Calm And Red escrita por Mackernasey


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Venho trazer aparentemente minha primeira KuraKuro, mas é a segunda. A primeira só não está postada, esperando há mais de um ano um final decente. Nesse delipa, eu resolvi escrever um fanfic pra cada shipp que já fiz pros outros delipas, já que nunca repeti shipp. Mesmo estando perto do prazo, pretendo postar todas em tempo!
Pra situar a galera: no original, Kurapika é o último sobrevivente do massacre do clã Kuruta, um clã de pessoas cujos olhos ficam escarlates sob emoções intensas. O massacre foi feito pela gangue Trupe Fantasma, liderados por Chrollo Lucilfer. Já nessa fic, uma Realidade Alternativa, as coisas aconteceram um pouco diferentes...
A fanfic é uma songfic da música Sleeping Sun, que super casou com o plot.
Link da música: https://youtu.be/OK3hMcm4Z-8
Link da tradução: https://www.vagalume.com.br/nightwish/sleeping-sun-traducao.html



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The sun is sleeping quietly

Once upon a century

Wistful oceans calm and red

Ardent caresses laid to rest

 

O jovem era preenchido pelo vermelho e tudo que sentia era paz. Suas mãos estavam pintadas com a cor de seu pecado. Suas roupas estavam encharcadas com o líquido rubro. O cheiro de ferrugem empestava o ar. A poça escarlate refletia o carmesim do pôr do sol, tudo que seus olhos captavam era rubro e finalmente ele poderia compartilhar essa bela visão.

Uma mão pousou sobre seu ombro direito, o despertando de seu devaneio íntimo e o fazendo perder o equilíbrio.

— Bom trabalho, menino! — Phinks parabenizou, contemplando o trabalho bem-feito — Você fez valer o direito de carregar essa tatuagem.

— Obrigado, Phinks. — Kurapika agradeceu com um sorriso frouxo.

Outra mão tocou seu ombro, o esquerdo, agora delicadamente, com uma ternura que não encaixava no momento. O último Kuruta olhou para o autor do toque. Nada foi dito, porém a comunicação foi muito mais significativa que a primeira.

Era assim: bastava uma troca de olhares para que Kurapika e Chrollo compartilhassem tudo o que estava em suas mentes. A sintonia da dupla era única, sentida desde o primeiro contato. Sintonia e compreensão que ambos nunca haviam encontrado antes.

 

For my dreams I hold my life

For wishes I behold my night

The truth at the end of time

Losing faith makes a crime

 

Kurapika voltou a admirar o crepúsculo, lembrando quando o via entre grades, preso pelo crime de sonhar. Na época, o pôr do sol era sempre uma tortura, porque ele insistia em trazer o frio e a escuridão da noite, as quais o garoto cansou de passar sozinho.

Pairo apenas podia visitá-lo uma vez por mês, tanto por proibição quanto para não ter o mesmo destino que o jovem rebelde. Capturado tentando fugir daquele covil de monstros, a liberdade escassa de Kurapika foi tirada por completo. Com exceção do jovem moreno, todos os demônios de olhos em chamas não viam problema naquilo, inclusive seus pais, que foram os primeiros a aprovar jogá-lo naquela cela imunda. Pairo não compartilhava de sua sede de aventura, mas não concordava com as barbaridades que faziam com ele. Logo a tribo isolada por ser diferente, não aceitavam qualquer diferença.

Seu amigo o visitou quatorze vezes. Na décima quinta, o ajudou a fugir, ato pelo qual pagou com sua vida. Kurapika não era capaz de perdoar o que eles fizeram. De todos eles — homens, mulheres, adultos, velhos e crianças — ninguém nem pensou em impedir uma criança de ser queimada viva.

Vagou pelo novo mundo, testemunhou diversas atrocidades, nenhuma mais terrível do que já havia presenciado em sua terra natal. Sua sede de vingança transformou-se em obsessão e em quatro meses ele já havia descoberto as pessoas certas para o serviço.

Fazer o trato não fora difícil, ele oferecia banana a macacos e ainda havia despertado instantaneamente o interesse no chefe da gangue por um motivo que ambos desconheciam, mas compreendiam.

Agora estava rodeado de corpos e ensopado do sangue dos monstros que fizeram sua vida um inferno desde que ele começara a ser quem era, a ser ele mesmo.

 

I wish for this night-time

to last for a lifetime

the darkness around me

Shores of a solar sea

Oh how I wish to go down with the sun

Sleeping

Weeping

With you

O Kuruta fechou os olhos e, após um suspiro, se permitiu sorrir. A mão de Chrollo ainda permanecia em seu ombro e o toque lhe agradava. O garoto conhecia aquele homem há poucas semanas, mas sentia-se mais à vontade com ele do que com qualquer pessoa, até mais do que se sentia com Pairo. Chrollo era como ele, uma pessoa desencaixada da sociedade que, por causa do que a vida fizera com ele, havia se desviado do caminho “correto”, mas não se arrependia de seus atos.

O chefe lhe apertou o ombro com ternura antes de tirar sua mão de lá. Deu alguns passos e parou ao seu lado, observando o sol terminar de descer no horizonte e dar lugar à escuridão da noite. A primeira noite em que Kurapika tinha paz. O mais recente número quatro soltou uma risada curta e límpida com o pensamento, fazendo Chrollo desviar seus olhos do céu alaranjado e observar seu rosto de traços delicados. Com a visão periférica, Kurapika percebeu os olhos alheios sobre si, mas não retribuiu o olhar, ligeiramente envergonhado.

O céu finalmente ficou tão negro como os olhos do homem ao seu lado. Agora, superando o escarlate, preto era a cor que mais mexia consigo. Shizuku já havia limpado tudo, inclusive o sangue nas roupas do último Kuruta. Centenas de vidros, enfileirados, expunham pares e mais pares de olhos vermelhos, observando o nada, finalmente incapazes de julgar e desprezar o jovem de mechas douradas.

Em seu íntimo, tudo que Kurapika queria era que aquela noite durasse para sempre, para que pudesse compartilhar sua escuridão com o detentor da cruz de São Pedro. A Aranha poderia demorar mais alguns anos para se reunir novamente, não queria deixar de ter a companhia da primeira pessoa que o compreendera. Kurapika queria que ele e Chrollo deitassem no horizonte junto ao sol, levando embora o escarlate e trazendo a negritude.

 

Sorrow has a human heart

From my god it will depart

I'd sail before a thousand moons

Never finding where to go

 

Ao caminharem pela floresta que por muito tempo fora os muros de sua prisão, o jovem só conseguia pensar em seus atos. Ele nunca, até então, fizera nada de errado. Sempre fora uma pessoa boa, correta, prestativa. Ele havia feito coisas “erradas” dentro da concepção deturpada que sua comunidade tinha, mas nunca havia feito nada realmente errado… certo? E o que ganhara com isso? Sofrimento, punição, terror. Agora fizera algo errado — saltara de “nunca fiz nada errado” para “fiz ser possível o genocídio de meu próprio povo e ainda participei” — e ganhara paz, reconhecimento e felicidade. Era certo ele ficar feliz com isso?

— É aqui que nos separamos, Trupe. — Kurapika foi pego de surpresa pelo anúncio, nem havia reparado que já estavam na orla da floresta. — Deixo apenas algumas últimas pequenas missões para alguns de vocês, e então estão liberados até que eu os convoque novamente.

O último kuruta sentia a dor daquela despedida. Havia procurado tanto e tão ferozmente, e agora perdia o que finalmente poderia chamar de família. O que faria até seu chefe chamá-lo novamente? Seria certo ficar junto a ele mesmo quando deveria fazer o que bem entendesse? Caso fizesse isso, até quando conseguiria esconder seus dois segredos? Como Chrollo Lucilfer reagiria ao descobrir que o mais novo membro de sua gangue também era um Kuruta como todos aqueles que mataram juntos? E como reagiria ao saber que aquele Kuruta o amava?

— Phinks, Pakunoda e Shalnark, confiram se não há sobreviventes espalhados pelo mundo. — Um arrepio desceu pela espinha de Kurapika, estaria ele em perigo? — Só uma pesquisa básica, não queremos que uma legião atrás de vingança venha nos procurar. — Bem, seria difícil ele ser descoberto dessa forma, não tinha por que se preocupar. — Machi, espalhe o boato de que a Trupe Fantasma massacrou o lendário clã Kuruta. Eu fico encarregado de vender a mercadoria.

Kurapika soltou um suspiro decepcionado. Nem missão recebera.

— Kurapika, você virá comigo vender os olhos. — Chrollo olhou em seus olhos, os quais brilhavam. — Você tem que aprender algumas coisas antes de sair por aí independente, levando a reputação da Trupe consigo. — O chefe deu um passo em sua direção, e aproximou os lábios de sua orelha. — Você será meu por um tempo, garoto.


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Notas finais do capítulo

Aaaaa, espero que tenham gostado! XD
Comentem, deixem seu amor por esse shipp que eu não sei se shipo ou não, mas sei que gosto :3
Eu ainda pretendo desenvolver esse universo com outras fics, porque ele é um ótimo background para angst :v
Beijão pra todo mundo!



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