Hearewa escrita por Tyke


Capítulo 1
Capítulo 1 - O Intruso


Notas iniciais do capítulo

Vai parecer um pouco confuso no inicio, mas tudo se encaixará no final.



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1995

 "Bum"

Sírius saia de seu quarto quando escutou o baque seco contra a madeira vindo do andar de cima. Encontrava-se no Largo Grimmaud ansioso para a chegada do afilhado, Harry Potter. Todas as pessoas que estavam na casa encontravam-se na cozinha. O homem era um fugitivo, incriminado injustamente, então assim que escutou o barulho sentiu todo o corpo tremer. Mas, no momento, o maior medo que sentiu não foi os aurores o terem descoberto para arrasta-lo de volta à Azkaban. E sim um comensal da morte estar, naquele momento, no andar de cima. Voldemort retornou. Isso significa que, agora, Harry estava em grande perigo. A consciência de Sírius o mandou em direção ao local de onde veio o baque com a varinha em mãos. Ele ouviu passos humanos ao se aproximar.

— Quem é você? - Rosnou e sem esperar por uma resposta ele atacou.

Se aproximou do corpo desacordado no chão e identificou que era um homem. Jovem e relativamente familiar. Mas não importava quem ele fosse no momento. Sírius analisou os dois antebraços do rapaz em busca da marca negra. Não havia nada. Notou rapidamente como as roupas dele estavam imundas antes de vasculhar os bolsos da calça e do casaco. Ele não carregava varinha e sim uma arma de fogo. O Black se perguntou como um trouxa conseguiu entrar em sua casa.

Arrastou o jovem para um quarto qualquer daquele andar. Trancou a porta com feitiços e bloqueou as janelas. Desceu em direção a sala da lareira onde um homem lia um livro, passou direto pela cozinha cheia de gente.

— Remo!  - Sírius chamou o homem. - Venha aqui.

O homem de cabelos cor de areia se levantou e seguiu o outro. Perguntou qual era o problema, mas Sírius não respondeu. Pararam de frente para a porta do quarto onde estava o jovem, ela foi aberta e Remo ficou perturbado após o amigo de infância contar o ocorrido.

— Quem é ele? - Perguntou olhando o rosto desacordado. Remo estava agachado ao lado da cama.

— Eu não sei. Estava com isso. - Sírius tirou a arma de dentro do casaco e mostrou ao outro.

— É trouxa? Como ele pode ter entrado aqui?

— Eu não sei... - Sírius guardou a arma dentro do casaco novamente. - Vamos esperar Kingsley e Olho-Tonto chegarem. Ele ficará desacordado por um bom tempo.

Selaram a porta novamente. Os Weasleys mais novos já haviam sido mandos para os quartos. Molly e Arthur Weasley já os aguardavam na sala onde aconteceria a reunião da Ordem naquela noite quando os outros membros chegassem. Depois de algum tempo escutaram a porta da frente se abrir. Os membros que faltavam - Moody, Tonks, Kingsley e outros - adentraram a sala de reunião e tomaram seus lugares. Sírius pode avistar Harry parado na porta por alguns instantes antes que Molly a fechasse e orientasse o garoto para o quarto.

Assim que reunião encerrou-se, Sírius pode cumprimentar o afilhado adequadamente e um tempo depois quase todos na casa dormiam. Cuidadosamente ele e Remo chamaram Moody e Kingsley para o quarto onde estava o estranho.

— Vamos chamar Dumbledore. Imediatamente. - Alastor Moody disse prontamente após dar uma rápida olhada para o jovem e a arma na mão de Sírius.

— Dumbledore? Isso não é necessário, ele é apenas um trouxa. Coloque-o na rua. - Kingsley declarou.

— Ele não é um trouxa! Trouxas não brotam espontaneamente em uma casa protegida com magia. - Alastor ladrou com agressividade para o outro.

— Nem um bruxo qualquer pode encontrar e muito menos aparatar dentro do Largo Grimmauld, nº 12. - Remo refletiu, uma mão segurando o queixo. - Quem será ele?

— Um espião de Voldemort...

— Não! - Alastor gritou interrompendo Sírius. - Acho que tenho uma ideia do que ele é... Dumbledore! Vamos chama-lo agora.

Os outros aceitaram chamar o diretor de Hogwarts sem muita relutância. A aparição do rapaz era inexplicável e Alastor confiantemente insistia em dizer que apenas Dumbledore poderia lidar com aquilo.

Vinte minutos depois...

— Hum... Intrigante. - O velho senhor de longa barba e longos cabelos analisava o rapaz desacordado sobre a cama.

Havia tentado oclumencia, mas mesmo desacordado a mente daquele jovem era completamente bloqueada. Ele era muito familiar! Possuía sardas por todo o rosto e cabelos ruivos. Notoriamente alto. Não era um adolescente e tão pouco um adulto muito vivido. Dumbledore deduziu que a idade do jovem estaria na transição entre as duas fases.

— Deixe-me ver essa coisa. - Sírius entregou a arma de fogo nas mãos do velho, que a analisou intrigado. - Ele não tinha uma varinha mesmo?

— Não. - Respondeu Sírius prontamente. O senhor saiu do quarto para o corredor e foi seguido pelos outros. Remo selou novamente a porta.

— Ele não portava nenhum artefato mágico, certo?. - Perguntou observando Sírius por cima dos óculos enquanto caminhavam para longe do quarto.

— Não, apenas a arma.

Dumbledore guiou os outros em direção a sala da lareira. Ao chegarem o velho pegou sua varinha, transfigurou o material metálico da arma em madeira e jogo-a direto no fogo da lareira.

— Assim é mais seguro. - E sorriu gentil para os outros.

— Ele é, não é, Alvo? - A voz de Alastor cortou o ar da sala.

— É o quê? - Perguntou Kingsley curioso, já não aquentava mais todo o mistério.

— Um hearewa. - Disse Dumbledore gentilmente e diante da cara de interrogação dos outros, ele continuou: - Um viajante do tempo.

— Como? - Sírius riu irônico. - Ele não carregava nada além da arma.

Dumbledore sentou-se em uma das poltronas. Ele compreendia a descrença, é costume pensar que a única maneira de se viajar no tempo é através de um vira-tempo.

— Um hearewa não precisa de um vira-tempo. É uma habilidade apenas, muito rara porém. - Dumbledore juntou as mãos sobre o colo enquanto olhava a arma queimar na lareira. - O último que o Ministério tem registro viveu a quase duzentos anos.

— E o que faremos com ele? - Perguntou Remo.

— Matamos. - Alastor disse suavemente, o que era muito perturbador. Os outros, com exceção de Dumbledore, olharam chocados para o auror. - Oras, por favor! Bando de estúpidos! Não sabem nada? Um hearewa é perigoso, analisem, ele pode viajar pelo tempo quando bem entender. Ir para qualquer lugar e alterar o que quiser. Eles podem bagunçar tudo, são uma desgraça!

— Provavelmente vocês não sabem, mas foi um hearewa a muito tempo atrás que inventou o primeiro vira-tempo.- Dumbledore sorriu como um bom professor para os homens presentes. - Não sabemos como eles surgem, essa habilidade não é genética. Ela simplesmente aparece na criança em que menos esperamos. Inclusive existem registros de um trouxa que a possuiu, mas não aconteceu novamente. - O senhor mirou o amigo, Alastor. - É fato que em algum momento do passado, o Antigo Ministério sentiu medo dessas raras pessoas e as determinou perigosas de mais. Então passaram a executar toda criança que nascessem um hearewa. Não foram muitas, ao longo de mil anos temos registros de apenas cento e duas. - O velho voltou o olhar para Sírius, Remo e Kingsley. - E como já disse; faz mais duzentos anos que essa habilidade não é vista novamente. Por esse motivo é normal que não saibam da existência dela. E também, por esse motivo, não vamos mata-lo.

— Alvo! - Alastor exclamou. - Ele é perigoso! Já basta um perigo chamado Voldemort para preocuparmos nesse mundo.

— Sim, eu sei, talvez ele seja perigoso. Por isso o manteremos desacordado e trancado no quarto. Conheço um feitiço que pode impedi-lo de "pular" entre o tempo e as dimensões. Ele ficará preso aqui por enquanto, até que eu saiba como cuidar dessa situação. Mas definitivamente não iremos mata-lo, Alastor. - Moody fez menção de rebater, mas Dumbledore ergueu a voz. - Harry esta enfrentando um julgamento no momento. Voldemort regressou. O Ministério está tentando a todo custo controlar Hogwarts. Por tanto cuidarei do rapaz assim que for possível.

— Um feitiço não pode segurá-lo para sempre, Alvo! Nem mesmo um seu, você sabe disso. - Alastor se virou para os outros. - Um hearewa é poderoso. Se ele cair nas mãos de Voldemort estamos perdidos.

—  Eu sei o que estou fazendo, Alastor. - Dumbledore ergueu-se. Olhou para os homens presentes desafiadoramente. Nenhum deles, tirando Moody, apresentaram qualquer intenção de enfrenta-lo.

Os homens voltaram para o quarto no andar de cima. Dumbledore enfeitiçou o rapaz em primeiro, fazendo com que ele dormisse por um longo tempo. Depois enfeitiçou o lugar,  usou todo seu poder para bloquear a possibilidade do jovem viajar entre as dimensões e o tempo dentro daquele cômodo. Sem os outros perceberem depositou um bilhete na mão do estranho.  E por último selou a porta com um feitiço simples, estava cansado e desgastado pelo trabalho, afinal o prisioneiro não possuía varinha. Sírius e Remo cuidaram de enfeitiçar aquele corredor, tornando-o psicologicamente um local proibido. Todos evitariam andar por ele menos os cinco homens ali presentes.

— Você tem certeza do que esta fazendo, Alvo? - Olho-Tonto indagou antes do professor pisar na lareira. Estavam sozinhos.

— Você costumava confiar mais em mim, velho amigo. - Dumbledore ajustou as vestes para entrar dentro da lareira.

— Eu confio. Apenas me preocupo com a possibilidade de Voldemort saber da existência dele.

— Confie em mim. - Então o velho desapareceu envolto por um fogo verde.

Harry enfrentou o tribunal no ministério e venceu, graças a Dumbledore, não foi expulso de Hogwarts. Todos os jovens Weasleys, Hermione e Harry foram para a escola algum tempo depois. As reuniões da Ordem continuaram normalmente. Moody apesar de contrariado, não tentou assassinar o rapaz preso no quarto. E Sírius durante várias noites ficou olhando a porta do quarto, sem nunca abri-la. Imaginava em silêncio quem seria o viajante vindo do futuro e o que fazia ali no Largo Grimmauld.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem! O próximo virá em breve



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