Apenas uma Foto escrita por Gabriela


Capítulo 5
Um Garoto Perdido na Madrugada


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem



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Sarah acordou com som do despertador. A pequena claridade no seu quarto fez sua dor de cabeça aumentar de intensidade. Levantou e tomou um remédio já fácil para dias como esse. Acreditava ser o cansaço da viagem de volta, mas aguentaria mil vezes se isso significava estar na presença da sua família. O último dia não foi conturbado e sem desavenças, foi maravilhoso. No final do dia, fizeram uma fogueira na casa e Nathan puxou o canto e um coral se formou de músicas dos anos 80 de todos os estilos. Já sentia saudades. Ela se preparou para sair, pegou suas coisas, passou na cozinha e comeu algo rapidamente. Quando fechou a porta, Rick parou o carro. Entrou no carro e ao ver a expressão de seu amigo soube, era os dias de mau humor dele. Se ela tinha aprendido algo, era deixar seu amigo sozinho nesses dias, era menos perigoso, mas odiou o silêncio maçante no carro.

Desceu rapidamente do carro quando chegaram na escola. –Até, Sarah. - Ela não conseguiu responder, o carro já estava em movimento. Olhou para o céu, um pouco nublado, tentando encontrar alguma força para esse dia. Caminhou em direção ao seu armário. Seu dia foi para a lama quando viu Tamara no corredor. A garota esbarrou nela de propósito, sorriu com deboche e era como se ela dissesse “Estou de volta”. Tamara não era popular, mas tinha um certo poder na escola tendo um dos seus tios amigo íntimo do diretor. Ela implicava a tempos com Sarah e seu início foi por um comentário que causou uma discussão acalorada das partes. Honestamente, ela não lembrava o assunto da discussão. Um pouco mais jovens, a garota conseguiu suas fotos para um concurso precioso para ela e as destruiu. Se não fosse Bastian ajudando-a refazer tudo, ela teria perdido o concurso.  Depois desse dia, elas pararam, de alguma maneira perceberam que isso não levaria em nada. Mas, até em dias claros pode haver tempestades. Elas nunca se agrediram até a última briga, saindo do controle e, quando perceberam, estavam esperando o diretor chama-las. Ele deixou claro querer vê-las longe uma da outra na colégio e alertou. Se houvesse algo parecido novamente, ele iria expulsaria sem pensar duas vezes. Desde então, existia uma distância entre elas até hoje.

—Feliz jogos vorazes. –A voz de Dany tirou de seus pensamentos. Os cachos do cabelo da sua amiga estavam lindos e alguns com tons rosas. Rick finalmente convenceu.

—O que você quer dizer?

—O diretor pegou um afastamento de três semanas. –Tudo fazia sentido agora.

—E você, não deveria estar com seu amorzinho? -Dany bufou de irritação.

— Rick deveria ficar isolada da sociedade quando está de mau humor. É pior que eu de tpm.

—Nada é pior do que você de tpm!

—Já se olhou no espelho? – As duas se olharam com irritação por alguns segundos antes de rirem. –Mas, como estão a caras daquelas demônias ou melhor sua primas? E Nathan? –O último nome levou uma leve malicia para os olhos de sua amiga. Havia uma tensão entre Nathan e Dany e, se não fosse sua amiga ainda menor de idade, já tinham feito algo sobre isso. Não era amor ou paixão e nunca seria, era apenas curiosidade misturada com desejo. Só havia um garoto que ela amava e ele era gay. Os outros eram apenas passageiros, diversão. Alguns apaixonados tentaram, mas ela sempre ficou longe, não queria ser cruel com ninguém.

Sarah fez menção a responder, mas alguém fechou seus olhos com as mãos e não precisou pensar para saber, era Lorie. Ela virou agilmente e ficou de frente com a garota sorridente. –Senti falta da minha companheira de assistir filmes ruins no sábado. -  Lorie não resistiu e deu-lhe um abraço. Ela travou, seu coração parou e amou estar nos braços da garota. Depois de alguns segundos, abraçou-a amavelmente de volta. Ela queria tanto continuar naquela abraço, mas sua mente gritava alto para quebra-lo. Ela ainda estava no corredor do colégio afinal. –Eu não fui para guerra, Lorie? Minha família é difícil, mas não matamos ninguém. – A garota riu enquanto se separavam.

—Culpa do Bastian e do Rick. Falaram que quando não rola sangue não tem graça as reuniões.

—Geralmente isso só acontece nos natais, Lorie. –Dany comentou e Sarah riu alto. Lorie apenas revirou os olhos pela brincadeira.

—Vocês falam tão bem da minha família. O que ela vai char depois disso?

—Por que? Lorie não é sua namorada para se preocupar tanto com isso. –Sarah ficou branca e Lorie apenas congelou por alguns segundo. Dany só observou e sentiu falta da pipoca para comer no momento. Se ela desconfiava de alguma coisa, agora ela tinha certeza. –Não se preocupe todos são maravilhosos quando não estão desenterrando o passado. –Tentou tirar a tensão do ar.

O sinal tocou. Lorie se despediu rapidamente e saiu em direção a sala. Sarah olhou para Dany com a testa enrugada. A garota apenas sorriu e piscou. –Vai lá, ursinha. Não queremos ninguém chegando atrasada. –Dany falou e foi em direção a sua sala. Sarah pegou sua máquina fotográfica rapidamente do seu armário e, segurando ela, se sentiu um pouco mais como ela mesma. Agora ela estava pronta para o dia finalmente.

As aulas passaram rapidamente e algumas com Lorie e sem comentários de Dany ficaram menos chata. Ela não conseguia evitar achar tudo não relacionado a imagem entediante, maçante. Ela sabia da importância de cada uma e tentava focar nisso, mas a vontade de fugir e apenas fazer o desejado ainda persistia em seu coração. Os professores e os alunos no colégio não ajudavam a melhorar essa sensação, agradecia todos os dias por ter seus amigos com ela, sozinha não aguentaria. Ela suspirou de alívio com a chegada do intervalo e, como a vida gostava de pregar peças, este passou rapidamente. Houve comentários de Rick sobre a confirmação de um baile daqui a três semanas e dois dias. Bastian ficou em um canto isolado com Lorie, tinha prova de álgebra importantíssima daqui uns dias e Lorie tentava o ajudar. Pela expressão dele de dor e sofrimento não avançava sem obstáculos, ele era horrível nessa matéria. Sarah compreendeu, finalmente, o atual interesse de seu amigo pela garota. Lorie era um crânio em exatas e até Rick, em seu último ano, começou a pedir ajuda. As elas recomeçaram e, quando o sinal do fim de mais um dia tocou, respirou aliviada. Sua dor de cabeça, nas últimas aulas, voltou sem dó e estava sem remédio para aliviar um pouco.

Caminhando para a saída, cogitou em ir para o parque tentar achar alguma foto boa, mas a claridade estava fazendo sentir ainda mais mal. No final, resolveu ir para a casa mesmo. Quando viu Lorie caminhando em direção a ela, quis bater nela mesma. Havia trabalho para se concluir, ela quis chorar. Elas caminharam em silêncio a pedido de Sarah, não queria piorar seu estado atual. Chegaram logo. Sarah correu para seu quarto e tomou um remédio finalmente. Ela se jogou na cama e fechou os olhos. Ouviu a porta se abrir anunciando a entrada da sua amiga. –Não liga para a bagunça a mais no meu quarto. Cansada demais para arrumar quando cheguei ontem. – Se estivesse com os olhos fechados teria o conhecimento do olhar amoroso da garota em direção a ela.

—Tudo bem, Sarah. –Ela caminhou e sentou na cama do lado da outra garota. – Posso tentar algo? Minha mãe sempre fazia isso comigo quando era mais jovem. –Sarah acenou e Lorie se posicionou melhor. Fez menção de arrastar Sarah até a cabeça estar em seu colo para a garota entender e ficar na posição desejada. Sarah se arrastou lentamente e gemeu de protesto. Mas, tudo valeu a pena quando Lorie começou a massagear lugares específicos na sua cabeça trazendo um alívio maravilhoso.

—Hummmmm! Isso é bom! –A garota riu do comentário. Ela estava amando ver a expressão de alívio tomar o rosto de Sarah, e saber que é a causadora disso tornou tudo muito melhor.

A massagem durou alguns minutos até Lorie ter a certeza de ter surtiu o efeito desejado. –Pronto. Acho que foi o suficiente. Pronta para fazer o trabalho? –Sarah levantou lentamente e olhou para garota. Ela estava com cabelo descabelado e com expressão de puro sono. Balançou a cabeça em concordância, mas não se mexeu para começar. Lorie riu e, mesmo achando lindo a visão, ajeitou o cabelo um pouco da menina.  –Vamos, Sarah! Sem moleza.

—Ok, acordei! Feliz? –Sua amiga sorriu afirmando a pergunta.

Começaram a fazer o trabalho sem vontade e sem ideia por onde começar, mas logo pegaram um caminho e começaram a se divertir. Lilian chegou e encontrou-lhes em uma discussão sobre uma página ambígua do livro, ela riu e voltou com comida. As meninas agradeceram pelo alimento tão necessitado.  Depois de algumas horas discutindo, escrevendo e interpretando, finalmente colocaram um ponto final no trabalho delas. Lorie se jogou na cama e ela apenas fechou os olhos tentando relaxar. Algum minutos se passaram antes de Sarah ter forças para levantar de seu lugar e ir no banheiro.

 Lorie ficou ali no quarto sozinha e olhou para a bagunça sorrindo. Ela levantou e começou a olhar as fotos. Paisagens no parque, uma mulher observando um lindo pôr do sol em uma praia, um cachorro parado enquanto um carro passava e dentro dele uma criança desenhava uma árvore na janela e tudo no fundo de um lindo nascer do sol. Ela achou aquilo incrível. Deveria ter levado dias e mais dias para conseguir algo parecido. Encontrou um papel no varal com palavras escritas com a caligrafia da sua amiga. 1 –Casamento; 2-Borboletas; 3-Luzes de festa alucinantes (feito); 4-Um dia feliz (feito); 5-Calmo (eu não tenho a mínima ideia do que fazer!!).  Ela podia ouvir a voz de Sarah cada momento que lia as palavras em parênteses e riu um pouco com o desespero na última parte. Ela sentia um carinho crescente e forte pela garota e uma agitação estranha dentro de si, cada dia mais comum. Ela não entendia, mas não se importava, ela até gostava. Sentiu alguém a mais no quarto e se virou. Sarah olhava curiosamente para ela.

—Por que coloca algo que não tem noção do que fazer em uma lista? Provação?  –Lorie perguntou e Sarah sorriu.

—Não, mas não deixa de ser uma provação. –Falou caminhando até ficar perto da garota, mas seu olhar era para o papel. –Cada coisa nessa lista foi desafiado por alguém.

—Quem te desafiou o “calmo”?

—Mary minha tia agregada. Eu entendo o significado da palavra, mas transmitir para uma foto...Estou tendo algum bloqueio. –Falou com um ar de cansaço e derrota.

—Hey! –Ela olhou para Lorie e recebeu um sorriso reconfortante. –Você vai conseguir! Mas, e o “casamento”? E as “borboletas”? Me diga que não é do Rick?-Ela riu com a curiosidade de sua amiga.

—O “casamento” é do Bastian, foi o que conseguiu em pensar na hora. E não, não é. Por incrível que pareça, Dany tem um amor por borboletas. –A expressão de chocada de Lorie a fez querer rir, mas, honestamente, ela teve a mesma expressão. – “Um dia feliz foi” foi a minha mãe e “Luzes de festa alucinantes” foi da Katie, minha prima. –Ela falou e apontou para as fotos respectivas no varal.

—Lindo! A cada dia mais que conheço esse quarto acho que ele não é tão bagunçado ou louco.

—Fico feliz. –Ela parou, olhou para lista e uma ideia brilhou em sua mente. –Me fala algo.

—Como assim? Para colocar ai?

—Exato, gênia! Fale a primeira coisa que vem na sua mente. –Lorie hesitou e tentou pensar em algo rapidamente. A primeira coisa que vinha na mente dela era uma pessoa e estava na sua frente. Não poderia dizer isso em voz alta.

—Vagalumes! –Vagalumes? –Isso vagalumes. Eu os amava quando era criança.

Ela agradeceu pela ideia milagrosa mentalmente. Sarah tirou o papel e adicionou o novo item. 6-Vagalumes. Colocou de volta o papel no lugar e já sabia quem ligar para ajudá-la com esse novo desafio. Antes de poderem conversar mais, seus pais a gritaram. Elas desceram e sua mãe convenceu para ficar para a janta. Jantaram e responderam às perguntas típicas. “Como está o colégio?” “Muito difícil esse semestre?” “E o trabalho já feito?” A despedida veio logo, mas sem peso, amanhã elas se veriam novamente. Sua mãe olhou mortalmente para seu pai que pegou imediatamente o casaco e foi levar sua amiga na casa dela de carro. O olhar da sua mãe tinha poderes.

Ela retornou ao seu quarto e tentou arrumar um pouco ele. Encontrou uma blusa feminina estranha do batman e tinha certeza ser da Naty, essa amava o herói demais. Alguns minutos se passaram e concluiu. Tomou banho, vestiu seu pijama mais confortável, ou seja, camiseta roubada, emprestada, de Nathan e um shorts. Mandou mensagem para seu amigo Dylan ou como apelidou Dom. Ele possuía o mesmo nível de amor dela pela fotográfica, mas pela pintura. Ele amava procurar novas paisagens para pintar e observar, tinha um dom nesse aspecto. Eles compartilhavam cenas supostamente desejadas e, se um dos dois encontrarem, entram em contato imediatamente um com o outro. Ajudava muito, as vezes.  Depois de uma curta conversa com seu amigo, colocou em um filme leve e dormiu uma hora depois. Talvez nunca saberia o final dele.

Um som distante...E irritante a trouxe de volta do mundo dos sonhos. Era cedo demais para ser seu despertador. A música do Guns N' Roses tornou-se mais alta. Guns N' Roses só podia ser uma pessoa. Pegou seu celular rapidamente e atendeu a chamada.

—Bastian? O que foi? - Perguntou um pouco exasperada.

—Posso entrar? –A voz dele saiu baixa e fraca.  

—É claro! –Seu amigo desligou imediatamente e ela ficou esperando.

A porta do seu quarto abriu lentamente e, silenciosamente, ele entrou. Quando a pouca luz da rua, invadida no seu quarto pela janela, iluminou o rosto dele, ela suspirou tristemente. Ele tinha um corte na testa, lábios do lado esquerdo um pouco inchado e uma vermelhidão em seu olho direito. Ela levantou, pegou suas mãos e arrastou ele até a cama. Ele sentou lentamente. Ela correu até o banheiro e pegou um pano limpo e molhou. Por sorte, tinha algumas coisas para ferimentos deixado pela sua mãe. Levou tudo para seu quarto e ao chegar lá começou a limpar o machucado do seu amigo. Ele apenas ficou de olhos fechado enquanto ela fazia tudo.

—Desculpa por vir aqui esse horário, mas eu não conseguiria ficar lá. –Ela levantou o rosto do seu amigo.

—Abra os olhos. –Ele abriu com um pouco de dificuldade. –Eu estou aqui sempre para você e nunca mais peça desculpas. Já passamos disso, você não acha? –Ele sorriu tristemente. –Ele estava muito bêbado?

—Muito bêbado seria eufemismo. Mas, melhor eu do que a Lara. –Lara era a madrasta dele. Ele odiava essa título.

—Ela precisa sair desse relacionamento.

—Eu digo isso mil vezes, mas ela nunca me houve! Ela está cega por ele e odeio isso. –Eles dois sabiam que uma queixa sem depoimento de Lara seria tempo perdido principalmente pelo fato, infelizmente, do pai dele ter muitos amigos antigos na polícia da cidade. –Eu odeio meu pai! Sortuda foi a minha mãe que conseguiu sair dessa. Odeio ele por te me feito ficar! –

A mãe de Bastian sempre foi amorosa e alegre, inconstante e sem vínculos mesmo com próprio filho. Um dia, ela apenas arrumou as malas e saiu. Um advogado trouxe os papeis do divórcio finalizando tudo. Ela deu opção, tempos depois, para ele ir morar com ela, mas o estado deplorável do pai o fez ficar e ela aceitou sem discussão. Chamadas de vídeo era a comunicação dos dois atualmente.

—Eu sei! –Ela falou, terminando o curativo do corte. Seu amigo começou a chorar. Ela não hesitou em abraça-lo. –Tudo vai ficar bem!

Ela deitou e arrastou ele com ela. Ele ficou agarrado a ela como se ela fosse fugir. Ela o entendi, a mulher que mais amava o havia deixado. O choro cessou minutos depois e a respiração dele tornou-se constante e calma, ele havia dormido. Ela finalmente pode relaxar. Olhando para suas fotos tentou focar nas coisas boas e deixar todo o resto de lado. Era a sua maneira de acreditar em um dia melhor amanhã.


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Notas finais do capítulo

Não vou garantir, mas pretendo postar pelo menos um capitulo por semana. Então não desistam kkk
Deixe comentários e até o próximo cap



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