Ok, talvez eu tenha sido um pouco precipitada. De qualquer forma, eu ainda estou aqui. Jennifer ainda não me tem.

—Eu vou com você, mas você vai liberar os pais dos meus amigos. Você não precisa de sacrificar eles, precisa?- Jennifer riu e revirei os olhos -Não precisa. Sei que não. Então? Temos um acordo?-

—Tudo pela minha favorita.- Disse Jennifer, que logo em seguida jogou um pó branco no meu rosto. (Não era cocaína.)

Comecei a sufocar e a ficar tonta. Muito tonta.

Acordei em um sobressalto. Não estava mais na floresta. Estava em um lugar muito escuro. Não havia mais nada. Era só eu e a minha respiração. De repente ouvi uma risada.

—Medo do escuro?- Jennifer sua filha da...

—Não.- Respondi.

—Deveria.- Ouvi passos em minha direção. -Já teve essa sensação antes?-

—Não.-

—Teve sim.- Falou muito perto de mim, só que eu não a enxergava. -Só que foi a muito tempo.-

—Quando você me matou?-

—Sim, quer tentar novamente?- Gargalhou. -E dessa vez vai dar certo. Sem Deus, sem natureza e sem interrupções.-

—Eu vim até aqui. Eu me dei de bandeja em um acordo. Você pode até me matar, Jennifer. Você pode até provar do poder, mas eu te garanto...Não vai ser por muito tempo.- Falei procurando qualquer vestígio de luz.

—Bla, bla, bla, bla...- Senti mãos em meus ombros. -Baboseira.- Logo em seguida um empurrão me fez perder o equilíbrio e então o chão não existia mais. A sensação de cair era péssima. Eu não sabia onde estava, nem pra onde estava indo. Era tudo escuro e meu coração palpitou a cada segundo que se passavam. Eu devia estar caindo no fundo do poço, porque essa merda demorou pra chegar ao fim. Mas eu não caí no chão. Caí na água. Eu não sabia se era um lago, um rio, um oceano ou uma piscina infantil. Tudo estava negro e eu estava a flor da pele. A sensação sufocante de nadar pra lugar nenhum no escuro...

Então de repente eu só me deixei levar, porque não existia mais ar pra mim. Um vento forte vindo de não sei onde soprou de algum lugar e a água ao meu redor sumiu. Logo me levantei cuspindo uma água opaca e quase branca. Olhei ao meu redor e obviamente agora havia alguma luz. O ambiente ao meu redor era familiar, mas não conseguia me recordar de onde estava.

—Jennifer, sua vadia! Por que não aparece aqui pra gente brincar de verdade?- Gritei e senti uma picada dolorosa no pescoço. Levei minha mão instintivamente ao pescoço sentindo-o levemente inchado. Havia um pouco de sangue nos meus dedos e uma letargia me atingiu.

—De novo? Sua vagabunda...- Apaguei.

"Você é Loren Koreshkov!"

"Como assim você não sabe? Uma das famílias mais antigas de Beacon Hills...Loren é a última deles"

"Todos os Koreshkov morreram num incêndio"

"Fique longe dessa cidade"

Acordei em um lugar completamente diferente do anterior. Amarrada.

Era o Nemeton.

—Droga.-

Virei a cabeça com dificuldade e me vi rodeada de pessoas vestidas de branco. Algumas surpreendentemente familiares, como moradores do meu bairro, antigos professores e até mesmo um cardiologista.

—Vocês todos só podem estar de brincadeira.- Ri alto.

—Queremos presenciar a glória e o poder que o seu nobre sacrifício nos dará.- Uma loira baixinha falou.

—Não interaja a Original.- Ouvi a voz repreensiva de Jennifer.

—Sem altar de pedra, Jennifer?- Me virei pra ela. -Saiu de moda?-

—O Nemeton absorverá a sua energia de escolhida e Banshee para me liberar o resto da força que me foi impedida antes.-

—Vai tentando.-

—Só uma vez. É só o que basta.- Disse e se aproximou de mim. Jennifer levantou um punhal antigo de prata, trabalhado em ouro branco e alguns diamantes.

—Brega.- Comentei.

—É lindinho quando você tenta fingir que não liga para o fato de que eu vou te apunhalar bem aqui...-Disse encostando o punhal no meu peito por cima de uma camisola branca fina e fazendo uma leve pressão. -Não vai suportar por muito tempo. No final você vai gritar.-

—Isso é o que vamos ver.- Respondi engolindo em seco e a encarando.

Jennifer pegou um frasco transparente que parecia conter um líquido cor de vinho com um cheiro muito enjoativo. Vi ela derramar um pouco nos dedos e caminhar até mim. Parecia ser grudento e velho. 

Jennifer se posicionou atrás de mim a modo de ter acesso fácil a minha cabeça e eu pude vê-la me olhando como quem já tem o prêmio.

Então ela começou a falar algumas palavras em uma língua que de início era completamente desconhecida por mim, mas que depois pareceu familiar. Mas jamais ouvira aquelas palavras. Não nessa vida. Então era como um tradutor automático trabalhando na minha mente enquanto ela colocava os dois dedos na minha testa segurando- me firme e me fazendo gritar de dor. Queimava e transpassava a minha pele. Gritei em plenos pulmões. Sem esperança, sem opção, sem herói pra me salvar.

É, eu me fodi.

—Para!- Gritei. A essa altura as lágrimas já enchiam meus olhos loucas para cair.

—O que foi que eu te falei?- Sorriu vitoriosa. Ela continuou seu cântico horrível enquanto queimava meus miolos e meu raciocínio foi para o brejo.

Aquilo machucava muito e eu senti que aquele era o meu fim, quando ela parou.

Eu respirei ofegante enquanto tentava me soltar inutilmente. 

—Você não vai conseguir. Não agora que carregou o meu poder para o ritual. Graças a você nós nunca mais precisaremos servir aos lobos. Nem temer nossos inimigos. Seremos eu, o poder e os meus seguidores.- Jennifer pegou novamente o punhal. 

Procurei qualquer coisa que me distraísse do fato bem acima de mim, ou melhor, do punhal prestes a me apunhalar. Fechei meus olhos e tentei me lembrar de quando era uma criança. Quando meu pai estava comigo, brincando no campo é correndo por entre os coelhos que ele soltava para que eu os encontrasse. Era uma infância dourada e quase perfeita.

Era quase perfeita.

Sem últimas palavras, sem adeus, sem herói.

—Não!- Ouvi a familiar voz gritar e cortar o silêncio do momento do sacrifício, bem quando Jennifer desceu o punhal no meu peito e eu senti a inigualável sensação do desligamento dos meus órgãos. E não é processo tão rápido quanto parece. Antes de fechar os olhos você engasga no próprio sangue, que saí do seu coração partido por uma vadia chamada Jennifer e volta por sua garganta sujando sua túnica cerimonial de sacrifício e enchendo seus pulmões de sangue ao invés de oxigênio. Então sua pele queima suave por baixo da sua pele até atingir uma letargia. E pra quê você precisa continuar com os olhos fechados, certo? Estão pesados e eu preciso fechar.
Não ver, nem sentir, nem ouvir e nem cheirar nada. É assim que a morte é. Tão fácil você chega quanto facilmente vai embora.  

E eu morri.

Continua na 3B...

Olá leitores e leitoras! 

Sou eu, Lorena.

Logo no início da 3B vocês vão entender porque ela está na temporada e vão ter mais informações sobre o passado dá Banshee original, além de uma inesperada história envolvendo a Banshee e o Nogitsune, vilão da temporada.

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