Zombieróscopo escrita por Turma do Amor


Capítulo 5
Ateneu


Notas iniciais do capítulo

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– O que foi que aprontaram dessa vez hein,senhor Áries e senhor Touro? -Perguntava o diretor, suspirando.
– Aquele merda tava me zoando, porra. - Dizia o ariano. - Eu apenas espanquei, era o único jeito de calar aquela bosta ambulante.
– Oh,e enquanto a você, Touro.
– Apenas rindo enquanto comia salgadinho. - Respondeu.
– ... E porquê está aqui?
– Porque eu tinha roubado o salgadinho.
– Oh...

O diretor respirava fundo, parecia calmo demais. Só parecia mesmo.

– Já é a décima oitava vez que os dois vêm à diretoria. - Falava o diretor. - Será que não estão cansados de vim aqui toda hora?
– Nem, conversar com o senhor é bem melhor que ficar na aula de matemática da velha... - Áries foi interrompido pelo diretor.
– Francamente, os dois não tem jeito. O único jeito de puni-los é...
– Dar uma suspensão? -Dizia o ariano, logo se levantando. -Falou, já to indo!
– Não!! Volte aqui!
– Aff Maria.
– O que seria então, diretor? -Perguntou o azulado.
– Bem, o único jeito de puni-los é deixando você cortando a grama do jardim da escola.
– Ah, Fácil! Venha,Touro!

O ariano foi puxando o taurino para porta, dizendo adeus pro diretor. O diretor, sem reação, acenava apenas.

– Com certeza vai ser fácil. -Comentou o ariano.
– Como tem certeza?- Perguntou Touro.
– É só arrancar algumas gramas e tal! Já tá pronto! A grama com certeza não está tão... Puta que pariu,o que é isso?!

Touro pareceu confuso com o olhar assustado de Áries, até que olhou para mesma direção. A grama estava grande, parecia na verdade mato.

– O que ia dizendo mesmo, Áries?
– Cala a sua boca,porra! Bora limpar!

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–Nunca mais quero aceitar essa punição do caralho. - Dizia Áries, suado depois de horas cortando o matagal.
– Nem me fale. - O taurino bebia seu refrigerante.
– ... Que tédio, ta afim de badernar?
– Não sei, acho que sim.

Era o intervalo, podia ter tiozinhos monitorando o pessoal, mas mesmo assim, não atrapalhavam os planos de Áries.

– Então bora! Vamos incomodar o seu zé e depois espancar os nerds do tercei- Áries parou de falar, após um garoto empurra-lo, caindo no chão. - Tá louco,caralho? Quem você acha que é pra poder se meter comig...

O garoto gritou. Áries silenciou e olhou a mesma direção que o garoto olhava. Uma garota estava devorando o monitor.

– Mas que porra... É essa? -Olhou, não conseguindo crer naquilo.
– Salvem suas vidas!!! Corram pra saída, agora!! - Era ouvido a voz do diretor através de um aparelho de som.

O pessoal que estava ali, entraram em pânico. Pisavam, chutavam, gritavam não ligando para o que estava acontecendo, apenas queriam sair dali.

Áries não ficou fora dessa, ele começou a se desesperar, o que era aquela bosta que havia acontecido agora a pouco?
Áries corria acompanhado de Touro, procurava uma saída pra fora daquele escola dos infernos, quando é bruscamente puxado pela manga por Touro, na direção oposta da saída da escola.

– Ô idiota! A saída é por ali!- Áries gritou inutilmente com o outro, que foi apenas respondido com um aceno de cabeça distraído - Você quer nos matar porra?!

Não percebeu pra onde estava sendo levado até o Azulado pular dentro de um caixote de lixo, o ariano olhava pasmo pra cara submersa e impaciente do outro ,como se a resposta fosse clara.

–Entra -foi a única coisa que se ouviu da boca cheia de chiclete do Touro.
– Eu não vou entrar nessa caralha! -Áries tratava aquilo como uma mera brincadeira de mal gosto -Sai logo daí seu imbe- Fora cortado com o Touro puxando ele pela camiseta lá pra dentro daquele caixote imundo.

Áries ia gritar com ele quando ouviu passos e gemidos anormais vindo do lado de fora, aquelas coisas tinham acabado de passar...

–------------

Aquele lugar tinha um cheiro insuportável, mas mesmo assim esperam minutos ali. só sairiam depois que o barulho daqueles seres fosse quase nulo. Era mais seguro.

– Vamos, eles já saíram... - Disse Touro, com voz baixa, erguendo a tampa do caixote.

Põe somente o rosto para fora e observa o corredor, tudo limpo. Ou melhor, tudo vazio. Um rastro da sangue manchava o chão, como que para reafirmar que aquilo tudo era real.

– Mas que merda... O que tá havendo nessa caralha? - Pergunta Áries impaciente ainda sem poder ver o lado de fora.
– Fala mais baixo, depois eu te explico. Só venha.

Volta a o arrastar pelos corredores, a princípio mais fugindo que indo para alguma direção exata, Seguindo na direção contrária às marcas de sangue e arranhões nas paredes. Áries decidiu o seguir calado, obedecendo ao que o outro pedia.

– Precisamos achar armas... Ou algo pra nos proteger, tem ideia? - Perguntou Touro ainda sem parar de andar.
O de cabelo platinado pondera um tempo antes de responder.
– Na cantina, talvez naquela porcaria tenha algo que sirva. - Responde por fim.
– Ok, vamos procurar algo lá.

Mudam a rota e vão correndo até a cantina, por sorte sem esbarrar com mais nenhuma situação perigosa. O caminho de minutos que lhes era tão corriqueiro parecia demorar uma eternidade, o medo fazendo cada curva parecer uma armadilha.
Quando finalmente alcançam a cozinha, entram e trancam a porta cuidadosamente, tendo uma breve sensação de segurança.
Passo por passo, Áries começa a procurar algo de útil para se defenderem, revirando as gavetas e armários atrás de algo mais perigoso que uma faca de manteiga, até que finalmente encontra o que estava procurando.

– Achei as facas de exército do tiozão da cantina! - anuncia com os olhos brilhando - Porra,por quê ele não levou isso? E além do mais, por quê trazia isso pra cá? - fala mais baixo perguntando tanto para touro quanto para si mesmo. - Enfim, eu vou usar uma por alguns momentos, tô com outra coisa em mente... Touro, toma essa outra faca... Touro?

O ariano olhou para o lado e fica antônimo ao ver o taurino encher a mochila de comidas da cantina.

– Porra! O mundo tá acabando, e você rouba comida?!

O de cabelo azul desvia o olhar do que estava fazendo por um segundo e responde impassível como sempre.

– Precisamos para sobreviver, não? Isso inclui não morrer de fome. - recebe como resposta um revirar de olhos do amigo impaciente.
– Aff, tanto faz! Só pega essa faca e vamos no segundo andar.
– Fazer o que lá? Só tem a sala dos materiais de Educação Física, a biblioteca... - tentava encontrar uma linha lógica de raciocínio na ideia do outro, mas não conseguia entender.
– Preciso pegar algo lá, só confia em mim.
– Ok, se é o que diz...

Touro terminou de encher a mochila e a lançou no ombro novamente, pegando a faca que o ariano lhe estendia. Ninguém realmente sabia pra que o cozinheiro trazia aquilo para o colégio, mas o antigo veterano de guerra parecia carregar as facas para onde quer que fosse. Era até estranho elas terem ficado ali sem ele. Ao menos que...
Saíram pelo balcão da cantina a passos lentos, evitando ao máximo fazer qualquer ruído. Subiram as escadas, olhando para os lados com receio de esbarrar com daquelas criaturas novamente ou com algum um tonto gritando por aí. Mas não se ouvia nada. a escola estava completamente em silêncio, o único som que se ouvia era o leve ruído do auto falante, que aparentemente havia ficado ligado na sala do diretor quando ele fugiu.

– Essa porra não tá nada legal... - murmura o ariano depois de um tempo, em meio a todo aquele inferno, um silêncio conseguia ser mais perturbador que os sons de grito.
– Tá com medo, Áries? - provoca o outro. Também estava com medo, mas eram tão raros os momentos que o platinado abaixava a guarda que não poderia deixar passar em branco.
– Que?! Que pergunta é essa?! É claro que não,besta!! - retoma sua expressão enraivecida de sempre, se repreendendo mentalmente por ter baixado a guarda.

O taurino ria da cara do ariano, que não entendia o motivo daquela risada. Logo chegam ao segundo andar, que estava tão silencioso quanto o caminho até lá. As poucas luzes que eram mantidas pelo gerador do colégio fraquejavam e piscavam, os impedindo de enxergar muito longe e dando um ar ainda mais sombrio ao ambiente.

– Vem, a sala do materiais de esportes está logo ali..-Diz Áries, puxando o taurino pelo braço agora.
– Calma, não precisa ficar assim.
– Que não precisa o que?! Você não tá entendendo a situação?! Eu preciso pegar um negócio antes que...

Ao abrir a porta, uma garota caiu no chão. Os olhos sem vida ainda abertos, e o pescoço em um ângulo nada natural. Sua roupa completamente manchada de sangue, talvez dela mesma. Áries leva um susto tão grande que erra os passos a recuar e acaba caindo também, se arrastando assustado para longe da menina.

– Santa Virgem Maria!! De onde surgiu essa garota?!
– Não sei - o azulado chega a considerar se aproximar, mas recua em seguida. - mas com certeza está morta. É melhor... Deixarmos de lado.

Estende a mão e ajuda o amigo a se levantar, ignorando completamente a menina morta e estabelecendo suas prioridades. As vezes a frieza do taurino era quase assustadora. Passam pelo cadáver e entraram na sala que geralmente era de acesso restrito a alunos .Chegava a ser admirável a quantidade de materiais de esporte, paredes e armários repletos deles. Áries corre até uma cesta cheia de tacos de baseball, pegando um e o examinando por um momento com um leve sorriso.

– Acho que vou ficar com esse mesmo...
– Tá querendo virar a Arlequina, é? - Ria Touro daquele sorriso do amigo.
– Que isso?! Apenas acho que me serve mais que uma faca, e aliás, delinquentes costumam usar isso.
– Ah, então tá se achando delinquente, estou certo?
– Isso eu já sou,porra! Eu só precisava de...- arregala os olhos e a frase morre na metade, substituída por outra em fração de segundo - Abaixa a cabeça, Touro!
–O que?! - mesmo sem entender, acata a ordem na mesma velocidade.

Assim que o taurino se abaixou, o ariano bateu com tudo na cabeça da criatura que se erguia atrás de Touro. O outro olhou assustado e ao mesmo tempo aliviado para o ser com crânio esmagado atrás de si. Áries o havia salvado. O ser por sua vez era ninguém menos que menina de antes, agora com o rosto desfigurado, mas ainda reconhecível pelas roupas e cabelo. Então era isso, eles eram isso. Eram mortos. E estavam voltando.
Chega a demora pra responder, e aparentemente o silêncio do mais baixo ao seu lado confirmava que chegaram a mesma conclusão.

– Valeu. - diz por fim, se lembrando que meio que devia a vida a ele.
– Presta atenção na próxima vez, merda. - diz em um misto de raiva e preocupação. - Agora vamos sair dessa porra de escola?
– Claro. - responde automaticamente

O celular de Touro recebe uma notificação. Áries já olhou o taurino curioso.

– É a "vaca" da sua mãe? -Riu.
– Haha, bela piada,Áries.

Abrindo o app de conversa,Touro viu que era apenas um local de encontro do pessoal que jogava.

– ...Tive uma idéia. A gente vai até o fliperama- Dizia Touro.
– Pera. Lá na puta que pariu?! Pra fazer o que lá? - Perguntava Áries.
– Talvez lá conseguimos achar uma pessoa que eu conheço.
– O que? Um mágico? Uma bruxa? O Chuck Norris? Faça-me o favor,chifrudo! Tá querendo mesmo morrer? Você ainda quer encontrar gente que você só conhece virtualmente? Vai que os malucos é crackudo e mata a gente!
– Que isso... É uma garota!
– Como tem tanta certeza?
– Pelo nome,ue. Ela se chama...

Áries grita,ao sentir algo lhe puxando pela perna. Chuta a criatura bruscamente.

– Depois você me conta, agora a gente precisa fugir dessas merdas!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha gostado! Obrigado por lerem até aqui~
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