M.M - Minha Magia. escrita por Tyke


Capítulo 4
M.L - Culpa


Notas iniciais do capítulo

Parte 1



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M.L

Molly se mirava no espelho. Usava apenas roupas intimas simples. Ela estava nervosa e os olhos vermelhos. "Será que é perceptível?" passou as mãos pela barriga. Havia um volume ali. Mas isso não podia significar nada. A moça nunca teve uma barriguinha lisa. Gostava de mais de sapos de chocolate para conseguir atingir essa forma. Passou as mãos na barriga novamente e ficou de lado observando. Realmente parecia maior que o normal. Ela começou a chorar e se jogou na cama. Aquilo era tudo culpa sua. Seu pai jamais a perdoaria.

— Mols. - Lucy bateu na porta. - Abre aí.

— Me deixa sozinha. - Molly gritou do lado de dentro.

— Aff!

O trinco da porta estalou e Lucy entrou segurando a varinha. Molly imaginou que irmã faria aquilo. Ela olhou para a moça mais nova, mais magra, mais bonita e enfiada dentro de uma calça apertada e uma blusinha deixando a barriga de fora. "Isso não é justo!" Lucy sempre teve fama de "vadia" e outros nomes pejorativos em Hogwarts. Tudo porque ela nunca quis compromisso sério com ninguém e literalmente "dava" para qualquer um que ela quisesse.  "Isso deveria acontecer com ela, não comigo!" Molly pensou em como sempre se comportou bem. Foi a melhor da turma em Hogwarts, tirava as melhores notas, teve seu primeiro beijo aos dezessete anos, a primeira vez aos dezenove. E agora isso acontecia com ela.

— Vai ficar o dia todo seminua na cama? - Lucy cruzou os braços. Ela possuía uma voz naturalmente rouca que era perfeita para gritar e xingar alguém. O que ela fazia com frequência.

— Talvez. - Molly suspirou virando de costas.

— Você tem que contar aos nossos pais. - Sentenciou Lucy.

— De jeito nenhum! Você é louca? - Molly sentou de na cama encarando a irmã. A outra apenas arqueou uma sobrancelha para a pergunta. - Sim, você é louca.

— As vezes com três garrafas de birita. - Lucy sorriu de lado e Molly revirou os olhos. - Agora, falando sério, você tem que contar. Mais dois meses não vai ter como esconder.

— Eu não posso fazer isso, o que o papai vai pensar de mim? - Os olhos dela marejaram.

— Se ele não tiver merda na cabeça vai sentir revolta. A culpa não foi sua, Molly!

— É claro que foi. Eu não devia ter ido àquela festa.

— Meu Merlin! Para! Você foi estuprada, não é culpa sua. - Lucy bateu as mãos na cocha indignada.

— Não fala essa palavra por favor! - Molly colocou as mãos sobre os ouvidos e começou a chorar.

O pior de tudo que ela não se lembrava de nada. Mas as provas estavam bem ali em seu ventre. Molly nunca foi de frequentar festas. Decidiu ir naquela porque o rapaz que andava fazendo seu coração pulsar também iria. Maldita escolha! Colocaram alguma coisa na bebida dela. Poção, drogas, alucinógenos mágicos... vai saber. Ela acordou no dia seguinte sem roupa largada em uma cama de hotel. Podia sentir o núcleo entre as pernas doer muito e quando foi ao banheiro sangrou. Para piorar acharam engraçado levar as roupas dela e a abandonarem lá. Molly ligou para Lucy aos prantos. Dominique quem era sua melhor amiga, mas teve medo que ela lhe julgasse. Por isso escolheu a irmã para ser sua heroína. Como previu em nenhum momento Lucy insinuou que ela estava errada. Muito pelo contrário, ela xingou e amaldiçoou os monstros que machucaram Molly.

— Falo sim. Porque é a verdade e você tem que aceitar. E principalmente aceitar que foi vítima e não culpada. - Lucy ergueu um dedo dando sermão. - Olha, quando eu achar o desgraçado que fez isso a você eu vou para Azkaban, mas ele não sai dessa impune.

— Obrigada, Luh. - Apesar da violência contida na frase, Molly podia sentir o carinho fraternal.

Lucy suspirou e escorou na penteadeira. Molly saiu da cama e começou a se vestir lentamente. A cabeça pesava e doía de tanto que já havia chorado naquela manhã que descobriu a gravidez.

— Você... - Lucy começou a falar e parou pensando nas palavras. - Pensa em abortar?

— Eu não sei. - Molly terminou de vestir a blusa e sentou na cama.

Aquela ideia chegou a passar por sua cabeça, mas ela tinha serias dúvidas sobre isso. Um lado de sua alma dizia que a criança não tinha culpa. O outro lado discretamente dizia que ela quem não tinha.

— Deve ser tão complicado fazer uma decisão como essa. - Lucy cruzou o quarto sentou ao lado da irmã.

— É - Molly passou as mãos pela barriga.

Não. Ela achava que não seria capaz de abortar. Decidiu que a partir daquele dia nunca mais julgaria as mulheres que eram, pois pensava muito na possibilidade. Molly ficou um tempo travando uma grande batalha interna:

"Tudo bem, você não é capaz, mas e depois? Vai criar o filho indesejável."

"Não, é claro que não. Essa criança é fruto da violência. Vou deixa-lo na adoção."

"Então para que deixar essa criatura vir ao mundo, para sofrer como você? Quer mesmo isso para o seu filho?"

"Não...Mas é meu filho não posso mata-lo. Ele pode ser feliz com outra família."

"Tem certeza? Pode mesmo? E se ele nunca for adotado e se perguntar a vida toda o que fez para a mãe não o querer?"

" Nada, ele não fez nada! Mas não posso mata-lo e também não posso cria-lo, vou olhar para sempre em seu rosto e lembrar da minha desgraça."

" Você não faz sentido Molly Weasley."

— Eu sei. - A moça disse me voz alta e começou a chorar.

Lucy suspirou e também se sentiu triste. Abraçou a irmã como não fazia a anos. Ou nunca. Elas sempre brigaram muito e tinham um relacionamento conturbado entre amor e ódio. Mas naquele momento o ódio não tinha vez.

— Vamos enfrentar? - Lucy perguntou se afastando do abraço.

— Vamos... - Molly respondeu num fio de voz, não havia saída. E ela desceram juntas as escadas.

— COMO É? - Percy gritou.

No final das contas Molly chorava tanto que quem teve que contar foi Lucy. Audrey estava do lado do marido e cobria a boca com a mão.

— QUEM FOI? QUEM FOI O DESGRAÇADO QUE FEZ ISSO? - Percy estava completamente fora de si.

— Não sabemos pai, mas eu estou indo atrás das pessoas que estavam na festa para tentar descobrir. - Lucy respondeu. Passava pela cabeça dela pedir ajuda ao primo Alvo que era auror. Mas para isso precisava da permissão de Molly para poder contar a ele. Estava apenas esperando a poeira abaixar e então pediria permissão.

— Deus! Se acalme, querida. - Audrey saiu de onde estava e foi até a filha que soluçava.

— Me perdoa, pai. - Molly disse entre os soluços e recebeu um olhar severo do homem.

— Perdoar? Eu esperava mais de você.

Aquilo fez o já frágil coração da moça despencar. Ela caiu ainda mais aos prantos e escondeu o rosto envergonhada nos cabelos da mãe.

— Como é? - Lucy veio como uma pavão arrisco. - A culpa não é dela!

— E você cala a boca! Merlin! - Ele olhou para o teto da casa.- Eu só criei vagabundas.

— Percy! - Audrey protestou, mas ele deu as costas saindo da casa.

— Imbecil!

 Gritou Lucy quando que ele saiu e depois correu para juntar-se ao abraço das duas mulheres.


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Notas finais do capítulo

obrigada por lerem :)



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