Sacrifício escrita por Mrs Moon


Capítulo 7
A Casa Verde


Notas iniciais do capítulo

Um salto no tempo nesse capítulo, espero que gostem.



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Aos seis meses de gravidez, Kimberly ainda estava em forma. A barriga era pequena e  usando as roupas certas era impossível notar que estava grávida. Por isso, ela se permitia sair ocasionalmente com a mãe na rua para fazer compras e ir ao cinema. Porém, ela optou por terminar o High School em casa. Sem outro compromisso era fácil estudar e conseguiria terminar antes de dar a luz. Passar horas sobre os cadernos era uma terapia para as duas.

Ela evitava falar ou pensar no bebê, mas estava ficando impossível. Precisava dar o passo final e em uma segunda-feira ensolarada ela pediu para a mãe leva-la para a Casa Verde.

Nos tempos da Guerra Civil a Casa Verde fora uma mansão de ricos plantadores. Terminada a guerra, ela foi usada para abrigar os órfãos. A cidade manteve a tradição e a casa era conhecida por oferecer um lar para crianças abandonadas. Trabalhava junto ao governo e várias ONGS para encontrar lares seguros para crianças.  Kimberly tinha a certeza que aquele era o melhor lugar para entregar seu bebê. Vendo a barriga da filha crescer a cada dia, Carol ficava ainda mais receosa em deixar a moça abandonar a criança. Ela não entendia as motivações dela, mesmo assim acompanhou-a na visita.

A casa era antiga, mas muito bem cuidada. As paredes pintadas de um verde claro e um pequeno jardim na frente. O escritório e o berçário ficavam na casa principal. Nos fundos ficava um grande jardim e um alojamento para as crianças maiores.

Kimberly foi incisiva e fez questão de conversar apenas com a diretora do orfanato. A secretária imaginando que se tratava de uma possível doação as levou para o escritório da Sra. Mason.

Miranda Mason era uma senhora de meia idade. Aparentava seus cinquenta e três anos e usava roupas finas e tradicionais. Os cabelos loiros em um corte channel e a maquiagem clara davam um toque final. Ao olhá-la era possível ver que era bem nascida e sua expressão calma demonstrava que ela amava seu trabalho. Ela as recebeu com um sorriso bondoso e pediu que se sentassem:

— Obrigada por nos receber, Sra. Mason – disse Kimberly.

— O prazer é meu Senhorita Hart e essa é sua mãe Sra. Blanc?

— Isso mesmo, mas pode me chamar de Carol e minha filha de Kimberly.

— Ótimo, em que posso ajuda-las.

— Sra. Mason, eu gostaria que a senhora tomasse conta do meu bebê.

— Senhorita, esse é o nosso trabalho – suspirando ela manteve o sorriso plácido no rosto. – Posso encaminhá-la para uma de nossas assistentes sociais e ela irá cuidar do seu caso.

Kimberly olhou fixamente para a mulher mais velha e disse:

— Eu preciso que a senhora cuide disso. Preciso ter certeza que ela terá bons pais. 

— Todas as nossas assistentes sociais estão aptas para cuidar do seu bebê.

— Eu sei, mas a senhora é descendente dos fundadores do orfanato. As outras assistentes sociais podem ser transferidas ou deixar o trabalho. A senhora jamais deixará a Casa Verde.

— Bom, isso é verdade querida. A Casa Verde é a minha vida, porém não há nada que eu possa fazer que as outras não possam.

— Mesmo assim, nós gostaríamos de contar com sua assistência. Eu preciso ter certeza que ela estará segura. – implorou Kimberly.

Sra. Manson suspirou, há anos não cuidava pessoalmente de um caso de adoção. Porém, alguma coisa na garota chamara sua atenção. Sentia uma urgência nos olhos dela que a fez concordar.

— Tudo bem, vamos começar. A Senhorita está grávida de quantos meses?

— Seis meses.

— Você mencionou ela. Acha que é uma menina ou já fez os exames?

— Já fiz os exames.

— Nosso procedimento padrão é entrevistar a mãe sozinha, poderia nos dar licença Sra. Blanc?

Carol e Kimberly trocaram olhares surpresos, mas ela assentiu e deixou a sala.

— Agora que estamos sós Kimberly. Gostaria de saber se têm certeza absoluta de que quer dar seu bebê para adoção?

— Sim.

— Poderia me dizer o motivo?

— Ela estará mais segura com pais adotivos. 

— Kimberly quem é o pai do seu bebê?

— Meu ex-namorado.

— Vocês namoraram muito tempo?

— Cerca de dois anos, nós terminamos depois que soube que fiquei grávida.

— Infelizmente, isso acontece com bastante frequência.  

Kimberly ficou quieta com essa afirmação.

— Poderia sair e pedir para sua mãe entrar?

A garota levantou-se e minutos depois Carol entrou pela porta. Miranda levantou-se e pediu que ela se sentasse.

— Sua filha tem quantos anos Sra. Blanc?

— Dezessete.

— Nesse caso, sabe que a senhora é a responsável legal. Se ela sofreu algum abuso ou se o  pai é maior de idade pode dar queixa as autoridades sobre isso.

— Não, ele tem a mesma idade que ela. – Carol respondeu com calma. – Eles namoraram muito tempo e seria incapaz de força-la. Eles só foram irresponsáveis. Eu também fui irresponsável, eu deveria estar por perto e perceber o que estava acontecendo.

— Sra. Blanc a senhora acha que a melhor opção é entregar sua neta para a adoção?

— Não, eu preferia que ficássemos com a menina.

— Então a ideia de entregar a criança para a adoção foi da sua filha?

— Sim, eu fiquei surpresa com a gravidez e com a decisão dela.

— Por que acha que ela deseja isso?

— Eu estou me perguntando isso a meses – confessou. – Minha filha tem muitos sonhos, ela estava treinando para participar como ginasta no Pan Global. Ela ainda acredita que tem chances de ir para as Olimpíadas e a criança atrapalharia, mas Kimberly nunca foi egoísta. Ela normalmente colocaria as necessidades da filha em primeiro lugar.

— Talvez o pai da criança a esteja obrigando a isso?

— Não acredito, eles não se falam a meses. Talvez ela realmente acredite que essa é a melhor opção para a criança.

— Algumas vezes é Sra. Blanc. Poderia pedir para a sua filha entrar.

Carol levantou-se e chamou Kimberly de volta para a sala.

Kimberly entrou ansiosa. Sentou-se ao lado da mãe e olhou para a Sra. Mason.

— Aqui na Casa Verde nós somos muito criteriosos com todos os casos de adoção Srta. Hart. Nossa missão é garantir o bem estar de todas as crianças. Conseguir bons lares para elas e até abriga-las aqui se isso não for possível.

— Eu não gostaria que ela ficasse no orfanato – interrompeu Kimberly.

— Ninguém gostaria querida. Existem milhares de casais esperando para adotar uma menina recém-nascida, não acredito que precise se preocupar com isso. Porém querida, estou a quase 30 anos trabalhando com crianças e a grande maioria delas preferia ter sido criada por seus pais biológicos.

Kimberly piscou surpresa, mas manteve-se calada.

— Então, não vamos apressar as coisas. Quero que levem esses panfletos e leia atentamente – entregou um calhamaço de papéis para a garota.

— Eu não vou mudar de ideia Sra. Mason.

— Ainda assim quero que leia Kimberly – sorriu. - Também preciso que preencham esses formulários com seus dados pessoais. Nosso arquivo é o mais completo possível e o processo de adoção é longo. Você também irá passar por avaliações com nossa psicóloga e iremos dar o suporte durante toda a gravidez e tirar todas as suas dúvidas.

— Ok. – murmurou Kimberly.

— Ótimo. Por favor, marque um horário para a próxima semana com a minha secretária.

Vendo a filha calada, Carol levantou-se pegando os formulários:

— Muito obrigada por sua atenção Sra. Mason. Vamos Kimberly.

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Kimberly chegou em casa exausta e dormiu a tarde toda. Carol preparou o jantar e manteve-se em silêncio até que a filha falou:

— Não imaginei que seria tão cansativo...

— Sim, mas ela parece ser uma ótima profissional.

— Eu sei...

— Melhor ler as coisas só amanhã. O dia de hoje já foi muito complicado.

— Sim. – murmurou enquanto remexia o prato com o garfo.

O telefone tocou, as duas se olharam e esperaram cair na secretária eletrônica.

— Oie Kimberly é a Susan! Desculpe não ter ligado nos últimos dias, mas faltam só alguns dias para a competição. Um amigo seu passou aqui no ginásio hoje. Jason um dos meninos do intercambio não é? Eu peguei todos os dados com ele antes de dar o seu número. Ele queria mesmo o endereço, mas reparei que nem eu tenho. Precisa me passar quem sabe não consigo ir aí depois dos jogos.

Ah, ele disse que ia pegar um avião amanhã para Alameda dos Anjos e que te liga de lá.

Beijos e se cuida amiga!


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Notas finais do capítulo

Novidades de Alamedas dos Anjos. Lembrando que isso tudo estava ocorrendo durante a fase Zeo. Logo, logo posto a continuação.



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