Sombra de Loba escrita por Scarllett Dark


Capítulo 1
PRÓLOGO : UIVOS MELANCÓLICOS


Notas iniciais do capítulo

História inspirada também numa fanfic feita em 2015, recheada de simbolismo e emoções! Não tendo compromisso algum com a realidade... Feita para todos os fãs de histórias de lobos ou de mistérios...



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Ela estava sentada em meio a planície gélida da Lusitânia, que sempre fora seu lar... Eram as primeiras noites da primavera, o frio do inverno ainda não havia se despedido, e as estrelas tomavam conta do céu onde a a lua brilhava majestosa...
Mas ela não estava feliz, como estariam quaisquer dos habitantes da região ao saberem que o sol finalmente apareceria e derreteria parte da neve, embora fosse frio ou fresco o ano todo.
A brisa fria passava por seus longos cabelos e ressecava as lágrimas em seus olhos... Ela perdera seu filho, mas não o enterrara... Preferira dar-lhe um funeral como os que eram dados aos grandes guerreiros antigos: o fogo...
Após cremá-lo, e juntamente com ele uma parte de seu próprio coração, as cinzas seriam levadas pelo tempo e pelo vento... Misturando-se ao ar daquelas planícies verdejantes e sua lembrança traria à sua alma uma saudade gélida...
E assim sempre que a brisa soprasse poderia relembrar seu cheiro, sua presença e sentir-se com ele novamente... Seu querido Grayby... Sangue de seu sangue, sua cria... Era terrível pensar que não mais o abraçaria...
Como sentia saudade! Mas sabia que sua hora havia enfim chegado... Mesmo assim seu coração ainda doía, e suas lágrimas fluíam... Não mais estaria correndo com ele naquele solo, ou caçando juntos, ou vendo-o dormir calmamente a seu lado...
Enquanto seu lamento era ouvido noite adentro, como o choro do próprio vento... Como um uivo agudo e amargurado sob a luz do luar... E ela seguia chorando, enquanto já se fazia a madrugada... "Grayby, meu Grayby... Minha riqueza! Adeus criança!"
Chorava alto... Uivava... Não um uivo vibrante e livre para a Rainha Lua como tantas vezes já fizera... Mas sim um uivar sofrido e tristonho... Melancólico como somente uma mãe emite por sua cria...
Tomara a decisão mais difícil de sua existência ao perceber que não poderia impedi-lo de partir como de fato queria, como o fizera anos antes... Entretanto daquela vez precisava deixar a natureza seguir seu curso... Era o momento que não poderia ser novamente burlado...
Como queria tê-lo ali com ela brincando a noite como sempre, companheiro em suas longas madrugadas... Uivando para a lua com ela... Sim, sua criança uivava, corria e rosnava... Tinha quatro patas e pelos cinzentos... Era um lobo!
E agora quem uivava com tristeza inconsolável era ela... Lamentos cada vez mais altos, só a Lua por testemunha estava ali para consolá-la... Até que ouviu um assobio na escuridão... Assustou-se e respirou fundo... Sentiu o cheiro de alguém... Quem estaria por perto numa hora daquelas? E se aproximava... Era um lobo?

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— Lang, o que encontrou? Ouviu mais alguma coisa...?
Um lobo grande de pelos escuros, com uma cicatriz que lembrava uma meia lua na testa aparecera e seguindo-o... Outro lobo? Não... Um moça... Mas que cheirava e se movia exatamente como o lobo... Que para ela era certamente muito mais que um animal de estimação... Era seu irmão! E sua família, a alcateia, dormia há poucos quilômetros dali...
Aquela era Feri, que vivia desde muito cedo com Lang e sua alcateia, salva e adotada desde criança como um deles, como mais uma loba no grupo... Uma loba-humana... Mais loba que humana... Pois de humana possuía apenas o corpo e a aparência, alma e personalidade lupinas...
Lang acordara ao escutar um uivo distante... Parecia uma fêmea, e ela parecia estar muito ferida... Feri também ouvira... Entretanto não sabia dizer se era um uivo de loba ou o choro de uma pessoa... Os dois haviam saído juntos espreitando...
E se o mal que a afligia fosse algo que ameaçasse a eles mesmos ou à sua alcateia...? Precisavam investigar... Sem contar que Feri jurava que encontrariam uma humana ferida... Se fosse mesmo um choro, e não uivo... Jurava que poderia ser! Caso confirmasse suas dúvidas ela seria uma boa refeição para a alcateia pela manhã... Contudo, como estaria ferida se não sentiam cheiro de sangue...? Era um mistério!
...Mas sentiu-se de fato um tanto surpresa quando viu Lang em alerta, rosnando de modo cauteloso... Pois diante dele, também na mesma postura intimidadora se encontrava uma loba cinzenta... A qual nenhum dos dois conhecia... Feri não sabia o porquê, mas sentia-se sem ação diante dela... Enquanto Lang já lhe rosnava e ela rosnava de volta...
—Ei Lang! Vai matá-la? Pensando bem... Você tem razão... Ela é uma estranha...
Era algo natural entre eles matarem o que fosse para sobreviver, qualquer animal ou humano que lhes aparecesse no caminho... Ainda que fosse outro lobo, desde que não fizesse parte da família... Porém o que aconteceu em seguida foi inusitado...
Lang estava pronto para atacar, como de costume... Sua irmã humana pensou que de fato ele o faria, porém repentinamente ele curvou-se, não como se estivesse acuado, mas como se prestasse respeito ou submissão a algo... À loba a sua frente! O moça nunca o vira agir assim...
Então sentiu que suas pernas tremiam de leve... Aquilo que sentia nela... Era um energia estranha, algo etéreo... Como se aquela loba não fosse deste mundo... E foi se aproximando muito lentamente, passo a passo, da fêmea lupina que ainda rosnava para eles...
...Respirou profundamente e já esticava a mão para tocá-la... Mas quando parecia alcançar-lhe a cabeça cinzenta ela simplesmente recuou e saiu correndo... Sumindo em segundos...
Após sua partida, Lang ainda continuava curvado rente ao chão como se estivesse em transe, as duas patas juntas frente ao focinho e a cabeça entre elas, orelhas abaixadas e a barriga no solo gelado, não mexia nem um músculo...
Feri deixara-se cair de joelhos ao lado do irmão lupino... Surpresa e tentando entender aquilo... Que fêmea era aquela? Não se recordava daquela loba... Sentira, além de fato algo estranho nela...
Mas de uma coisa tinha certeza: ela cheirava à dor! Apesar de intimidá-los com certeza ela sofria... E não estava ferida aparentemente! Porém aquele uivo que os trouxera ali era de cortar o coração de qualquer criatura... Mesmo corações lupinos!

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Notas finais do capítulo

Tento postar o próximo capítulo amanhã mesmo... Esta história será pequena pelo que planejo, e pretendo terminá-la antes da primeira semana de outubro! Até breve!



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