O Sol em meio à tempestade escrita por nsbenzo


Capítulo 71
Capítulo 70


Notas iniciais do capítulo

Volteeeei!
Boa leitura



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— O quão séria foi aquela pergunta, sobre eu ter comprado um bebê? – Katniss questionou, e eu só pude rir, antes de aperta-la contra a lateral do meu corpo.

— Ainda acha que eu estava fazendo piada? – perguntei de volta, fazendo com que ela erguesse a cabeça, para encostar o queixo em meu peito, e me fitar.

— Só quero saber o quanto em choque você realmente ficou – minha pequena respondeu, dando um meio sorriso. – Porque, francamente, senhor Mellark, foi a pergunta mais sem noção que eu já ouvi – Katniss disse, e eu sorri torto.

— Eu costumo fazer piada com tudo. Então, quando meu cérebro entrou em modo automático, eu perdi o controle da situação – expliquei, fazendo Katniss rir baixo, antes de mover a cabeça, para beijar meu peito.

— Se saiu muito bem dessa, querido – ela elogiou, sentando na cama, não fazendo questão alguma de puxar o lençol para cobrir sua nudez, o que ainda me surpreendia, de certa forma, mas não deixava de ser maravilhoso. – Mas você já me enrolou muito hoje – ela passou por sobre o meu corpo rapidamente, sem me dar a chance de segura-la pelo pulso. Katniss gargalhou, quando quase caí da cama ao tentar alcança-la, enquanto ela já pegava o roupão atrás de sua porta. – Vamos. Eu estou com fome. A pizza já esfriou há mais de uma hora.

— Faz mais de uma hora que estamos no quarto? – perguntei, com um sorriso malicioso, me ajeitando na cama.

Katniss apertou o laço do roupão, antes de erguer seu olhar cinzento pra mim.

— Bem mais, Peeta – ela respondeu, com um sorrisinho. – Eu vou esquentar nosso quase jantar. Não demore – Katniss me mandou um beijo, e me deu as costas, não demorando nada para sumir pela porta.

Eu era um homem de sorte.

Não importava o que Katniss dissesse sobre o quanto eu havia mudado a vida dela. A verdade era que ela quem tinha dado um novo sentido pra minha. Um sentido que me fazia, pela primeira vez, me sentir completo, inteiro. E agora, com um bebê a caminho, eu podia dizer que estava quase a ponto de transbordar.

Sem muita vontade de vestir minha calça, acabei saindo do quarto apenas de cueca, o que fez Katniss elevar uma sobrancelha, sorrir, mas não dizer nada, enquanto cortava os pedaços de pizza, e os colocava em uma travessa grande de vidro.

— Micro-ondas é mais rápido – explicou, antes que eu questionasse, e me deu as costas em seguida, colocando a travessa dentro do grande quebra galho de pessoas apressadas. – E então? Quando posso me mudar? – Katniss questionou de boca cheia, e eu só percebi que ela mordia um pedaço frio de pizza, quando ela já voltava a ficar de frente pra mim.

— Agora – respondi, sorrindo, e Katniss, de bochechas coradas, rolou os olhos.

— Falo sério – ela disse, voltando a morder seu pedaço de pizza, enquanto eu me aproximava dela. – O que vou fazer com os móveis? – indagou, com os olhos passeando por meu rosto, quando minhas mãos seguraram sua cintura.

Curvei a cabeça em sua direção, roubando um pedaço de sua pizza, com uma mordida generosa.

— Peeta! – Katniss exclamou, antes de me empurrar pelo peito, enquanto eu gargalhava de boca cheia, e a apertava mais entre os braços.

— Podemos trocar todos os meus móveis pelos seus, se você quiser – sugeri, depois de engolir, mas Katniss não desfez sua carranca, e nem respondeu. – Ou, quem sabe, vender tudo, e comprar tudo novo.

— Isso seria loucura – ela disse, enfiando o resto da pizza na boca, e girando em meus braços, para abrir o micro-ondas, que já havia apitado. – Assim como seria loucura nos livrarmos das suas coisas.

— E o que sugere? – perguntei, soltando-a do abraço, para deixa-la caminhar até a mesa.

— Se eu soubesse, não teria perguntado, Peeta Mellark – Katniss respondeu, com certa impaciência, e eu acabei rindo. – Vai rindo. Sua pizza será a próxima.

Soltei uma risada mais longa, antes de segurar Katniss pelo pulso, e puxa-la pra mim.

Seu corpo veio de encontro ao meu, e suas mãos espalmaram em meu peito. Meus braços contornaram sua cintura, enquanto nossos olhares se cruzavam, e um sorriso surgia em minha boca.

— Não me olha desse jeito. Da última vez, o jantar esfriou – ela falou, quase abrindo um sorriso.

— Talvez tenha sido o que veio antes de você engravidar também – comentei, e Katniss não aguentou, soltando uma risada em seguida.

— Provavelmente... – concordou, subindo as mãos para os meus ombros. – É bom que eu fique esperta. Se depender desse seu olhar, chegarei aos 40 anos de idade, com mais filhos do que o planejado.

— Sim. Isso é um fato – afirmei, rindo.

Katniss revirou os olhos, e selou nossos lábios, antes de me empurrar pra longe, obrigando-me a solta-la.

— O que acha de mesclarmos nossas coisas? – sugeri, alguns minutos depois de termos começado a comer.

Minha pequena ergueu os olhos, que até então estavam atentos em seu pedaço de pizza, e me fitou, parecendo em dúvida.

— Você escolhe os móveis que você mais gosta, e colocamos no lugar dos meus – expliquei a minha ideia.

Katniss colocou seu pedaço sobre o prato, e cruzou as pernas, enquanto estendia o braço para alcançar a jarra de suco.

— Não sei, Peeta... – ela respondeu, preenchendo seu copo. – A maioria das coisas daqui, são antigas demais pra substituir suas coisas. Sem contar que tudo combina na sua casa. Bagunçaria completamente a sua decoração.

— Você sabe que eu não me importo, certo? – perguntei, e Katniss assentiu, abrindo um pequeno sorriso. – Então...?

— Então, que você não precisa sacrificar suas coisas, por minha causa – ela deu uma pequena pausa pra beber o suco, e prosseguiu, logo em seguida: – São só móveis... Se tiver algo que eu queira manter comigo, colocamos em seu sótão – ela afirmou.

— Tem certeza disso? – questionei.

— Sim, querido. Vou ver se Annie quer algo daqui. O que sobrar, faremos doação, ou qualquer coisa parecida – Katniss disse, voltando a pegar sua pizza.

— Como você quiser, pequena – concordei, e ela sorriu, sem dizer nada.

O silêncio seguiu até o fim da refeição, e se estendeu um pouco mais, enquanto eu lavava as louças, e Katniss guardava as coisas que estavam sobre a mesa.

— Katniss – chamei, em um certo momento, sem me virar.

— Hum?

— Você não me disse quando vamos ligar pra marcar a consulta – comentei, com um sorriso, enquanto ensaboava um dos pratos.

Silêncio.

Essa foi a única resposta que obtive, antes de decidir enxaguar o prato, e fechar a torneira, para virar de frente para Katniss.

Ela estava encostada no balcão, com os olhos fixos em mim, e com um semblante perdido no rosto.

— Você está bem? – perguntei, de cenho franzido, secando as mãos no pano de prato, que eu havia encontrado pendurado no encosto de uma das cadeiras.

Katniss piscou duas vezes, antes de finalmente focar seu olhar em meu rosto. Lentamente, um sorriso, que não parecia natural, surgiu em seus lábios, e suas bochechas coraram, por alguma razão.

— Você ouviu o que eu disse? – questionei.

— Sim. Eu estou bem – ela respondeu, desencostando do balcão, e saindo da cozinha, quando fiz menção de me aproximar.

— E antes disso? Você ouviu? – insisti, jogando o pano sobre o mármore, enquanto a assistia caminhar em direção ao corredor.

Minha pequena parou, e virou para me encarar, claramente confusa.

— Não. O que você disse? – ela questionou, e eu apenas neguei levemente, com um quase sorriso.

— Depois conversamos. Vou terminar a louça – dei as costas pra Katniss, voltando para a pia.

— Me conta, Peeta – ela insistiu, quase choramingando.

— Eu só disse que temos que marcar a consulta – expliquei, resumidamente, lavando um copo.

— Ah, claro. Sim – Katniss soltou com pressa. – Vou falar com Annie amanhã, e peço o número da doutora que está cuidando dela.

— Ok, pequena – concordei, enxaguando o segundo copo.

— Enquanto você termina aí, eu vou tomar um banho – sua voz ficou repentinamente mais perto. – Te encontro no quarto – a última parte foi quase um sussurro, antes que eu recebesse um beijo demorado nas costas.

— Tudo bem – respondi, incerto.

Quando deixei a cozinha completamente limpa, já tinha se passado pelo menos 10 minutos. Depois disso, com a cabeça agitada demais, para simplesmente deitar, aproveitei que Katniss não estava mais no banheiro, e decidi tomar um banho rápido, pra tentar relaxar meu corpo.

Parte de mim ainda estava em modo automático, mas não era nada perto do olhar perdido que Katniss tinha a minutos atrás, e para ser sincero, eu não era muito fã daquele olhar. Não, quando tantas coisas estavam mudando na vida dela... Na nossa vida.

Suspirei, enquanto esfregava a toalha que já reconhecia como minha, nos cabelos. Pela falta de opção, acabei usando a mesma cueca, e foi dessa forma que acabei voltando para o quarto de Katniss.

Abri a porta devagar, e a cena que vi, me fez parar onde eu estava.

O quarto estaria escuro, se não fosse pelo abajur que Katniss tinha mantido aceso.

A luz amarelada da lâmpada, mostrava bem o corpo da minha pequena, que estava confortavelmente deitada bem no meio da cama.

Seus olhos estavam fixos no teto escuro. Sua perna esquerda estava dobrada, e sua mão direita, estava sobre sua barriga, acariciando quase que imperceptivelmente, próximo ao seu umbigo.

Katniss parecia completamente desligada, por isso, não notou quando desisti de observa-la com um sorriso, pra finalmente entrar, e prender a toalha molhada na maçaneta da porta.

Com passos cautelosos, me aproximei, e minha pequena só percebeu a minha presença, quando eu já estava sentado na beirada da cama.

Ela não fez menção de dizer nada, e muito menos saiu da posição em que estava. Katniss apenas ficou com os olhos fixos em mim, me estudando minuciosamente, na quase escuridão do ambiente.

Enfiei a mão por baixo da dela, e com apenas o polegar, passei a acariciar sua barriga.

Katniss deu um meio sorriso, e fechou os olhos, entrelaçando nossos dedos, para manter a mão sobre a minha.

— O que está acontecendo? – perguntei, tentando não soar apreensivo.

Ela suspirou baixinho, parecendo insatisfeita com a minha pergunta, mas ainda assim, respondeu:

— Eu só... – Katniss ergueu as pálpebras, para sentar lentamente, fazendo a minha mão deslizar até sua coxa. – Eu apenas lembrei que temos algumas coisas para resolver, antes de começarmos o nosso final feliz.

Franzi o cenho, e soltei a primeira coisa que veio em minha mente:

— Fala sobre Johanna?

Katniss abriu um sorriso fraco.

— Ela também – minha pequena moveu as pernas, até estar sentada em pose de meditação, obrigando a minha mão a cair sobre o colchão. – Pontas soltas, Peeta. Só isso.

— E quando vamos conversar sobre essas pontas soltas? – questionei.

Seu sorriso foi um pouco mais aberto, enquanto Katniss ajoelhava, e se aproximava de mim.

— Vamos nos preocupar com uma coisa de cada vez – ela respondeu, com sua mão alcançando a minha nuca.

— Pela cara que você estava antes, sua cabeça não pensa o mesmo – retruquei, mas permiti que a minha mão repousasse em sua cintura.

— Quem se importa com ela? – Katniss perguntou, com um sorriso quase torto, e eu acabei sorrindo.

— Eu. Sua boca faz parte da cabeça – respondi.

Katniss estreitou os olhos, e me empurrou, fazendo-me cair de costas em seu colchão de solteiro. Sem demora, ela sentou sobre mim, com uma perna de cada lado do meu corpo, e curvou seu tronco em minha direção, até ter o rosto a centímetros do meu.

— Só por isso? – questionou.

— Você está desviando do assunto – comentei, apoiando as mãos acima de seus quadris.

— Você que começou – Katniss se defendeu, em voz baixa, olhando-me nos olhos.

— Tudo bem. Estou falando sério... – subi as mãos, e apertei sua cintura levemente. – Precisamos conversar sobre tudo isso, Katniss.

Ela afastou o rosto do meu, e sem demora, saiu de cima de mim, se movendo pela cama.

— Katniss – chamei, sentando rapidamente.

— Hoje não, Peeta. Por favor – sua voz foi baixa, enquanto ela se ajeitava, para deitar. – Vamos dormir.

Respirei fundo, passando a mão por meus cabelos.

— Vem. Preciso do meu travesseiro – Katniss disse, batendo a mão ao seu lado, no colchão.

Sem dizer nada, me ajeitei, até estar deitado ao lado dela.

Katniss nos cobriu com o lençol, e logo já acomodava sua cabeça sobre o meu peito. Com o braço ao redor de seu corpo, repousei a mão em sua cintura.

— Nós vamos conversar. Eu prometo – ela murmurou, pouco tempo depois.

— Tudo bem – respondi, antes de beijar seus cabelos. – Nós vamos conversar.

 

~||~

 

Abri os olhos devagar, ao perceber o vazio ao meu lado, e alcancei o celular sobre o criado mudo, me dando conta de que já era mais de 10 horas da manhã.

— Katniss? – chamei, ao me colocar de pé, depois de me espreguiçar bem no meio do quarto.

Não obtive resposta, por isso, acabei saindo para o corredor, e não precisei de muito tempo para descobrir que eu estava sozinho no apartamento.

Só quando voltei ao quarto para pegar o celular, encontrei um bilhete, que provavelmente havia caído no chão, quando peguei o aparelho pela primeira vez.

“Fui resolver algo. Te conto quando voltar.

Deixei o café pronto, então espero ser retribuída com uma macarronada, com bastante queijo.

Não faça por mim, mas pelo bebê :)

Como precisei sair, iremos buscar o Thor mais tarde, ok?

Amo você, lindão.”

Acabei relaxando no mesmo instante, e apesar de preocupado com o fato de não fazer ideia do que Katniss estava fazendo, ou o que estava resolvendo, eu sorri.

Já passava das 11:30, quando eu terminei o almoço, e decidi tomar um banho.

Não faço ideia de quanto tempo fiquei no chuveiro, mas saí, quando escutei barulho do lado de fora.

Abri a porta do banheiro, e antes mesmo que eu pensasse em ir para outro cômodo, percebi que uma outra porta estava aberta, e não era a do quarto de Katniss.

Caminhei devagar, apenas com uma bermuda – que eu havia encontrado no meio das roupas da minha pequena –, e com a toalha molhada sobre o ombro direito, até estar em frente a porta do único cômodo do apartamento que eu nunca havia estado.

Katniss estava parada no meio do aposento, de costas pra mim, com os braços completamente imóveis ao lado do corpo. Ela parecia distraída a ponto de não ter me visto entrar, mas logo percebi que me enganei, quando Katniss se manifestou:

— A última vez que entrei nesse quarto, foi na manhã daquele sábado – comentou, com a voz levemente embargada. – Ele quase me deu uma palestra sobre como era importante que eu me divertisse naquele baile de Halloween – Katniss soltou um riso curto e baixo. – Meu pai realmente gostava de você. Ele te achava um ótimo partido.

Abri um pequeno sorriso, enquanto me aproximava.

— Seu pai sabia o que estava dizendo – comentei, em tom de piada, e ela virou pra mim, com um sorrisinho nos lábios.

— Talvez ele tenha se enganado... – retrucou.

Meus braços passaram por sua cintura, em um abraço apertado.

— Acredito que não... Se ele tivesse dúvidas sobre mim, Jared não me pediria pra cuidar de uma das coisas mais preciosas que ele tinha – falei, notando que os olhos de Katniss ostentavam lágrimas espessas. – O que te fez querer abrir esse quarto hoje? – perguntei baixinho, erguendo a mão esquerda para tocar sua bochecha com a ponta dos dedos.

— Bom... Eu preciso mexer aqui, se pretendo me mudar pra sua casa – comentou, com um meio sorriso.

— Certo. Você tem razão – concordei, deslizando a mão por seu braço, até poder segurar a mão fria de Katniss. – Mas por que não me esperou? Podíamos fazer isso juntos, pequena.

Ela apertou meus dedos, e respirou fundo.

— Eu precisei fazer sozinha, querido – explicou. – Pra ter certeza do que estou fazendo.

— Morar comigo? – perguntei, apreensivo, e Katniss negou com a cabeça, sorrindo minimamente.

— Eu fui conversar com Annabelle, e contei sobre a minha mudança. Ela apoiou com tanto afinco, que eu não sei como minha irmã não saiu saltitando pela casa – minha pequena fez uma careta, enquanto eu ria baixo de seu relato. – Mas eu não fui lá só pra contar sobre isso – Katniss suspirou, quando franzi levemente a testa. – Eu acabei demorando tempo demais pra pegar no sono. E você, com certeza, sabe do motivo – assenti, em silêncio. – Pois bem. Passei boa parte da madrugada tentando pensar em como resolver certos assuntos, e talvez eu tenha chegado em algumas soluções.

— E você pretende me contar? – perguntei, mais curioso do que outra coisa.

— Uma delas, sim – respondeu, soltando a minha mão, para me dar as costas. – Como vou sair daqui, pensei que seria bom repensar sobre a venda – ela disse, e apesar de surpreso, decidi não interrompe-la. – Conversando com a minha irmã, descobri que o advogado demoraria para tirar Manoela da jogada, por isso, decidi pedir para Annie, para aceitarmos a proposta de Manoela.

Arqueei as sobrancelhas, mais surpreso do que antes.

— Por que a pressa, pequena? – questionei, observando-a se movimentar pelo quarto de Jared. – Não é como se precisássemos de dinheiro agora.

Katniss se calou por pouco tempo, enquanto tocava nas coisas sobre a cômoda.

— Dinheiro nunca é demais – disse ela, mas algo em sua voz, não me convenceu muito. – Eu só quero colocar um fim nessa história, Peeta. Quero aproveitar a gravidez em paz, sem precisar me preocupar. E nisso, eu incluo sua ex esposa.

— Então vai me contar o que negociou com Johanna? – perguntei.

— No momento certo, eu vou te contar – Katniss respondeu, ficando de frente pra mim. – O importante é que também estou mais perto de conseguir o que ela quer, e então, estaremos livres desse problema também.

Cruzei os braços, mas decidi não insistir no assunto sobre Mason.

— Annie concordou com a ideia de deixar Manoela vender o apartamento? – questionei.

Katniss sorriu brevemente.

— Só se ela aceitar dar uma porcentagem maior pra gente – disse ela, olhando ao redor, devagar. – Como Manoela está com pressa pra pegar algum dinheiro, provavelmente irá aceitar a proposta.

— Você tem certeza do que está fazendo? – indaguei, fazendo Katniss me fitar.

— De que adianta eu sair daqui, e manter o apartamento fechado? – perguntou de volta, caminhando lentamente até mim. – Se eu posso aceitar que esse não é o meu verdadeiro lar no momento, também posso aceitar que as lembranças de meu pai, estarão comigo, seja onde for.

Deixei meus olhos passearem lentamente pelo rosto de Katniss, e não precisei me esforçar para saber que ela já estava decidida sobre o assunto.

— Você tem razão – concordei por fim, abrindo um pequeno sorriso.

Katniss sorriu de volta, e empurrou meus braços pra baixo, para poder me abraçar pela cintura.

— Desculpa ter feito isso sem te consultar. Prometo que será a penúltima vez – comentou, me fazendo franzir o cenho.

— Não tenho problema em você ter decidido sobre o apartamento sem mim, mas... Por que penúltima vez? – perguntei, desconfiado, e suas bochechas coraram.

— Juro que não é nada preocupante. É só algo que eu preciso fazer – explicou, vagamente.

— Katniss... – soltei em tom de repreensão.

— Confie em mim, querido – ela pediu, passando levemente as unhas em minhas costas. – Prometo que você nem vai notar que estou tramando alguma coisa – Katniss deu um sorriso esperto, me fazendo estreitar os olhos. – Você fez meu macarrão? – perguntou, elevando uma sobrancelha, antes que eu pudesse contraria-la.

— Sim, mas só vamos comer, depois que me explicar direito essa história – retruquei.

— Nem pensar. O bebê precisa se alimentar – ela usou a desculpa, sem nem corar, mas acabou sorrindo. – Vamos, querido. Ainda temos que marcar a minha consulta, pegar o Thor, começar a arrumar as minhas coisas, e...

— Tá, tá. Já entendi – resmunguei, a interrompendo, fazendo Katniss reprimir o riso. – Mas ai de você se me deixar de lado de novo, pra resolver essas coisas aí.

Katniss me olhou nos olhos, e sorriu.

— Fique tranquilo. Isso não vai mais acontecer. Nunca mais – garantiu, beijando meus lábios demoradamente, e me arrancando um sorriso bobo. – Podemos comer? – insistiu, e eu suspirei.

— Tudo bem. Falta só esquentar o molho, e misturar o macarrão – disse, permitindo que Katniss me arrastasse pra fora do quarto. – E quando pretende conversar com Manoela? – decidi perguntar, quando já chegávamos na cozinha.

— Isso eu deixei pra Annie – Katniss respondeu, soltando a minha mão, para pegar a toalha em meu ombro. – Ela anda louca pra ter uma conversa séria com Manoela... Decidi não interferir.

— Acho que fez bem – comentei, assistindo Katniss caminhar até a pequena área de serviço.

Ela voltou logo, e me analisou, parado pra fora da cozinha.

— E por que o senhor ainda não foi esquentar, e misturar? – Katniss ralhou comigo. – Anda. Estou faminta.

Rolei os olhos, e neguei com a cabeça, enquanto caminhava até a pia.

— Deus que me livre, mulher. Isso não é coisa da gravidez, não – falei, divertido, lavando as mãos.

Ouvi um risinho, e logo senti que estava sendo abraçado por trás.

— E não é mesmo. Só estou te preparando para o que vai vir – Katniss explicou, beijando minhas costas várias vezes. – Está preparado pra isso, querido?

Alcancei o pano de prato sobre o fogão, e enquanto enxugava as mãos, me virei de frente pra minha pequena.

— Com certeza – concordei, com um sorriso largo.

— Ótimo, porque é disso pra pior – Katniss sorriu, aproximando sua boca da minha.

— Imagino – concordei, e ela elevou uma sobrancelha. – Mas eu te amo o suficiente pra querer suportar cada mudança de humor que você tiver. Estando grávida ou não.

Katniss riu, e selou nossos lábios.

— Eu também te amo, Peeta. E não é pouco – ela respondeu, olhando em meus olhos. – E então... Comida?

Gargalhei.

— Certo. Comida.


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Notas finais do capítulo

Beijos ♥



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