How Could This Happen To Me? escrita por Emmy Tott


Capítulo 21
O fim




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-Eu decido o que fazer com a minha vida! – Disse Peggy firmemente mais uma vez à insistência de Bel.

-Mas é do seu filho que estamos falando! E ele tem o direito de conviver com o pai também. – A teimosia de Peggy estava deixando Bel preocupada.

-Sério Bel, nós não vamos precisar de nada que possa vir dele. Eu posso sustentá-lo muito bem com o que ganho no escritório e é claro que os meus pais também vão me ajudar. Além do mais, eu prefiro morrer a ter que pedir alguma coisa pro Pierre. – Ela insistiu, passando a mão protetoramente na barriga.

Com os pais fora um pouco mais difícil, mas Peggy não podia esconder a verdade deles. A princípio, sua mãe ficou muito irritada, se lamentando de não ter instruído a filha como deveria, mas ela acabou aceitando. Seu pai se mostrou transtornado, disposto a dar um tiro em Pierre por ter abandonado Peggy grávida. Não adiantou ela dizer que a culpa era dela, que ela é quem tinha saído. Peggy teve que ameaçar a sair de casa para que ele se acalmasse. No fim das contas, os dois estavam empolgadíssimos com a chegada de um novo morador. Peggy sorriu por dentro ao perceber que seu bebê, de alguma forma, estaria preenchendo o vazio deixado pela ausência dolorosa do irmão. É claro que nenhum dos dois iria se importar se Pierre não estivesse presente para competir a atenção com os avôs.

-Isso não é justo, Peggy. Pierre também tem direitos sobre a criança. E não é só o dinheiro que importa, toda criança precisa de uma figura paterna ao seu lado. Ela vai precisar do Pierre também.

-Não se preocupe com isso, meu pai será a melhor figura paterna que ele poderá ter. Meu bebê não vai sentir falta de nada. Eu posso suprir todas as suas necessidades sem a ajuda do Pierre. Ele será um bebê muito feliz, você vai ver.

Bel soltou um suspiro de impaciência, e foi até a janela, tentando pensar em alguma coisa que fizesse Peggy mudar de ideia.

-Pois eu ainda acho que você deveria falar com o Pierre. – Disse Bel de repente. – E essa é uma ótima oportunidade pra isso.

-Mas o que...? – Peggy começou a dizer, mas parou quando viu a amiga abrindo a porta. Ela não tinha escutado som nenhum do lado de fora da casa.

-Bel... – Peggy ouviu o cumprimento naquela voz que ela evitava com extrema cautela.

-Pierre! Entre – exclamou Bel radiante, enquanto puxava-o pra dentro. – Acho que você e Peggy têm muito o que conversar.

Pierre pareceu confuso com a animação sem sentido de Bel, mas Peggy sabia bem o que ela queria. Ela não podia fazer nada no momento, mas Bel não lhe escaparia mais tarde. Ela era uma traidora.

Os olhos ainda arregalados de Pierre seguiram o andar desajeitado de Bel pelas escadas até que ela estivesse fora de vista. Peggy já estava de pé, preparando-se para expulsá-lo na primeira oportunidade.

-O que quer aqui? – Sua voz era dura.

-Precisava falar um pouco com você... – Seus olhos voltaram para o rosto de Peggy. A expressão em sua face a assustou. Ele estava estranho, seu olhar vazio, as sobrancelhas cuidadosamente arrumadas em sua testa. Nunca Pierre lhe parecera tão... Sem vida. Isso a desarmou um pouco.

-Nós não temos mais nada pra falar. – Mas sua voz já não era mais tão firme quanto segundos antes.

-Por favor, Peggy! – Implorou ele, e o som torturado de sua voz fez Peggy vacilar. – Eu só quero ficar um pouco com você antes de... Bem, não é grande coisa, você pode me ignorar se quiser, só me deixe ficar aqui um pouco.

-Mas do que você está falando? Você ficou maluco, Pierre?

A voz preocupada de Peggy pareceu trazer algum raio de vida à expressão de Pierre. Seus olhos se abriram um pouco mais e ele deu um passo em direção a ela.

-Peggy, por favor, me perdoe! Eu sei que fui um estúpido. Agora vejo que você esteve certa esse tempo todo.

-Um pouco tarde para se arrepender, você não acha?

-Não, por favor, me escute. – implorou ele. – David me contou tudo. Eu nunca pensei que poderia ser enganado dessa forma pelos meus próprios amigos. Se fosse ao contrário, se fosse com a Bel, em quem você acreditaria: em mim ou nela?

-Isso é diferente...

-Não é não. Você também teria preferido confiar na sua amiga. Eu e Chuck sempre fomos amigos, como você acha que eu poderia acreditar que era tudo mentira? Que ele queria me ver pelas costas?

-E como você acha que eu me senti com essa história toda Pierre? Vendo você desconfiar de mim a cada dia. Logo de mim que sempre te amei com todas as minhas forças. Você não tinha o direito de fazer o que fez. – Acusou ela.

-Eu me deixei levar pelas minhas falsas ilusões. Chuck sempre soube como manipular as pessoas muito bem, e os outros sempre estiveram do lado dele, é claro. – Disse Pierre com amargura. – Você não sabe o quanto me dói saber que tudo poderia ser diferente, Peggy! Se Chuck não estivesse lá, nada disso teria acontecido. Eu ia me declarar pra você naquela noite, sabia? Ia dizer o quanto nossa amizade tinha sido importante pra mim e como eu ficava feliz toda vez que você aparecia. Eu ia te pedir em namoro, sabia disso?

-Não, não sabia...

-E, no entanto tudo saiu às avessas. Aquele era para ser o nosso primeiro dia juntos, e acabou sendo o último. Eu nunca consegui entender o porquê daquilo ter acontecido, as coisas pareciam sempre dar errado comigo, e agora eu sei. Chuck sempre esteve lá para estragar tudo, não é?

-Pierre...

-Mas não precisa mais ser assim, Peggy! Se você esquecesse aquele baile maldito, se nós recomeçarmos do zero, como se estivéssemos nos conhecendo agora, e não há séculos atrás. Talvez ainda haja uma chance pra nós...

-Pierre – gritou Peggy para interromper o monólogo - me escute um pouco, está bem? Você não percebe? Não importa mais o que aconteceu no passado, isso foi há tanto tempo... Nós nunca demos certo juntos, e eu não acho que isso vá acontecer se tentarmos de novo. Isso só vai trazer mais sofrimentos. Você não confiou em mim, você me traiu! Eu não posso conviver com isso.

-Não entende? Eu nunca te trai, aquilo foi armação do Chuck para nos separar. E ele conseguiu!

-Mas você estava beijando ela, Pierre! No nosso sofá! No mesmo sofá onde dormimos juntos pela primeira vez. Não importa o quanto Chuck fez, você deixou que aquilo acontecesse e nada do que diga pode mudar isso.

-Nunca vai me perdoar, não é? – disse ele, a voz muito mais fraca.

-Não. – Respondeu Peggy com firmeza.

-Parece que Chuck finalmente conseguiu o que queria: me destruir por inteiro.

-Isso só aconteceu porque você deixou que as coisas fossem assim, Pierre.

-Tem razão... Eu não posso culpar ninguém além de mim mesmo pela minha própria desgraça. – Ele disse infeliz, desviando os olhos de Peggy.

Uma leve pontada de preocupação passou por Peggy assim que ela percebeu a expressão morta retornar ao rosto de Pierre. Mas ela ainda estava muito magoada, não podia se permitir sentir o que quer que fosse por ele.

-O que é isso? – Quis saber Pierre, as sobrancelhas franzidas, ao pegar um envelope amarelo sobre a mesinha de centro.

Peggy congelou ao perceber que se esquecera de guardar os exames da gravidez. Pierre não podia saber. Não agora.

-Nada de importante. – mentiu ela, tirando rapidamente o envelope das mãos de Pierre.

-Mas você esteve no hospital? O que aconteceu? – Ele a alcançou antes que ela pudesse ter chance de esconder o papel, tomando-o de volta.

-Pierre... É sério, foi só uma intoxicação alimentar idiota... Me devolve – mas era tarde demais. Pierre já examinava os papéis, ignorando o nervosismo de Peggy.

-Você está... Grávida? – Ele largou o papel, olhando pra Peggy com olhos arregalados de choque.

-Eu... É, estou... – Ela logo percebeu que não ia mais adiantar mentir pra ele.

-Você está grávida e não ia me dizer nada? – agora ele estava irritado.

-Pra quê? Nós nem estamos mais juntos, qual a utilidade de você saber isso?

-Mas... – ele baixou os olhos, examinando o ventre de Peggy. – Ele é meu filho também, você não pode fazer uma coisa dessas.

-Bem, você também não podia ter colocado aquela mulher dentro de casa, mas foi o que você fez. Então, não me venha acusar de nada.

-Mas Peggy, isso é ridículo! Não pode esconder que está esperando um filho, eu tenho direitos sobre a criança também e não vou deixar que passe por isso sozinha.

-Eu não estarei sozinha. Posso perfeitamente cuidar de tudo sem a sua ajuda. Ele não vai nem notar a sua falta.

-É claro, se você não vai contar pra ele. Mas não vou deixar que faça isso, Peggy! Se acha que pode me excluir da vida do meu próprio filho, está enganada. Nós nos separamos, mas isso não significa que tem que condenar o bebê a viver longe do pai.

-Ótimo, e o que propõe então? Esquecer tudo o que passou e voltarmos a ser amiguinhos pelo bem do bebê? Como você acha que eu me sinto com isso? Você trai a minha confiança, machuca os meus sentimentos e depois vem aqui me fazer exigências?

-Por favor, seja razoável, Peggy. Isso não é mais sobre nós dois.

-Eu sei o que é melhor para o meu filho!

-Acho que temos opiniões um pouco diferentes sobre o que é melhor para o nosso filho! Não posso permitir que você nos afaste antes mesmo que ele ou ela me conheça.

-Você vai ter que impor a sua presença então. Não pense que vou facilitar as coisas...

-Tudo bem, eu não vou mais te incomodar com a minha presença desagradável. Mas você não vai me impedir de acompanhar de perto essa gravidez. Eu sei quando vai ser sua próxima consulta no médico e pode apostar que estarei lá também.

-Ótimo! – disse Peggy irritada – Mais alguma coisa, senhor superpai?

-Na verdade... – Ele sorriu de repente, fazendo Peggy duvidar de sua sanidade mental – na verdade, eu estava pronto para que esse fosse o fim, mas, sem saber, esse bebê acabou trazendo algum sentido pra essa loucura toda.

As sobrancelhas de Peggy se juntaram, tentando entender o que Pierre queria dizer com aquela fala confusa.

-Eu acho que nos vemos semana que vem então. – Ele sorriu mais uma vez e começou a caminhar em direção à porta.

Peggy ainda se concentrava e de repente algo surgiu em sua mente, fazendo-a congelar de pânico. E se Chuck soubesse que ela estava grávida? O fato de ela estar esperando um filho de Pierre com certeza o faria enlouquecer de vez. Será que Chuck seria capaz de fazer algum mal à criança? Ela estremeceu ao lutar com a resposta evidente.

-Pierre? – Ela o chamou de volta, ainda muito assustada.

-Sim? – Ele se virou, instantaneamente preocupado com a urgência na voz de Peggy.

Mas, pensando bem, não havia motivo para tanto alarde, havia? Pierre e Chuck não se falavam mais, não tinha como ele ficar sabendo da novidade. E depois, Pierre não sabia da obsessão doentia de Chuck e ela não queria mais um motivo pra que ele se tornasse superprotetor.

-Hã... Não é nada, pode ir. – Ela disfarçou passando os dedos entre as mechas de seu cabelo castanho.

-Tá. – Disse ele, ainda hesitante. Mas Peggy veio fechar a porta, então ele não teve outra escolha a não ser ir embora.

 

***

 

Aquilo mudava tudo. Dentre alguns meses, ele seria pai! Pierre mal podia conter sua alegria com aquela notícia. Mas ele sabia que tinha algumas coisas pra acertar antes de se empolgar mais. Sua vida ainda estava de pernas pro ar e ele teria de se virar pra colocar alguma ordem nela antes que o filho nascesse. É claro que ele não poderia viver em hotéis pra sempre, mas o bebê a caminho tornava a necessidade de uma casa muito mais urgente. Ele teria de ter um quarto, é claro. E um quintal grande onde pudesse brincar a vontade. Se Peggy o deixasse conviver com o filho, ele pensou com amargura. Mas isso não importava, ele daria um jeito de convencê-la de alguma forma quando chegasse a hora certa.

E então veio algo em sua mente. Um assunto muito mais urgente para ser resolvido do que os outros: o Simple Plan. Enfrentar os falsos amigos seria a parte mais difícil, mas ele não podia adiar. Cada dia que passasse apenas tornaria as coisas ainda mais difíceis.

Decidido, ele abriu o celular, apertando os botões com habilidade. Ele ajeitou o retrovisor do carro parado enquanto esperava a chamada ser completada.

-Alô? – Disse a voz despreocupada de Jeff.

-Oi, Jeff! Eu preciso que faça uma coisa pra mim. – disse ele rapidamente.

-Claro, pode falar.

-Ligue para os outros e peça que me encontrem no galpão velho em trinta minutos. – Ele esperou que falar com apenas um deles fosse o suficiente.

-Mas... Porque isso? – Perguntou Jeff preocupado.

-Tem uma coisa muito importante que eu preciso falar sobre a banda, mas pra isso todos tem que estar presentes. Você acha que consegue falar com os outros?

-É claro, não se preocupe. – ele se apressou em dizer. – O que está acontecendo, Pierre? Porque marcar naquele galpão...

-Apenas faça o que eu disse Jeff. Eu explicarei tudo lá. – Falou Pierre, desligando o celular antes que o guitarrista lhe perguntasse mais alguma coisa.

Então, muito mais seguro do que quando saiu do quarto do hotel, Pierre ligou a ignição, fazendo o motor do carro rugir enquanto ele avançava rumo àquela que seria a conversa definitiva.

 

***

 

Felizmente, Sebastien fora o primeiro a chegar. Pierre não queria pensar no que teria acontecido se tivesse encontrado com Chuck ou David sozinho. Os outros três não demoraram muito mais para chegar. Logo o velho galpão estava cheio dos mesmos adolescentes que se escondiam ali anos atrás para confabular sobre o futuro de sua banda promissora. Só que agora a situação era um pouco diferente...

-Eu chamei todos vocês aqui hoje para comunicar uma coisa de extrema importância. – Começou Pierre em um estranho tom formal.

-O que foi Pierre? Porque você marcou esse encontro aqui? – A confusão estava estampada nos olhos de Jeff. Afinal, aquele galpão abandonado não era o lugar mais apropriado para uma conversa importante, como Pierre dizia.

-Eu marquei aqui Jeff, porque foi aqui que o Simple Plan começou e eu achei justo que essa conversa acontecesse aqui, no lugar onde tudo começou. E o que eu vou dizer agora pode mudar pra sempre o rumo do Simple Plan.

Enquanto falava, Pierre observava atentamente cada um dos rostos que o acompanharam desde a adolescência. Ele viu quando os olhos de David se abaixaram constrangido, já prevendo o que ele ia dizer. Os olhos de Chuck se estreitaram, tentando absorver a verdade contida nas palavras não ditas, Jeff estava confuso, as sobrancelhas franzidas, e Seb era o mais tenso.

-O que você quer dizer com isso?

-Quero dizer que, o motivo que me fez chamá-los todos aqui é a minha saída da banda.

-Quê? – Perguntou ele confuso.

-Isso mesmo, eu estou fora. E, se vocês quiserem continuar com isso, que procurem outro idiota pra entrar no meu lugar.

-Mas por quê? Não entendo o que você diz.

-Não entende, não é? Mas eu sei o que fui pra vocês durante todos esses anos: um burro de carga. Eu era o cara que vocês enganaram com amizades falsas por causa de uma banda que nunca existiu de verdade. Vocês entraram nessa pra se dar bem, e não por que era o que queriam de fato. O Simple Plan era só fachada.

-Você não sabe o que diz! – Gritou Chuck, deixando transparecer sua raiva de repente. – O Simple Plan é muito mais do que isso.

-É claro, eu tinha me esquecido do seu grande esforço de ter que me suportar esse tempo todo. Isso só poderia ser possível se a banda fosse uma obsessão.

-Você não entende Pierre. – Retrucou Chuck – Eu acho que não preciso mais esconder isso, já que o David me fez o favor de contar pra todo mundo, mas o Simple Plan tem um significado muito mais importante do que isso. Foi essa banda que me salvou de várias formas, quando eu ainda achava que minha vida estava perdida. E é essa a mesma banda que você está tentando destruir agora. – Ele terminou, fuzilando-o com o olhar.

-Existiam outras formas de fazer isso, mas você preferiu me apunhalar pelas costas. Você é falso, Chuck. Sempre foi. E eu não estou disposto a perder mais meu tempo com pessoas que não valem a pena.

-Espere! Do que vocês dois estão falando? – Interrompeu Jeff, confuso pelo novo rumo da conversa.

-Não seja hipócrita, Jeff. Eu sei que vocês sempre estiveram do lado de Chuck, desde a época do colégio. Vocês sempre o apoiavam, não importa se o que ele fazia era errado ou não. Chuck sempre soube influenciar as pessoas muito bem.

-Ótimo, acho que já deixou claro o que pensa sobre mim. Agora, se você quiser sair da banda, faça isso. Nós não precisamos de você pra continuar.

Pierre o encarou por um momento. Como ele conseguia ser tão frio?

-Claro, eu os deixarei em paz enquanto desfrutam do sucesso que eu os ajudei a conquistar. Eu só peço uma coisa em troca: não atrapalhe mais a minha vida, já basta tudo o que me fez passar.

-Hã, Pierre... Jeff e Seb não têm nada a ver com isso. Eles não sabem o que aconteceu de verdade. – disse David hesitante.

Pierre os observou atentamente. Eles pareciam mesmo confusos. Talvez ele estivesse enganado afinal. Talvez Jeff e Seb fossem realmente inocentes e Pierre estava sendo injusto.

-Vocês realmente não sabem de nada? – Perguntou ele após um longo momento em silêncio.

-Não. – Insistiu Seb.

Então, rapidamente, Pierre contou aos amigos tudo o que Chuck lhe fizera. É claro que Chuck o interrompeu várias vezes para contar a história sob a sua perspectiva. Ele achava que estava totalmente justificado por ter agido sob pressão. Mas quando Pierre mencionou a armação em sua ex-casa, tudo o que Chuck disse foi que o fizera pelo bem da banda. Sempre a mesma desculpa para erros injustificáveis.

-Você já terminou de contar a sua historinha? – Satirizou Chuck.

-Já sim. Só não esqueça que foi você quem causou isso tudo. – Tornou Pierre.

-Claro. – ele riu em deboche antes de se voltar para os outros. – Então, vocês estão comigo como sempre, ou vão tomar as dores do Pierre também?

Sebastien e Jeff se entreolharam por um momento, indecisos, mas foi Jeff quem falou primeiro.

-Você errou Chuck, não deveria ter escondido algo tão sério. Nós poderíamos ter te ajudado, mas você preferiu fazer tudo sozinho e acabou metendo os pés pelas mãos.

-Que quer dizer com isso?

-Que Pierre tem razão em não querer mais você por perto. Você mentiu pra todos nós quando tínhamos um pacto de lealdade mútua. E se alguém deve sair do Simple Plan, esse alguém é você, Chuck, e não Pierre.

-Você não pode fazer isso! Não pode me expulsar da minha própria banda. – revoltou-se Chuck.

-Jeff tem razão! – Apoiou Seb – Não é certo você continuar na banda enquanto Pierre, que foi a vítima nessa história, vai embora assim.

-Que ótimo! É isso então? Estão todos contra mim? – a raiva no rosto de Chuck era evidente – Eu espero que você esteja satisfeito agora! – disse ele de repente, voltando-se ameaçadoramente para David.

David apenas se encolheu, com medo da reação de Chuck. Seb e Jeff rapidamente se postaram entre os dois, assumindo uma postura protetora.

-E você não vai fazer mais nada contra David. – o ameaçou Seb - Se alguma coisa acontecer com ele, nós vamos saber onde te encontrar.

-Que gracinha, o Davidzinho tem protetores agora – Debochou Chuck.

Àquela altura, Pierre decidiu que já tinha cumprido a sua parte. Ainda havia muitas coisas a serem resolvidas e ele não podia mais perder tempo com a briguinha. E depois, ele ainda não perdoara David por ter mentido por todos aqueles anos.

-Eu acho que não tenho mais nada pra fazer aqui. Eu agradeço por ficarem ao meu lado, mas sinceramente, não quero continuar com nenhuma banda agora, existem coisas mais importantes do que isso agora.

-Então eu acho que esse é o fim do Simple Plan. – disse Jeff pesaroso.

-Eu sinto muito, Jeff. – tornou Pierre, as mãos apertando os ombros do amigo. – Mas preciso cuidar do futuro do meu filho agora.

O rosto de Chuck se voltou lentamente para ele, a confusão era evidente em sua face.

-Filho? Que... Filho? – gaguejou ele.

-O filho que Peggy está esperando. – falou Pierre animadamente, enquanto caminhava até a saída. – Bem, eu acho que isso é adeus então.

Antes que os outros pudessem falar mais alguma coisa, Pierre já estava fora de vista.

Chuck ainda estava em choque pela revelação do ex-vocalista do Simple Plan.

-Peggy está... Esperando um filho de Pierre? – Ele forçou as palavras a saírem, os olhos ainda arregalados de espanto. Esse fora o golpe mais doloroso que Pierre poderia ter dado.


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