Apenas uma Foto escrita por Gabriela


Capítulo 1
A Fotografia


Notas iniciais do capítulo

Perdoem qualuqer erros de português



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O homem olhava para o livro, mas nenhuma frase entrava em sua mente. Ele estava longe em um momento onde não era tão solitário e muito mais novo. Um flash de luz o tirou desse mundo. Uma menininha segurava sua antiga câmera e sorria para ele. Sua neta de lindos cabelos negros ondulados nas pontas e seus olhos castanhos esverdeados olhava com carinho para ele. Ele sorriu para ela.

—Como ficou a foto?

—Não sei. –Ela sorriu para ele. –Mas acho que ela ficou boa. Minhas fotos sempre ficam boas.

—Você tirou umas três fotos.

—Todas com ótimas qualidades.

Ele riu. Fechou o livro e caminhou até ela, e pegou a câmera delicadamente de sua mão. –Se estiver boa essa foto darei uma câmera nova para você. –Ela olhou para ele em puro êxtase de felicidade. –Mas tem que tomar muito cuidado com ela. Estou dando total confiança para você e se quebrar...

—Eu perco sua confiança! –Ela sorriu para ele e o abraçou forte. –Obrigado vô! – “tudo para você, minha neta!” Ele pensou, mas nunca deixou essas palavras saírem. Ela podia usar elas contra ele em um futuro que não tinha certeza que existia.

Um barulho na porta anunciou a chegada de sua filha para busca-la. Ele fez menção de sair do abraço, mas ela ainda o segurava. –Você vai ficar bem? – Às vezes, ele achava que aquela menina tinha mais do que nove anos.

—Claro que vou! –Promete? –Prometo!

Ela correu para o andar de cima para pegar sua mochila quando sua filha apareceu na sala. –Espero que ela tenha se comportado. –Lilian o abraçou amigavelmente.

—Até demais, estou ficando preocupado. – Os dois riram. – Como foi lá? – Li fez uma careta e respirou fundo.

—Você conhece a Samy... Nada bem, mas na cadeia ela não está mais.

Ele iria perguntar mais, mas sua neta apareceu na porta. Já estava tarde e a noticia era rápida naquela família louca,  logo ele saberia dos detalhes. Sua filha merecia um pouco de descanso depois de viajar para o outro estado ajudar sua amiga. Ele se despediu das duas. Sarah sorriu para ele antes de entrar no carro. Esperava que esse sorriso voltasse a aparecer logo naquela casa tão deserta.

Ele caminhou até a sala onde havia deixado seu livro, pegou e, antes de apagar a luz, viu a câmera, ele não se lembrava de ter deixado em cima da mesinha. Ele a pegou e soube onde iria amanhã cedo. Caminhou para seu quarto, deixou os objetos sobre o criado mudo e deitou na cama. Ele já estava se acostumando com aquela solidão. Viúvo a dois anos e seus 81 anos chegando, ele não tinha pique e nem vontade de encontrar mais ninguém. Mas, naqueles momentos, estar sozinho tornava-se maçante. Ele havia comprado aquela casa para eles e seus inúmeros futuros filhos, no final só foi uma. Ele olhou para a foto de sua falecida esposa e sorriu. A dor havia já deixado seu coração, agora só existia saudades e nostalgia pelos tempos maravilhosos.

Ele dormiu e quando o sol amanheceu ele já estava de pé. Pronto para ir resolver o que precisava, odiava deixar as coisas para depois. Ele levou a foto para revelar e foi direto comprar a câmera. Ele entendia pouco da nova tecnologia por próprio descaso, mas sabia o suficiente para comprar uma boa câmera. Depois de irritar muito a vendedora com perguntas e comentários sobre a vida, ele voltou para a loja de revelação. Ele estava um pouco curioso sobre a foto. Ele pegou o envelope e dirigiu de volta para sua casa, ele queria ver as imagens em um lugar confortável.

Não era nem meio dia quando chegou em casa. Ele colocou as coisas em cima da mesa e preparou seu chá. Pegou o envelope e caminhou lentamente, para não derramar o liquido na xícara no chão, e sentou em sua poltrona. Ele tomou alguns goles e apreciou o sabor e delicioso cheiro. Retirou as fotos e começou a ver. Era borboletas, rua, cama, debaixo da cama e, finalmente, duas suas. Uma ele estava triste e parecia solitário e doente, mas a outra ele parecia um grande gênio em seu momento de pura espiração. Aquela menina tinha talento. Ele pegou uma caneta e escreveu atrás da foto. “Você ganhou!” E desenhou uma carinha feliz.

—_____Dois meses depois_______

Um telefone tocou. Sarah batia com o travesseiro em Bastian quando ouviu o barulho de algo quebrando. Seu amigo tomou vantagem e acertou certeiramente em sua cara almofada fazendo ela se desequilibrar e cair no chão. Ele começou a rir, mas parou quando sua amiga correu para a porta. –O que foi? – Ela não respondeu, algo estava errado. Ela podia ouvir sua mãe chorando, seu coração gelou. Ela esqueceu de tudo e apenas caminhou até a cozinha. Ela encontrou sua mãe em prantos. Quando sua mãe a viu correu e abraçou-a. –O que aconteceu? – Sua mãe respirou fundo e tentou conter as lágrimas, olhou no fundos dos seus olhos.

—Seu vô morreu.

Ela não se lembra como, mas ela estava na calçada sentada e as lágrimas desciam sem controle. Sentiu alguém sentado ao seu lado e abraçando. Bastian a segurava quando ela chorava em demasia. –Eu vou ficar aqui! –Promete? –Prometo! 

O enterro foi longo e desgastante. No fundo, ela não acreditava que ele morreu. E uma parte dela ficava com raiva de seus pais por não ter levado ela para vê-lo antes desse dia fadigo. Quando o corpo foi sepultado ela sentiu sem ar, ela não queria estar ali. Logo todos voltaram antiga casa de seus avós, mas ela não tentou nenhum segundo entrar. Ela ficou ali no quintal sentada. Infelizmente, seu amigo havia ido embora por insistência dos pais dele, mas ele  a fez prometer que ela tentaria ficar bem. Chorava silenciosamente. Sentiu alguém colocando um casaco nela, foi só quando percebeu que tremia de frio.

—O tempo está uma merda hoje. Uma grande merda. –Ela reconheceu a voz de Samy e a observou sentando ao seu lado. Uma das suas mãos tinham um pacote e na outra um litro de vodka que tomava em minuto a minuto. –E eu achando que a vida não podia piorar e acontece isso. Quer?

—Achei que tinha parado de beber? E se não estivesse tão bêbada não me perguntaria algo como isso, sou nova demais. –Mas, a menina pegou a garrafa e deu um pequeno gole. Ela engasgou, sua garganta queimou. Samy riu e tomou mais um gole.

—Amém! –Samy olhou para o céu cinza e tomou mais um gole. –Provavelmente perderei a custódia dos meus filhos e, agora, o homem mais incrível existente na minha vida está morto. Definitivamente, eu não tenho motivo para estar sobrea! –Ela colocou o pacote no colo de Sarah. –Eu acho que era para você. Sinto muito! Não é justo. Você merecia conhece-lo mais como eu. Ele era sensacional. –Sarah podia ver as lágrimas se acumulando nos olhos dela e sorriu tristemente.

—Eu também queria!

—Vou deixa-la sozinha. –Ela bebeu mais um gole e, dessa vez, maior. – Eu vi seu amiguinho, super fofo!

—Samy! –Ela revirou os olhos. – Eu não gosto dele.

—Com certeza não desse jeito. –Ela riu. – Definitivamente você ainda tem que descobrir do que realmente gosta.

—Do que você está falando, tia? –Samy balançou a cabeça como se assim ficaria mais sobrea, mas isso só a fez dar uns passos para trás. Bebeu mais um gole em uma tentativa de diminuir a tontura.

—Não ligue para que eu falo, faça como todo mundo!

Sarah observou Samy andar meia descoordenada de volta para casa. Seus olhos focaram o objeto de novo em seu colo. Abriu lentamente, sentia seu coração apertar. Ali estava a caixa de uma câmera fotográfica nova e, sobre ela colada, estava a foto tirada por ela. Ela pegou delicadamente como aquilo fosse uma relíquia, e era. Virou a foto e viu a letra cursiva de seu avô. “Você ganhou.” Aquela carinha feliz fez lembrar do sorriso dele. Ele se estivesse aqui diria “não chore!” e sorriria.

Ela sorriu com esse pensamento.


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