Let me know escrita por Miss Fuck You


Capítulo 22
Capítulo 20 - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Como vocês tem estado?
Faz muito tempo né?!
Desculpa >.<
Dessa vez eu não tenho nenhuma desculpa além de que eu realmente me enrolei para escrever e fiquei apagando e reescrevendo constantemente o que já tinha escrito, conclusão, o último capítulo ficou enorme e eu tive de dividir em duas partes.
Ainda estou escrevendo a última parte, então, por favor tenham um pouquinho de paciência com a minha pessoa que logo, logo vou postar o último capítulo.



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MIN YOONGI

Eu precisava ser sincero, precisava contar tudo a ela. Podia ver que ela estava quase cedendo, quase decidindo ficar.

Eu sou um egoísta do caralho.

Engulo a minha dor e medo, a abraço como se fosse a última vez, porque talvez fosse, tento memorizar tudo sobre ela.

—Me desculpa. – Digo enquanto sinto o cheiro do seu cabelo. – Me desculpa. Eu não posso te pedir isso, logo eu vou estar indo para outros países fazer apresentações, eu vou estar longe por um tempo. – Respiro fundo. – Você deve ir para Paris. Eu te amo, só… só não me esqueça.

—Eu vou te ligar todos os dias. – Ela me aperta mais forte. – E é melhor você atender!

—Eu vou comprar um celular novo amanhã. – Ela assente e ainda estamos abraçados no meio da rua e eu estou a ponto de chorar outra vez. Droga! Olho para o céu, tentando evitar que as lágrimas derramem, mas quando escuto o soluço dela e sinto todo o seu corpo vibrar, isso é demais para mim, eu desabo junto com ela.

**

Depois de a deixar em casa, a ver chorar mais um pouco, a acalmar e nos beijarmos, estou voltando para casa. E apesar de tudo ter se resolvido, eu me sentia estranho. Acho que já estava sentindo a falta dela.

—Onde você estava? O que aconteceu? Eu tentei ligar um monte de vezes para o seu celular, mas ele está desligado. – Eu posso ver no rosto da minha mãe que ela está preocupada, quando olho para o meu pai ele está apenas lá sentado, sem me olhar, com um rosto sério. Ele ainda não estava falando comigo.

—Tive um acidente com o celular, amanhã eu compro outro. – O rosto dela ainda está ansioso, ela quer dizer mais alguma coisa. Mas eu não tenho energia para isso agora.

—A Alysson mostrou o quarto de vocês?

—Sim.

—Eu estou cansado. Estou indo para o meu quarto. – Começo a ir para o meu quarto, mas a voz de desaprovação do meu pai me para.

—Sua mãe esperou todo esse tempo para comermos juntos! Sente-se e coma! – Ranjo os dentes, mas volto e me sento para comer com eles.

—A comida está boa mãe. – Falo depois de algumas mordidas.

—Foi a Alysson quem fez. – Olhei para ela querendo saber se era verdade, depois da sua primeira e única tentativa de cozinhar alguma comida coreana, a Alysson nunca mais tentou, as suas outras comidas, embora fossem estranhas para mim, eram saborosas, mas percebi que não era para mim que minha mãe estava falando isso, era para meu pai. – Ela será uma boa nora. – Meu pai resmungou alguma coisa e parou de comer.

—Como ela pode ser uma boa nora se nem tem família? Ela é uma estrangeira! Não sabe nada sobre nós! Se eles se casarem e tiverem filhos, eles vão ser mestiços!

—Eu espero que você nunca diga essas coisas na frente dela, pai! [Discurso informal]

—Você… - meu pai bateu na mesa e apontou para mim. – Seu pirralho! Veja o modo como você fala comigo!

—Serei respeitoso quando o senhor for respeitoso com a minha noiva. Não diga que ela não tem família como se isso fosse algum tipo de defeito dela, isso não é culpa dela! E qual o problema de ela ser estrangeira, hã?… Nossos filhos serão mestiços?… Que seja! Eu vou os amar independente de como eles forem. E se o senhor não mudar o jeito que pensa, eu nunca vou deixar que eles o conheçam e muito menos que o chame de avô!

—SEU PEQUENO… - Ele começou a gritar, mas o cortei me levantando e o encarando de cima.

—Essa casa é minha! Se não está feliz com as coisas que eu disse. Saia! – Lhe dei as costas e fui para o meu quarto, sentindo o meu coração mil vezes mais pesado. Toda essa discussão apenas me fez lembrar de quando ele me expulsou de casa.

Não muito tempo depois havia alguém batendo na minha porta, eu sabia que era a minha mãe, ela sempre tentou conciliar as brigas entre mim e meu pai, mas ela deixou que ele me expulsasse de casa, ela apenas baixou a cabeça e deixou que ele fizesse o que quisesse. Eu sabia que ela não concordava que eu fosse um cantor também, mas eu sei que ela não queria me expulsar de casa.

Mas se calar e deixar que meu pai o fizesse… isso deixou uma ferida em mim. Uma ferida que até hoje não se cicatrizou.

—Está dormindo? – O quarto estava escuro, eu poderia fingir que estava dormindo, mas eu não queria a ignorar apenas por causa do meu pai.

—Não. – Ela ascendeu a luz e entrou, se sentou ao meu lado na cama e ficamos os dois em silêncio. Nunca fomos de falar muito na nossa família.

—A Alysson é uma boa menina e muito educada. Eu realmente gosto dela… Mas… - Eu sabia, tinha de haver um “mas”. Me sentei a encarando, meu corpo se enrijeceu, pronto para as palavras que ela diria e provavelmente para outra briga. – Mas não tenho certeza de que ela seja uma esposa adequada. Principalmente por conta do seu trabalho.

—Você está falando isso porque é o que pensa, ou está falando isso porque é o que o pai pensa?

—Filho… tem certas coisas que só é possível entender quando se é mais velho e quando já tem os seus próprios filhos.

—O que você está querendo dizer?

—Eu estou dizendo que… veja, a Alysson é realmente uma boa garota, adorável, tem talento para cozinhar, parece ser uma pessoa muito responsável e madura. Mas ela não é coreana. Vocês são muito diferentes, pensam de um jeito diferente. Já pensou em como vão criar os seus filhos? Ela com certeza tem seus costumes, a sua cultura, coisas que ela vai querer passar para os filhos dela e é a mesma coisa com você. Mas acho que estou me apressando. Apenas pense em como será a vida de casado de vocês, huh?… Será cheia de brigas. Eu não quero uma vida cheia de brigas para você, eu quero que você tenha um casamento harmonioso.

—Mãe… você está enganada. Se não fosse pela Alysson, eu não ligaria tantas vezes e nem iria os visitar. Eu fui muito ocupado quando comecei a minha carreira, mas eu tive oportunidades de os visitar… mas… eu preferi ficar aqui, descansando ou trabalhando… Mas a Alysson está sempre falando sobre vocês, que eu devo ligar e ir os visitar, mesmo quando isso significa que eu não vou poder ver ela sabe-se lá por quanto mais tempo, ela me diz para visitar vocês. Nós já brigamos muito por conta das nossas diferenças, eu não posso dizer que não vamos brigar mais, como você também não pode dizer que eu não brigaria se eu me casasse com uma mulher coreana. Mas eu amo a Alysson, foi ela quem eu escolhi para passar o resto da minha vida e eu seria um grande idiota se eu a largasse. Nenhuma outra mulher suportaria tudo o que ela suportou até agora. Você acha que uma mulher coreana entenderia melhor o meu trabalho? Eu não acredito nisso. A maioria das mulheres coreanas estão trabalhando até arranjarem um marido. Mas a Alysson entende o que é se dedicar a carreira e fazer o que ama, ela entende o que é ter que ir para longe da família para seguir o seu sonho. A Alysson é dedicada a sua carreira, mas também muito dedicada a família. Se dependesse de mim esse lugar estaria completamente vazio, passaria a maior parte do meu tempo obcecado com o meu trabalho. Ela é a única que se preocupa se a geladeira tem comida, se estou comendo ou descansando o suficiente. Então não venha me dizer que ela não será uma esposa “adequada” para mim. Eu sou o único que não é bom o bastante para ela. Agora eu gostaria de descansar, se não se importa, estou a muitas horas acordado. – Sem dizer mais nada ou encontrar meus olhos, minha mãe se levantou, apagou a luz e fechou a porta.

~*~

ALYSSON

A dor de cabeça estava insuportável, não fazia ideia de quantas horas fazia que estava acordada. Olhei para o relógio pendurado na parede, estava em plena madrugada. Finalmente eu poderia ter algum descanso, por dias as coisas ficaram meio loucas, eu nem me lembro de ter trago tanta coisa, mas finalmente eu tinha conseguido desembalar e arrumar todas as minhas coisas.

Olhei com orgulho para o guarda-roupa completamente arrumado e limpo. Em algum lugar da casa meu telefone começou a tocar, o som estava abafado, mas ainda assim soava alto pela madrugada, corri até a sala tentando identificar de onde o som vinha, comecei a retirar todas as almofadas a procura do bendito celular, mas como sempre, ele estava no canto mais distante do sofá e embaixo da última almofada, por sorte consegui atender antes que a ligação caísse.

—Alô? – Minha afobação foi tanta que nem se quer olhei quem era antes de atender.

—Conseguiu achar a casa? – É Yoongi. Quando decidi vim para Paris mesmo depois dele me dizer para vim, as coisas entre a gente ficaram estranhas, ou pelo menos eu sentia isso, mas ou Yoongi não sentia estranheza nenhuma, ou ele fingia que não existia esse clima estranho. Ele tentava agir normalmente, mas as vezes parecia forçado de mais, eu não sabia como agir direito, com medo de dizer qualquer coisa que pudesse o magoar ainda mais, com medo de uma palavra errada minha pudesse arruinar todo o nosso relacionamento.

—Sim, eu não me perdi aqui ainda.

—Como é a casa? – Por causa do meu estúdio recém-aberto na Coréia, decidimos fazer uma troca, um fotografo iria trabalhar lá no meu lugar enquanto eu trabalhava aqui na revista no lugar dele, nos e-mails que trocamos ele parecia uma pessoa decente e gentil, gostei do seu trabalho e então decidimos trocar de casa, ele moraria na minha e eu na dele enquanto estivéssemos fazendo essa troca.

—Surpreendentemente arrumada e limpa. Não era o que eu esperava da casa de um homem solteiro. – Ele faz um barulho vago, eu sei que ele não estava feliz com isso. – Como foi a sua viagem? – Tento mudar de assunto e isso é a primeira coisa que vem a minha mente, mas sinto como a coisa errada a ser dita, naquele dia eu estava quase decidida a desistir da minha viagem a Paris, mas então ele me contou que iria para o Japão e de lá para outro país e depois outro e outro. Ele não estaria por perto, ele estaria viajando a trabalho e foi o que me bastou para decidir continuar com a minha decisão de vir para Paris.

Percebi que Yoongi estava certo sobre algumas coisas, mesmo que eu entendesse o quanto a sua carreira demanda atenção e cuidado, mesmo que permaneci com ele sabendo de tudo isso e tendo aceitado, acho que estava começando a me ressentir por sempre ficar tão solitária. Então, acho que precisava mais do que nunca fazer algo para mim, ser egoísta e ir atrás do meu sonho. Eu o amo desesperadamente, mas eu estava contando que um tempo afastado poderia me fazer bem, nos fazer bem. Me fazer deixar de lado esse ressentimento de ser deixada em segundo plano.

—Bem. – Agora sua voz soa um pouco melancólica. Me sinto da mesma forma, pelo pouco que pude ver do lugar, percebi que é lindo, mas queria que ele estive comigo para apreciarmos junto o lugar. – Sinto a sua falta.

—Eu também sinto a sua falta. Muito. – Respiro fundo pra conter a vontade de chorar que me acomete. – Quando você volta para a Coréia?

—Dois meses.

—Vou visitar quando você estiver em casa. Tudo bem?

—Você não precisa perguntar isso! É a sua casa também. – Engulo meus argumentos de que nunca conversamos sobre morar na casa dele depois do casamento. Mas desde que passava quase todas as noites lá, não era de estranhar que ele pensasse desse modo. Talvez a estranha fosse eu. O escuto suspirar. – Eu preciso ir… - A frase morre de um modo estranho, como se ele tivesse mais alguma coisa para falar.

—Okay. – Digo quando o silêncio se estende. – Bom trabalho.

—Eu te amo.

—Eu te amo mais. – Ainda posso escutar a sua respiração, geralmente ele é o primeiro a desligar. – Estou desligando… okay?

—Alysson…

—Hm?

—Estou com medo.

—Medo? Medo do quê? – Outro suspiro da parte dele. – Aconteceu alguma coisa? – Pergunto ansiosa com a sua falta de resposta.

—Medo de perder você. Medo que você nunca mais queira voltar para a Coréia. A única coisa que te prendia aqui era o seu emprego… e agora você conseguiu um em Paris… Não tem motivos para voltar…

—Claro que eu tenho motivos para voltar! Eu tenho você e meu irmão aí! Vocês são a minha família! Agora para de pensar nessas bobeiras. Eu te amo e não vou te abandonar, minha vida está na Coréia e a culpa é toda sua! Então se responsabilize por isso! – Ele ri e alivia o meu coração, relaxei meu corpo que nem tinha percebido que estava tão tenso, o clima estranho parecia ter se dissipado.

—Certo. Eu vou me responsabilizar e cuidar de você pelo resto da minha vida. É uma boa compensação?

—Bem… é um começo. Em breve eu te mando uma mensagem com todas as minhas exigências.

—Certo. Certo. – Ele responde rindo. – Vou estar esperando. Te amo, estou desligando. Já estou atrasado. Tchau! – E desliga antes que eu pudesse responder qualquer coisa, mas a sua despedida apressada deixa um sorriso bobo no meu rosto e um coração muito mais aliviado, tudo parecia estar voltando ao normal.

~*~

YOONGI

Eu deveria ser grato que pelo menos todos os repórteres e curiosos se mantiveram afastados e me deram espaço para respirar, mas ainda me sentia incomodado com a presença deles. Não por mim, mas pela Alysson. Eu sabia que ela não gostava de toda essa atenção, de ter fotógrafos a perseguindo por uma foto, jornalistas gritando perguntas e fãs histéricas a perseguindo.

Solto outro suspiro e mexo minhas mãos de forma nervosa dentro dos bolsos do meu casaco. Será que ela estaria bem agasalhada? A temperatura na Coréia estava caindo cada dia mais, estávamos quase no inverno.

As pessoas começaram a sair, algumas se assustaram com os repórteres que estavam ávidos por uma foto ou declaração da Alysson. Já deveríamos ser notícia velha, já faz mais de um ano que anunciei o nosso namoro.

Outro suspiro escapa de mim. Na verdade, isso era a minha culpa, esqueci de tirar a aliança de noivado para algumas entrevistas e sabe-se lá como conseguiram uma foto da Alysson usando a aliança dela em Paris, começaram a fazer um monte de especulações e a empresa achou melhor que eu fizesse um anuncio oficial para acabar mais rápido com todo esse falatório da mídia sobre o nosso relacionamento.

Finalmente eu a enxergo, carregando uma mala gigante e com uma cara de sono, que provavelmente me deixou com um sorriso bobo. Quando ela finalmente me encontrou, eu não pude me conter e a abracei e enquanto ela estava em meus braços, pela primeira vez em meses parecia que eu podia respirar direito.

~*~

Eu só pude a ter por um dia só para mim, logo seu irmão apareceu, então os membros do Bangtan também apareceram e agora meus pais estavam aqui, já havia se passado quatro dias e eu mal notei esses dias passando, logo ela teria de voltar. Eu sentia vontade de mandar embora qualquer um que ousasse aparecer na minha porta, mas a Alysson disse que eu tinha de ser educado com as visitas, então eu estava me esforçando por ela.

As coisas entre mim e meu pai ainda estavam tensas, mas pelo menos ele não falou nada de ruim na frente da Alysson e estava sendo respeitoso com ela, na verdade, pude perceber que ele até sorria para ela de vez em quando. Como agora que Alysson estava estregando presentes que tinha trago de Paris para eles.

—Você não precisava ter se incomodado em comprar nada para a gente! – Minha mãe dizia, mas não desgrudava os olhos das roupas e perfumes.

—Obrigado. – Meu pai me surpreendeu agradecendo a Alysson que sorriu, pude ver que ele até tentou ficar sério, mas acabou sorrindo para ela também. Isso meio que me fez aliviar um pouco com a presença dele na minha casa.

Meus pais ficariam com a gente por mais dois dias, eu tinha esquecido de avisar a Alysson, então ela estava surtando no meu estúdio enquanto eu assistia.

—O que eu faço? O que eu faço? O que eu faço? Isso não tem graça Yoongi! – Ela ralhou comigo por estar dando risada do seu surto.

—Não sei com o que você está tão preocupada.

—Seus pais parecem ter acabado de gostar de mim. Não acho que seja uma boa ideia dormimos juntos! O que eles vão pensar de mim? – Não posso evitar outra risada.

—Eles vão pensar que você é a minha noiva… - Digo me aproximando dela e a abraçando. – Que eu te amo e que você provavelmente está tirando a minha inocência… AI! – Digo esfregando meu braço, pode parecer que não, mas quando quer ela pode bater com bastante força.

—Como se você fosse inocente! – Ela diz cruzando os braços e me encarando séria.

—Claro que sou! – Insisto, mas meus olhos continuam indo para seus seios, que aparentavam estar maiores por ela estar cruzando os braços.

Ops! Acho que estou sorrindo como um pervertido! Ergo meus olhos e tento ficar sério, mas pelo o sorrisinho em seu rosto eu sei que ela me percebeu olhando para seus seios.

—Claro que é. – Mas então ela recomeça a ficar nervosa e andar de um lado para o outro na minha frente.

—Você quer que eu vá dormir no sofá?

—Sim!

—YA! Você deveria pelo menos hesitar alguns segundos e depois dizer… - Afinei a minha voz. – “Oppa… você vai ficar desconfortável no sofá! ”.

—O sofá não é desconfortável. Vou arrumar o sofá para você. – E ela sai me ignorando completamente.

—UAU! VOCÊ É UMA MULHER MÁ ALYSSON! – Grito do escritório e espero que ela mude de ideia, mas tudo o que eu recebo é a sua risada e sei que ela não está mudando de ideia.

~*~

Se isso era só uma pequena amostra do que a Alysson passou… então… ela realmente deve me amar muito! Como que ela conseguiu aguentar todo aquele tempo que eu não pude dar atenção a ela?

Eu sabia que era inútil, mas olhei mais uma vez para o relógio, ela estava muito atrasada, quase uma hora, meia hora atrás tentei ligar para seu celular e uma mulher desconhecida atendeu dizendo que a presidente estava ocupada em uma reunião e perguntando se eu queria deixar um recado. Devia ser assim que ela se sentia quando ela me ligava e meu manager atendia.

—Desculpa o atraso! – Estava tão distraído nos meus pensamentos que nem notei a porta destravando, Gustavo parou olhando para a mesa com comida e para a foto ao fundo. – Você… Obrigado. – O rosto dele perde aquele sorriso fácil e se torna sério, posso ver em seus olhos que ele está emocionado com o meu pequeno gesto. Eu deveria ter feito isso antes. Deveria ter feito isso desde o primeiro aniversário de morte da minha sogra.

—Sente-se. A sua irmã ainda não chegou. – Ele faz uma careta.

—Se ela se lembrar. – Os olhos dele estão grudado na foto. – A mãe sempre me falou para perdoar a nuna quando ela se esquecesse de datas importantes, que ela era muito ocupada para prestar atenção nessas coisas. Eu não entendia o que ela queria dizer porque a nuna sempre ligava ou aparecia nas datas importantes, ela nunca deixou de desejar um feliz aniversário, formaturas ou de ligar no natal ou qualquer outra ocasião. – Ele suspira. – Isso até a mãe morrer, acho que era ela que sempre lembrava a nuna das datas importantes.

—Ela ficou muito mal por quase ter esquecido o aniversário de morte da mãe de vocês.

—Eu sei. Eu fiquei com raiva dela naquele dia… mas eu sei que ela não fez isso por mal. Você já tentou ligar para ela?

—Já. Uma completa desconhecida atendeu dizendo que ela estava em reunião e me perguntando se queria deixar recado.

—Deve ser a nova secretária dela. Kwan disse que a última se demitiu e a nova fez um monte de bagunça com a agenda deles.

—Kwan?

—Meu amigo. Ele começou a faculdade a pouco tempo e estava precisando de um emprego de meio período, eu o recomendei para a Aly e ela o contratou.

—Com quantas pessoas ela está trabalhando? – Eu sabia que ela estava muito ocupada entre seu curso e o estágio em Paris e também gerenciar o seu estúdio aqui, mas nunca parei para pensar que o estúdio pudesse estar crescendo com ela longe.

—Acho que tem quase umas vinte pessoas lá agora. Da última vez que conversei com a nuna ela disse que estava procurando alguém para gerenciar o estúdio enquanto ela estava fora.

Isso era algo bom, ela não ficaria tão ocupada gerenciando o estúdio e poderia tirar folgas comigo, poderíamos ir viajar ou simplesmente ficar aqui no apartamento juntos e aproveitar para descansar.

Sem que eu percebesse já estava fazendo planos de viagens e coisas que poderíamos fazer aqui em Seul, cumprir todas as promessas que eu quebrei e refazer todos os encontros que eu arruinei.

Quando a Alysson chegou e viu tudo o que preparei e a foto da mãe ela começou a chorar, prestamos as nossas homenagens e depois ficamos os três conversando por longas horas, eu principalmente escutava muitas histórias sobre a mãe deles e a infância, os dois pareciam ter se perdido em memórias, mas eu não me importava de escutar.

~*~

ALYSSON

Não posso negar que estava amando Paris. O curso era maravilhoso, o trabalho na revista desafiador e eu estava empolgada novamente com a fotografia, tão empolgada que provavelmente estava começando um novo projeto pessoal.

Essas coisas eram maravilhosas, mas o que eu realmente estava gostando era poder andar livremente pelas ruas sem me preocupar com algum possível fotografo ou fã do Yoongi me observando, tirando fotos ou gravando e depois escrevendo qualquer besteira sobre mim na internet. A mídia da Coréia podia ser muito sufocante e ser uma simples e comum anônima na rua era simplesmente maravilhoso, aqui ninguém ligava para mim ou me olhava torto pelo meu cabelo sujo e preso de qualquer modo, ou pelas minhas roupas, ou pelo fato de que era uma estrangeira.

Dei um último clique e comecei a conferir as fotos. Hoje era meu último trabalho em Paris, amanhã teria uma festa de despedida com os amigos que tinha feito aqui e em dois eu estaria voltando definitivamente para a Coréia. Por mais que eu amasse o anonimato de Paris, eu sentia muita falta da minha família.

Quando finalmente tudo estava arrumado e eu fui liberada andei lentamente pelas ruas apenas apreciando, já tinha se passado mais de um ano e eu ainda não havia me tornado imune a beleza desse lugar.

Mas o melhor de tudo isso era poder compartilhar esse lugar lindo com o Yoongi, a alguns dias atrás ele veio para Paris de surpresa, ele disse que não queria que eu viajasse sozinha de volta para a Coréia, então quando cheguei em casa lá estava ele deitado no sofá. Por causa do seu trabalho exaustivo, eu praticamente nunca o acordava sem ter algo de extremamente importante acontecendo. Fechei a porta delicadamente atrás de mim e me aproximei dele.

Como ele pode ser tão lindo e fazer o meu coração disparar, mesmo depois de todo esse tempo que o conheço e que estamos juntos?

Eu simplesmente não pude resistir a sua cara inocente e o seu cabelo despenteado, passei meus dedos pelo seu rosto e depois por seus cabelos, ele não abriu os olhos, mas sorriu.

—Você chegou?

—Hum. Descansou bastante?

—Sim. Senti sua falta. – Ele me encarou de forma séria. – Diga que vai ter tempo pra mim agora?

—Sim oppa! Sou toda sua agora. – Lentamente um sorriso malicioso começou a se formar em seu rosto e eu não pude resistir e retribui da mesma forma.

Ah! Como eu tinha sentido a falta dele. Não importava que desde que ele chegou aqui praticamente não tínhamos nos desgrudado, foi um sacrifício o levar para fora e mostrar todas as coisas bonitas que eu tinha encontrado aqui, mas quando estávamos dentro de casa, cada toque parecia insuficiente para saciar o meu desejo, eu precisava de mais, mais do seu toque, mais dos seus beijos, mais dele.

~*~

A festa no dia seguinte, mesmo que não fosse surpresa nenhuma, me fez chorar rios de lágrimas. Tirei um monte de fotos com todos e prometi umas mil vezes que manteria contato. Apesar de ter praticamente “roubado” o fotografo da revista deles, ainda tinha conseguido manter um bom relacionamento com a empresa.

Por algum motivo eu estava me sentindo tão orgulhosa e até mesmo um pouquinho exibida, todos na festa simplesmente adoraram conhecer o Yoongi e estava orgulhosa por ele conseguir se comunicar bem com todos. Ele estava lentamente aprendendo outras línguas e sempre praticava comigo, estava quase o convencendo a aprender a minha língua nativa, eu sabia que era muito difícil para ele, mas aos poucos ele estava pegando algumas palavras e frases.

Depois da festa, eu apenas saí para aproveitar com o Yoongi, apenas passeamos de mãos dadas sem precisar cobrir nossos rostos ou nos preocupar, foi relaxante, tanto que simplesmente deixei para arrumar minhas malas de última hora. Eu já tinha despachado as coisas do meu mais novo fotografo contratado a uns dois meses, então a casa estava completamente vazia tirando as minhas coisas. Era mais do que natural supor que arrumar minhas malas seria algo rápido e simples.

Eu estava completamente enganada. A todo instante estava descobrindo coisas que foram esquecidas em algum canto da casa e descobrindo que estava precisando de coisas que já tinha guardado.

—Será que você poderia parar de andar um pouco? Está me deixando ansioso. – Yoongi reclamou, até me admira que ele só tenha reclamado agora, desde que acordamos, e isso foi a muitas horas atrás, eu estava o importunando com a minha mala.

—Se você me ajudasse… - O acusei.

—Eu já arrumei a sua mala, mas você está abrindo a todo momento e espalhando as suas coisas.

—Certo! Certo! Eu prometo que não vou abrir mais a minha mala! De verdade! – Tenho certeza que ele não acreditou em nenhuma palavra do que eu disse pelo seu olhar, mas ele se moveu para arrumar a minha mala pelo que parecia a centésima vez. – Obrigada oppa!

—Oppa… Oppa… - Ele começou a resmungar enquanto colocava as coisas na mala. – Você só me chama de oppa quando precisa de alguma coisa ou quando sabe que fez alguma coisa de errado.

—Não é verdade! Eu te chamo de oppa… de vez em quando.

—E quando nos casarmos… como você vai me chamar?

—Yoongi… - Ele levantou a sua cabeça para me encarar, e seus olhos estavam tão sérios. Essa era uma questão importante para ele. – Oppa! – Acrescentei para o meu próprio bem, se eu não começasse a o chamar de oppa logo, ele não pararia de argumentar sobre isso.

—Não quero!

—O quê?

—Y-E-O-B-O! É assim que eu quero que você me chame!

—Não! Me recuso! Não! Isso já é demais para mim! Nem me acostumei com o oppa!

—Você não parece ter problema de chamar de oppa outros homens!

—Que outros homens? O único que eu chamo de oppa é o Bang oppa.

—Até aqui você o chama assim, mas só me chama de oppa quando precisa de alguma coisa ou quando fez alguma coisa de errado.

—Oppa! Oppa! Oppa! Oppa! Oppa! Oppa! Oppa! Vou te chamar sempre de oppa. Feliz agora?

—Sim… muito! – Ele abriu aquele sorriso fofo dele que me fazia vontade de apertar suas bochechas e até me deixava irritada de tão fofo que era.

—Uau! Não acredito que você começou uma discussão só para conseguir ser chamado de oppa! – A sua resposta foi uma risada.

—Estou levando a mala para fora para que você pare de mexer nela. O táxi já deve estar chegando, se apresse e termine de se arrumar.

—Sim… oppa! – Enfatizei bem a última palavra e o vi saindo do quarto com um sorriso vencedor.

~*~

6 meses depois

YOONGI

Por que eu tinha sempre que ficar com os mais novos? Acho que no meio do caminho eles se esqueceram de param onde estávamos indo e o porquê, estavam animados com qualquer coisa que estivessem fazendo e estavam fazendo bastante barulho.

—De qualquer modo… não quebrou… observação… então… - O que fosse que o Hobi estivesse falando foi engolido pelo barulho que os mais novos estavam fazendo, a porra do telefone já estava com o volume no máximo.

—YA! EU NÃO CONSIGO ESCUTAR NADA! – Eu raramente gritava, brigar com eles já fiz isso muitas vezes, mas foram raras as vezes que precisei gritar, não demorou muito e o carro estava silencioso. – Não consegui escutar nada do que você falou Hobi.

—Eu disse que ele não quebrou nada, mas como ele bateu a cabeça vão o deixar em observação, então alguém tem de passar a noite com ele.

—Estamos quase chegando no hospital, decidimos isso quando estivermos todo juntos.

—Certo. – Desliguei o telefone, era um alívio que ele não tinha quebrado nada com a queda, mas ainda me preocupava com a pancada na cabeça.

—O Namjoon hyung está bem? – JungKook quebrou o silêncio no carro.

—Ele não quebrou nada mas vai passar a noite no hospital porque bateu a cabeça quando caiu na escada. – Mais silêncio. – Vocês precisam dar paz a ele no hospital. Certo?

—Sim. – Os três responderam juntos.

~*~

Depois de algumas horas naquele quarto todos estavam entediados, mas pelo menos estar ali era uma desculpa para descansar, estávamos na última semana de trabalho e então finalmente teríamos uma longa folga, folga de verdade e não tempo para preparar o novo single, então ainda tínhamos algumas pequenas gravações, nada que não pudesse ser cancelado, mas se simplesmente fossemos para casa com certeza nos fariam ir a essas gravações sem o Namjoon.

—Eu quero ir ao banheiro. – Namjoon quebrou o silêncio. Mesmo que ele não tenha quebrado nada ele machucou a perna na queda e não conseguia andar direito, então estávamos o ajudando quando ele queria ir até a algum lugar. Jungkook abriu os olhos inchados de sono e começou a se levantar, o impedi.

—Dorme, eu ajudo. – Olhei em volta e vi que todos os outros estavam dormindo. – Só saiba que eu não vou te ajudar com nada que você tenha que fazer lá. – Informei ao Namjoon que fez uma careta.

—Não preciso de ajuda para isso.

Dentro do banheiro Namjoon começou a falar que não conseguiria mijar comigo dentro do banheiro olhando para ele, também não queria ficar olhando para ele, mas não é como se ele conseguisse colocar o pé no chão e ficar em pé sozinho. Então fiz o meu melhor para segurar ele em pé e olhar para outra direção e mesmo assim isso pareceu demorar uma eternidade, quando saímos do banheiro todos pareciam recém acordados.

—O que foi? – Perguntei enquanto ajudava o Namjoon a subir na cama.

—A nuna acabou de ligar. – Jimin informou. – Ela… ela parecia furiosa. Você fez alguma coisa?

—Não. – Respondi confuso e tentando lembrar de alguma coisa, ela parecia um pouco doente quando acordou, mas depois de tomar o café da manhã ela aparentava estar bem, ela me deu um beijo antes de ir e estava sorrindo, mandou mensagens na hora do almoço e tudo parecia bem também nessa hora. – Não aconteceu nada.

—Ela disse que estava vindo aqui.

—Tem certeza que você não fez nada? – Namjoon me perguntou.

—Não esqueceu nenhuma data importante? – Jin.

—É ela quem sempre esquece as datas importantes.

—Ah! Ela estava assustadora! – Jimin comenta. – Ela me pediu para dizer que você é carne morta quando ela chegar aqui.

—Mas… mas eu não fiz nada de errado!

Todos ficaram olhando para a minha cara como se não acreditassem que eu não tinha feito nada de errado.

—Vamos ter que esperar ela chegar aqui para saber. – Hobi diz dando de ombros e se estica outra vez no sofá.

—Eu não fiz nada de errado! – Por que eu continuava me defendo desse jeito? Eu podia ver na cara deles que cada vez que falava essas palavras, menos eles acreditavam nelas.

—Sim. Sim. – Jin diz com indiferença e se sentando na cadeira ao lado da cama do Namjoon e puxando o cobertor para o cobrir direito.

Não muito tempo depois alguém bate à porta, devia ser uma das enfermeiras vindo verificar o Namjoon outra vez, elas vinham com muita frequência o verificar. Eu estava olhando o celular pensando se deveria ligar para ela, se a minha ligação iria a enfurecer mais. Bem… não que eu tivesse feito algo de errado para a enfurecer.

—Você! – Virei minha cabeça tão rápido que estralei meu pescoço, na porta do quarto lá estava uma Alysson com um olhar furioso, uma mão segurando um soro, na outra um celular e um dedo apontado na minha direção, além de estar com roupas do hospital. – VOCÊ! – Dessa vez ela gritou e eu descongelei do meu lugar, avancei para ela, preocupado por ela estar andando com um soro e roupas do hospital.

—Senhorita! Eu imploro você precisa se acalmar e descansar! – Uma enfermeira tenta segurar seu braço, mas Alysson puxa seu braço e se afasta da enfermeira, eu finalmente me movo e paro na sua frente, tentando ver o que tem de errado com ela.

—O que… - Não consegui dizer mais nada, eu estava apanhando da Alysson, levando tapa atrás de tapa e era dolorido para cacete.

—SENHORITA! – Escutei a enfermeira gritando, segurei os braços da Alysson, notei que ela ainda segurava o celular, era por isso que foi tão dolorido esses tapas.

—O que aconteceu com você? Está machucada? Porque não me avisou que estava aqui? – Alysson ainda tentou se soltar e não me olhava nos olhos. – Querida? O que houve? – Ainda nada. – Alysson! – Chamei a atenção dela.

—É sua… sua culpa. – Ela não lutava mais e sua voz estava chorosa.

—Ela precisa se sentar pelo menos. Não deveria estar andando nesse estado! Você é o responsável por ela? – A enfermeira parecia com raiva e preocupada ao mesmo tempo, assenti para ela enquanto tentava levar Alysson para o sofá.

—Sim. Eu sou o responsável por ela. O que aconteceu? – Perguntei quando consegui levar a Alysson até o sofá.

—Eu vou chamar o médico. Não deixei ela se levantar desse sofá de jeito nenhum. Está me ouvindo? De jeito nenhum!

—Sim. – A enfermeira praticamente correu para fora do quarto, eu me sentei ao lado da Alysson.

—Querida… O que aconteceu? Dói em algum lugar? – Ela estava tremendo e de repente me abraçou e começou a chorar. Eu a abracei de volta, alisei as suas costas e olhei em volta para os outros, procurando alguma ajuda, mas todos pareciam tão chocados quanto eu. – Você está me assustando. O que aconteceu?

—O que eu vou fazer? – Ela ainda me abraçava e fungava, a soz soando abafada. – Oppa… o que eu vou fazer? – Ela me soltou e olhou para mim, seu rosto estava molhado de lágrimas, seus olhos vermelhos e começando a inchar, meu coração se partiu com aquela visão. – Eu não acho que estou pronta oppa! – A Alysson escondeu o rosto em suas mãos e voltou a chorar mais e mais alto.

—Alysson… querida… respire fundo e me conte o que está acontecendo. – Ela ergueu a cabeça, tentou respirar fundo como eu disse, mas apenas fungou, o que foi muito fofo na minha opinião.

—O que eu vou fazer oppa? Você nem serviu ainda… o que eu vou fazer?

—Com licença. – Um médico entrou no quarto olhando para todos nós. – Quem… quem é o responsável pela senhorita Muniz Alysson?

—Eu. – Digo me levantando. – O que está acontecendo?


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