A Lenda dos Guardiões escrita por Aluado


Capítulo 2
Lucia


Notas iniciais do capítulo

CAPÍTULO NOVO! OLE, OLE, OLÁ!

Posso ter demorado um bocado? Posso. Posso ter deixado a desejar? Posso. Mas gente, é tão bom ter essa sensação de dever cumprido ♥ e vocês não achem que é brinquedo não: eu passei a semana em busca de uma chuva de ideias e demorou pra chegar.

AH, CHEGARAM AS ARTES NOVAS DOS PERSONAGENS! YAAAY!

No grupo do Nyah! havia uma garota fazendo artes dos personagens dos autores, aí eu pedi pra ela fazer meus filhotes e o resultado foi um amor ♥ Esses três seres ilustrados daí de baixo são, da esquerda pra direita: Tyreese Jonnes, Lucia Bloom e Alex Coult. AI, CARA, MEUS FILHOS ILUSTRADOS ♥

Vamos ao que interessa! Boa leitura! o/



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                Não demorou muito para o ônibus chegasse, um amarelão escolar grande cheio de adolescentes excitados com mais um dia de aula – menos Lucia. Assim que a loira entrou no ônibus todos começaram a olhar estranho pra ela, que teria voltado pra casa e ficado por lá se não tivesse se lembrado de como andar; respirou fundo, baixou a cabeça, e seguiu o mais rápido possível para os assentos do fundo. Ali dentro fedia a desodorante, chiclete e qualquer coisa que te faça lembrar de transporte público mas todos pareciam ocupados demais ouvindo músicas em seus iPhones ou conversando entre si. Havia um assento com janela, e ela se sentou ali. Ok, pensou ela, está tudo indo bem. Colocou sua mochila no colo e sacou suas melhores armas: os fones de ouvido.

— Certo playlist o que tem pra mim hoje? — Ela sussurrou, deslizando o indicador pela tela do telefone e indo ao aplicativo de música.

                Abriu em uma música do Coldplay, A Sky Full Stars. Era uma de suas preferidas, Lucia se recostou no banco e observou a paisagem se desenrolar lá fora. Aos poucos o Bairro Stanford foi ficando para trás, enquanto o amarelão seguia pelas ruas suburbanas ao som de música. Pelo canto dos olhos ela conseguia ver algumas garotas rindo e apontando pra ela, como se falassem de seu cabelo, enquanto o delas era totalmente liso e brilhante. Lucia suspirou, foram muitas as vezes que se deparou com situação semelhante, e em todas elas era complicado de lidar. Voltou a olhar pela janela.

                Naquela hora o trânsito de pessoas já era intenso. Meninos de escolas próximas seguiam andando, pessoas indo pro trabalho, senhoras indo pra padaria mais próxima comprar comida; um dia normal em Boston. Lá em Miami era tudo tão ensolarado e cheio de vida, era uma cidade em que se podia ir pra praia se quisesse e ainda ir ao cinema – Boston não, Lucia não se sentia confiante o bastante para sair de casa pra uma coisa destas, e não sabia quando o faria. Prédios residenciais de tijolos vermelhos começaram a aparecer, a garota tinha se distraído um pouco e só notou pouco tempo depois. Eram daqueles em que escadas de incêndio eram externas e com o terraço cheio de antenas parabólicas, eram os tipos de lugares que pessoas de baixa renda viviam. Não que Lucia fosse rica ou algo do tipo, estava mais para “conseguimos no manter bem”. O ônibus amarelão parou em frente a um deles, quando um jovem entrou.

                Um trio de três garotos começaram a dar-lhes soquinhos nos ombros, e rirem dele. Lucia não deixou de sentir raiva daquilo, subitamente despertada do transe do Coldplay, avistando a cena. Mas tinha de se contar. Você é só uma novata aqui, repetiu pra si mesma, ajuda-lo só vai piorar as coisas. O garoto não reagiu, e nem havia se sentado ainda. Os que tinham assentos livre colocavam suas mochilas, e quem estava acompanhado começava a rir dele também.

                — Com licença... — Disse ele, apesar da voz ser forte e grossa, soou educada. Não o bastante, empurram-lhe para os fundos.

                O rapaz andou desajeitado e sentou-se ao lado de Lucia. A loira o encarou com uma expressão do tipo: Vai deixar esses caras fazerem isso com você? Ele poderia assustá-los facilmente, era forte e musculoso, e altura não ficava para trás. Sua pele negra como o ébano não parecia ter sofrido marcas da puberdade ainda, e tinha olhos verdes muito bonitos; e ele sorria, como se todos os problemas do mundo não importassem. Lucia tirou um dos fones do ouvido. Tinha o cabelo cortado bem curto, em um degradê bonito. Deveria ter a mesma idade de Lucia, dezoito anos, ou menos.  Ele vestia uma camisa jeans em tons de azul por cima de outra camisa, calças jeans escuras e tênis.

— Ei, você é novata, não? — Disse ele em tom amigável, pondo a mochila azul no colo. — Sou Tyreese Jonnes, mas me chame de Ty se quiser. E você?

— Sim, sou. — A loira respondeu. — Me chamo Lucia, mas Lucy também serve. Porque  deixou eles fazerem isso?

                Tyreese baixou os olhos e ergueu-os novamente, se aproximando da garota, como se alguém pudesse escutar a conversa deles. E realmente podiam, e tanto Lucia quanto ele não queriam problemas.

— Eu já me acostumei, sabe? Eu tento vê-los como amigos, mas... é complicado. — Tyreese falou. — Acho que não gostam de mim por morar onde moro.

— Isso é tão idiota! Não se julga alguém pela renda. — Lucia revirou os olhos, e começou a batucar os dedos na sua mochila. — Sou do Segundo Ano, e você?

—Também! Se tivermos sorte, estaremos na mesma sala. — Disse Ty. — Ei, que música está ouvindo?

Lucia deu um sorriso de canto e entregou um dos lados do fone para o negro, estava no trecho final da música e o aleatório pulou para National Anthem – de ninguém menos que Lana del Rey. Tyreese sorriu, e ficaram ouvindo música pelo caminho.

— Eu conheço essa cantora, gosto muito de ouvir ela. — Disse ele, encostando a cabeça no banco. Virou os olhos verdes pra Lucia. — De onde você veio?

— Miami, na Flórida. — Respondeu, depois movendo a boca na letra da música.

— Sempre quis ir em Miami, andar de patins em um daqueles calçadões parece coisa de cinema. Iria ser divertido. — Falou, balançando o corpo levemente. — Daqui a pouco vai conhecer Alex. Ele é muito legal, acredite.

Lucia não podia acreditar. Estava fazendo amizade com um dos fracassados da turma, os que todo mundo não gostava de ter por perto, e isso era ótimo. Geralmente são essas as amizades que duram pra sempre, e ela esperava que fosse assim. Ao menos Ty tinha um gosto musical semelhante que o dela, também. Ela ainda não conseguia acreditar como em nenhum dia da vida de Tyreese lhe passou pela cabeça bater em todos eles, e se acontece, daria uma surra neles.

Os dois foram conversando o caminho todo, enquanto o amarelão parava de bairro em bairro pra pegar os alunos restantes. A paisagem se desenrolou criando prédios de metal e vidro reluzente, e casas perdidas em selvas de pedra. Em uma delas, um menino apareceu. Ele tinha traços latinos na pele morena e um sorriso travesso no rosto que deixava bem claro que era sábio mantê-lo fora do alcance de tinta, seus olhos prateados olhavam tudo ao redor  como se pudesse absorver mais de uma informação ao mesmo tempo, e os cabelos castanhos pareciam não conhecer um pente faz tempo de tão arrepiados. Ele era baixinho, não deveria ter menos de quinze anos. Ele começou a cumprimentar as pessoas como se as conhecesse faz um tempo, mas elas o ignoravam completamente, voltando a conversar ou ouvir música no telefone; mas isso não tirou o sorriso de seus lábios, tampouco seu ânimo. Tyreese acenou do fundo e Alex foi até ele a loira.

— Hey! — Disse ele, sentando-se no banco à frente e virando-se pra trás. — Garota nova? Como se chama?

— Parece que sim. — Respondeu Tyreese.

— Sou  Lucia, mas me chame de Lucy se quiser, e como  se chama? — Perguntou ela, tirando uma mecha de cachos dourados do rosto.

— Alex Coult, plebeu, à seu dispor, majestade. — Ele fez uma reverência e deu um risinho, Lucia e Tyreese também riram. — Brincadeira, é claro que sou um lorde. Eu vi Game of Thrones.

                Ele sussurrou a última parte, como se fosse um segredo muito grande e Lucia riu novamente. Os três foram conversando o caminho todo, fazendo perguntas uns aos outros do tipo “Qual sua cor favorita?” ou “Sith ou Jedi?”, e Lucia respondia todas. Deram risadas, e riram mais ainda quando os outros olhavam estranho pra eles. Era divertido ter amigos, em Miami a loira tinha vários, mas em Boston era diferente – uma terra completamente nova e desconhecida, ter amigos era fundamental pra se ir ao shopping por exemplo.

— Ok, ok... Se vocês fossem um animal, qual seria? — Perguntou Tyreese, sentando-se em outra posição.

— Eu seria uma raposa! Daquelas dos filmes de animação, com o pelo laranja.  Raposas são espertas e sabem se virar bem sozinhas. — Disse Alex. — E você, Lucy?

— Eu seria... um falcão. — Disse ela, levando o indicador ao pingente do colar, parecia quente. — São animais bonitos, majestosos.

— Ah, eu gostaria muito de ser uma tartaruga. — Disse Tyreese. — Elas são os animais mais velhos do mundo, eu acho. Sei que vivem muito.

— É, com toda certeza podemos te ver como uma tartaruga, Ty. — Riu Alex, zombeteiro, e Tyreese deu um piteco em sua testa. — Ai!

Os três riram. Lucia encarou a paisagem lá fora enquanto os meninos conversavam sobre alguma coisa. A escola começou a surgir no horizonte. Era um prédio grande feito de pedra com janelas por todo lado, de quatro andares com um  gramado frontal bem aparado e vívido. Adolescentes e crianças caminhavam por todo lado, saindo de taxis ou de carro dos pais, em uma bagunça barulhenta. Por algum motivo, Lucia sentiu estar sendo encarada, e olhou para uma árvore. Nela, havia um homem alto vestido de terno negro e gravata azul-marinho. Seus cabelos eram grisalhos, cinzentos, mas tinha um olhar e ar tão sério que ninguém seria capaz de dizer isso pra ele. A loira engoliu em seco como se conhecesse aquele homem de algum lugar, ele, porém, sorriu e deu um aceno.

— Vocês viram aquilo? — Disse ela, sacudindo a manga de Tyreese. — Ali. Perto da árvore.

— Isso o que? — Perguntou Alex, olhando pela janela.

— Lucy, não tem nada lá. — Disse Tyreese

— Mas eu...

— Ela está pirando, também, né, nesse calor infernal. Ainda bem que já chegamos. — Disse Alex, com um pulo, indo em direção a saída. — Vamos, pessoal, o dia vai ser divertido!

Lucia se levantou e deu uma última olhada pra árvore. O homem desapareceu. Ela sentiu uma gota de suor frio escorrer pro sua testa, e suas mãos começaram a tremer. Porque aquele homem a abalara tanto? Ela mal o conhecia! E nem sabia quem era, pra dizer a verdade. Alex parou de andar quando viu a expressão no rosto da garota, e Tyreese a amparou quando deu princípio de desmaio. Restavam os três agora no ônibus, a maioria dos alunos saíram em disparada.

— Está tudo bem? — Perguntou o grandão, gentil como sempre.

— Podemos pedir pra te levarem pra casa. Ei, Earl...! — Alex chamou o motorista, mas Lucia deu um aceno.

— Não, não. Está... tudo bem. Eu estou  bem, obrigado. — Disse ela, arrepiada. — Foi o calor, só isso. Vamos lá, não quero perder meu primeiro dia de aula.

E, assim, o trio seguiu pro colégio.


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Notas finais do capítulo

AI MEU DEUS, SAIU, AAAA. QUEM SERÁ AQUELE CARA E PORQUE LUCIA PASSOU MAL? AAA.

Eu adorei como o Tyreese ficou, sério, ele parece uma versão minha mais musculosa e de olhos verdes; se bem que eu queria ter essa paciência toda dele, hahaha!

E como eu prometi, mais um capítulo aos Domingos. Eu estou fazendo disso um tipo de horário/dia fixo pra postar, mas há vezes que estou fora de casa e isso complica :/ vou fazer o meu melhor.

Tchau, e até o próximo capítulo!



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