Sombra de Loba escrita por Scarllett Dark


Capítulo 5
CAPÍTulo Quatro - Peeira, Filha DA Dor


Notas iniciais do capítulo

E após uma revelação.... De quem enfim era DE VERDADE a misteriosa loba! ...A História enfim chegou ao seu final... Uma Peeira à de surgir...? E surpresas...

(MESMO ESCREVENDO PARA NINGUÉM NUNCA IREI DESISTIR)



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Então naquela mesma noite ela dormia tranquilamente... Era uma noite sem luar e ela adormecera sob um carvalho lembrando-se mais uma vez de seu filhote perdido...
Então de repente algo a acordava, e seu coração se alegrou e mal podia acreditar... Pois um focinho gelado a despertava... sim, era ele, seu querido Grayby!
Seu filho querido estava ali... Seu cheirinho era inconfundível e eles logo lamberam um ao outro com carinho... Aqueles pelinhos cinzentos e volumosos... O corpinho tão macio, felpudo... E quente! Tão diferente da última vez que o vira...
Cheiraram-se e se puseram a brincar e correr juntos entre as árvores como se ele fosse novamente de fato um filhote... Até que quando ela se deu conta eles estavam num lindo jardim ensolarado...
Ela então o abraçou com força e com todo seu amor... Sentindo o pequeno coração bater junto ao dela, o calor sob os pelos... Então abriu os olhos e viu-se ali, embaixo daquele carvalho, despertando de um sonho bom...
Acabara de reencontrar seu filhote querido no mundo dos sonhos... O que ela sabia estar longe de deixar de ser real... Ainda que não fosse concreto! Havia visitado o mundo espiritual... Tal como costumava ser do seu feitio anteriormente, pois sabia bem que Ela mesma fazia parte dele...
Na verdade a visita de seu filho lupino naquela noite lhe deixava claro que não o havia perdido totalmente e também a despertara para sua verdadeira natureza: não era humana e nem loba... ou talvez ambas ao mesmo tempo! Pois era de fato uma Deusa! E como tal deveria agir...
Portanto não precisava mais se deixar dilacerar por Feri, Lang e sua alcateia para sentir no corpo o que sentia no coração pela perda de Grayby... seu peito estava apertado agora, mas era diferente... estava naquele momento chorosa e maravilhada...
...seu filhote a visitara depois de tanto chamá-lo! E agora já era hora de entender que ele estava bem e que nunca a deixaria por completo... portanto lamentos e dor não eram mais necessários...
+++
 

Feri e Lang prosseguiram sua vida selvagem e sua sobrevivência nas terras das florestas da Lusitânia com sua alcatéia, por várias semanas não viram mais a loba cinzenta solitária... A moça selvagem se perguntava o que havia acontecido à ela...
Numa noite toda a matilha dormia como de costume, entretanto o próprio ar carregava uma atmosfera diferente... Foi quando Feri acordou com o rosnado de Lang, e pulou do chão onde dormiam lado a lado, ficando em guarda em questão de segundos... Algo ou alguém invadira seu território!
...Viam a silhueta de uma mulher, quando repentinamente todos os lobos, incluindo Lang, se colocaram curvando-se com a cabeça entre as patas... Pois a energia advinda da mulher os fizera não reconhecê-la como uma mera humana, e Feri que ainda continuava de pé, assustou-se pois jurava já ter visto aquele ser à sua frente...
...E não poderia compreender como ela aparecia agora ali, viva e com aquele poder, senão aceitando que de fato não era uma humana! Com os olhos arregalados e sem entender a moça selvagem contemplava a figura feminina e via que era exatamente a mesma pessoa da qual a alcatéia havia se alimentado dias antes!
Contudo estava muito diferente, portava um escudo e uma lança, seus braços e pernas estavam cobertos por tatuagens rústicas e antigas, por sobre seus cabelos longos uma cabeça de loba era vista... Porém não dava para saber se era uma pele que a vestia ou se aquilo era parte de seu corpo... E havia também um jovem lobo cinzento ao seu lado...
A Deusa sorriu largando seu escudo ao chão... E diante de seus olhos estupefatos, a energia Dela se intensificou e Feri sabia naquele momento que Ela era a loba cinzenta... Aquela mesma a quem Feri e Lang haviam encontrado uma última vez naquele dia no rio....
E outras vezes durante as noites em que toda a matilha pernoitava na floresta... Quando a mesma antes uivava em um profundo lamento melancólico... A Cinzenta Solitária, cujo olhar era expressivo e profundo... Agora sabia que não era apenas impressão!
..Seria aquilo um sonho? Não! De alguma forma sentia que aquilo era real... E caíra de joelhos diante da bela mulher-loba... Lembrando-se das últimas semanas como ela aparecera por mais de uma vez na forma humana para alimenta-los consigo mesma, com sua própria carne, quando eles mais necessitavam... E agora sabia que vez ou outra lhes mostrava sua verdadeira forma lupina... 
...A moça selvagem e seu inseparável irmão de quatro patas agora sabiam que estavam sendo protegidos e abençoados por uma Deusa da Natureza, tão lupina quanto eles... Trebaruna era seu nome... Mas não sabiam ainda que Ela estava ali para conceder mais uma graça...
Ela então se aproximou e tomou entre as mãos a face da moça ajoelhada, olhou-a no fundo dos olhos e era como se enxergasse sua alma... Feri estremeceu inteira quando uma das mãos de Trebaruna inesperadamente se entranhou em seus cabelos com uma força incrível, segurando-a com violência, e sua respiração encontrou-se com a Dela...
A moça não conseguia reagir... Parte intimidada pelo modo como estava sendo tocada... Como nunca nenhuma outra mão havia lhe tocado! E parte apreciando aquilo de modo surpreendente a si mesma... Sentia os cabelos repuxarem, coração acelerando, a respiração começava a ofegar... E aquilo lhe causava dor... Mas também algo mais...
Sentia um certo frio no estômago, enquanto os olhos grandes intensos e amarelos, exatamente como olhos de lobo, à centímetros dos seus analisavam toda sua existência até ali... Foi então que sentiu o coração até então descontrolado trincar e parar, a dor aguda agora era no peito...
...Pois com um movimento rápido a mulher-loba havia enterrado ali sua lança... Feri não sabia o que fazer ou pensar... E agora...? Se tornaria ela mesma alimento para seu irmão-alfa Lang e a alcateia que sem ele a teria abandonado por ela não ter pelos e garras como os outros...? Se uniria à sua mãe-loba Suyar, enfim...? Ainda contemplou os olhos lupinos Daquela que ainda a segurava com firmeza...
...Enquanto foi sentindo o corpo inteiro esmorecer... Já não sentia mais nada... E no instante seguinte estava diante de Suyar... Teve um vislumbre rápido de seu pelo encostando em seu nariz, sentiu-se sendo cuidada e acolhida por ela... Como se fosse uma pequena criança de novo...
Mas desta vez, de fato uma filhote lupina! Com pelos, calda e focinho... Como nunca houvera tido antes... Ao despertar naquela manhã sentia-se diferente... Olhou em volta e até o cheiro do ar era outro... Podia ouvir até mesmo o som das folhas caindo das árvores...
Percebeu que estava como sempre entre a alcateia de Lang, porém os outros membros lhe tratavam diferente de antes... Logo sentiram algo se aproximar, e estava correndo livre entre as árvores com eles... Um veado apareceu em seu caminho... E Feri o perseguiu instintivamente, para junto a Lang, atacar-lhe a jugular!
Sem ser deixada para trás na caçada desta vez... Ou ter de dividir a caça com a alcateia apenas porque Lang estava ali... Pois possuía garras como as deles... A capacidade de atingir velocidade e a força para abater a caça... E dilacerar seu corpo... Sim, havia se tornado uma loba de verdade! Era uma igual na alcateia afinal...
Trebaruna aparentemente lhe tomara a vida para dar uma nova... Havia matado por completo sua humanidade, para torná-la uma loba... Ou algo ainda melhor...
Pois após banquetearem a carne do veado violentamente abatido, o grupo caminhou um pouco mais e chegou ao rio... Onde Feri colocou a boca na água para beber ao lado de Lang e surpreendeu-se com o que viu no reflexo... Pois Lang lhe aparecia de fato como um lobo, e ela... Via-se uma mulher, embora com os olhos de loba e parte da face ainda suja de sangue...
Foi então que mais uma vez Trebaruna apareceu diante deles, a princípio em sua forma de loba... Colocou-se então diante de Feri em seguida, já na forma humana às margens do riacho... E explicou-lhe, num idioma que apenas uma criatura lupina poderia compreender:
–Minha criança... Eu chorava por perder um filho, que tive enquanto pus-me à cá a experimentar ser uma loba mortal... Havia por amor à ele desaprendido, que vida e morte é algo natural! Porém esquecendo-me de que todos vocês são meus filhotes na verdade! Vos alimentei com minha dor, e graças a ti recuperei minha divindade... - segurou a face de Feri uma vez mais e prosseguiu:
–Agora tenho outra filha desta dor... A quem compartilhei parte de meus dons... És loba, és mulher... És vida, és morte... Da lua uma filha e dos lobos consorte... Peeira, chamar-te-ei! Parte de mim... E guiará meus outros filhos, com a força e os dons que lhe dei...

E em seguida desapareceu para não mais voltar... Deixando Feri, agora legitimamente parte da alcateia de Lang... A sua alcateia! Por quem agora era aceita e tinha respeito por completo, e a quem guiaria por inúmeras gerações, talvez pela eternidade... E sua lenda se tornaria conhecida, como um tipo de "Fada dos Lobos" ou coisa que o valhesse... Porém somente à ela e à Trebaruna cabendo a verdade...

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Notas finais do capítulo

Quase um EPÍLogo:

Saindo da alcateia para a vida... Ao ler deu pra sentir que os lamentos da loba cinzenta por seu filhote cinzento eram reais...? Pois ERAM!!! Esta história foi escrita como um tipo de metáfora, apesar de planejada como simples fanfic...Lendo até o fim entende-se!

Ela foi escrita originalmente em sua primeira versão semanas após quando de fato perdi meu filho de quatro patas, em 29/09/2015 (completo um ano quando postei esta)... Seu nome era Baby (por isso Grayby na história...), e ele tinha pelagem bem cinza e abundante! Completaria 14 anos hoje, 05/10...
Escrevia esta história, um pouquinho a cada madrugada, para suportar a minha dor de repentinamente estar sem ele após tantos anos de convívio...
...Para muitas pessoas um cão é só um cão! Mas o meu era de fato um filho! Mesmo não sendo humano era da família... Da MINHA matilha! Ao qual criei com amor e carinho por treze anos, tornando-se um amigo valioso... Portanto deixo-lhe aqui esta singela homenagem!
§§§§§§§


Deixo como parte integrante deste "epílogo" as duas letras da banda Moonspell que me inspiraram a criar a minha garota-loba O.C., e onde conheci também a Deusa Trebaruna... se alguém bater curiosidade...

E GRATA A QUEM TIVER ME ACOMPANHADO ATÉ AQUI NESTA SINGELA JORNADA!
Até as próximas fanfics!!! o/
...E um uivo a vcs!
§§§

Trebaruna

Trebaruna filha da Dor
Guerreira sagrada, Deusa do Amor
Trebaruna teu leito semente
Acolhe-nos agora num mui doce abraço
Trebaruna és Vida és Morte
da Lua és filha, dos Lobos consorte
Trebaruna pagão é teu ventre
Ansiado refúgio de quem ainda te sente
Viva!
Trebaruna és tu quem nos gera
Alimento teu seio d'Amor e de Guerra
Trebaruna a tua voz é
a melodia mais doce da nossa Terra
Trebaruna nós tuas crianças
Beijamos teus olhos cerrados com fervor
Trebaruna cantamos para ti
Somos teu eterno, fiel trovador
§§§

Sombra da Loba (Uma mulher-loba Mascarada)

Ela trouxe a noite oculta em seus sombrios olhos de loba
O perfume do crepúsculo, seu tão forte cheiro
Meio loba, meio fêmea - a qual ao estranho desposada
A Mãe Natureza tem oferecido a nós para ver
Sua máscara cai perdida no fatal amanhecer
Fechados estavam os olhos do sol. Ele dorme
E ela matará. Minha pequena matança
Você pássaro noturno. O réquiem que um deus não pode esquecer
Para sua vida é apenas a celebração desta morte
..sem seus espinhos em seu coração. Ela usa as sombras como face
Uma mulher-lobo mascarada. Nos seus olhos a sombra do lobo
Ela trouxe a noite e pela noite estava oculta
Nós ainda somos as crianças dos poderes que ela tinha que libertar
Estranhos são os caminhos da loba encorajada

Wolfshade (A Werewolf Masquerade)
She brought the Night hidden in her sad Wolf eyes
The perfume of a twilight, her strongest scent
Half Wolf, Half female - what a strange wedding
Mother Nature has offered us to see...
Her mask lays lost in a fatal dawn
Closed were the eyes of the Sun. He sleeps.
And in the name of Her Father.
She will kill. My child kills.
You nightly birth. A requiem a God can't forget.
For your life is just a celebration of his death
Without his thorns in her heart. She wears a shadow as face.
A werewolf masquerade. In her eyes the wolfshade.
She brought the Night and by the night was brought
We are but children of the powers she had set free
Strange are the ways of the wolfhearted…



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