Those Days escrita por A Mareli S


Capítulo 4
Capítulo 3: Aquele dia que você se apresentou


Notas iniciais do capítulo

Oláááá eu demorei um pouquinho pra trazer esse capítulo pois agora estou com duas fic's para atualizar ao mesmo tempo e isso acaba retardando um pouco o trabalho. Maaaaaas, aqui está ele, revisei mas pode ter passado alguma coisa, se encontrar por favor avisar!
Sem mais delongas...!



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Capítulo 3: Aquele dia que você se apresentou

—Ele está? –Questiona dessa vez mais diretamente o homem chamativo. Porém, nenhuma das cinco pessoas que ele tentava ameaçar com a arma nos ombros parecia se intimidar, talvez apenas Corteo que escondia suas mãos que tremiam nos bolsos. Nenhum deles se manifesta diante o chamado de Fango, mas isso não desaponta Avilio, sabia que ninguém seria idiota o suficiente para se apresentar a um homem que aparece ameaçando a todos com uma arma e golpeando um indivíduo no rosto.

—Nero... –Avilio entoa, mais para se certificar de que era aquele o nome na pequena lista de assassinos que mereciam conhecer seu rosto, mereciam conhecer a dor que passara, mereciam sofrer como ele sofrera. Mas surpreendentemente uma voz o responde, e não era a voz de sua mente perturbada, era uma voz real, entoada por um indivíduo de carne e osso.

—É o filho de Don Vanetti. –O loiro dos olhos azuis diz a frase com tanta naturalidade que Avilio julga o outro como grande conhecedor de tal família, ou ao menos de boatos que a cercam, ou talvez que fosse ele o tal Nero. Encara o olho com o canto dos olhos, não parecia alguém digno de tal sobrenome.

—Ei ei, não traga rixas à Ilha! –Exclama senhor Granchio, era perceptível seu medo atrás da intimidação que tentava inutilmente impor. –É uma regra daqui. –Ninguém ali parecia convencido das falas do proprietário, se mantendo em silêncio, menos aquela nova figura extremamente chamativa.

—Regras, regras! –Recita em tom de deboche, ele coça o meio entre as pernas demonstrando não dar a mínima para os que o encaravam. –É mesmo, valorizam essas coisas aqui, não? Vim pra cá só reforçar essas regras. É que agorinha descobri que roubaram bebida de nós no seu estacionamento.

—Nossa, que ótimo. –O tom de ironia em sua voz não passa despercebido por nenhum dos atentos ouvintes que presenciavam a cena, muito menos por aquele que debatia consigo no exato momento. Ultrajado pela ironia do proprietário o outro abre um curto sorriso e fecha os olhos despreocupado, Fango ainda com a arma nos ombros dispara uma rajada de tiros sem um destino certo, o som alto perturba a todos naquele recinto fechado.

—Disse alguma coisa? –O outro nega em sussurro, porém de forma audível, os tiros haviam intimidado o homem que até o momento parecia disposto a debater com a figura colorida. –Enfim, o miserável Nero Vanetti. Aquele malandro deu as caras por aqui? –Apenas silêncio foi o que recebeu, todos o encaravam impassíveis aguardando o que quer que fosse acontecer em seguida, mas na mente de Avilio aquele silêncio pareceu nunca chegar, a voz estava incansável por algum motivo, despejando sobre ele perguntas sem sentido ou propósito e comentários que deveriam o deixar desconfortável, falhando miseravelmente.

“Ei ei, esse cara, o nome dele é Frango? Hahaha que engraçado!”
      “Por que você não tem nome de comida também?!”
      “Na verdade Frango é nome de um animal né...”
      “Por que você não tem um nome de um animal legal então?”
      “Tipo... Girino! Hahahaha que fofo!”
      “Ei ei, presta atenção em mim, você tá muito quieto... Alô, tá me ouvindo?”

Havia muito tempo desde que se irritara verdadeiramente com aquela voz infantil que insistia em enraivecê-lo nos momentos mais inoportunos, mas com o silêncio onde deveria supostamente estar sendo encoberto com a voz que sabia nem ao menos existir de fato, estava começando a irritar-se.

—Você aí. –Ninguém entende a quem Fango se referia, a fala se faz repentina e sem um rumo certo, podendo ter sido direcionada a qualquer um dos cinco telespectadores. Porém por algum carma do destino, ela era direcionada a Corteo. O míope não entende de imediato, observando com o canto dos olhos se alguém se identificava como o que era chamado, mas isso não acontece, aparentemente todos estavam tão confusos como ele. –Vem cá! –Só então ele percebe o olhar sádico do homem chamativo sobre si, sem saber o que exatamente deveria fazer ele encara Avilio assustado, o irmão estava completamente impassível, sem saber que por baixo da expressão sem sentimentos o outro exalava raiva. Corteo levanta ambas as mãos em forma de rendição e se aproxima daquele que agora o apontava a arma de origem russa.

A temperatura do local parece ter sido intensificada vários graus, de modo a fazer Corteo suar por toda parte, mas isso não aconteceu, era apenas o medo que fora colocado sobre si o fazendo reagir como um corredor de maratona, suas pernas tremiam conforme se aproximava daquele que o chamara, dando uma última olhada de súplica ao irmão, percebe que não se movera nem ao menos um passo para ajuda-lo. Todavia, da forma como conhecia Angelo sabia que não tardaria para o outro tomar alguma atitude, ou pelo menos é isso o que Angelo faria, afinal, não conhecia esse novo homem chamado Avilio que se apresentara para ele há apenas poucas horas. Talvez permitisse que o matassem e continuaria o plano que tinha em mente sem se preocupar com o suposto irmão. Corteo temia isso. Temia a indiferença na qual o outro poderia ter por sua vida, fazendo ele apenas se lamentar por ter sido tolo por sair de seu confortável apartamento com sons incessantes de caldeiras para seguir aquele que apenas lhe dera uma ajuda com um brutamonte trajado como criança. De fato havia sido uma grande ajuda, mas não a ponto de pagar com sua vida.

—É Nero, certo? –Pergunta calmamente o dono dos cabelos tingidos de loiro ao homem que se aproximava aparentemente com inúmeros pensamentos e dúvidas em mente. O míope finalmente compreende o motivo de ter sido chamado, tinha o confundido com Nero.

—Nada disso! Não sou esse tal de Nero! –Sua fala ao mesmo tempo que parecia desesperada, demonstrava honestidade, até mesmo Fango sabia que o outro não se tratava do maldito Vanetti antes mesmo da fala deste azarado garoto.

—Atenção! Algum outro Nero por aqui?! –Assim como o esperado, todos permanecem em silêncio, todos sabiam que o garoto não se tratava de Nero Vanetti, porém não moviam um dedo para mudar o que obviamente ocorreria após aquilo. –Viu? Só pode ser você.

Avilio percebe a voz estridente em sua mente começar a entrar em pânico com a provável morte do irmão, exigindo que fizesse algo para impedir. Para uma voz caótica que sempre se demonstrava conhecedora de tudo e completamente apática quanto aos sentimentos alheios, o fato de nem ao menos ela saber o que aconteceria a seguir apenas infla a curiosidade de Avilio. Ele leva a mão direita até a caixa na qual levaram as bebidas discretamente, seria um problema se Fango percebesse seu movimento que acabara sendo notado apenas pelo loiro a seu lado.

—Meninos malvados que roubam merecem morrer. –A forma como a fala é entonada, completamente fria e calma, faz com que o receptor não entenda de imediato o significado por trás dela, fazendo sua fixa cair apenas quando o cano de metal da arma é apontado certeiro para sua testa, o fazendo soltar uma exclamação de surpresa. Não queria acreditar que seria morto sem mais nem menos naquele local que nem ao menos queria ter ido para início de conversa.

—Sou eu. –A voz calma e menos grave que a de Fango se faz presente, Avilio se aproxima a passos lentos daquele que ameaçava seu irmão. –Eu sou Nero. –Afirma da forma mais sincera que pôde, se não estivesse ocupado demais pensando em como afastar Corteo daquilo, talvez percebesse os olhares cumplices entre os reais assaltantes da bebida, mas para ele isso não importaria por agora, precisava arranjar uma forma de sair e tirar seu irmão daquele lugar.

—Ué? Então esse daqui é? –Questiona novamente a figura colorida, parecia apreciar seu próprio show de mentiras, alegando achar que Corteo na verdade é Nero. Avilio responde um baixo: “Vai saber.” Continuando a se aproximar do homem armado. –Que coisa, desembuchasse logo ao invés de me fazer perder meu tempo! –Sua voz arrastada começava a irritar os ouvidos que agora não mais ouviam uma criança choramingar dentro de sua mente, tendo que aturar manhas agora de um homem aparentemente mais velho que si. A figura colorida empurra Corteo para o senhor de faces sádicas, Serpente é seu apelido. –Pois bem, novo Nero, venha cá. –Novamente talvez se olhasse para trás perceberia o olhar nada disfarçado que o homem das trajes brancas direcionava ao loiro dos olhos azuis, que parecia se incomodar cada vez que aquele nome era pronunciado por Fango. Todavia, Avilio não olha para trás, apenas se aproxima a passos lentos e as mãos erguidas em direção ao homem armado que agora possuía a mira em si.

Ao restar apenas um passo entre eles, Avilio para. Fango talvez para passar alguma intimidação que o outro não demonstrara sentir até o momento, tenta despi-lo do chapéu com o cano de metal da arma pesada em suas mãos. Ao retirar apenas uma parte do chapéu, Fango percebe as orbes amareladas que não queimavam de medo, mas sim de determinação. Porém ele não tem tempo para perceber tal sentimento que havia nos olhos do outro, pois ele fora mais rápido. Avilio empurra o cano da arma para longe de si com a palma da mão e o segura de modo a não voltar a focar em si, enquanto com a outra pega o canivete –objeto que havia pego na caixa das bebidas– logo o levado rente ao pescoço do homem chamativo.

Percebendo não ter como atirar contra a figura que agora lhe ameaçava a garganta, Fango solta a arma nas mãos de Avilio, este a joga para longe sem deixar de encarar os olhos castanho-escuros escondidos pelas mechas pintadas de loiro. O recém-desarmado solta um grunhido de admiração.

—Nada mal, viu? –A fala de Fango poderia ser considerada um elogio, mas a forma como é dita demonstra que o outro apenas se divertia com a situação, exatamente igual a como estava antes de ter uma lâmina em seu pescoço.

—Solte-o. –Uma ordem breve e clara, mas apenas uma risada deixa os lábios do mandante daquele que ameaçava seu irmão.

—Serpente, manda ver. Arregaça com ele. –Com a ordem, Serpente leva lentamente a lâmina da faca para mais perto do rosto de Corteo, que tentava inutilmente afastá-lo enquanto encarava assustado o fio de corte do objeto,

“Ei, Avilio! Muito estiloso, parabéns, adorei essa cena. MAS O CORTEO AINDA TÁ ALI! FAZ ALGUMA COISA!”

Gostaria de poder responde-lo no mesmo tom, gritar na teórica mente do outro para que não o atrapalha-se, mas isso seria impossível, o máximo que podia fazer no momento era ignorá-lo e tentar pensar racionalmente.

—Esse moleque não consegue me matar. –Era o que afirmava, e de fato acreditava nisso, porém a forma como era encarado pelas orbes amareladas o dizia o contrário. Ódio seria pouco para descrever o que se encontrava no olhar do jovem de cabelos escuros. Contradizendo o que o outro dissera, Avilio pressiona com mais força a lâmina contra a garganta deste, fazendo uma fina linha de sangue escorrer na pele alva. –Ah, assim, vamos. –Não sabia dizer se o tom masoquista de sua voz devia apenas a querer provoca-lo ou o outro de fato se divertia com aquilo. Um pouco à frente Corteo ainda tentava afastar a lâmina que se aproximava de seu rosto enquanto soltava altos grunhidos de desespero.

De repente o som de algo de vidro quebrando e Corteo correndo para o balcão é a visão que tem, só então desviando o olhar que mantivera em Fango. Já este se aproveita da distração para se desvencilhar da lâmina em seu pescoço e correr para a arma que fora jogada para longe de si.

—Você, aqui! –Chama o loiro dos olhos azuis já do outro lado do balcão, onde agora também se encontrava Corteo e o homem trajado de branco.

 “Ai meu deus, que bom que não aconteceu nada.”
         “Podia muito bem vocês dois estarem mortos agora se não fosse por esse cara que você está supondo não ser do seu tipo! Huhuhuhu”

Avillio sussurra um: “Cale-se” enquanto corre para o balcão como fora chamado, mas não sem antes pegar seu chapéu que caíra no piso branco durante o conflito. Antes que pudesse pular para trás daquilo que serviria como barreira, o outro começa a disparar aleatoriamente pelo bar, de modo que nenhum dos tiros o atinge enquanto pula para trás da superfície de metal.

—O balcão é blindado a ferro! –Exclama o de vestes brancas ao notar a resistência do material.

—Boa velhote. –O loiro concorda.

—Ei, Granchio deu no pé. –Eles reparam por um segundo o homem barrigudo se esgueirando por uma das portinholas do bar. Porém com o som dos tiros a quebrar uma garrafa muito próxima a onde estavam, percebem ter uma situação muito pior para se preocupar.

O som incessante dos tiros permanecia enquanto vez ou outra os reais culpados pela fúria do homem chamativo atiravam sem de fato acertar o alvo, tendo que se abaixar rapidamente para não serem atingidos pela saraiva de tiros que era disparada sobre eles.

—Não adianta... quem ele pegar vai matar. –Comenta o trajado de branco.

—Esperamos acabar a munição? –Era de fato o mais inteligente a se fazer, se não fosse pela fala impensada de Fango, que sem saber acabara por ironizar a ideia que tinham em mente.

—Serpente! Munição, trás pra cá! –O outro responde apenas um: “É pra já” enquanto abaixado para não ser atingido nem pelas pistolas dos protegidos pelo balcão, e nem pelos tiros praticamente sem alvo do próprio chefe.

—Nem sequer olhe. Vamos arremessar álcool nele. –Afirma Corteo já preparando uma garrafa e com um plano em mente. Com um: “Entendido” ambos jogam garrafas sobre o local onde se encontrava a figura chamativa, todas as garrafas eram quebradas pelo mesmo antes mesmo que atingissem a parede.

—O filho da mãe está de palhaçada. –Comenta o de trajes brancas, já sem balas em sua pistola.

—Sim, eu soube que um cara que não batia muito bem da cabeça havia entrado pros Orcos. É ele não é? –Questiona o loiro, ambos pareciam ter uma agradável conversa de bar, algo que não seria apropriado para uma situação como aquela.

—Pelo visto os Orcos não tão pra brincadeira. –Só então o trajado de branco percebe a ação dos dois mais jovens a lançar garrafas sobre o que atirava incessantemente. –Vocês aí, parem de perder tempo! –Enquanto isso longe deles Fango reclamava por eles se esconderem em um local onde não conseguia atingi-los.

—Beleza, tudo pronto. –Dita Corteo. –Arremessem isso e corram para a saída! –Sua fala possuía um tom tão certo e confiante fazendo até mesmo os mais velhos o ouvirem e acreditar em si.

—O que você pensa que... –Não estava em tom de fazer uma grande pergunta ou duvidar do que o outro dizia, mas o que quer que fosse ser dito é quebrado pelo míope que confiava em seu plano.

—Só obedeçam e vão! –Diz já arremessando a última garrafa, eles quatro rumando lentamente atrás de balcão em direção à pequena saída pela qual Granchio saíra, observando atentamente o que quer que fosse acontecer conforme o plano do míope. Quando a garrafa é atingida pelos tiros assim como todas os outros uma explosão eclode. Chamas engolem completamente o corpo de Fango que continua atirando sem saber para onde aqueles quatro correram.

Finalmente fora do bar, eles correm arfantes, tanto pela corrida quanto pela situação na qual acabaram de fugir. Eles finalmente alcançam o carro dos dois ainda desconhecidos, dentro dele, um homem desacordado e com sinais de espancamento ocupava o banco do motorista. Avilio o reconhece como o mesmo homem que estava ali alguns minutos atrás mascando tabaco enquanto lia jornal naquele mesmo lugar.

—Tigre! Ei! Vamos... –O loiro abre a porta do motorista recebendo apenas alguns resmungos do homem que apenas parecia desacordado, os resmungos não eram devido ao espancamento, mesmo que isso fosse motivo o bastante, o real motivo para isso era o lenço branco que servia como mordaça. E o loiro logo se dá conta disso ao notar a figura de um homem negro com uma faca em mãos quase o atingir em seu momento de distração. Como uma ação planejada, o loiro segura o braço que tentara o atingir com a lâmina enquanto o de vestes brancas dá um soco certeiro no rosto do homem de pele escura, o deixando desacordado. Eles simplesmente o retiram de dentro do veículo, deixando seu corpo desacordado largado no chão da Ilha. Todos trocam olhares cumplices enquanto em silêncio decidiam o que fazer em seguida, acabando por Avilio e Corteo aceitarem a carona que lhes foi oferecidas pelos outros dois.

—Ai ai que dia. –Comenta o que agora se encontrava no banco do carona, o de vestes pálidas. Seu olhar sendo direcionado a nada certo, apenas a paisagem que recebia do final de tarde, o céu alaranjado em leves tons de rubro e o rio que recebia de braços abertos a mesma cor, sendo possível discerni-los apenas graças às ondas. Porém, vez ou outra seu olhar era direcionado aos jovens no banco traseiro, não saberia dizer o motivo com certeza, não possuía um real interessa pelo assunto que ambos tinham, muito menos julgava que fariam alguma ação que poderia afetá-lo. Mesmo assim ele sentia algo nos olhos castanho-dourados que variavam entre a janela ao seu lado e o rosto do amigo do seu outro lado, fazendo também com que seus cabelos escuros balançassem de um lado para o outro, de alguma forma esses movimentos simples estavam a deixa-lo incomodado.

—Mas foi divertido, não foi? –Devolve o comentário o loiro que agora era o motorista dos três passageiros. Ele não percebe o incomodo do amigo, afinal, não seria ele um faz-tudo capaz de dirigir, conversar e prestar atenção nas reações daquele ao seu lado, tudo ao mesmo tempo e com total desenvoltura.

Eles não se importavam com os dois mais novos que explicavam o conceito que fizera a explosão acontecer de repente, engolindo completamente aquele que ao menos deve ter perdido as sobrancelhas com as chamas repentinas que pareciam o devorar.

—Graças àquilo tudo não podemos voltar pra lá por um bom tempo. –Comenta o carona mais velho, ele tragava lentamente seu cigarro enquanto ouvia parcialmente o que os mais novos diziam .Cigarro este que fora aceso como forma de distração, não queria ser ele o incomodado; muito menos quando não havia o menor motivo para tal; nem ser pego pelos olhos castanho-dourados, que poderiam pousar sobre os seus pelo retrovisor a qualquer momento que percebesse ser observado, de fato seria uma situação constrangedora. Ele entrega o cigarro ao motorista, que também dá uma tragada antes de responder ao companheiro:

—Seja como for, aquele Whisky de vocês era do bom. –Com o repentino comentário sobre sua bebida Corteo presta atenção ao que diziam, chegando a se sentir lisonjeado pelo elogio do outro. –Vai nos render uma nota. –O míope por um momento não entende a última frase, mas logo a fixa cai ao lembrar o motivo pelo qual entraram naquele bar inicialmente, queriam vender a bebida. –Vejam só! O teatro dos Vanettis, é de se admirar, não? –O modo como sempre que falado sobre aquele família a empolgação aumenta nas falas do loiro não passa despercebido pelo jovem de cabelos escuros, que também não se impede de admirar pela janela o belo teatro ainda em construção.

—Mal posso esperar para mostrar ao Don quando estiver concluído. –Agora a fala a abafar o som do motor era do homem de vestes brancas, que com apenas dois dedos retirava os pelos similares a um bigode que havia em seu rosto, Avilio percebe isso pelo retrovisor, não impedindo um erguer de sobrancelhas transparecer em sua face de modo interrogativo.

O loiro abre parcialmente a janela, apenas para jogar fora o cigarro já inutilizado pelas varias baforadas silenciosas, que deixavam agora como prova de que ali estivera, apenas o cheiro da fumaça, que perturbava as narinas apenas do míope, no caso o único não-fumante daquele grupo.

—Me digam, –Agora a vez de abafar o som do motor se tornara de Avilio, que já entendera o motivo para a barba do loiro ser de um tom diferente de seus cabelos e usar um penteado tão ridículo, obviamente se tratava de um disfarce, assim como o falso bigode do homem de vestes claras. –aquele tal de Nero esteve lá? –Sua fala é mais para garantir a ideia que há muito se apropriara de sua mente do que para qualquer outra coisa.

—Esteve! –O loiro abre um sorriso enquanto fala com a voz lenta, quase forçada para parecer melodiosa. Assim como o de cabelos escuros suspeitara o homem retira a barba, –Nero Vanetti... –Ele joga os cabelos loiros para trás, formando um topete alto. –sou eu! –Ele aponta para si mesmo com o dedão da mão direita, desviando por um momento o olhar das ruas para direcioná-lo a Avilio. Ele exclama também com um sorriso largo no rosto. Avilio não impede seus olhos de se arregalarem e seus lábios de soltarem uma exclamação de surpresa.

“Huhuhu, e agora Avilio? O que tinha dito mesmo?”    

“Devo admitir que o cabelo assim melhorou bastante, não acha?!”

“Diga-me, você percebeu os olhares sobre si, não?” —Nesta fala em específico, Avilio encara aos outros três ali, mas não havia nenhum olhar que estivesse a fita-lo. O fazendo se perguntar se em algum momento deixara um semblante assassino transparecer enquanto fitava a poltrona do loiro, mas sabia isso não ser uma opção, suas expressões eram sempre bem controladas, mesmo quando em sua mente tudo parecia tornar-se o próprio inferno. Logo ele decide apenas prestar mais atenção a sua volta.
       ““Ele não é do meu tipo”, “Ain fica quieto, ele totalmente não é meu tipo””
—A voz possuía um tom de deboche, como se imitasse a voz que usara para falar aquilo.                       
        “Não vai falar nada agora? Hello, Avil-?”

A voz se cala sozinha ao perceber a risada que Avilio se continha para não soltá-la, mas a risada e a exclamação não eram de admiração àquele que acabara de se apresentar como Nero Vanetti, mas sim pelo nome que o outro dissera ter. Sente seu coração pular freneticamente em seu peito, mas não por excitação sexual pela aparência do loiro, sua visão e pensamentos se tornaram nublados ao ouvir alguém se apresentar tão naturalmente a ele com aquele nome, nome este que eu nada se difere dos outros se não por um lugar específico onde ele estava escrito, uma pequena carta de papel amarelado com uma caligrafia fina.

Nero... Nero! NERO! —Ele sentia como se gritasse em seus próprios pensamentos enquanto encarava impassível o encosto do motorista, onde aquele que precisava matar se encontrava. Misteriosamente a voz não se pronuncia mais, mantendo-se em silêncio por todo o momento que encarava a poltrona bege. Ou talvez fosse apenas ele não se importando com as falas que atingiam apenas a ele, mas tudo parecia o mais completo silêncio, menos em sua mente, mas não graças a uma voz infantil, mas sim à sua própria que traçava novos planos e roteiros que seguiria agora que o um passo importante da vingança já fora dado: Encontrar o Vanetti mais novo.


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Notas finais do capítulo

Basicamente a fic começa agora! KKKK (que coisa para se dizer quando já está no capítulo 3, mas tudo bem) o próximo cap virá semana que vem como sempre, ainda não o comecei, a escrever, mas já está praticamente pronto! (Na minha mente...) Até semana que vem!



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