Let me know escrita por Miss Fuck You


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Mais uma vez, desculpa a demora!

(A desculpa é a mesma de sempre, TCC)



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Quando eu finalmente parei de chorar, disse a mim mesma para não ser tão estúpida e me desculpar quando ele voltasse. Suspirando peguei o tablete do Yoongi e coloquei músicas para tocar, mas não queria escutar nada animado, então, como sempre, quando me sentia desse jeito, acabei escutando Legião Urbana. Enquanto tocava o álbum V, decidi fazer uma sobremesa como uma oferta de paz.

  Estava cantando Química na maior empolgação quando sinto algo tocar o meu ombro, não consigo conter o grito de puro terror que escapa da minha garganta, eu me viro acabo batendo o meu braço na bancada da cozinha. Yoongi está parado atrás de mim tão surpreso quanto eu, meu coração só falta pular fora do meu peito, eu solto um suspiro de alívio.

  -Puta que pariu!— falo em português, colocando minha mão no meu peito tentando me acalmar de alguma forma, me apoio na bancada contra a outra mão. Tardiamente percebo que Jimin está junto dele, o mesmo está rindo de forma descontrolada da minha cara.

—Você se machucou? – Yoongi perguntando pegando meu braço e olhando.

—Estou bem. – digo de forma delicada, ele solta o meu braço e me abraça me pegando de surpresa.

—Desculpa. – ele diz no meu ouvido.

—Me desculpa. – digo o abraçando de volta, ficamos desse modo até o Jimin desligar a música e limpar a garganta de uma forma barulhenta. Nos soltamos, eu cumprimento o Jimin e Yoongi resmunga qualquer coisa sobre ele estar atrapalhando.

—Vocês me deram o maior susto.

—Desculpa nuna. Acho que você estava muito empolgada com a música. – Jimin diz rindo e eu me senti ficar com vergonha, dou de ombros e me viro de volta para a sobremesa que eu estava fazendo tentando esconder a minhas bochechas coradas.

—O que vocês estavam aprontando? – pergunto enquanto guardo a sobremesa na geladeira.

—Estávamos em uma festa de despedida no dormitório. – Jimin diz se sentando numa cadeira. – Mas o hyung não parava de falar sobre… - o que quer que ele fosse dizer foi impedido pelo Yoongi que tapou a sua boca com um tapa.

—Não fizemos nada demais. Eu estava com os outros no dormitório.

—Okay… - digo de forma desconfiada, mas deixo pra lá o assunto porque eu ainda estava arrependida da briga de mais cedo e não queria arranjar outra.

Jimin fica com a gente até a sobremesa gelar o suficiente, nesse meio tempo ele começa a contar histórias engraçadas do Yoongi, o que o deixou bravo com o mais novo e em meio a sua birra se retirou para o quarto, nesse momento Jimin me mostrou várias fotos engraçadas dele, eu ri tanto que estava chorando, eu devo ter chamado muita a tenção do Yoongi porque ele voltou para a sala e me encontrou praticamente deitada no sofá e chorando de tanto rir, eu não conseguia me sustentar sentada e minha barriga doía tanto que eu achei que ia morrer.

Quando Yoongi praticamente o expulsou, Jimin me prometeu enviar algumas fotos, me chamou de cunhada e saiu correndo das ameaças que o Yoongi fazia. Quando ficamos apenas nós dois no apartamento, o silêncio tomou conta do lugar.

—Eu te conto o que aconteceu comigo. – digo me ajeitando no sofá, ele se sentou no meu lado.

—Eu já sei o que aconteceu. Deve ter sido difícil pra você ter que lidar com isso sozinha.

—Como você ficou sabendo?

—Me encontrei com o seu irmão.

—Foi muito difícil. – admito depois de um tempo em silêncio e desejando dar uns bons tapas no meu irmão. – As pessoas não acreditavam em mim… a polícia disse que não podia fazer nada e ela continuava aparecendo em qualquer lugar que eu fosse. – solto um suspiro.

—Essa menina… ela te ameaçou?

—Não… - seu rosto estava neutro, não tinha a descrença dos policiais, mas mesmo assim me senti nervosa. – Eu juro… o modo como ela me encara… ela me olha com ódio. Tenho medo. Você pode que isso é algo meio banal… mas pra mim isso é assustador, ter alguém me seguindo pra todo lugar que eu vá e que fica me olhando como se eu tivesse feito algo de muito horrível pra ela.

—Me desculpe.

—Não é você quem te de se desculpar… eu deveria ter lhe contado e parado de te preocupar.

—Eu vou parar de falar sobre você em entrevistas. – aquilo foi como tirar um peso enorme de cima dos meus ombros, eu não posso dizer que toda a atenção que vinha recebendo foi de todo ruim, mas acho que eu não sabia lidar com as partes ruins, então era melhor ficar o mais anônima possível.

—Obrigada! – digo segurando a sua mão e entrelaçando nossos dedos. Ficamos alguns minutos apenas sentados lado a lado dessa forma até ele romper o silêncio.

—Isso não é tudo o que me incomoda. – voltei a ficar tensa esperando ele falar mais. – Você precisa cuidar mais da sua saúde. Tem que comer toda a sua comida, tomar seus remédios no horário e parar de trabalhar tanto, você precisa de um tempo pra descansar também. Você está doente! Foi levada para a emergência e mesmo assim não parou de trabalhar.

—Desculpa. – digo depois de respirar fundo e processar tudo o que ele disse. – Eu vou tentar cuidar mais de mim mesma daqui pra frente. Eu sei que você está certo… é só esse período que está sendo difícil. Assim que meu estúdio ficar pronto e a exposição terminar as coisas vão se acalmar.

—Certo. – ele diz beijando minha cabeça e se encostando melhor e mais perto no sofá.

Coloquei minha cabeça em seu ombro e fechei os meus olhos, ele começou a me contar sobre a sua turnê e todas as entrevistas que ele teve de dar e tudo mais que ele achou de interessante na viagem. Acabou me contando que estava bebendo com os meninos, que o Namjoon iria se mudar e que o Gustavo quebrou a mala dele, o que me deixou com raiva, confesso, mas a pedido dele decidi deixar esse assunto pra lá e não brigar com o mesmo, já que ele tentou me ligar várias vezes para contar o que aconteceu. Quando ele me perguntou sobre o que fiz nesses três meses não soube o que falar.

—As coisas normais de sempre. – ele se afastou para olhar o meu rosto. – O quê? – ele tinha seus olhos arregalados e rosto surpreso.

—Desculpa. Eu me esqueci completamente. – ele me puxou para um abraço. – Você deveria ter dito alguma coisa.

—Você estava ocupado com a turnê. – digo já sabendo sobre o que ele estava se referindo. – Está tudo bem. – digo me soltando do abraço e ligando a TV, qualquer coisa para me distrair desse assunto, não queria começar a chorar.

—Não está tudo bem. Foi o aniversário de morte da sua mãe e eu nem se quer me lembrei.

—Está tudo bem Yoongi. De verdade. – digo com meus olhos fixos na TV. – Isso foi a dois meses atrás. Está tudo bem.

—Desculpe. – ele diz segurando a minha mão, eu apenas assinto e tento conter as lágrimas.

—Eu quase não me lembrei no dia. – confesso a ele em voz baixa, meus olhos ainda fixos na TV. – Eu só me lembrei no final do dia… eu estava tão ocupada com o meu trabalho que se quer me lembrei o dia todo. Gustavo… ele… ele me ligou várias vezes naquele dia me perguntando se eu estava bem… até cheguei a me irritar com ele… e eu só fui me lembrar no final do dia. – rapidamente limpei algumas lágrimas que caíram dos meus olhos. – Eu sou uma péssima filha. A boa notícia é que ela não tá mais aqui pra ver isso.

Ele não me fala nada, apenas me abraçou e alisou os meus cabelos enquanto eu chorava silenciosa em seu ombro. O abracei de volta sentindo conforto e amor, respirei fundo o seu cheiro e fui invadida por aquela sensação de estar segura, de estar em casa.

—Você não é uma péssima filha. – ele me diz quando paro de chorar. – Você só tem muita coisa pra lidar. Você é humana, é normal se esquecer das coisas e você trabalha tanto e cuida tão bem do seu irmão… Isso não é ser uma péssima filha.

—Obrigada. – sussurro com minha cabeça ainda em seu ombro. – Obrigada por estar na minha vida.

—Promete nunca sair da minha vida? – sinto seus braços me apertando mais forte.

—Prometo se você prometer a mesma coisa.

—Promessa? – ele perguntando mostrando seu dedo mindinho, rindo entrelaço o meu ao seu e fazemos o sinal de promessa. – Você não pode voltar atrás agora. Você fez uma promessa, eu levo isso muito a sério.

—Eu sempre cumpro as minhas promessas! – Me afasto dele para poder olhar em seus olhos.

—Mesmo?

—Sim! – ele desentrelaça nossos dedos, ele está me olhando de uma forma desconfiada, o que eu acho engraçado. – O quê? – pergunto rindo.

—Não estou confiando em você. Eu preciso de uma prova.

—Que tipo de prova? – pergunto encostando outra vez minha cabeça em seu ombro, olho para a TV e sou momentaneamente distraída por um comercial em que todo o bangtan aparece.

—Aceita casar comigo? – sua mão está bem na frente dos meus olhos, uma caixinha de veludo azul no centro de sua palma e aninhado no veludo macio um par de alianças douradas.

Fico olhando para os anéis por uns dois segundos, minha mente vazia de qualquer coisa, então começo a sentir meus olhos arderem e meu coração de tanta felicidade que ele seria capaz de explodir. Eu me viro para o Yoongi e pulo em cima dele, o beijando por todo o seu rosto.

—Sim. – digo quase sem fôlego, ele sorri tanto que seus olhos praticamente se fecham, avanço para os seus lábios de forma voraz.

******

A única pessoa para quem contei sobre o pedido de casamento foi para o meu irmão, eu pensei que ele pudesse ficar um pouco chateado, mas que ficaria feliz por mim. Eu não esperava aquela reação tão negativa da parte dele.

—Apenas me diga um motivo Gustavo.

—Eu só não quero que você se case com ele.

—Por quê?

—Não! Você me perguntou o que eu acho é eu acho que você não deve se casar com ele!

—Gustavo…

—Você vai escolher ele invés de mim? Seu próprio irmão? - solto um suspiro desanimado, toda aquela felicidade da semana anterior estava sendo sugada aos poucos de mim.

—Eu não estou escolhendo n…

—Está sim! Você está escolhendo ele!

—Só porque vou me casar não significa que…

—Você vai se casar com ele e não importa a minha opinião. Então porque diabos você veio me perguntar qualquer coisa? Apenas faça o que você quiser.

—Gustavo…

—NÃO ME IMPORTO PORRA! - ele se levanta furioso e anda em direção ao seu quarto, escuto a sua porta bater.

É, a conversa foi boa.

Daqui a alguns dias eu teria um almoço com a família do Yoongi e não estava muito certa de como eles reagiriam, mas eu queria pelo menos que alguém estivesse do meu lado. Solto um suspiro e volto a dobrar as roupas recém lavadas, Gustavo estava sendo tão intolerante com isso, eu sabia que ele poderia ficar com medo de ser deixado de lado, esse foi um dos motivos do porquê pedi pra falar com ele sem o Yoongi, mas não esperava que ele fosse tão inflexível e se recusasse a escutar o que eu tinha a dizer.

Quando eu termino de dobrar e separar todas as roupas, e diga-se de passagem eram muitas, a campainha toca, olho no monitor e vejo que é o manager do Gustavo, digo que vou abrir a porta e falo para subir as escadas, erro alguns botões, o novo sistema ainda me deixava confusa, mas consigo abrir a porta externa com sucesso, abro a porta do apartamento e espero ele subir todas as escadas.

—Não. Ele me pediu para o buscar, achei que estaria sozinho, por isso vim. – me informa quando pergunto se ele tem algum compromisso marcado.

—Desculpa! Desculpa por fazer você vim todo esse caminho, mas eu não posso deixar ele ir hoje. Temos assuntos sérios para conversar, se não é algo urgente ele não vai poder ir. – o manager parece constrangido, eu me desculpo mais uma vez enquanto o acompanho até a porta, ele diz que está tudo bem, que estava por perto, mas sei que ele está mentindo, fecho a porta de forma delicada e vou até o quarto do Gustavo.

Tentei ser paciente e dar espaço, e na primeira oportunidade ele quis fugir, se é assim que ele quer as coisas, eu vou ter de partir para uma abordagem mais agressiva. Bato na porta do seu quarto, mas sou recebida com silêncio, texto girar a maçaneta e a porta não se move ele trancou a droga da porta. A fúria sobe dentro de mim.

—Abre a porta Gustavo! – digo ainda dando leves batidas na porta, nada, ainda silêncio, é o que me basta para explodir, bato com força contra a porta, o barulho é alto e ecoa pela casa inteira, é impossível que ele ignore.

—O QUÊ? – ele grita abrindo a porta com agressividade.

—Vamos conversar.

—Não quero.

—Eu não perguntei se você queria conversar ou não. Eu disse que vamos conversar! – ele tentou fechar a porta, mas fui mais rápida e coloquei meu pé impedindo. – Eu juro que se você ousar fechar essa porta na minha cara eu derrubo essa porcaria! Vamos conversar na sala. Agora!

Pisando duro ele passa por mim em direção à sala, entro no seu quarto e recolho as chaves da porta enfiando com raiva no meu bolso. Gustavo se joga no sofá de forma displicente e cruza os braços, quase posso ver o bico que ele fazia quando era um bebê irritado, aquilo amolece um pouco o meu coração e faz um pouco da raiva sumir.

—Qual é o problema? – eu pergunto me sentando na mesinha de centro de frente pra ele. – Por quê está agindo dessa forma comigo?

—Não quero que você se case com ele.

—O problema é com o Yoongi ou eu me casar? – ele não olha pra mim, tem seus olhos fixos em suas mãos juntas em seu colo, a imagem dele sentado desse modo me lembra que ele ainda é uma criança, ele vinha agindo tanto como um adulto que tinha me esquecido que ele não é um adulto completo, que ele ainda tem seus momentos infantis, que ainda precisa de cuidados. Gustavo mexe seus ombros e olha para a janela. – Você não gosta do Yoongi? Acha que ele não é bom?

—Ele é legal. – ele diz por fim.

—Então o problema é eu me casar. – ele ainda não diz nada e ainda não me olha. – Por quê? – outra vez ele mexe seus ombros de forma indiferente. – Você disse antes que eu estou escolhendo o Yoongi e não você… é isso que você acha? Que eu vou me casar com ele e esquecer de você? – outra vez ele mexe seus ombros, mas posso ver seus olhos marejados.

—Acho. – ele diz com uma voz baixa e rouca.

—Olha pra mim Gustavo. – peço de forma delicada e pego suas mãos, as segurando firmemente, espero até que ele esteja olhando nos meus olhos para falar. – Isso não vai acontecer. Você é a prioridade na minha vida! Só porque eu vou me casar, isso não significa que você não vai mais fazer parte da minha família! Independentemente de qualquer coisa você é o meu irmão! E nada no mundo vai mudar isso ou o amor que eu sinto por você! Você entende isso? – ele assente e derrama algumas lágrimas que ele se apressa em secar e esconder seu rosto.

—Você vai se casar e depois vai ter um bebê… então não vai ter mais espaço pra mim na sua casa… você vai estar tão ocupada cuidando do bebê que nem vai se lembrar que eu existo.

—Hey! Desde quando uma casa minúscula interferiu em você morar comigo? Você se lembra quando chegamos na Coréia? – ele assente positivamente, ainda cabisbaixo. – Eu joguei você pra fora de casa só porque a casa era muito pequena? – ele negou. – Não. E eu nunca vou fazer isso.

—Nem mesmo pelo Yoongi?

—Nem mesmo pelo Yoongi. Eu já te disse que você é a prioridade na minha vida. Agora… Quanto a ter um bebê… Isso vai demorar muito tempo. E quando esse dia chegar… eu não vou me esquecer de você ou estar ocupada o suficiente pra me lembrar de você.

—Não sei. Dizem que bebês dão um monte de trabalho.

—Ya! Você não confia em mim? – pergunto descrente e ele dá um pequeno sorriso. – Se eu tiver muito trabalho com o bebê… você vai ter me ajudar. Você me deve já que eu cuidei de você quando era um bebê.

—Desculpa Alysson.

—Está tudo bem. Eu entendo como isso deve ter assustado você. Eu me senti da mesma forma quando você teve de ir para o dormitório, por isso que sou uma chata que sempre está ligando e pedindo pra você vir pra casa.

—Eu não sabia disso. Desculpa.

—Eu te desculpo por isso. – digo dando um tapinha em seu joelho. – Mas ainda estou brava pra caramba por você chamar seu manager e por trancar a porta. Você está de castigo e eu confisquei a chave do seu quarto, pegue suas roupas, arrume seu armário e depois lave a louça. – digo me levantando e vendo sua cara de descrença aumentar com cada palavra que digo. – Ah! E antes que me esqueça, deixe seu celular em cima da mesa.

—Castigo?

—Sim, castigo. Não pense que eu me esqueci de você gritando comigo também. E nem se quer pense em dizer que você precisar ir, porque eu conversei com seu manager e sei dos seus horários e compromissos. Eu vou tomar um banho e quando eu voltar para a sala eu quero seu celular em cima da mesa, a louça lavada e seu guarda roupa arrumado. Entendido?

—Sim, senhora. – ele diz em um resmungo começando a mexer para pegar seus roupas e indo em direção ao seu quarto com passos arrastados.

Enquanto eu gastava inutilmente água e luz, fiquei me preocupando se Gustavo faria o que eu mandei, ele poderia simplesmente sair e ir para o dormitório, ou vim até meu quarto e pegar a chave da sua porta, estava em local visível em cima da minha cama, ou ele poderia ignorar meus pedidos, manter seu celular e não lavar a louça. Paro de pensar de mais nessas bobagens e saio do banho, já vestida saio do meu quarto, a casa está silenciosa, quando passo pelo quarto do Gustavo ele está arrumando seu guarda roupa, quando chego na cozinha a louça está lavada e seu celular está em cima da mesa. Me preocupei à toa, ele é um bom menino.

*******

Eu não sabia muito bem o que pensar daquele almoço, fiquei com a sensação de que eles não gostaram de mim. Não que eles tivessem sido rudes ou antipáticos, eles foram extremamente educados, principalmente sua mãe, tão educados que beirava a frieza. Talvez fosse por seu a primeira vez que nos víamos, mas eu tinha a sensação que não era isso.

Depois do almoço Yoongi foi passar o dia com seus pais e eu voltei a trabalhar. As perguntas que sua mãe me fez não saiam da cabeça, a forma como o Yoongi me olhou surpreso quando dei as minhas respostas também me pegaram de surpresa, não pensei que pensávamos diferente nesses assuntos.

—Será que estou falando sozinho? – Namjoon chamou a minha atenção. Ele veio conhecer o estúdio e eu acabei pedindo a sua ajuda para fazer alguns ajustes na iluminação e depois apenas para passar o tempo tirei fotos dele, que fez muitas posses engraçadas e feias, mas em algum momento eu me perdi completamente da conversa.

—Desculpa. – digo baixando a câmera e soltando um suspiro. – Eu conheci os pais do Yoongi hoje. – suas sobrancelhas sobem e ele me olha em expectativa. – Acho que eles não gostam de mim.

—Por quê?

—Acho que não dei as respostas que a minha sogra gostaria de ouvir. – respondo com ironia. – Ela me perguntou se eu iria parar de trabalhar quando me casasse, eu disse que não, então ela disse que então eu pararia quando tivéssemos filhos… não foi uma pergunta, sabe… mas ainda disse que não pararia de trabalhar mesmo quando tivéssemos filhos e ela comentou que seria difícil cuidar do marido e filho trabalhando. Mas não é como se o Yoongi fosse uma criança, ele não precise que “cuidem” dele vinte e quatro horas por dia. – extravaso um pouco da minha irritação. – Tudo o que eu fiz foi sorrir e dizer “sim, sogra. Sinto muito.”. – Namjoon solta uma risada, olho para ele indignada.

—Uau! Agora realmente parece que o hyung está se casando. O que o hyung acha disso?

—Não sei. Nunca conversamos sobre isso. Mas quer saber de uma coisa… ele parecia totalmente surpreso com a minha resposta.

—Hm. Você sabe que o apelido dele é avô, não é? Ele é meio antiquado pra essas coisas… mas ultimamente ele vem agindo tão diferente que acho que não podemos mais o chamar assim.

—Ele não é o único que mudou. – ele me olha confuso. – Você ainda não quebrou nada. Então não vamos testar a sorte, que tal um café? – ele assente rindo e me segue para o meu apartamento.

—Mas você realmente não acha que vai ficar difícil quando tiverem um bebê? – ele pergunta quando coloco a xícara de café na sua frente.

—Não sei. Acho que isso vai demorar tanto tempo que nem vejo motivo pra pensar nisso agora.

—Que tipo de cerimônia vocês vão ter? – solto outro suspiro.

—Eu não faço ideia. – contorno a xícara com a ponta do meu dedo e olho lamentosa para o café, ignorando as guloseimas dispostas na mesa. – Eu fiquei tão animada quando ele me pediu em casamento… mas desde então eu tenho pensado em tantas coisas… lembrando… - engulo o caroço na minha garganta. – lembrando da minha mãe, pensando no meu pai. Quando eu vejo essas fotos de casamento tão perfeitas… A noiva de braços dados com seu pai, abraçando sua mãe… Naquela noite… eu fiquei tão feliz… quando o Yoongi dormiu eu corri pro meu celular querendo contar pra minha mãe que eu tinha conhecido esse homem fantástico e que ele me pediu em casamento e eu disse sim… contar o quanto eu o amo… Eu sinto tanto a falta dela! – Ergo meus olhos mas não vejo nada por conta dos meus olhos marejados, pisco meus olhos e as lágrimas caem, solto uma risada fraca e rapidamente limpo meu rosto. – Desculpa jogar tudo isso pra cima de você.

—Está tudo bem. Somos amigos, pode me contar qualquer coisa.  – ele segura minhas mãos em cima da mesa e me permito derramar mais algumas lágrimas.

—Obrigada. – digo quando me acalmo e paro de chorar.

—Sorriso. – ele diz num tom mandão. – É um momento feliz, você tem que estar sorrindo! Assim… - ele demonstra um sorriso e suas covinhas aparecem, é impossível não sorrir de volta e me sinto aliviada e agradecida por ter um amigo com quem posso conversar e desabafar.

—Vou te fazer ser a minha madrinha de casamento. – continuo sorrindo mas o seu sorriso se desfaz para uma cara de completo desespero, não posso evitar a gargalhada.


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