Ametista - Elo de Sangue escrita por Marczord


Capítulo 2
Capítulo II - Festa


Notas iniciais do capítulo

ALÔOOOOOOOOOOOO. Voltei! Um pouquinho atrasado, but voltei! Admito que demorei bastante com esse capítulo, mas o resultado me agradou e muito, espero que agrade vocês também.

Ah, um aviso rápido: o tumblr da fic já foi criado, começarei a postar material exclusivo nele amanhã!
Você pode acessa-lo aqui: http://ametistafic.tumblr.com/

Só isso, boa leitura. o/



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Nunca havia corrido tanto, pra falar a verdade, nunca havia sido perseguido por um humanóide alado de olhos vermelhos. Humanóide alado de olhos vermelhos. É um nome muito grande. Ouvi o bater de asas de novo, céus, eu estava sendo perseguido, como podia ficar pensando em coisas desse tipo?

Virei a esquina, pude escutar o som de música alta vindo de algumas ruas à frente, era a festa da Margott. Quis olhar para trás, ver o quão próximo o que me seguia estava, mas o medo me impedia. E se eu eu olhasse nos olhos dela? E se eu fosse hipnotizado por  aquele vermelho intenso de novo? E se aquilo me fizesse parar de correr e querer lutar?  Esse é um risco que eu não iria correr.

A possibilidade de confrontar a criatura estava descartada, só me restava uma alternativa: fugir, mas pra onde? Não conseguia pensar, o barulho de música de distraía, eu podia estar naquela festa, bem longe daquela coisa. Pensando bem, eu realmente podia! A menos que aquilo fosse capaz de realizar um massacre — coisa que eu não dúvido muito — eu iria estar à salvo na festa, ou pelo menos poderia viver um pouco mais.

Resolvi arriscar e não hesitei em correr em direção a festa. A música ficava mais alta a cada passo, em compensação a distância entre mim e a criatura diminuía. Ela não era burra, sabia o que eu faria e iria me impedir.  Eu já via a casa de onde estava, um cara segurava uma lista em frente ao portão, havia uma pequena fila em frente à ele, calculei mentalmente quantos passos faltavam até eu chegar à fila.

Treze, doze, onze, a frequência do bater de asas aumentou, dez, nove, oito, pisei em falso com a dresta, me desequilibrei, não cai, mas perdi o ritmo. Estava mais lento. Sete, seis, cinco, gelei, senti a respiração da criatura em meu pescoço e soube que agora, mais que nunca, a criatura estava próxima, ela estava atrás de mim

Quatro. As lembranças voltaram, nunca estiveram tão nítidas. Estava erguido de ponta cabeça, chorava, minha perna doía. Três. As garras da criaturas se repousaram sobre meu ombro, pensei que seria puxado pra trás, mas isso não aconteceu. Dois. A criatura aproximou seus lábios do meu ouvido e sussurrou: “Suas previsões não podem te salvar para sempre, Ametista”. Senti medo, o medo mais intenso que já havia sentido, por impulso fechei o punho e virei o corpo, tentei socar a criatura, porém só atingi o ar. Um. Recuei, tropecei no meio-fio e cai de bunda no chão, ouvi risos, não liguei. Eu encarava o nada aterrorizado. Literalmente, nada.

N-A-D-A.

Nenhum sinal do humanóide alado de olhos vermelhos. Nenhum bater de asa. Nenhum olho vermelho. Nenhuma pena.

Voltei a realidade quando senti uma mão em meu ombro, por reflexo  — e medo do que acabou de acontecer — me afastei.

— Cara, tá tudo bem com você?

— Tá, eu só tropecei e caí. — Me levantei, limpei a sujeira e encarei a pessoa. Era um garoto.

Levou um tempo para perceber o quão grosseiro eu fui. Tentei compensar, estendi a mão e me apresentei.

— Blake.

— Matheus. — Ele apertou minha mão. Vi uma pulseira idêntica a minha, porém verde.

— Você tá na fila?

— Não, não mais. Meus amigos furaram, detesto ficar sem companhia.

— Ah, que isso. Você não pagou pela sua pulseira à toa. Vem comigo, eu te apresento meus amigos, assim você vai aproveitar, nem que seja um pouco. — Eu estava com medo. Com medo de ficar na fila sozinho, aquela coisa podia voltar e mesmo que estivesse à salvo agora tinha mais oportunidades de fugir.

Por um instante ele me olhou desconfiado, sorriu e concordou com um “Tá bom”. Esperamos na fila, eu comecei a falar sobre Alexa e Josh, Matheus só ouvia. Constantemente olhava para os lados, em busca de algum sinal do que me seguiu. Não demorou para ser a nossa vez, mostramos a pulseira, o segurança olhou nossos nomes na lista e liberou a passagem. Antes de entrar olhei pra trás uma última vez, só pra ter certeza que aquilo realmente havia desaparecido. Suspirei aliviado.

Entramos. A batida eletrônica da música agitava a casa, pouco à frente pessoas dançavam — parte delas tinha desenhos luminosos pelo corpo; era mesmo uma festa de luz negra —, vi pisca-piscas e outras decorações fluorescentes pela parede, lembrei da pulseira e quando a olhei ela brilhava. Senti o celular vibrar em meu bolso, era Alexa. Ela e Josh estavam na entrada da cozinha. Cutuquei Matheus, o avisando, ele assentiu e juntos passamos pela multidão.

— Blake! — ouvi meu nome, voltei-me para voz e vi Alexa acenando.

Fui em direção à ela, Matheus me seguia.

— Onde você tava?

— Não achava essa jaqueta. — menti.

Tive vontade de contar a “verdade”, dizer que meu sonho se tornou realidade e que eu havia sido perseguido por um humanóide alado de olhos vermelhos, mas não era a hora, nem o lugar. Era uma festa, a festa que eu, Alexa e Josh estávamos no aguardo por semanas, não iria deixar que isso a estragasse.

— Ah, Matheus, essa é Alexa. Alexa, esse é Matheus. — Os apresentei, senti a falta de Josh, o procurei, porém não o encontrei. — Cadê o Josh?

— Prazer. — vi Alexa cumprimentar Matheus com um abraço e depois se virar para mim. — Ele foi buscar bebida, já deve estar voltando. E vocês dois? Você não disse que ia trazer um convidado.

— A gente se esbarrou na fila, ele estava indo embora porque não tinha companhia, então o convidei pra ficar com a gente. Algum problema?

— Sim — Uma voz se pronunciou atrás de mim. — , eu não trouxe bebida pra ele.

Não precisei me virar para saber que era Josh, ele segurava um copo em cada mão, entregou um para Alexa e me abraçou.

— Pelo visto nem pra mim. — ri.

— Não problema, eu pego uma pra mim e outra pra você. — observei Matheus sumir na multidão, agilmente desviando daqueles que dançavam. Passou-se algum tempo até que eu me voltasse para Josh e Alexa, eles ergueram as sobrancelhas, me encarando de volta. Ficamos em silêncio até o ruivo se pronunciar.

— Então, ele é o motivo de você ter se atrasado?

— O que?! Não, eu já disse que não encontrava essa jaqueta.

— Aham, e o papo de terem se esbarrado na fila? Você esbarrou sua língua na dele? — encarei Alexa perplexo, iria retrucar, mas calei a boca ao ver que Matheus voltou.  

— Não sei bem o que é isso, mas todo mundo perto do bar tava tomando. — Ele tinha em mãos dois copos, ambos com um líquido colorido vibrante, escolhi o roxo. Estendi minha mão ao copo, senti o toque frio da pele dele antes de levar o líquido à boca e beber um gole.

— É forte, toma cuidado. — Josh avisou, porém era tarde demais.

Desceu queimando, senti minha garganta congelar em seguida. Pisquei com força e agitei a cabeça, Josh e Alexa riram da minha reação.

— Não vou ser o único a ficar bêbado aqui. — puxei o copo deles para perto, derramando um pouco da bebida dentro deles. Eles misturaram e beberam, Matheus também bebeu.

Senti calor, desabotoei a jaqueta e a amarrei na cintura. Alexa nós guiou até uma mesa, várias cores vibrantes das mais diversas tonalidades a ocupavam, junto a pincéis. Pessoas ao redor, pintavam a si mesmas ou amigos, não precisei de esforço para saber que era dali que saiam os desenhos fluorescentes.

Cada um de nós pegou um pincel, nos dividimos em duplas; Josh e Alexa, Matheus e eu.

— O que o senhor deseja? — perguntou Matheus.

— Surpreenda-me.

Matheus mergulhou o pincel na tinta, observei as cerdas começarem a brilhar graças ao toque fluorescente. O observei analisar meu rosto até que me pediu para fechar os olhos; o fiz. Sua mão tocou meu maxilar e o pincel a minha testa, o senti deslizar por cima de meus olhos e pelas minhas bochechas, isso enquanto Matheus guiava minha cabeça com seus dedos tão frios quanto a tinta.

— Terminei. — abri os olhos, a proximidade era tanta que podia ver as mínimas perfeições no rosto dele.

— Minha vez.

Molhei o pincel na tinta, o aproximei do rosto dele e comecei a distribuir formas pela extensão de sua testa, desci por sua têmporas, fazia linhas na bochecha quando o vi. O cabelo branco dos meus sonhos. Parei de pintar. O observei balançar de um lado ao outro. Pisquei com força. Em seguida apertei o ombro de Matheus. Senti o tecido acima da carne e do osso. Era real.   

Larguei o pincel. Era ela. A garota dos sonhos. Respirei fundo. Ela estava ali, a albina que me assombra há meses, ela estava à passos de mim. Avancei, seguindo-o com o olhar. Ouvi Matheus gritar meu nome. Ignorei. Eu parecia ficar lento a cada passo,  o ambiente se distorcia à minha volta, não havia mais música ou pessoas. Apenas o nada, a porta e a garota. Minha cabeça doeu, fechei os olhos por um segundo. Os abri. A garota desapareceu e a porta se abriu. Eu corria, mas permanecia no mesmo lugar. No nada. Minha cabeça doía. Eu esbarrei em algo, cai no chão de joelhos.


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Notas finais do capítulo

Quem não shippou o Blake com o Matheus que atire a primeira pedra! Okay, brincadeiras à parte.
O que acharam do capítulo? Quem é a garota de cabelos brancos? Por que o Blake caiu de joelhos? Tudo isso e muito mais no próximo capítulo!

~aquela tentativa de merchan falha, mas que não custa tentar~



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