Those Days escrita por A Mareli S


Capítulo 2
Capítulo 1: Ainda antes daqueles dias


Notas iniciais do capítulo

Olá olá! Como estão? O capítulo dois já está em desenvolvimento e pretendo trazê-lo semana que vem.
Esse capítulo possui duas trilhas sonoras que se adequaram melhor à certas partes kkkkk peço que tenham paciência para mudar a música para melhorar o ambiente da leitura.
Quaisquer erros/ críticas ou elogios serão muito bem-vindos! Se alguém só quiser debater sobre esse anime maravilhoso também quero ok? Não conheço quase ninguém que já tenha visto... infelizmente.
Enfim, próximo cap semana que vem provavelmente, e estou quase certa que Nerinho aparecerá logo logo, então não me agridam



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Capítulo 1: Ainda antes daqueles dias
(trilha sonora nas notas finais)

Enquanto fitava as prateleiras da loja de pratarias de sua cidade, Avilio ascende seu segundo cigarro da noite, encarava os utensílios de cozinha da loja fechada enquanto apenas esperava outra vitima de seus furtos passar por si. As gotas de chuva o atrapalham ao tentar ascender seu isqueiro; além da pequena quantidade de gás que ainda possuía, que mal serviria para ascender meio maço; tendo que protege-lo junto ao cigarro sob seu corpo que era tingindo sem pena pelas grossas gotas d’água. Consegue dar apenas uma baforada em seu cigarro até ser inutilizado pela água que parecia não terminar de cair do céu sobre si, aquela pequena quantidade de nicotina que aspirara nunca seria o suficiente para fazê-lo sentir-se melhor.

Permite-se esperar por mais dois minutos até perceber que realmente as ruas já estavam desertas desde os jornais indicarem que seria um belo dia de sol, com os erros recorrentes nessa época do ano, todos os cidadãos sensatos correram para suas casas, temendo o que poderia vir a ser uma das maiores tempestades do ano, e de fato estavam certos. Decide voltar à caminhada em direção ao cubículo-apartamento que alugava, com o pensamento de que talvez –se tivesse sorte– poderia encontrar alguém pelo caminho. Porém aquele não parecia um dia bom, toda a trajetória até sua casa é acompanhada apenas por alguns olhares de pessoas curiosas através de janelas, longe de suas mãos hábeis e com suas carteiras seguras do assaltante.

Seu caminho é percorrido em silêncio e sem interrupções, mas a tempestade não acalentava, sua roupas já encontravam-se ensopadas há muito tempo, começando aos sapatos ferirem seus pés como se lhe arrancasse a pele de entre os dedos, mas ele parecia não se importar, caminhava lentamente pelas ruelas com um olhar sem brilho ou emoção. Há muito tempo, o dono dos olhos castanho-dourados, considera sua vida vazia, não encontrava motivos para continuar a respirar, todavia seus instintos o obrigavam a viver. Ao mesmo tempo em que não vê razões para levantar, não enxerga o suicídio de outra forma que não covarde e infantil. Não possuía bons sentimentos há mais tempo do que saberia dizer, não é que não tivesse um propósito ou algo assim, apenas seus sonhos eram grandes demais para alcançar sozinho e sem base alguma.

(Trilha sonora nas notas finais)

“Olha por onde anda! Quer nos matar?!”

Ele não se assusta com a voz que ressoa dentro de sua mente; isso se tornara algo corriqueiro após alguns anos vivendo completamente sozinho; mas sim com o carro que passa a uma grande velocidade apenas alguns centímetros à sua frente, espirrando água das poças que corriam na sarjeta, sobre si. Não costumava quase ser atropelado, nem andar avoado pelas ruas, no entanto, aquele não era um bom dia. Era a data de aniversário de sete anos da execução de toda sua família, onde apenas ele conseguira fugir. –não que acreditasse em sorte ou algo de gênero, mas não conhecia outro nome que poderia dar ao que aconteceu naquela época consigo, –Além de que havia conseguido roubar uma única carteira durante todas as duas horas que ficara na chuva, seus pés provavelmente estarão com bolhas no dia seguinte e o gás de seu isqueiro está para acabar, com certeza é um dia ruim.

Volta ao caminho original em direção a seu pequeno apartamento. Ele finalmente chega à construção antiga de rochas cinzentas, abrindo o portão de madeira puída e o trancando em seguida, logo à frente a proprietária dos apartamentos e duas moradoras se escondiam das chuvas sob uma pequena parte coberta, as idosas pareciam conversar sobre o tempo enquanto tremiam debaixo das roupas grossas. Ele simplesmente as ignora como estava acostumado a fazer, a única interação que era obrigado a ter bastava para esgotar sua paciência, no caso entregar o pagamento do aluguel para a dona. O homem continua o caminho de cabeça baixa, não havia mais perigo em andar sem prestar atenção ao mundo fora de sua mente, pois onde agora se encontrava não havia carros, além de já estar levemente irritado com gotas caindo em seus olhos.

—Senhor Bruno, –Mal ouve a voz da proprietária abafada pelo som das gotas de chuva se chocando contra as rochas e toda superfície possível. Ainda assim a ignorara por simplesmente querer trocar logo de roupa e se jogar na cama, que está há poucos passos de encontrar, subindo cambaleante e lentamente os degraus que levavam à seu apartamento. No entanto, diferente do corriqueiro, a mulher não o ignora de volta, fazendo sua voz ser novamente ouvida em meio à chuva. –veja isso, é para Angelo Lagusa. –Com a fala, Avilio Bruno se vira para a proprietária que acabara de ganhar toda sua atenção. Ele sente seu sangue gelar e o estômago dar uma volta completa ao ouvir com todas as letras seu verdadeiro nome ser entoado por alguém.

“Espera... mas isso não é possível, é? Esse nome já não existe mais, Avilio. Pelo menos não para o resto das pessoas.”

Novamente a voz fala consigo, e ele concordava. Simplesmente desce as escadas correndo, mas antes de puxar a carta das mãos da mulher, a ouve se pronunciar novamente.

—Mas consta seu endereço... –O papel que começara a se molhar pela água que caia dos céus, é repentinamente puxada pelo destinatário, fazendo a mulher soltar uma exclamação de surpresa, ele deposita a carta no bolso de trás da calça e volta a subir as escadas dessa vez de forma mais tensa do que desleixada como antes. –É para o senhor não é? –Avilio nada responde, voltando a subir os degraus molhados e escorregadios enquanto se perguntava sobre o que a carta poderia se tratar e já buscava a chave nos bolsos. Abre a porta rapidamente, já acostumado com a força que precisava ser feita para a velha fechadura ser adentrada, ele a fecha com um baque alto.

—Que esquisitão, hein... –Comenta a proprietária com as outras mulheres. –Mal dá para dizer se está vivo ou morto. –Elas voltam a conversar banalidades sob a pequena proteção de pedra.

Finalmente em “casa” aquele único cômodo nunca poderia ser considerado uma casa, no máximo talvez uma sala sem móveis ou cuidados. Nas paredes, graças à infiltração há grandes manchas por toda parte, deixando o lugar com um cheiro peculiar de mofo, além de algumas manchas de sangue, o antigo morador não devia ser um indivíduo normal, a tintura, velha como todo o resto do cômodo, talvez um dia tenha sido amarelada, mas atualmente não passa de um tom estranho de palha. O chão está completamente empoeirado, há também algumas tábuas de madeira soltas que já se acostumara a conviver sem tropeçar. Sua cama logo à esquerda da porta está como sempre, completamente desarrumada e com os lençóis velhos que chegavam a feder a ácaro, à direita da porta há uma pequena cadeira com o que hoje fora seu almoço, duas latas de abacaxis em conserva. Ele retira seu casaco e chapéu, ambos ensopados com água da chuva, os jogando sobre o encosto da cadeira e sentando-se sobre a cama bagunçada, sem se importar se o tecido molharia com o contato, permitindo que as gotas escorressem de seus cabelos e caíssem sobre a superfície seca.

Sua primeira atitude é tirar os sapatos, sente um grande alívio ao finalmente ver-se livre do aperto molhado em seus pés, não se importando em ver se estavam machucados ou não, não possuía curativos para trata-los de qualquer forma. Logo busca a única carteira que conseguira roubar no dia, era simples e de falso couro negro, assim como várias outras, dentro havia apenas duas notas de dólar, talvez tivesse algum documento, mas não se importava, simplesmente a joga para junto a todas as outras sob a cama, onde uma pilha de várias outras carteiras se amontoava.

Leva a mão até o bolso de trás onde depositara a carta, olhando em volta não havia qualquer remetente, apenas o destinatário: “Angelo Lagusa” a carta estava lacrada com grampos, sendo obrigado a abri-la com um canivete. O som do papel sendo rasgado quebra o silêncio do cômodo vazio e sem vida. Avilio encara, com os olhos opacos, as palavras disposta à sua frente, dentro do pequeno envelope também havia uma foto de seu irmão Luce. Apenas após alguns segundos percebe perfeitamente do que se tratava a carta.

—Vanetti... –Sussurra para si mesmo; com a voz fraca, sentindo como se não pronunciasse uma palavra sequer há dias; o nome que aparecia na folha, como se tentasse gravar de todas as formas aquele maldito nome em sua mente. Fora esse o nome da família que matara a sua, três nomes se destacavam com uma letra de forma: “Vanno Clemente”, “Vincent Vanetti” e por fim, “Nero Vanetti”. O sangue começa a aquecer seu peito, sua respiração fica pesada enquanto sentia a satisfação começar a adentrar seu ser, mesmo que ainda não os tenha encontrado. Ele não percebe quando um sorriso sádico desabrocha em seus lábios seguido de uma risada anasalada, seus olhos pela primeira vez em muito tempo ganham um brilho de emoção e ansiedade. Sentia-se novamente vivo. Um relâmpago na tempestade ilumina o rosto de expressão sádica do homem dos olhos dourados recém-brilhantes.

“O que fará? Vai buscar vingança pelos nossos pais e Luce, é isso? Poupe-me Avilio... Vingança gera apenas mais vingança, sabe disso.”

Mas o novo homem que nascera novamente pela vingança, já não ouvia mais sua voz interior, o conhecimento de anos atrás já não lhe era apreciável, queria apenas despejar toda a raiva que sentia nos culpados por sua solidão.

“Não vá se arrepender depois. Huhuhu”

Avilio não entendia o que o outro queria dizer, vingança era tudo o que mais desejava desde a noite do homicídio, não tinha dúvidas de sua convicção. No entanto, foram poucas as vezes que seu “eu” interior estava errado, por isso buscava sempre ao menos ouvir a reflexão antes de tomar certas atitudes.

—O que quer dizer com isso? –Questiona voltando a ler a carta, sentindo novamente seu peito se aquecer, mal podia esperar para começar suas ações, planos já começavam a se embaralhar em sua mente, mal conseguindo impedir a si mesmo de sorrir novamente diante a bela carta de caligrafia fina e papel caro levemente amarelado.

“Você verá, Avilio.”


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Notas finais do capítulo

Desculpaaa se parece que está muito parado (Cap inteiro 20 segundos de epsódio... desculpa) , eu pretendo fazer capítulos maiores daqui pra frente, esse primeiro capítulo é mais uma introdução de fato, já que o prólogo foi na verdade o epílogo kkk
Até semana que vem!
Primeira trilha sonora: https://www.youtube.com/watch?v=D8ShsHeYkeI
Segunda trilha sonora: https://www.youtube.com/watch?v=BO20TGeFVCw



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