Apenas uma Foto escrita por Gabriela


Capítulo 9
Um carro roubado


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo ficou mais longo do que o esperado, mas saiu. Perdoe os erros gramaticais



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Sete dias. Sarah não conversou com ninguém sem ser seus pais. Seu celular permaneceu desligado evitando qualquer tipo de contato com o meio externo. Bastian tentou visita-la, bateu e bateu na porta e ela só ouviu sentada no chão enquanto organizava seu portfólio fotográfico. Ela sempre adiou fazer isso, mas agora pareceu o momento certo. Um peso enorme foi tirado dos seus ombros quando a notícia da saúde de Tamara chegou e ela estava bem. Ela leu muito nos últimos dias a procura de uma fuga e de paz, ela encontrou um pouco em alguns, mas outros faziam pensar mais e mais sobre tudo. Organizou seu guarda roupa, limpou seu quarto, mudou tudo nele. Seu quarto era tão normal agora, limpo, organizado, ela gostou, mas se sentia estranha nele. Seu quarto fazia parte de sua personalidade e agora era completamente estranho. O peso de suas ações ainda pesava na sua relação com seus pais, mas a cada dia tornava-se mais distante e distante.

Ela observou os primeiros raios de sol entrando pela janela e começou a suar frio. Ela respirou fundo enquanto levantava da cama e tentava controlar esse nervosismo. Ela precisava voltar para o colégio agora e era tudo o que ela não queria fazer. Arrumou-se e olhou no espelho. Olheiras profundas chamavam atenção em seu rosto, estava pálida, parecia mais magra. Sorriu para seu reflexo tentando transmitir alguma força para ela, sem resultado. Pegou sua mochila e caminhou silenciosamente para a saída. Ela não poderia deixar de sorrir quando viu Rick esperando por ela encostado no carro dele. Ele parecia estar a tempos ali esperando. Ela caminhou rapidamente até ele, os braços dele se abriram e ela não resistiu em abraça-lo. Ele era quente, reconfortante e amoroso.

—Sarah, esse dia é como todos os outros. Você não tem medo de entrar em lugares estranhos para uma foto, isso vai ser tranquilo. –A voz dele era calma e suas mãos esfregavam os braços dela enquanto se separavam.

—Eu vou ter a atenção de todos e odeio atenção em alta escala.

—Então pense que estão olhando porque a pessoa do seu lado é deslumbrante, ou seja, eu. –Ele piscou para ela enquanto abria a porta. –O acento te espera, doce senhorita.

—Tão galante! – Ela riu um pouco em dias. Ela entrou no carro e piscou para ele.

—Eu faço o meu melhor. –Falou enquanto fechava a porta e correu para o seu lado.

O carro engasgou um pouco ao ligar e começou a andar. Ela ficou quieta o percurso todo e Rick apenas respeitou. Ela observou as casas ficarem para trás, algumas árvores, algumas pessoas. A cada segundo chegava mais próximo ao seu destino e sentiu seu estômago embrulhar. Era um pouco insano da sua parte, mas, nos últimos tempos, ações insanas era sua especialidade. O carro parou e ela ficou um tempo apenas olhando para o colégio. Sentia-se nua sem suas maquinas. Ela segurou sua mochila mais forte e tomou coragem. Saiu do carro despedindo-se de seu amigo sem olhar para ele. Ela caminhou sem olhar para os outros e sentia alguns olhos sobre ela e murmurinhos. Ela revirou os olhos e seu mal estar foi deixado de lado, ela podia lidar com isso, ela sempre lidou. Chegou em seu armário, pegou seus livros e caminhou para sua sala. Ela não podia esquecer de passar na diretoria para conhecer suas outras punições mais tarde.

A primeira aula passou tranquilamente e ela sentiu sua ansiedade desaparecer com o tempo. Ela não olhou direito para ninguém e não demostrou estar ali exceto para prestar atenção na aula. A segunda aula seria mais problemática, Lorie. Ela entrou na sala e poucos estavam ali, sentou em seu lugar e criou a mesma barreira da última classe. Ela não notou quando a garota entrou, mas esta notou sua presença. Lorie sorriu um pouco por vê-la ali finalmente e quis tanto falar algo para menina. Perguntar como estava por mais que sua aparência respondia. Ela queria poder mudar o passado, mas ela não tinha esse poder e, agora, era lidar com tudo. Sarah e Lorie dois mundo distanciados por anos e anos luz naquele ambiente.

O sinal do intervalo tocou e Sarah não pensou duas vezes em se levantar e sair. Ela caminhou rapidamente não para o refeitório e sim para a saída, ela não tinha fome. Lorie quis seguir, uma mão em seu ombro a impediu. Bastian sorria para ela e beijou seu rosto. Ela não sabia como parar isso mais e, honestamente, ela não queria magoar mais uma pessoa. Ela não sabia se isso era pior.

Sarah sentou nos degraus da entrada do colégio e ficou curtindo o pouco sol em seu rosto. Ela ouviu a porta se abrir e seu coração insanamente desejou ser Lorie e pulou com esse pensamento. Olhou para cima e viu Dany. A garota entregou um lanche para ela enquanto sentava. Ela queria rejeitar, mas o olhar da amiga dizia para ela comer agora. Ela comeu com desgosto, seu corpo agradeceu o alimento no final.  Elas ficaram em silêncio comendo e curtindo o calor agradável.

—É estranho te ver sem sua terceira mão. –Sarah sorriu e olhou para sua amiga. Ela sabia que Dany queria perguntar como estava e ela a conhecia tão bem em saber que ela mentiria.

—Muitas coisas estão estranhas na minha vida. –Sua amiga refletiu enquanto mastigava um pedaço de seu próprio sanduiche.

—Estanho não é ruim, é apenas algo desconhecido, incomum, contra a maré. Você nunca sabe o que ele pode te trazer.

—Rick um perfeito cavalheiro e você uma filosofa positivista. Cuidado vou achar que estão querendo me animar! –A expressão de Dany tornou-se de espanto.

—Claro que não, Sarah. Nunca! –Negou dramaticamente. As duas riram no final. No final, eles conseguiram exatamente isso.

Cuidar da organização da biblioteca como punição não foi terrível. Ela ficou depois das aulas principais no local e percebeu o quanto precisava de organização ali. Ela encontrou livros tão mal conservados, fez uma anotação mental de ver algo relacionado a isso na internet. Ela precisava de algo para se ocupar. Mandou uma mensagem para seus pais informando a sua demora, ela estava de castigo ainda afinal. Era a noite quando voltou para casa. Pegou um ônibus para chegar mais rápido. Observou as luzes passando e passando. Sentiu o sono chegar e a necessidade por comida, ela não havia comido mais nada além do lanche da Dany. O cheirou delicioso do jantar ao abrir a porta de casa abriu um apetite desconhecido por ela nos últimos dias. Sua mãe cozinhava por algum milagre e sorria com os comentários maravilhados do seu pai pela comida. Definitivamente ele tentava aumentar o número de vezes da sua mãe cozinhando. Sua mãe sorriu para ela enquanto sentava na cadeira. O almoço logo foi servido, ela comentou sobre estar ajudando na biblioteca e preferiu não ter ouvido a insinuação de atividades extra curriculares de seus pais na biblioteca da faculdade deles.

Seu pai devolveu seu notebook para a escola e ela logo pesquisou sobre papeis e preservação de livros. Anotou e salvou algumas técnicas. Seus olhos se fecharam por desejo próprio e de esgotamento dormiu. Ela tinha sentido falta de sonhar.

:Biblioteca:

Sarah espirrou enquanto mexia em uma das prateleiras. Quatro dias trabalhando ali, ela descobriu o desgosto do seu corpo por pó. Seus olhos coçavam um pouco e seu nariz estava um pouco entupido nos últimos dois dias. Atualmente, nada para se alarmar. Ela subiu em uma escada articulada sem firmeza para pegar alguns livros da parte de cima para uma aluna. Ela apoiou o pé em um lugar errado e a escada balançou um pouco. Fechou os olhos prevendo a queda e agradeceu quando ela não veio. Rob segurava a escada e olhava, não discretamente, para sua bunda. Ela revirou os olhos e desceu desviando das tentativas de ajuda dele. Ele era mais alto do que ela, olhos azuis claros, cabelo castanho e um sorriso gentil. Se ele tivesse um título na escola seria festeiro número um. Ela gostava de conversar com ele as vezes e esse não era um desses momentos.

—Ouvi dizer que está se esconde aqui, Sa. –Ela odiava esse apelido. Ele arrumou uma mecha do cabelo dela caída em seu rosto. Ela apenas desviou dele e colocou os livros na sua mão em uma mesa próxima e virou. Ele estava muito perto.

—Desculpa, mas eu gosto de certo espaço entre eu e as pessoas. –Ele deu dois passos para trás e olhou para ela perguntando silenciosamente com o olhar se estava bom debochadamente. Ela revirou os olhos. –O que você quer comigo?

—Você agitou esse lugar com aquela sua performance. –Sentiu um gosto ruim na boca ao lembrar daquele dia e a garota convulsionando. –E eu quero levantar mais ainda. Uma festa amanhã na casa do meu amigo Dog. Você lá seria incrível. –Ele lentamente se aproximou dela sorrindo, tentando seduzi-la, tentando convencê-la de todas as maneiras. –E ai o que me diz?

—Eu estou de castigo, não posso sair. E, eu não iria mesmo assim.

—Se mudar de ideia, sempre vale a pena quebrar as regras. Você sabe onde é a casa do Dog. –Ele beijou seu rosto lentamente e sorriu. –Adeus, Sa. –Ela fez uma careta em desagrado.

Ela observou ele saindo. Ela limpou um pouco o local do beijo. Não iria em um festa de Rob principalmente na casa do Dog. Ela não sabia o motivo desse apelido do garoto, era uma piada interna entre o grupo de amigos e ela, honestamente, tinha medo de descobrir. Dog não era alguém confiável. Ela tentou se livrar desses pensamentos e continuar seu trabalho. Mudou de curso quando viu Lorie sem se importar se a menina notou. Estava tornando ridículo isso. É claro que ela iria esbarrar com a garota ali, ela era um nerd afinal e isso não mudou. Ela havia conseguido evitar os dois, Bastian e Lorie, com destreza porém, sabia, isso logo iria mudar. Ela conhecia seu amigo e ele não iria deixar isso assim para sempre e, se precisasse, arrombaria sua porta para falar com ela. Lorie era diferente. Ela só não sabia mais. Ela ficou encostada na prateleira do corredor oposto da garota. Olhos fechados e seu coração doendo. Ela não estava pronta ainda para falar e ela não sabia quando estaria. Seu grande mal, sempre se escondendo ou evitando o que causa mal ou dor.

 Lorie tirava um dos livros da prateleira e pode ver as machas azuis que tanto sentia falta. Seu coração palpitou um pouco, ela sorriu tristemente, pegou o livro, registrou e saiu daquele lugar. Ela precisava respirar. Ela não encontrou tanto ar do lado de fora para melhorar essa sensação. O que ela estava fazendo? Seu coração dizia algo, sua mente se irritava com suas ações e ela continuava agindo da mesma maneira. Ela respirou mais duas vezes e sentiu forçar. Ela iria falar com Sarah agora. Virou para entrar e seu olhar encontrou Dany encostada próxima da porta.

—Não faça isso! –A voz dela era firme. Um general ordenando a um soldados.

—Quando se tornou guarda costa da Sarah?

—Você sabe quando e você sabe porquê. E vou dizer e repetir: Fique longe dela. –Dany falou enquanto se aproximava dela. O olhar da garota era determinação para impedi-la de entrar naquele local novamente.

—Você não tem esse direito primeiramente. Eu falarei com ela se eu quiser e.. Eu quero. –Ela passou por Dany em direção a porta.

—O que vai dizer? –Ela parou. – Que sente muito? Que não queria nada disso tivesse acontecido? Que está apaixonada por ela, mas está pegando seu melhor amigo nesse meio tempo? –Ela virou e focou os olhos gelados de Dany. –Você está confusa com o que quer e ainda quer levar mais pessoas com você. Você não é saudável para ela nesse momento. –As últimas palavras machucaram Lorie profundamente e o olhar de Dany só era mais frio.

—Você não acredita nisso.

—Você não tem o mínimo conhecimento sobre mim para falar o que acho. –Essas palavras saíram rápidas e cruéis. –Sarah é minha amiga e eu vou protege-la.

—Eu achei que fossemos amigas...- Lorie falou baixo, mas Dany conseguiu ouvir. Seu olhar amoleceu, ela sentia uma dor de cabeça se aproximando.

—Lorie...Apenas facilite tudo. –Ela sentia sua força interpretada sair dela, ela se agarrou na última parcela ainda residente dentro dela. –Acredite em mim, eu sei o que é melhor nesse momento para vocês. Porque, se você machucar ela de novo, eu juro que você será a próxima a ir ao chão com um soco. –Sua voz saiu tão profunda, autoritária. Lorie deu um passo para trás e olhou de relance os pulsos fechados dela.

—Você venceu.

Rick havia avisado a Lorie de Dany. A garota era uma protetora fiel e iria proteger as pessoas amadas com tudo o que tinha.

—Ninguém ganhou nessa história. -Dany pensou alto enquanto observava Lorie caminhar pelo corredor.

Ela entrou na biblioteca e sentou na primeira cadeira. Ela não sabia se sentia era uma dor de cabeça ou uma dor de consciência, ela massageou a região dos olhos um pouco. Ela esperava sinceramente estar fazendo o certo para elas porque, no fundo, ela queria aquelas duas juntas, ela nunca confessaria isso. Ela não era tão fria como muitos acreditavam, mas sempre foi mais fácil.

—Você pediu para ela ficar longe? –Ela se assustou com a voz de Sarah. Olhou para a menina com um olhar de incerteza, mas assentiu.  –Obrigada! –Ela sentiu um alívio com essa palavra.

—Eu, honestamente, achei que iria ficar muito brava. Eu realmente fui bem babaca com ela. –Confessou tristemente.

—Eu ficaria, mas...Eu não conseguiria lidar. Eu me sinto derrotada em todos os sentidos. E, você é sempre babaca.

—E se eu fiz a pior merda possível? –Ela perguntou honestamente, com medo da resposta.

—Se você fez é porque acredita ser a melhor coisa no momento, no futuro teremos a resposta. Não dá para ficar pior.

—Vai por mim, sempre tem como ficar. –Ela falou olhando diretamente nos olhos castanhos esverdeados de Sarah. –Se você pensar em fazer alguma merda, por favor, me ligue avisando.

—Sim, eu vou. –Sarah falou fracamente. –Pode evitar de eu falar com Bastian também? –Seu olhos imploravam e seu tom era delicado, frágil.

—Esse você não poderá fugir. Você precisa contar para ele. –Sarah se jogou na cadeira próxima.

—Eu não posso...

—Você precisa! Você não pode fugir de tudo para sempre e não é saudável. Eu não estarei aqui para sempre. –Sarah olhou seriamente para ela, não pode deixar de sorrir um pouco com isso.

—Eu te trago de volta. Sempre quis caçar esferas do Dragão.  –Dany revirou os olhos e levantou da cadeira.

—Me retiro depois dessa. –Ela saiu da sala deixando Sarah rindo.

:Sala de Estar:

Sarah olhava para as posições de Ioga no livro da sua mãe fazendo careta. Sua inflexibilidade impediria de fazer muitos movimentos ali. Ela, definitivamente, estava entediada para olhar um livro com esse tema. Era uma noite de sexta-feira calma e um pouco quente, ela estaria andando pela rua tentando tirar alguma foto legal se não estivesse presa dentro de casa. Uma festa levou seus pais saírem, algo relacionado ao emprego do seu pai, ela não prestou muito atenção. Eles não estariam de volta quase de manhã e sua mãe permitiu ir para casa de Bastian ou Dany, ela não conhecia muito bem a família de Rick. Sarah rejeitou e se arrependia um pouco.

 Um toque da campainha fez ela deixar o livro de lado. Sua expressão era de questionamento. Quem poderia estar ali? Ela caminhou lentamente e abriu a porta. Congelou um pouco quando ficou cara a cara com seu melhor amigo. O sorriso dele era desconfortável e gentil. Ela abriu a porta mais para ele entrar e ele aceitou seu convite tácito. Ela o seguiu até o local onde se encontrava antes. Ele ficou olhando para algumas fotos não sabendo como começar. Ela apenas esperou.

—Seus pais já estão melhor com a situação? – O silêncio finalmente foi rompido. Ela deu de ombros.

—Depende do momento do dia. –Ele finalmente olhou para ela com determinação e chateação.

—Por que está me evitando?

—Ai está a grande pergunta. É complicado.  –Ela queria desviar dessa questão de todas as formas. Ela não sabia como esclarecer.

—Então me explique.

—Eu não queria olhar e ver em seu olhar algo de diferente depois de tudo então eu não olhei. –Ela não sabia se era plausível essa desculpa o suficiente, ela tinha que tentar.

—Não é tudo. –Ele a estudava procurando respostas. –Você nunca daria um soco daquele se Tamara não tivesse atingido seu ponto fraco. O que ela disse? O que aconteceu antes disso? É sobre a foto?

—São muitas perguntas. –Sua voz quase um sussurro e desanimada.

—E nenhuma resposta da sua parte. –Ela não sabia dizer se seu olhar de tristeza era um espelho do dele ou ao contrário. –Nós nunca tivemos segredos um do outro. Sempre dizendo o que sentia sem medo e, agora, eu sinto esse segredo entre nós.

—Eu não sei como dizer. –Ela olhou para o outro lado. Ela sentia a ansiedade crescer dentro dela. Ela não queria sentir assim. Por que ela tinha que sentir assim?

—Apenas diga. Se alguém fez mal eu juro que vou...

—Eu gosto de garotas. –Liberdade seria a sensação que sentiu nesse momento. Ele olhou para ela como se tentasse compreender suas palavras.

—Você gostou de garotos. Você nunca demostrou gostar de nenhuma garota.

—Eu achei que gostava. E vamos ser sinceros, se demostrei provavelmente você não notou ou não ligou. Você é tão desligado quanto eu. –Ele queria refutar porém ela estava certa. Uma ideia surgiu em sua mente, algo que explicaria tudo.

—Você gosta de Lorie? –Ela olhou para ele com expressão indecifrável porque ela não tinha ideia do que ela estava sentindo. Seu coração pulava rapidamente e ela queria falar a verdade, mas ela o conhecia.

No momento que falasse a verdade, ele não iria permitir essa coisa entre ele e Lorie continuar. Ele não conseguiu evitar sua mãe se distanciar e não iria deixar isso acontecer entre eles. Ela não queria ser o ponto principal da separação de algum relacionamento. Talvez eles fossem feitos um para o outro. Ela mentiria uma última vez para ele, era necessário para manter sua consciência leve. Ela não suportava ser a culpada de mais um ato.

—Claro que não.  Eu só quero que não fira os sentimentos dela, não quero ver uma amiga machucada. –Não deixava de ser uma verdade a última parte.

—Talvez essa sensação seja passageira. –É claro que ele não deixaria isso de lado. –Talvez você tenha passado tempo demais com Rick. – Ela riu desgostosa dessa afirmação.

—Se Rick influenciasse a minha sexualidade, eu gostaria muito de homem e seria hétero e não lésbica. –Seu amigo fez uma expressão de desgosto com a palavra.

—Você não é isso! –O tom dele era quase coativo. Ela não iria entrar em um discussão sobre o que ela era ou o que não era como ele estava querendo fazer. Só ela podia dizer o que era, ela sentia e não ele.

—Sai! –A expressão dele era de chocado quando olhou para ela. –Sai porque, meu amigo, Tamara levou um soco por muito menos e não tinha o tempo de amizade nossa. –Ele apenas ficou olhando para ela, nunca havia sido expulso daquela casa. –Eu realmente tinha esperanças. –Ela pensou alto e riu um pouco de sua tolice.  

—Não é para tanto.

—É para mim. Eu não vou discutir com você. Eu não sou um maldito graduando defendendo sua tese. –Ela respirou fundo controlando suas emoção em fúria dentro dela. Ela podia ouvir seu nome pronunciado fraco, gentil, por ele. –Sai, Bastian!

 Ela observou o olhar de medo e desespero dele. Ele queria pedir desculpa, queria retirar o peso não compreendido por ele de suas palavras. Ele iria entender alguma hora e ela, nesse momento, conversaria com ele. Esse momento não era agora. Ele saiu da casa silenciosamente. Ela sentiu lágrimas se formando em seus olhos. Ela não queria chorar. Ela não sentia raiva ou tristeza apenas desgosto. Ela realmente queria esquecer disso, ela queria beber. Doce loucura era o que clamava sua mente. Às vezes, tudo conspira contra seus pensamentos racionais. Ela se arrependeria disso. Ela mandou uma mensagem para sua mãe falando estar indo para a casa da Dany, colocou um calça jeans, uma blusa mais bonita, um pouco de maquiagem e saiu de casa.

Pegou um ônibus, para acelerar o percurso, e caminhou o restante. Ela podia ouvir a música alta quando virou a esquina. A casa de Dog era bonita e simples, os pais nunca se importavam em deixar ele fazer festas. Seu pai era um exímio advogado e livrou muita gente de penas merecidas, sua mãe uma dona de casa obediente ao marido. Ela estava próxima a entrar mais parou e lembrou de algo. Mandou a mensagem para sua amiga. “Estou na festa do Rob.” Ela colocou seu celular no bolso da calça e caminhou para entrar na casa.

A música era altíssima e eletrônica, a luz estava um pouco baixa.  Ela procurou por uma bebida e logo achou e serviu-se. A vodka desceu queimando pela sua garganta, nem o suco misturado evitou isso. Ela estava no terceiro copo quando sentiu vontade de dançar. Ela se juntou a um grupo que dançava na sala de estar. Subiu no sofá e se juntou com uma menina para uma dança quase sensual se não fosse a tontura da bebida. A música mudou e seu clima para dança acabou. Ela deu um pulo do sofá derrubando um pouco da sua bebida no chão. Um cara riu da sua expressão de tristeza com o líquido perdido. Bebeu o restante de uma só vez, fez uma careta e caminhou para a cozinha onde tinha certeza que iria encontrar mais bebida. Um braço a segurou e a puxou. Rob. Ela se escorou um pouco nele com a tontura repentina sentida.

—Quem não iria vir até que está se divertindo. –O sorriso dele era de deboche.

—O que posso dizer, eu precisa de uma bebida.  –Ela falou um pouco arrastado. Sua língua estava um pouco dormente. Ele olhou para seu copo e sorriu.

—Deixe-me pegar uma bebida para você. –Era quase uma ordem e ela apenas deu seu copo sem nenhuma malícia e esperou.

Ele não demorou muito e entregou um copo para ela. Ela deu um pequeno gole e estranhou o gosto da bebida um pouco. Uma música altíssima tomou o ressinto. As luzes foram apagadas totalmente e os Strobos ligados. A luz clara piscando várias vezes irritou um pouco sua visão e Rob percebeu sorrindo. Ela tomou mais um gole. Ele pegou sua mão e arrastou pela escada em direção ao andar de cima. Ela sentia um pouco estranha, um pouco lenta. Seu corpo parecia estar amolecendo. Ela continuou sendo arrastada por ele e rapidamente estavam em um quarto. Ela sentia mais estranha e olhou para copo e aquela bebida desconhecida. Seu copo caiu.

—Rob, eu...

Ele a beijou pedindo uma entrada quase imposta. O corpo dela recuou para trás tentando sair dessa situação, mas encontrou apenas a parede. Ela sentia fraca demais. Seu braços não tinham forças. Sentia sua consciência deixando a cada segundo ela. Ele libertou seu lábios, mas começou atacar seu pescoço sem dó. Ela sentiu dor em algumas mordidas. Ele a puxou com ele, virou seus corpos e a jogou na cama. Seu coração batia a mil e ela queria chorar, ela não sabia como sair daquela situação. Tentou socar ele, lenta demais, ele segurou sua mão e sorriu vitorioso fazendo sinal negativo com as mãos. Ele colocou sua mão de lado e ficou entre suas pernas, ela não conseguiu agir contra. Sarah piscou tentando manter sua consciência, lutando para se manter acordada. Se desmaiasse, ela estaria perdida. As mãos dele rasgou sua blusa facilmente. Ele começou a tocar seu peito sob o sutiã. Pensa, pensa! Ela sentia o desespero correr em suas veias, sentia a adrenalina manter acordada. Lágrimas acumulavam em seus olhos, ela não podia chorar. Ela só teria uma chance e precisava se agarrar a ela, podia quase ouvir a voz da sua tia.  Ele levantou um pouco para olhar para ela e foi seu momento. Ela deu uma cabeçada no nariz dele. Ouvi-o barulho dele quebrando e o resmungo de Rob tentando conter o sangramento. Ele a xingou enquanto suas mãos impedia uma enxurrada de sangue e levantava lentamente para se sentar. Os pés dela foram rapidamente para o peito dele e, com toda sua força, ele foi jogado da cama. Sua mente apagou por um segundo. Ela levou rapidamente, caindo no processo e levantando. Ele ainda estava no chão. Ela sabia que podia deixa-lo inconsciente porém estava por um fio de desligar totalmente. Para sua sorte, a porta não havia sido trancada. Segurou no corrimão da escada e desceu tropeçando. Ela não conseguia ver nada e as luzes piscando apenas dava mais evasão para sua mente. Ela não podia dormi, não podia agora. Ela ouviu seu nome ser gritado. Ela não podia apagar.

:Carro:

Dany estava sentado em cima do capô do carro. Estava perto de uma estrada e podia ver alguns caminhões passando pelo viaduto. A pouca iluminação deixava a visão das estrelas muito melhor e ela admirava. Ela sentiu uma movimentação do seu lado. Zayn havia subido e tinha em sua mão uma caixa e podia sentir o cheiro de deliciosos brownies. Ela sorriu enquanto sentava descentemente para pegar o objeto. Ela abriu e respirou o cheiro de nozes, chocolate e um pouco de canela.

—Ele veio temperado do jeito que a gente gosta. –O garoto comentou enquanto ela pegava um e se deliciava com o gosto. Era prazeroso demais.

—Deus! Esses brownies serão minha perdição. –Se deliciava com eles e lá no final podia sentir um pouco do gosto da maconha.

 Ela terminou o seu e olhou para ele, este tinha um pouco de chocolate nos lábios. Ela colocou a caixa de lado, se aproximou lentamente e o beijou. Era um beijo quente e sedutor. Ela o queria e ela odiava deixar seus desejos de lado. Ela subiu em seu colo e as mãos deles foram parar em sua cintura. Ela quebrou o beijo e limpou um pouco do batom dela dos lábios dele. Passou a mão na barba negra dele ajeitando os fios revoltosos. O olhar dele era de questionamento e ela revirou os olhos.

—Eu preciso liberar tensão e meu vibrador quebrou. –Ela precisa mostrar de alguma maneira que ele era a última opção.

—Ainda tem mãos! É só admitir que você me quer.

—Minha tendinite está atacada. E, depois daquele oral horrível da última vez, você não deveria nem tentar fazer pedidos.

—Tão exigente. Não se esqueça, você não é excelência no quesito. –O olhar dele era de puro desafio.

—Não me desafie. –Ela olhou profundamente naqueles olhos negro dele e inclinou para a frente para pegar os lábios dele novamente.

O telefone dela tocou, um toque diferente das outras mensagens. Ela precisava ver. Ela levantou dele enquanto ele perguntava ao universo a conspiração ligada para isso acontecer. Ela desceu do capô e puxou sua bolsa pendurada no espelho retrovisor e caçou seu celular. Ela encontrou e rapidamente colocou na mensagem da sua amiga. “Estou na festa do Rob.” Merda! O que Sarah foi fazer lá? Ela havia mencionado vários motivos para ficar longe de Dog e ás vezes de Rob. Haviam vários boatos de agressão, estupro e até zoofilia, ela não queria pensar nisso. Ela precisava chegar lá.

—Preciso chegar o mais rápido possível na casa do Dog? –Ela falou pegando suas coisas e ajeitando sua camisa xadrez um pouco desabotoada.

—Por que, diabos, você quer ir na casa daquele lixo? – Ele ajeitou um pouco seu cabelo negro enquanto pegava suas coisas.

—Não quero, minha amiga está lá sozinha e Rob tem um certo desejo por ela. –Ele parou e olhou para ela com um olhar tenebroso.

—Então a gente tem que correr!

Eles entraram no carro rapidamente e ele deu partida no veículo cantando pneu. Eles estavam longe demais e demoraria muito se o condutor não tivesse histórico com fugas de polícia. Ele era um assaltante pequeno recuperado pelo projeto da sua mãe. Por ajudar a sua mãe, Dany acabava em contato com muitas pessoas como ele, pessoas querendo uma segunda chance. O carro derrapava nas viradas e ela segura. Ele percebeu carro de polícia e desacelerou. Eles foram parados é claro. Ela queria gritar com o policial, mas sorriu. Parecia um século para ele checar tudo e liberar finalmente. Ela sentia que algo de muito errado estava acontecendo. Por que universo? Eles retomaram o caminho, mantendo a velocidade no limite.

Eles chegaram em 25 minutos. Ela saltou do carro assim que parou. Ela começou a impulsionar para correr quando viu alguém saindo da casa. Uma garota tropeçando enquanto andava rápido era seguida por um homem. Alguém com um porte físico atlético, roupas largadas e um olhar raivoso, Dog. Seu coração parou um segundo quando viu as mechas azuis. Ela correu rapidamente e se chocou com Sarah. Ela segurou menina enquanto olhava diretamente para Dog. Seu olhar era de puro ódio. Ele olhou para ela com desgosto, havia perdido uma diversão. Ele piscou para ela e retornou para a casa.  Seus braços usavam toda sua força para deixar a amiga quase inconsciente de pé. Ela empurrou o cabelo do rosto da sua garota e encontrou o olhar dela já quase perdido totalmente.

—Sarah, não morda minha mão. –Ela não sabia se suas palavras foram compreendidas, mas enfiou dois dedos na boca da amiga até o fundo da garganta, induzindo o vômito.

Dany levou a cabeça da Sarah para baixo, segurou o cabelo e esfregou as costa da amiga enquanto ela vomitava tudo na calçada. –Isso! Joga tudo para fora!

—Dany, Rob... –Apenas um sussurro antes de Sarah finalmente perdeu a consciência.

Dany segurou firme a garota, mantendo-a de cair. Ouviu passou e seu amigo logo pegou Sarah em seus braços. Eles colocaram a menina no carro, entraram e ele deu a partida. Dany jogou a blusa de moletom de Zayn na garota.

—Hospital? –Ele perguntou.

—Se a gente chegar com ela nesse estado, vamos sair algemados. –Era a mais pura verdade. Ele perderia tudo o que conquistou. –Ela não parece estar preste a uma overdose e eles devem ter colocado um sonífero de algum tipo. Vamos para minha casa. –Zayn bateu a mão no volante com raiva.

—O que vai fazer? –Ele não perguntava sobre a garota, ela sabia. O mundo era injusto e a polícia daquela cidade mais ainda. Ela não respondeu à pergunta apenas ficou olhando para sua amiga. Ela não queria pensar nisso agora.

Eles chegaram na casa dela e entraram silenciosamente. A casa não tinha quase nenhum móvel só o necessário, a pintura um pouco desgastada e já descascando, portas rangiam e a parte elétrica precisava de reforma. Era perfeito para Dany e sua mãe. Zayn levou Sarah em seus braços até o quarto da Dany, deitando a menina delicadamente na cama. Ele olhou um pouco para ela com tristeza e caminhou para fora, foi seguido todo o momento por Dany. Eles ficaram se olhando por alguns segundos no corredor sem saber o que falar.

—Me informe sobre ela tá. –Ele quebrou o silêncio e ela sorriu confirmando que iria. –Vou ir embora, não quero acordar sua mãe.

—Ela não dorme, ela morre por algumas horas. –Eles riram um pouco com esse comentário. –Eu te vejo. –Ele esperava vê-la de novo e com um final bem mais agradável. Ele se virou e retornou pelo mesmo caminho que veio seguido por ela.

Ela trancou a porta e foi para o banheiro. Pegou um pano, molhou e retornou para o quarto. Ela checou a temperatura da amiga, não estava quente. Limpou o rosto da menina um pouco com o pano, tirou o moletom de cima dela e tirou os trapos um dia uma blusa de babado linda. Observou as marcas rochas se formando na pele pálida da menina e um pouco de sangue no sutiã. Ela respirou fundo para controlar e manter sua sanidade. Ela jogou o coberto um pouco em cima de Sarah, sentou no chão e velou o sono da amiga, alerta para qualquer mudança.

Duas horas se passaram quando Sarah se mexeu despertando um pouco. Dany levantou e ficou perto da visão da menina para ela não entrar em pânico com o lugar desconhecido. Elas se olharam e lágrimas banharam o rosto de Sarah com um choro sentido e forte. Ela não sabia o que fazer para melhorar, ela não sabia se podia tocar. Ela pegou a mão da menina e segurou firme. Os sons da respiração em colapso pelas emoções eram de partir o coração. Um murmúrio saio dos lábios de Sarah várias e várias vezes. -Eu sinto muito! –Dany obrigou Sarah olhar para ela.

—Não peça isso. Você não tem culpa, você é a vítima. Não se culpe por algo que você não teve culpa, por favor! –A voz dela começou firme e acabou fraca e embargada pelo seu pranto silencioso.

Dany foi puxada até ficar deitada com Sarah em seu braços. Ela segurou a menina enquanto chorava. Ela tentou proteger e falhou, mas ela podia estar lá agora. Elas dormiram por exaustão.

Sarah corria para a saída. Sentia a sensação de esperança, tudo iria ficar bem. Dois braços a segurou impedindo ela de sair, de ir embora daquele pesadelo. Ela sentiu sendo arrastada para aquele lugar de novo e ela gritou em puro desespero. Ela acordou sobressaltada. Sua respiração estava descontrolada e sentia seu coração bater acelerado em seu peito, esse parecia querer abrir um buraco em seu peito. Quando viu Dany entrar no quarto, sentiu suas emoções acalmarem. Ela estava segura ali.

—Você está melhor? –A voz da sua amiga era rouca, não deveria estar acordada a muito tempo. O cabelo cacheado grande estava preso desajeitadamente deixando ela mais com o ar de cansaço.

—Eu não sei. –Ela falou honestamente. Nesse exato momento a noite parecia ser surreal e apenas um pesadelo. Ela sentia seu corpo sujo. Ela precisava tomar um banho. –Posso tomar um banho?

Sua amiga apena disse a localização do banheiro e entrou duas roupas para usar depois e uma tolha enquanto dizia ter café da manhã feito. Sarah tirou a roupa, ligou o chuveiro e entrou com a água ainda fria. Ela pegou a bucha e se esfregou. Esfregou em cada canto sem esquecer nenhum lugar do corpo e voltou a repetir o mesmo processo. Sua pele estava um pouco vermelha quando sentiu um pouco melhor. Ela lembrou de Rob em cima dela. Socou a parede. Sua mão latejou, mas a memória desapareceu. Saindo do banho, sentiu as dores do seu corpo pela primeira vez. Sua pele ardia e latejava em alguns lugares roxos, sua testa tinha um pequeno ressalto, um galo, da cabeçada e sentia seu estômago queimar. Vestiu-se e caminhou para a cozinha. O cheiro da comida foi algo agradável. Pegou um copo de café, uma torrada e passou uma geleia em cima da mesa, um pouco de ovo frito feito e começou a comer. Ouviu passos e achou ser Dany, mas era Alicia, mãe da sua amiga. Não aparentava seus 51 anos. Seu cabelo era negro e mais lisos do que Dany porém a boca, os olhos, nariz e queixo eram idênticos da menina. A mulher pegou um copo de café e olhou para ela, observando enquanto tomava goles lentos da bebida. Ficou um pouco desconfortável com olhar.

—Desculpa por isso. –A mulher disse enquanto comia alguns biscoitos de um pote. Alicia desviou o olhar, mas não deixou de notar as marcas no corpo da garota. – Fico feliz pela visita. Dany geralmente não traz ninguém aqui. Medo do que posso contar.

—Não acredite em nada do que ela diz, Sarah. - Dany entrou e roubou a xícara de café da Alicia e piscou para a mulher.

—Tem xícaras de sobra nessa casa, Dany. –Sarah sorriu um pouco com a cena.

—Por que? Tem herpes? –Dany comentou brincando, mas pegou o olhar da sua mãe na mão inchada da Sarah.

—Eu deveria estar preocupada com minha saúde. –O tom da sua mãe era calmo e seu olhar era questionador. A afirmação tinha quase um duplo sentido. Dany sorriu tentando acalmar a preocupação da sua mãe.

O silêncio era estranho. Sarah terminou rapidamente a comida e levou a louça suja para a pia. Dany sorriu para sua mãe, entregando a xícara, e puxou Sarah para o quarto dela. Dentro do pequeno cômodo, ela olhou cuidadosamente para a mão da menina e não encontrou nada grave aparentemente. –Virou minha médica também? –Dany não respondeu apenas saiu do quarto. Sarah viu um álbum de foto e não resistiu em olhar. Dany mais nova com inúmeras crianças diferentes, parecia estar em um orfanato. Dany sorrindo sem um dos incisivos centrais da parte superior da boca com sua mãe. Havia algumas pessoas e crianças em outras fotos porém muito longe nas características para ser parentes. Uma foto bem mais antiga tinha Alicia em uma roupa extremamente formal em uma entrada de um tribunal. Dany voltou com uma bolsa de gelo e entregou-lhe. Chiou um pouco quando colocou o objeto gelado na mão dolorida. –Sua mãe é advogada?

—Sim. –Dany sorriu. –Ela terminou com uma das melhores da turma, mas não gostava. Na faculdade, se aproximou com direitos sociais e do meio ambiente e três anos depois estava entrando na área de biologia e filosofia. Fundou a ONG e se juntou a outra, jogou o emprego dos sonhos para muitos fora e foi viver de trabalhos sociais pela américa. Ela não diz, mas sente muita falta. Estabilidade era melhor para criar uma pré adolescente.

—Você nunca falou do seu pai ou sua família.

—Eu não o conheci. Minha mãe e ele se conheceram enquanto ajudava os sobreviventes de um terremoto. Ele era um ex fuzileiro em trabalho de paz. Minha mãe engravidou e ele morreu dois meses depois de infarto. –Ela parou um pouco e seus olhos transpareciam a dor dessa história para ela. –Minha mãe ficou com medo que a família do meu pai me tomasse dela então evitou o conhecimento deles de mim por um longo tempo. E por parte da minha mãe, eles nunca respeitaram o modo de viver dela então ela apenas ficou longe deles.

—Você nunca ficou com raiva disso? –Sarah não podia evitar essa pergunta. Ela ficou com raiva dos seus pais por não deixa-la ficar mais com seus avós enquanto vivos por um tempo.

—Sim. Eu fui bem babaca uma época. Eu pensava “por que eu não podia ter uma família como nos filmes?” Depois eu percebi, eu não precisava disso porque essa era minha família. Eu e minha mãe, é perfeito assim. –Dany notou o olhar de cansaço da sua amiga. –Acho que você precisa de mais algumas horas de sono. Eu liguei para seus pais e menti sobre fazer um suposto trabalho. –Sarah apenas olhou um pouco longe, um olhar com medo. Eles não podiam saber. Dany reparou. –Eu não falarei nada. Isso é sua decisão e eu vou respeitar. –Sarah olhou amorosamente e deitou na cama, Dany começou a sair do quarto.

—Obrigada! –Dany apenas sorriu e saiu do quarto. Caminhou para a cozinha e ficou um tempo olhando pela janela. Estava na hora.

—Devo ficar preocupada, Daniele? –Alicia perguntou e ela apenas negou.

—Tudo sobre controle apenas fique de olho nela, preciso sair. –Sua mãe prometeu e ela ouviu um barulho de carro encostando, sua carona chegou. Ela começou a caminhar para a saída porém parou. –Talvez eu cometa um delito e este pode me levar a ir parar na delegacia. –Sua mãe a estudou como uma eximia cientista.

—Vai valer pena? –Definitivamente! –Então vou fazer meus anos como advogada ter valido a pena.

Dany sorriu para esse comentário e deu um beijo na bochecha da sua mãe antes de sair. Entrou em um carro negro e quem estava nele colocaria muita gente com medo. Greg era um homem de um metro e noventa e cinco, robusto, barba longa e uma tatuagem de escorpião em todo seu braço esquerdo, era canhoto. Era um antigo agente penitenciário. Eles se cumprimentaram com olhar. O carro começou a andar para a reserva ecológica onde a garotada se encontrava. Viraram em uma pequena estrada de terra e logo encontraram os carros parados, pararam. Greg pegou uma marreta no banco de trás e uma tinta em spray e entregou-lhe. Ela colocou um óculos escuro, colocou a tinta no bolso da blusa e saiu do carro. A marreta era pesada, mas seus músculos aguentavam. Ela encontrou os carros. Ela só teria tempo de quebrar um. Ela caminhou até o carro de Rob, subiu no capô, levantou a marreta e, com toda sua força, acertou o para-brisa. Ela sentiu uma sensação boa ouvindo o barulho do vidro quebrando. O barulho do alarme ocultou o barulho feito por ela. Ela soltou sua raiva naquele carro e em cada golpe gritava. Se locomoveu por cima do carro para acertar as janelas do lado e de trás.

—VOCÊ ENLOQUECEU! –Rob gritou enquanto chegava mais perto. Ela pulou do carro e segurou a marreta nas duas mãos. Desafiava ele com olhar para chegar mais próximo para ela terminar de quebrar o nariz ainda um pouco inchado dele.

—Não, essa é uma mensagem. –Ela caminhou em direção a ele enquanto ele dava passos para trás. –Se eu ouvir falar algum boatos relacionada a garotas sendo dopadas, embebedadas envolvendo vocês, está vendo aquele homem? –Ela apontou com a marreta e Rob viu Greg segurando um porrete esperando Dany necessitar dele. –Eu sou contra a agressão física, mas sou a favor de tatuagem de aviso e ele é um excelente tatuador. Estuprador ficaria lindo na sua testa. –Ela sorriu ironicamente. Rob engoliu em seco.

—Você não teria coragem. –Ela bateu com a marreta na lateral do carro, gritando no processo.

—Está me desafiando? –A voz dela era firme e seu olhar um pouco louco. Ele parecia ter congelando no lugar, pálido. Ele negou com a cabeça. –Bom. Você pode chamar a polícia porém..Eu na prisão, não vai mudar em nada.

Ela posicionou a marreta em seu ombro e com uma mão livre pegou o spray e sacudiu, caminhando até o carro de Dog. Algumas pessoas começaram a chegar enquanto ela pichava. Dog foi um dos últimos. Ele avançou em sua direção sem medo e foi parado por um chave de pescoço de Greg. Ele tentou se desvencilhar, mas o homem foi treinado para isso. Ele assistiu Dany pichar seu carro sem fazer nada. “Estuprador de cães!” Algumas lágrimas desciam pelo rosto dele. Dany caminhou até ele e olhou profundamente nos olhos do garoto. –Vocês tem sorte! – Greg o largou e ele olhou para ela querendo dizer que teria volta, mas ele sabia se tocasse em Dany o inferno cairia sobre ele e a mãe dela podia fazer ele pagar o quanto ela desejasse, era o que o pai dele comentava.

Ela caminhou para o carro e Greg ao seu lado. Ela sentou no banco, tirou o óculos e começou a chorar silenciosamente segurando a marreta com força. Ela não queria precisar fazer isso, ela não queria ter que viver em um mundo onde isso ainda acontece. O homem apenas pegou a marreta e segurou forte sua mão tremula. O caminho foi lento e, quando chegou em casa, sua mãe olhou para Greg e depois para ela. Alicia ofereceu um conhaque para o homem e ele aceitou. Dany não esperou para ouvir a conversa apenas seguiu para seu quarto. Sarah ainda dormia. Ela sentou no chão e encostou a cabeça na cama. Ela queria poder falar para Rick isso, ela queria um daqueles brownies. –O que você fez? –Dany movimentou a cabeça para pegar o olhar da Sarah. Ela sabia de suas ações inconsequentes, ela se conheceram assim.

—Eu fiz um carro ser roubado. –Porque essa seria a história contada na segunda-feira e o segredo daquele seria apenas conhecido pelo octógono.


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Notas finais do capítulo

O nome do próximo cap será "Uma nova perspectiva" até o momento kk



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