Ametista - Elo de Sangue escrita por Marczord


Capítulo 1
Capítulo I - Sonhos


Notas iniciais do capítulo

Olá! Bom, antes de mais nada uma boa leitura! Peço que deem uma lida nas notas finais, vou deixar lá algumas informações que deixei no Nyah.

Finalmente tomei iniciativa e coragem pra postar essa fic, a ideia dela ficou martelando na minha cabeça por meses até eu conseguir formula-la de um jeito que me agradasse. Espero que gostem.

É bem possível que eu criar uma página no facebook ou um tumblr pra fornecer informações extras sobre a fic, qualquer coisa eu aviso aqui.



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— "O frio da noite atormentava-me. Caminhava apressado, quanto antes chegasse menos frio sentiria. A rua pouco ambientada não era nada convidativa, entre meus passos acabei tropeçando, culpa daquele cadarço. Agachei-me, fitando meu calçado, iluminado pela luz fraca de um poste próximo, ao estender minha mão até o cadarço vi uma pena, negra como a noite, a peguei, girando-a entre os dedos. Era macia, reluzente, tinha o tamanho da minha palma e estava quente, ergui a cabeça, olhando em volta. Nenhum sinal de vida, nem do pássaro que devia ser dono daquela pena. Voltei a encarar o chão e pouco à frente de onde havia encontrado aquela pena havia mais uma e adiante outra e outra e outra. Me levantei, afastando-me das penas e deixando a que estava em minha mão cair no chão. Um bater de asas me assustou; procurei pelo que produzia aquele som, porém não achei. O barulho do bater de asas aumentava, o que estava produzindo o som estava rápido e ficando cada vez mais próximo. Recuei, mas após um breve momento de coragem avancei, por que estava com medo? Era só uma  ave. Ri nervoso e para minha surpresa o som se calou. Agora a única coisa que ouvia era a minha respiração. Suspirei, devia parar de andar por lugares tão isolados. Retornei à minha caminhada, isso até o bater de asas me atormentar novamente, dessa vez mais alto, mais voraz e mais próximo, minha única reação foi correr em direção oposta ao som. Passo após passo, não acreditava que estava fugindo de um pássaro. Por mais que corresse, dobrando esquinas e atravessando ruas, o barulho não cessava, ao contrário: se aproximava. Meu coração batia rapidamente — meio pela adrenalina, meio pelo medo. O que me seguia ficava mais próximo e eu mais cansado. Minhas pernas começaram a latejar, meus lábios estavam ressecados e meu rosto ardia de frio. Por descuido acabei pisando no cadarço desamarrado, o que me levou ao chão, a blusa de frio e a calça foram o que protegeu meus braços e pernas, mas não minha mão e rosto; ralei a palma destra no chão áspero e bati com minha cabeça no solo. Meu corpo doía, minha mente latejava e o bater de asas cessou, à essa altura o que me seguia deveria estar bem atrás de mim. Virei minha cabeça, olhando por cima do ombro e infelizmente confirmei minha suposição. Contra à luz e com a visão turva só consegui distinguir um vulto humanoide de asas e olhos que brilhavam em um vermelho intenso. Que merda era aquela?! Vi a criatura estender a mão em minha direção e a chutei com a canhota, péssima ideia. Aquilo agarrou minha canela, gravando nela cinco coisas que pareciam ser suas unhas ou seriam garras? Seja o que for doía e muito. Tentei me arrastar para longe, porém foi em vão, quanto mais me movimentava mais fundo as garras se cravaram em minha carne. Não sentia mais o solo abaixo de mim, estava erguido acima do chão, esperneava na tentativa de acertar meu agressor e me libertar, mas foi novamente em vão. Lágrimas saiam involuntariamente de meus olhos. A ferida em minha perna me fazia grunhir de dor, o vermelho  intenso daqueles olhos me hipnotizaram; não de forma boa, transmitindo paz, ao contrário, me incentiva a lutar e espernear. Era essa a forma daquela criatura torturar suas vítimas? Maldita seja ela, ela e aquele cadarço, poderia estar bem longe dali se não fosse por ele. Um sorriso surgiu nos lábios daquela criatura, ela ergueu o braço, mostrando suas garras que reluzia contra a luz e . . ." — soquei a mesa, assustando Josh, que quase caiu da cadeira e Alexa, que deu um grito abafado. — Eu acordei. — Não contive a risada ao ver a reação deles, fechei o diário de sonhos que havia acabado de ler e os observei.

— Idiota! — Alexa colocou a mão sobre o tórax, que subia e descia com sua respiração acelerada.

— Seus sonhos sempre terminam na melhor parte. — bufou Josh.

— E sempre acontece o mesmo. — concluiu Alexa, colocando uma mecha de seu dread atrás da orelha. — Eu ficaria maluca se sempre sonhasse com pessoas e coisas estranhas me seguindo.

— Não tenho culpa que todos querem um pedaço do Blake aqui. — ri —  É estranho, sabe? Parece que eles são ligados. . .

— Até porque todos narram sua morte.. —  Josh interrompeu.

— . . .é, mas mesmo assim no sonho seguinte eu estou vivo e fugindo de outra coisa ou pessoa. Parece não ter fim. O pior são as sensações, o frio, o medo, a dor, é tudo real, às vezes, eu até fico cansado, mas é estranho. Quando acordo tudo isso some e só resta lembranças. Comecei a anotar isso pra pesquisar sobre, mas eu nunca acho nada concreto.  — apalpei o diário sobre a mesa.

— Sabe, se eu fosse você começaria a montar uma história com base nisso, você pode ser o protagonista e tem até personagens secundários, tipo a moça de cabelo branco que sempre aparece.  — Alexa riu do comentário de Josh e se virou para mim.

— Que tal antes disso você se concentrar em acabar de copiar o exercício? Na última vez que eu deixei meu caderno com você, você roubou metade das figurinhas.

— Isso não vai se repetir de novo, já peguei todas que queria. — peguei o diário, mostrando a capa decorada com figurinhas e ri, escapando por pouco de um tapa.

Ela me olhava brava, eu captei a mensagem e comecei a copiar as atividades; terminei antes do fim do recreio, ganhando uma aposta com Josh. Peguei meu material e os acompanhei para sala de história, onde advinha? Teríamos aula de história, quer dizer, eu e Alexa teríamos, Josh daria um jeito de tirar um cochilo como ele sempre fazia.

Acabei me entretendo com a ideia do ruivo; realmente dava pra interligar os sonhos e montar uma história, apesar dela não fazer tanto sentido. Por que diabos uma albina estaria perseguindo um adolescente de 15 anos? Por que sempre aves negras? Fiquei tão concentrado naquilo que nem vi a hora passar, ouvi o sinal tocar, a aula acabou.

— Vão na festa hoje? — perguntou Alexa.

— Óbvio. — Josh acordou eufórico, se você quisesse chamar a atenção dele só precisa mencionar festa. Eu fiz que sim com a cabeça.

— E você? — perguntei.

— Vou, Margott me entregou a pulseira antes do colégio.

— Já peguei a minha desde ontem. Tô tão animado, finalmente vamos à uma festa da Margott. Um festa da Margott! — Josh dizia animado, eu e Alexa guardávamos o material.

— Falaram que o tema da festa de hoje é luz negra. — disse.

Colocamos a mochila nas costas e saímos da sala de aula, caminhamos, passando pelo corredor até chegarmos no pátio. Continuamos falando sobre a festa, sobre como todas as festas da Margott eram ótimas e sobre como estávamos animados. Cruzamos o portão da escola, passamos pela praça e continuamos andando até eu me despedir de Josh e Alexa. Acenava para eles, quando alguém trombou comigo e desnecessariamente agarrou meu braço, estranhei o toque, iria me afastar, mas ele me soltou.

— Foi mal.

— Que nada. — ri sem graça. Ele não parava de me encarar.

— Olhos bonitos. Violetas. Bem anormal. — Ele não parava de me encarar.

— Todos dizem isso, mas são só olhos, vêem como qualquer outro.

Será? — Ele perguntou, fiquei em dúvida se ela falava comigo ou consigo mesmo.

Ri sem graça de novo e comecei a andar, continuando o trajeto até minha casa. Escutei ele se despedir, mas não virei pra trás pra fazer o mesmo, dei passos largos e rápidos, o suficiente para que  me afastar dele. Já longe voltei a andar calmamente. Olhei pra trás. Nenhum sinal dele. Não sabia o porquê, mas estava aliviado, por um momento pensei que estava sendo vítima de um assalto. Que tipo de pessoa te aborda assim no meio da rua? Assaltantes! E possivelmente loucos, mas isso não vem ao caso. Vi um pássaro sobrevoar a avenida e pousar em uma árvore. Atravessei a rua e andei mais um pouco até chegar ao portão da minha casa, o abri e entrei.

— Cheguei.

— Olá. — ouvi a voz de minha mãe vindo do interior da casa. Provavelmente da cozinha. — Margott passou aqui, ela disse que tinha esquecido de entregar a sua pulseira. Eu coloquei no seu quarto.

— Tá bom, obrigado. — subi as escadas e entrei no meu quarto. Vi uma pulseira laranja sobre a cômoda, com um M&M sobre ela. Me perguntei se ela ficava fluorescente na luz negra e pelo fama das festas de Margott  não tinha dúvidas.

“Margott, sempre extravagante” — pensei.

Troquei de roupa, recostei a mochila nos pés da cama e me deitei. Passei um bom tempo ali, estava ouvindo música quando uma notificação de mensagem apareceu. Era Josh.

Josh: Ou Mag te  deu a pulseira tu não disse nada na escola

Eu: Sim, ela passou aqui antes de eu chegar

Josh: Blz, não ve se não se atrasa, Alexa disse que a gente pode passar noite na casa dela

Eu: Você não foi o único, só pra confirmar. Hoje às 23h?

Josh: Ss, mas só vai animar dps das 00h, ñ precisa ser pontual.

. . .

Era pouco mais de onze e meia. Calçava o sapato, sentado à cama, amarrei os cadarços e me levantei, olhando-me no espelho. Vi o zíper da minha calça aberto e o fechei, peguei de dentro do armário uma jaqueta jeans e a vesti, antes que esquecesse fui à cômoda, colocando a pulseira fluorescente em meu braço. Agora sim: pronto.

Desci as escadas, me despedi e saí de casa, sendo recebido de forma nada amistosa pelo frio da rua; abotoei a jaqueta. Senti o celular vibrar em meu bolso, o peguei e vi uma mensagem de Alexa, ela e Josh já haviam chegado. Devolvi o celular ao bolso e apertei o passo. Comecei a cortar caminho, passando por becos e ruas desertas. Podia ser impressão minha, mas fazia mais frio ali do que nas outras ruas.

Em meio a minha caminhada tropecei, senti que havia pisado no meu próprio cadarço, por sorte não fui ao chão. Me agachei, estava levando as mãos ao cadarços quando vi um pena negra em frente ao meu pé. Eu reconhecia aquela cena. Peguei a pena era macia, reluzente, quente e tinha o tamanho da minha palma. Tive uma estranha sensação de déjà-vú. Era a pena do sonho. Olhei ao redor. Frio, luz fraca do poste e cadarço desamarrado, não era só a pena que pertencia ao sonho. Minha respiração se acelerou, as lembranças do sonho me amedrontavam, elas eram reais? O sonho teria aquele final? Levantei apressado, recuando, até tropeçar no cadarço e cair sentado no chão. Ótimo, cadarço. Espera, cadarço! Dessa vez eu não cairia, não por culpa deles! Os amarrei e verifiquei se estavam bem amarrados, estava fazendo o mesmo com o outro sapato quando ouvi o bater de asas. Era que faltava para eu ter certeza que não estava ficando paranoico. As asas bateram de novo, se aproximavam. O sonho era real.

Era agora. Me levantei. Comecei a correr.


E por mais rápido que eu corresse o bater de asas não cessava, o que me seguia era resistente, com certeza mais que eu. Um hora eu cometeria o erro de entrar na rua errada e acabar encurralado, mesmo que eu não cometesse erros, iria me cansar, ficar lento e ser apanhado pela criatura. Eu tinha que despistar aquilo da minha cola, precisava. Virei mais uma esquina, estava de volta à rua onde encontrei a pena, rápido Blake. Tem um humanoide voador de olhos vermelhos e garras te perseguindo, caso ele te capture você vai morrer, o que fazer?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha gostado. Sua opinião é sempre bem-vinda!



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