Eres escrita por Romanoff Rogers


Capítulo 3
Não vou deixar




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Revirava de um lado ao outro. Sempre que fechava os olhos, via a imagem da menina sangrando. E aquilo doía.
O loiro revirou até cair da cama, e atenda ficou gemendo com a mão na cabeça. Mas parou, quando se lembrou do duto de ar que tinha de baixo da sua cama. Esses ditos passavam por todo o internato...

Era isso que ele faria. Iria atrás dela, invadiria a área sul só pra ver se a ruiva que ocupava seus pensamentos estava bem. Precisava disso.
O menino entrou de baixo da cama, e com certa dificuldade, conseguiu abrir a grade, que caberia ele agaixado. Era grande, estavam pedindo para ele fazer isso.
Ele nunca tinha invadido os dutos de ar, mas conhecia bem sua "casa"
Seguiu arrastando devagar, sem fazer barulho nem um. O Dutos ficavam de baixo do chão, mas mesmo assim as pessoas poderiam ouvi-lo.
Errou o caminho algumas vezes, mas em fim, conseguiu chegar. Ele observou o mesmo corredor branco que vira, com uma das portas de ferro sinalizando "quarto um em uma das placas. Um sorriso iluminou seu rosto.
Tinham levado ela pro quarto 5, ele tinha certeza. Seguiu os dutos por mais um tempo, até ver a garota deitada na cama.
Se estava ali, estava viva. Isso fez uma felicidade enorme explodir em seu coração.
A ala sul era um hospital, então? É, devia ser. Mantinham uma ferida ali.
Mas seu sorriso desapareceu, ao ouvir soluços vindos da menina. Seu coração logo se apertou novamente. Devia estar com medo, o que ele conhecia bem.
Devagar, ele abriu a grade, o que assustou a menina, que se sentou na cama, assustada.
— Espera, eu não vou te machucar... - Pediu, se aproximando aos poucos dela.
— Não trocar em mim! - Ela gritou.
— Shhh! Eu sou amigo... Não grita ou ouvirão você...
не мне. Eu gritar - Disse a menina.
O loiro acabou sorrindo. Era fofo o jeito que ela puxava o "R" e falava no presente. Mas que diabos ela falou?
Russa. Ela era russa.
— Rússia. Você vem da Rússia.
— Rússia. - Concordou. Observou o loiro sorrindo todo abobalhado, coisa que ela nina viu. - Sorriso.
— Sorriso? Meu sorriso? - ela assentiu, o que o fez sorrir de novo. Ela fez o mesmo, ainda na dúvida se deveria. - Gostou do meu sorriso?
— Ya. - Sorriu mais uma vez, mas logo tirou ele da cara.
— Você... Gosta de sorrir?
— Gostar? Não poder sorrir.
— Por que não?
— Anjos. Maus. - O loiro franziu o cenho. - Nome. - Falou seria.
— Steve. Meu nome é Steve.
— Isve.
— Não, Steve.
— Isve.
— Steve. - O menino sorriu novamente.
— S.. Steve.
— É... - Disse, tentando se aproximar dela de novo.
— Não! Não venha!
— Tudo bem! Mas não grite.
— Não tem som fora. Não ouvem.
— Não te ouvem? Pode gritar a vontade? - Assentiu.
— Dói? - ela perguntou, apontando com a cabeça pra boca de Steve, que ainda tinha o pequeno corte.
— Não muito. Menos que os seus.
— Como... Machucar?
— Bateram em mim. E você?
— Bateram. - assentiu. - Muito.
— Quem?
— KGB.
— KGB? Você sabe o que é KGB?
— Anojs maus.
Era isso que a KGB era? Uma organização mau? Era isso que fazia com as crianças?
Só nesse momento, Steve notou a blusa que ela usava.

Era branca, e envolvia seus braços, o deixando presos. Era uma camisa de força, - o que ele não sabia, tinha 7 anos - . Mas ela não parecia encomodada com isso.
— Que blusa é essa? - Ela fez uma cara confusa.
— Não entender.
— O certo é não entendi.
— Não... Entendi. Não entendi.
— Blusa. - Sinalizou pra que vestia.
— Blusa. Colocaram eu.
— Colocaram em mim.
— Colocaram em mim.
— Por que?
— Não saber... Não sei. - O menino sorriu.
— Você aprende rápido.
— Aprendo rápido. - Sorriu por uns dois segundos, e voltou a ficar seria.
Steve também. Ela tinha sofrido muito, podia ver nas cicatrizes que pareciam ter um ou dois anos, nos machucados recentes, ainda cicatrizando, e os cheios de remédios e esparadrapo de ontem. Duvidava muito que ela mereceu isso, e que tudo foi por que quis. As pessoas foram maus com ela, isso era inegável. E ele tinha ódio delas. Muito ódio.
— Você vai machucar? - Perguntou, em dúvida. Todos que a visitavam em quartos isolados tinham a intenção de maluca-la. Mas pela primeira vez, ela teve dúvida do que ele fazia aqui.
— Não! Não vou te machucar! Vou te protejer.
—Protejer?
— É.
— O que protejer?
— Não vou deixar ninguém te machucar.
— Mas você é pequeno igual a eu.
— Não sou não. Eu sou muito grande. Meu corpo só não sabe ainda. - Ela sorriu.
— Corpo? O que corpo?
— O que é corpo?
— O que é corpo. - Essa foi a vez do loiro sorrir.
— Isso. - Apontou pra si mesmo.
— Corpo. - Falou a ruiva, olhando pra baixo. - тело.
— Telo.
— Telo. - Assentiu.
— Acho que posso aprender russo.
— Acho que posso aprender russo.
— O que está fazendo?
— O que está fazendo? - ele sorriu.
— Quero ser seu amigo.
— Quero ser seu... O que é amigo?
— Nunca teve um amigo? - Perguntou o garoto.
Ela pensou por alguns segundos. Nunca teve um amigo. Não sabia o que amigo significava. É, ela nunca teve um.
Negou com a cabeça.
— O que é amigo?
— Amigo é uma pessoa que você gosta. E pode confiar. Você sabe que nunca vai te machucar. É se for de verdade nunca vai te deixar. - Disse, andando na direção dela. - Você pode chorar, contar seus segredos, não precisa finjir e não pode deixar ir em bora.
— Nuca tive um amigo.
— Tem eu agora. - Disse, se sentando do lado dela na cama.
A ruiva ainda estava apreensiva. Aprendeu a não deixar ninguém se aproximar. Assim que aprendeu a matar pessoas.
Flash back On
O grande e preto anjo vindo do céu cinzento, descia cada vez mais.
Era grande, barulhento, e vinha de um avião. Parecia algo bonito, coisa que a ruiva sentada nos galhos altos da árvore observou.
Sorriu. Aquela bandeira vermelha com um tipo de facão e uma lua amarelas, que estampada em todos dos jornais estava desenhada na coisa, ela pode ver a medida que se aproximava dela.
Iria cair em cima da sua casa, uns 400 metros a diante. Um anjo visitaria sua casa! Ela tinha que ir até lá!
Começou a descer dos gallhos cobertos de neve, tentando chegar a tempo. Mas não deu.
O anjo caiu, e o estrondo ensurdecedor a fez cair na neve. Uma nuvem preta de cinzas começou a envolver tudo a sua volta.
Tossindo, gritando pelo anjo preto- a ruiva corria. Mas a única coisa que ela achou foi sua casa, com uma cratera enorme nos últimos andares, com a coisa quente e amarela se espalhando mais a cada segundo.
O anjo devia ter fugido, assim como sua mãe e seus irmãos.
Mas então, mais tremores de terra e barulhos altos vieram. Ela não conseguia pensar, com a cabeça doendo e as lágrimas de dor se espalhando pelo rosto.
A única coisa que ela fez foi se jogar não chão, encolhida, com a mão nos ouvidos.
A terra a seu redor pegava fogo, e se abria cada vez mais, crateras do tamanho de elefantes. Barulhos menos altos e mais chatos tornaram-se constantes, assim como gritos agudos desesperados, e grossos, gritando ordens.
Mas a única coisa que ela fazia, era tapar os ouvidos, chamando pelos anjos mentalmente.
— Me protejam anjinhos... - Disse chorosa. Uma dor rium vinda de sua perna, a fez olhar e ver sangue escorrendo de um buraco em sua meia calça.
— Vamos te protejer. - Ela olhou pra cima, e um homem feio com cara amarrada sorriu maliciosamente.
Naquele momento, ela percebeu que os anjos eram anjos maus.
Flash back off
— Natasha! Natasha o que aconteceu?! - Perguntou o menino, ajoelhado na sua frente.
— Anjos são maus. - Disse, já com dor das lágrimas escorrendo de seu rosto.
— Nem todos.
E aquelas palavras a deram esperança. De poder confiar em alguém, de poder ter uma pessoa na família de novo. De poder sorrir com a alegria do garoto de sorriso bonito.
— Você não é um anjo mau? - Perguntou.
— Não.
— Então não vai me deixar. Vai?
— Não vou.
— Como vou saber? - Ela perguntou.
Ele pensou por alguns segundos. A coisa mais lógica a se fazer... Ele fez.
Se levantou, segurou o rosto dela e a deu um demorado selinho.
— Por que fazer isso?
— Por que eu quis.
— E?
— E prova que eu nunca vou deixar você.
— Prova nada, meu papa deixar minha mama.
— Eu não brinco com as pessoas. - Disse, a beijando de novo.
— Acho que está bom. - Sorriu.


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Notas finais do capítulo