Nem Tudo é Ganância escrita por Bianca Raynor


Capítulo 10
♕ Capítulo Dez ♛




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Chegou o dia mais esperado.

Finalmente poderei ver Juan. Já fazem dias que não o vejo.

Enquanto curava todas as minhas feridas externas, que na verdade não havia nenhuma, mas mamãe insistia que sim, meu coração desenvolvia feridas muito piores do que qualquer dor física.

Hoje acordei o mais cedo possível, se é que dormi. Vê-lo será o suficiente para me renovar. Sentir seus lábios será como me alimentar depois de um jejum sem fim.

Juan, como sinto sua falta.

Decido por meu vestido verde com detalhes em linha marrom no alto dos seios. Vou até o baú para pegar a capa marrom e meus olhos caem sobre uma capa vermelha de veludo puro.

Tommy.

Não posso pensar nesse nome. Ele não representa nada para mim.

Desde o dia daquele sonho terrível, mais sonhos vieram. Muito mais intensos. Tenho passado dias até mesmo horas pensando em Thomas, e isso não é nada bom. Provavelmente, ele seria meu provedor de uma vida confortável e logo seria descartado.

Meu estomago se embrulha ao pensar nisso.

Tudo foi minha ideia, não posso voltar atrás. Não mais. Não depois de ter encontrado a pessoa perfeita.

Mas ao pensar naquele sorriso meu coração se aquece. Sei que não deveria, mas sinto algo. Não sei explicar que tipo de sentimento possa ser. O que sei dizer é que me sinto confortável e leve ao seu lado, tenho que revelar que após papai dizer que Thomas estava apaixonado por mim fiquei mais mexida ainda. E tenho medo. Tenho pavor, de poder está me apaixonando por ele.

Balanço minha cabeça para afastar esses pensamentos. Pego a capa e coloco sobre meus ombros. Sigo para o estabulo atrás de Winter.

— Ei, sentiu minha falta? — acaricio sua cabeça e ele relincha.

Monto em Winter e vou em direção a vila.

Meu coração parece saltar do peito na expectativa de ver Juan. Tento repassar em minha mente o seu rosto, para que o caminho não seja torturante e para ter certeza que não esqueci nenhum detalhe. Seus cabelos castanho escuro e macios, consigo lembrar de meus dedos tocando-os enquanto meus lábios estão beijando os seus, eles são tão doces, meigos e ao mesmo tempo selvagens, seus olhos azuis que muitas vezes me deixaram tímida e outras vezes me deixaram tão desinibida. Como amo esse homem, sei que aquilo que falou sobre meus pais foi apenas da boca para fora, ele jamais cogitaria um absurdo desses.

Enquanto meus pensamentos vagavam sobre o amor da minha vida, chego a vila e já estou em frente a taverna, mas não vejo Juan em lugar algum.

Meu coração se afunda no mesmo instante.

Resolvo descer de Winter e andar um pouco ao redor da taverna para ver se o encontro. Amarro as rédeas de Winter no mesmo local de sempre e começo a caminhar.

Devo admitir que estou um pouco assustada. A vila esta deserta.

Mãos me puxam pela cintura e tapam a minha boca. Tento gritar, mas é inútil. Me debato nesses braços que me agarram com mais força. Sei que deixara marcas em minha cintura.

— Shhh. Se acalme. — ele fala.

Meu coração salta como se tivesse sido atingido por um raio. Essa voz rouca que quero que faça parte de todas as minhas manhãs e noites.

Viro-me ao ouvir sua voz, me jogo em seus braços, meu refúgio, encontro seus lábios. Há uma necessidade profunda neste beijo, como se não me alimentasse há dias. Finalmente quebrei esse maldito jejum.

Juan me leva em direção a algum local. Não posso localizar onde estamos indo, pois não desgrudei meus lábios dos seus e meus olhos estão fechados para que apenas dois sentidos trabalhem ao meu favor nesse momento, o tato e paladar.

Estou quase sem fôlego.

O homem da minha vida se afasta, sua respiração está pesada assim como a minha.

— Por que demorou tanto para vir? Pensei que tivesse dito que o acidente não foi grave. — fala preocupado.

— E não foi, mas meus pais insistiram que ficasse em casa e para piorar o rei foi até minha casa levar mantimentos. — falo exasperada.

— O rei foi até sua casa? — pergunta franzindo a testa, há uma ruga linda entre seus olhos que me faz sorrir.

— Foi, mas isso não importa no momento. — falo me aproximando — Estava sentindo tanto a sua falta.

Coloco meus braços em volta de seu pescoço, sinto a tensão sobre seus ombros.

— Também senti a sua. — seus braços rodeiam minha cintura.

Observo os lábios que descrevi tão pouco no caminho até aqui. Estão vermelhos e inchados depois do ataque que fiz a eles, mas tenho a plena convicção que os meus estão o espelho dos seus.

Ataco seus lábios novamente para poder resguardar cada detalhe, seu sabor, a forma como sua língua se movimento juntamente com a minha. Gostaria de poder passar todos os dias da minha vida fazendo estes lábios se movimentarem a favor dos meus.

Juan me conduz até sua cama, sem soltar minha boca e me faz deitar juntamente com ele, sem quebrar nossa ligação. Ficamos assim, talvez, por horas. Não sei, a única coisa que posso afirmar é que poderia morrer nesse momento e estaria feliz.

Infelizmente, por ironia do destino, precisamos respirar, em algum momento seria necessário quebrar essa preciosa ligação.

Ficamos um tempo nos olhando tentando recuperar o bendito fôlego, em silêncio. Após algum tempo Juan se deita olhando para o teto do minúsculo quarto e me puxa para que descanse minha cabeça sobre seu peito.

— Estava cogitando a possibilidade de ir a sua casa hoje a noite. — Juan quebra o silêncio.

— Por isso não foi trabalhar? — pergunto erguendo meu olhar até seu rosto, ele continua encarando o teto.

— Também. Luca teve um surto de bondade e resolveu me dá o dia de folga.

— Isso é muito bom meu amor. — falo sorrindo.

Ele tira sua atenção do teto e me dá um sorriso forçado. Ele está tão cansado, percebe-se que não aguenta mais esse trabalho escravo, meu coração dói ao vê-lo dessa forma.

— Tudo isso vai acabar. — falo passando a mão sobre seu peito para conforta-lo.

— Quando? Parece que não tem fim. — sua voz está sofrida e meu coração parece está sendo fatiado em milhões de pedaços.

— Vai ter. — saio de seus braços e sento ao seu lado, seguro suas mãos — Vou me casar com o rei, depois levarei você ao palácio e lá daremos um jeito de ficarmos juntos.

Falar a palavra "matar" e "Thomas" em uma frase parece ser uma tortura para meu coração.

— Daremos um jeito? — Juan levanta-se rapidamente — Pensei que você tivesse dito que iriamos matá-lo.

Sinto a cor fugir de meu rosto. Meu corpo fica tenso.

Ele tem razão. Falei mesmo isso.

Engulo em seco. Tento parecer o mais normal possível. Nunca pensei que chegaria o dia em que teria que fingir sentir algo diferente na frente de Juan.

— É isso que quis dizer, só não acho bom falarmos a palavra "matar" todas as vezes.

Observo-o para ver se minha mentira deu certo.

— Aaah. — seu rosto se enche de entendimento e meu corpo relaxa.

— Acho que devo ir. — falo para tentar fugir dessa maldita conversa.

— Já? — fala com uma tristeza no olhar — Você acabou de chegar.

— Eu sei, mas tenho que comprar alguns temperos para mamãe.

Ele passa os mãos em meus braços e ergo a mão para tocar seu rosto, seus lábios encontram meus dedos e ele planta um beijo suave em cada um.

— Posso ir até sua casa hoje a noite?

Arregalo os olhos.

— É seguro?

— Claro que sim, vou pela madrugada. — fala com um sorriso torto.

— E o caminho não é perigoso? E que horas irá descansar? — falo preocupada.

Vir pela manhã até a vila e voltar é bastante tranquilo, mas logo após o sol se pôr era algo bastante diferente.

E que horas irá descansar? Está tão cansado.

— Está parecendo que não quer me ver.

— O QUÊ? — pergunto assustada — É claro que não. Só fiquei preocupada, você vive tão cansado, o caminho é longo e ainda é perigoso.

Afirmo minha preocupação dando lhe um beijo suave.

— Não precisa se preocupar, — fala beijando minha testa — ninguém ira atrás de mim, não tenho nada. E descansar, irei descansar assim que for embora, passarei o dia dormindo já que não tenho trabalho hoje.

Sorrio timidamente.

— Amo esse sorriso. — fala e ele dá o sorriso torto que tanto amo.

— E eu amo esse. — falo passando as pontas dos dedos em seus lábios.

Juan me puxa para seu colo e captura meus lábios.

Estando aqui, em seus braços, é libertador, mas quando saio deles vejo várias barreiras nos impedindo de ficarmos juntos e preciso quebrar essas barreiras, mesmo que isso signifique acabar com a vida de alguém tão gentil.

Desgrudo meus lábios dos de Juan.

— Eu te amo. — falo acariciando seu rosto.

— Eu também te amo. — diz enquanto mexe em meus cabelos — Minha ruiva.

Me desvencilho de seus braços, saio de sua cama e saio do quarto. Noto que hoje terá um pouco de sol e que já esta um pouco elevado, mostrando que já está bastante tarde, fiquei muito tempo com Juan, mas também, estava com tantas saudades.

Mas em breve. Muito em breve estarei com ele todos os dias.


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Notas finais do capítulo

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Até o próximo ❤



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