

"Você foi atropelada por um carro quando atravessava a rua. Você levou uma enorme pancada na cabeça, e nunca mais acordou. Vocês chamam isso de coma. E segundo minhas fontes você vai passar todo o resto de sua vida nessa cama de hospital. Divertido, não?"

Samantha estava sem fala. O que era isso? Esse homem estava dizendo que ela nunca mais sairia desse "limbo" que ela estava presa ali naquela cama sem poder ver seus amigos e mais ninguém. Sem poder tocar, sem poder viver! Por quê? O que ela fizera de errado para estar ali? Ela sempre fora gentil com as pessoas. Ela não cometera nenhum crime nem ferira ninguém. Então por que ela estava ali? E por que aquele velhote que se diz "compositor de almas" estava lá lhe dizendo essas coisas? E por que ele parecia se importar com isso?

Mas nenhumas dessas perguntas foram ditas. Samantha simplesmente começou a chorar.

Mas o velhote pareceu entender o sentido das lágrimas da garota. Pois ele lhe deu tapinhas amigáveis nas costas enquanto dizia.

"Eu sei que é injusto. Mas é a vontade Dele. Ele decidiu as coisas assim e não se deve fazer nada."

Samantha parou de chorar e disse

"Quando você quer dizer a vontade Dele, você quer dizer a vontade de Deus?"

O velhote deu de ombros.

"O conceito de Deus é meio confuso, não é exatamente um ser que comanda tudo. Mas sim uma grande existência capaz de ser tudo ao mesmo tempo e ser feito de tudo. É meio difícil de explicar, eu levaria a eternidade falando de o que significa Deus e ainda assim não encontraria as palavras corretas. Mas sob todos os aspectos sim, é a vontade de uma parte Dele que rege um aspecto da existência de tudo e de todos."

O velhote estremeceu de raiva antes de dizer.

"Creio que você o chamaria de Destino."

Ele cuspiu no chão depois de dizer isso.

Samantha ergueu uma sobrancelha.

"E porque você está aqui me dizendo essas coisas. O que isso tem a ver com você. Você não é algo como uma existência superior? Por que você se importaria com isso?"

O velhinho sorriu

"Aí é que esta a pergunta certa. Eu preciso de você para resolver um probleminha."

O velhote estremeceu de raiva novamente.

"Eu lhe disse que não conseguiria explicar exatamente o que é Deus. Mas pense no paraíso como uma espécie de empresa dividida em setores onde tudo é perfeitamente controlado para que a existência no seu mundo funcione. Existem os responsáveis pelos nascimentos, os responsáveis pelas mortes, os responsáveis pelas famílias, etc. O problema que eu lhe disse é que esse perfeitamente controlado nem sempre existe. Alguém mexeu nas minhas criações e pegou uma alma muito valiosa e a fez nascer no momento errado, e isso gerou um estrago enorme na vida de muitas outras almas. Mas o grandioso Destino simplesmente fez alguns ajustes e ignorou a destruição de um dos meus melhores trabalhos. Minha linda alma se foi e a pessoa que a portava morreu em tristeza com uma vida infeliz porque foi incapaz de conhecer o carinho e a bondade humana. A única coisa que esse ser precisava para se tornar grandioso. E então todas as almas que sofreriam a influencia dessa minha criação ficaram com vidas vazias sem proposito ou sequer nasceram."

Samantha sentiu compaixão pelo velho criador de almas, e pela pobre pessoa que teve esse destino horrível por causa de um erro. Ela sabia o que era ver seu trabalho sendo desperdiçado ou tratado como lixo. E ela sabia o que era ser injustiçada. Aquele corpo inerte em uma cama era prova mais do que necessária para justificar o ódio que ela sentia de Deus e do Destino.

Então era assim. Ela iria morrer naquela cama sem ter realizado nenhum de seus sonhos, enquanto o desgraçado que fez isso com ela viveria lucido e acordado aproveitando a vida. Se Deus fosse como diz a Bíblia a imagem e semelhança do homem. Samantha teria o maior prazer em acertar a cabeça divina Dele com um taco de baseball. Mas o que ela poderia fazer pelo velho? Ela não era nada. Nem um corpo ela tinha.

"Eu realmente sinto muito pelo que aconteceu com a sua criação, mas como eu posso fazer alguma coisa? Eu simplesmente sou... eu! Eu não tenho nada demais, como eu poderia consertar um estrago feito pelo destino? Se eu pudesse... eu não estaria aqui!"

O velhinho deu um muxoxo de desdém para o argumento da garota.

"É exatamente ai que você se engana, eu tenho um plano e você terá um papel importante nesse esquema. Eu tenho os meios para fazer com que as almas mudem de portadores, ou dividam um mesmo corpo. Eu colocarei a sua bela alma dentro do corpo de uma pessoa importante na vida dessa pessoa que porta a alma que eu criei. Tudo que você precisa fazer é simplesmente ser bondosa e carinhosa com essa pessoa, para que a alma dele encontre a salvação e possa voltar para mim. Já que o modo como ele morreu foi considerado suicídio pelo Destino e a punição para isso é a destruição da alma em questão."

Os olhos de Samantha deveriam estar do tamanho de pires de chá. O que aquele velhote lunático queria fazer? Colocar a alma dela em outro corpo? Isso é loucura! E de brinde a fazer fingir sentimentos para outra pessoa. Inaceitável! Ela não faria isso. E o seu corpo? Ele não morreria sem uma alma?

"Sem chance." Disse ela para o velhote e disse todas as perguntas e duvidas que estavam na sua cabeça.

"Nossa! Você é bem detalhista e preocupada. Para não dizer desconfiada! Bem vamos por partes. Primeiro, o corpo e alma da pessoa que você se hospedara não sofrera nenhum dano, tudo que você vai fazer é abrir os olhos dessa pessoa para os verdadeiros sentimentos dela em relação a essa outra pessoa. Em segundo lugar, eu aposto que você se dará bem com essa pessoa e não precisara fingir nenhum sentimento. Eu crio almas e sei que vocês se darão muito bem. E em terceiro lugar, um corpo não precisa de alma para sobreviver, ele precisa de um cérebro funcionando e um coração batendo. Ou você realmente acha que uma alma é útil em um corpo semimorto jogado numa cama de hospital?" Ele disse essa ultima parte apontando para cama onde o corpo de Samantha estava em coma. Isso foi cruel.

"Tudo bem, já entendi. Mas por que eu faria isso" Disse Samantha. "Eu não quero viver a vida de outra pessoa, e muito menos bancar o cupido empurrando uma pessoa para outra."

O velhinho deu outro daqueles sorrisos.

"Digamos que com isso eu poderei lhe fazer um favorzinho. Eu posso fazer uns ajustes nos papeis do Destino e dar um jeitinho de fazer você acordar desse coma e voltar a sua vida. Uma mão lava a outra, você entendeu?"

Nossa! Com isso as coisas mudam de rumo, ela só precisa fazer uma pessoa feliz e voltar para sua vida. Mas tem algo estranho aí. Está fácil demais e por que ele foi atrás justo dela. Tudo isso não estava parecendo muito certo. Mas o que ela tinha a perder?

"Posso ao menos saber quem é a pessoa que eu vou tomar o corpo e quem é a pessoa que tem essa sua alma especial?"

"Mas é claro que sim!" Disse o velhinho com os olhos brilhando de entusiasmo com o rumo da conversa. "Mas posso crer que esse seu interesse é um sim, certo?"

"Que tal um talvez?" Respondeu Samantha.

O velhinho deu um suspiro e continuou:

"Você talvez ira tomar o corpo de uma jovem chamada Christine Daae e...".

Ele não conseguiu terminar a frase porque no momento que ele disse o nome da pessoa Samantha gritou um sonoro palavrão.

"Você deveria lavar essa boca com sabão. Não é adequado uma dama falar essas coisas." Disse ele indignado.

"Mas você disse Christine Daae, esse não é o nome da...".

"Famosa cantora lírica do século XIX?" Completou o velho.

"Não, o nome da heroína do livro O Fantasma da Ópera."

"Ah sim!" Disse o velho. "Tinha me esquecido que havia um livro".

"Se esquecido que havia um livro? Você está me dizendo que aquilo realmente aconteceu?"

"Sim, realmente aconteceu por culpa daquele **** do senhor Destino." Agora parecia que o velhote era capaz de cuspir fogo.

Incrível, agora as coisas estão cada vez mais loucas. Então o legendário Fantasma da Ópera realmente existiu. E um velhote que se diz compositor de almas quer que ela entre no corpo de Christine Daae.

"Isso não pode ser verdade! O Fantasma da Ópera é somente um livro, nada a mais que uma ficção."

O velhote não gostou disso.

"É assim porque o Destino quis que fosse desse jeito. Todas as marcas da existência de Erik foram apagadas do seu mundo, todas as partituras, os desenhos, os projetos arquitetônicos que ele criou preso naquele buraco como um rato escondendo a minha criação do mundo. Tudo foi perdido!" Ele parecia que ia começar a chorar. Samantha realmente estava sentindo pena do velho. Mas principalmente pena do Fantasma. Então Erik realmente existiu e tudo que foi escrito era uma história real! Samantha lera o livro há alguns anos atrás para um trabalho da escola. E ela realmente ficou penalizada pela história do Fantasma e pelo seu fim triste e terrível. Morrer sem amor e solitário. Ninguém merecia isso.

E ela teria o poder de mudar tudo isso. Mas havia um porem:

"Mas se eu fizer Christine se apaixonar por Erik eu não vou mexer com o destino do visconde? Isso não seria ruim?"

O velho soltou uma gargalhada.

"Hahaha! Você realmente acredita com todas as suas forças que Raoul de Chagny seria totalmente infeliz sem Christine? Ele é rico, bonito e tem status. Você acha que ele teria uma vida infeliz e solitária como a de Erik, se Christine escolhesse outro?"

O que ele falou não era mentira. Raoul amava Christine, mas ele não morreria se ela não o escolhesse. Na verdade ele iria para aquela expedição ao Polo Norte e com certeza teria uma vida de muitas aventuras para contar para seus netos.

Erik jamais chegaria perto disso.

A decisão já estava tomada na cabeça de Samantha. Agora só faltava ela dizer.

"Vamos nessa, velhote!"


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem! Diga o que acha!